Wonderwall escrita por Alexyanna


Capítulo 6
Dark Side


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Como estão?
Boa leitura!



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— Olá — murmuro, sentando-me no banco alto ao seu lado. Ele me encara surpreso, sendo o Whyte Wyrm o último local na face da Terra que esperaria encontrar Betty Cooper.

— O que diabos você está fazendo aqui?! — É com essa incrível boas-vindas que sinto o golpe em meu estômago, e arrependo-me imediatamente por ter seguido com essa ideia estúpida.

— Queria ver como você estava, mas vejo que foi uma péssima ideia — digo com a voz dura, levantando-me em direção à porta. Sinto sua mão em meu braço, impedindo-me, e ouço seu suspiro pesado atrás de mim.

— Desculpe, eu só não esperava ver você aqui. — Suas sobrancelhas estão franzidas em confusão, e sinto-me relaxar.

— Na verdade, nem eu. — Rio fraco, ocupando o lugar ao seu lado novamente. Ele não sorri de volta e apenas limita-se a tomar um gole de sua bebida, em silêncio.

— Então — inicio, observando-o. Não consigo ler nenhum sentimento em seu rosto impassível. — Como você está?

— Meu pai está preso, como você acha que eu estou? — Sua voz soa triste, e sinto uma vontade repentina de abraçá-lo. Mas, ao invés disso, limito-me a perguntar:

— O que é isso que você está bebendo?

— Uísque — responde, e chamo a bartender, pedindo uma dose da mesma bebida. A jovem morena de cabelos coloridos ri debochada, mas serve um copo para mim. É claro que eu não tenho idade para beber, e desconfio que nem ela tem idade para servi-las, porém ninguém diz nada.

Experimento a bebida receosa, e faço uma careta ao sentir o amargo tomar conta de meu paladar e meus olhos lacrimejam. Ouço a risada baixa de Jughead ao meu lado.

— Acho melhor você pedir um refrigerante — diz zombeteiro, ainda com um sorriso no rosto bonito, observando minha reação.

— Cale a boca — xingo, tentando um segundo gole. Esse é menos pior que o primeiro, mas arranca uma nova risada de Jughead. De repente, ele fica sério novamente e me encara.

— Por que você está aqui, Betty? — Tomo um novo gole do uísque, esse descendo mais facilmente por minha garganta.  

— Eu já disse.

— Por que você realmente está aqui, Betty? — Jughead reformula sua pergunta, ainda me encarando. Olho o gelo boiando dentro do meu copo, e fito seus olhos verdes quando respondo sincera.

— Eu não sei.

A resposta parece satisfazê-lo de uma forma que não imaginei que fosse capaz, e ficamos longos minutos apenas sentados saboreado nossas respectivas bebidas. Quanto mais goles dava, o ardor tornava-se mais sutil, e quando percebo meu copo está vazio.

— Quer mais uma, loirinha? — a bela bartender questiona, segurando a garrafa de Jack Daniel’s em suas mãos pequenas. Concordo com a cabeça, e ela serve minha dose. Ela também completa o copo de Jughead, apesar de ele não solicitar. Acredito que ela deva conhecê-lo e saiba como ele precisa disso no momento.

— Você quer sair daqui? — Jughead me encara após se passarem mais alguns minutos, surpreendendo-me por interromper o silêncio com essa pergunta inesperada.  

— Claro. — Ele pega minha mão, e sinto meu coração disparar enquanto ele me puxa em direção à uma escada na lateral do bar, deixando nossos copos ainda pela metade. Paramos em frente a uma porta de madeira escura no final dos degraus, e Jughead pega um maço de chaves do bolso da calça jeans.

A porta se abre, revelando uma sala incrivelmente bonita, com um sofá vermelho enorme, algumas poltronas pretas e um mini frigobar no canto. Parece um mini refúgio no meio do Whyte Wyrm, e acho curiosa a presença dele aqui. Percebo que há outros cômodos por de trás da cortina preta que impede que o restante do apartamento seja visualizado, e pergunto-me como o resto do local deve se parecer. Quando Jughead fecha a porta, noto que o recinto possui uma excelente acústica, tendo em vista que o som do lado de fora é praticamente inaudível agora.

— Uau! — exclamo maravilhada, contemplando os inúmeros quadros nas paredes de madeira. Alguns são de bandas famosas, outros apenas pinturas aleatórias. Noto um maior, que exibe uma foto preto e branco com diversos homens e mulheres, todos de jaqueta preta. Deduzo serem os integrantes do Serpents Southside de alguns anos atrás.

— Meu pai costuma passar horas aqui — Jughead comenta, corrigindo-se amargamente logo em seguida. — Costumava.

— Eu realmente sinto muito, Juggy — digo, apertando levemente sua mão que permanece entrelaçada na minha. Ele retribui o aperto antes de soltar-se de mim, e sinto minha mão dolorosamente vazia sem a presença da dele. Deus, o que está acontecendo comigo?! O que ele está fazendo comigo?

O garoto passa as mãos nervosamente pelos cabelos negros, segurando sua toca em uma delas. Reparo que seus olhos verdes estão lacrimejados, e sinto meu coração apertar. Ele parece tão fodidamente triste, tão frágil, ao mesmo tempo que parece estar aguentando o peso do mundo em suas costas.

Aproximo-me dele novamente, envolvendo meus braços magros ao seu redor. Ele não retribui o abraço, e fico apenas lá, com meu rosto encostado em seu peito escutando seu coração bater, seus braços imóveis ao lado do corpo; porém eu não me importo, apenas desejando que ele saiba que não está sozinho. Ficamos assim por alguns segundos até sentir seu corpo chacoalhar sob meu abraço, denunciando seus soluços silenciosos.

— Isso é tão fodido, Betty — sussurra, finalmente envolvendo-me em seus braços fortes. Aperto seu corpo contra o meu, tentando mostrar a ele que estou aqui, e apenas ficamos assim por longos minutos que mais se parecem horas.

Ele se afasta de mim o suficiente para que consiga me olhar nos olhos, e vejo que suas lágrimas pararam de escorrer. Imediatamente sei que este foi um momento único, e que provavelmente nunca mais verei Jughead Jones lamentar pela prisão do pai. Mas ele precisava desse tempo.  

Jug deposita um beijo em meus lábios, e esse é muito diferente do de ontem à noite. Há algo a mais, uma cumplicidade que não tínhamos vinte e quatros horas atrás. Fecho os olhos, deliciando-me da sensação de sua boa na minha, mas infelizmente ele se afasta muito antes do que gostaria.

— Você está proibida de dizer a alguém o que viu aqui — ordena, referindo-se às lágrimas derramadas por ele. Eu rio, sentindo a antiga tensão desaparecer.

— Ou o quê? — desafio arqueando uma sobrancelha, ainda em seus braços. — O que você vai fazer comigo, Jones?

— Não me desafie, Cooper. — Ele possui um sorriso em seus lábios quando me beija novamente, dessa vez mais urgentemente. Não é mais um beijo delicado, é um beijo ardente, cheio de desejo.

Solto um gemido baixinho quando ele mordisca meu lábio inferior, e Jug imediatamente começa a trilha de beijos em direção ao meu pescoço. Sinto que estou prestes a entrar em combustão espontânea sob seu toque. Sei exatamente ao que essa sessão de beijos levará, consciente do atraente sofá ao qual Jughead está me levando. Mesmo com todo meu corpo protestando, me afasto dele.

— Eu preciso ir embora. — Suas pupilas estão dilatadas, e ele não parece nem um pouco o homem de alguns minutos atrás. Ele agora não está nada frágil, e suspiro quando sinto suas mãos apertarem meus quadris.

— Te dou uma carona — Jughead oferece, pescando as chaves em seu bolso para reabrir a porta em direção aos degraus.

Mergulhamos de volta ao bar amontoado de pessoas, que parecem estarem cada vez mais numerosas. Checo meu celular e vejo que já se passam das onze horas, muito além do horário que costumo chegar em casa. Merda.

— Seus pais são muito exigentes? — Jughead pergunta, notando meu olhar. Sua mão repousa confortavelmente na base da minha coluna, guiando-me de volta para o balcão que estávamos sentados antes. O calor da palma de sua mão queima em minha pele mesmo com o tecido da blusa.

— Você não usa aquele apelido idiota à toa — digo, lembrando-me de como ele adora referir-se a mim como “Senhorita Perfeição”. — Eles não aceitam menos que isso: perfeição.

Ele nota a mágoa em minha voz, e apenas cerra os lábios sem dizer nada. Vejo ele retirando algumas notas para pagar nossas bebidas, e trato de impedi-lo.

— Ei, pode deixar que eu pago o meu — digo, pegando o dinheiro do bolso de trás de minha calça jeans.  

— Relaxa, na próxima você paga — diz, e fico feliz por ele não pronunciar a típica frase machista que diz que o homem deve ser responsável pela conta.

— Quer dizer que vai ter uma próxima? — pergunto inocente, sem conseguir esconder a felicidade em meu sorriso. Ele também sorri.

— Você se mostrou uma incrível companhia, Senhorita Perfeição. — Pisca em minha direção, e não consigo ficar irritada pelo uso do apelido. Jughead Jones quer sair comigo novamente!, penso estupidamente, como uma garotinha.

Nosso momento é interrompido pelo barulho alto da porta sendo escancarada violentamente, e um homem brutamontes adentra o local. Seus cabelos compridos são castanhos, e ele também usa a típica jaqueta de couro; porém, todos param para encará-lo, em um misto de surpresa e raiva. Sinto Jughead ficar tenso ao meu lado, fechando as mãos em punho.  

— Não acredito que você teve coragem de aparecer aqui, Tall Boy. — Assusto-me com a voz autoritária de Jughead, muito diferente da que ele usa para falar comigo. Ele parece perigoso de uma forma fodidamente ameaçadora. — Não depois que foi capaz de incriminar meu pai por algo que ele não fez!

Olho surpresa para Jug, que agora deu um passo à minha frente protetoramente. O ato de Jughead não passa despercebido pelo homem parado a alguns metros de nós, e ele me encara com um olhar que me faz encolher minimamente. Como assim esse homem colocou FP Jones na cadeia? E por que diabos ele está aqui?

— Cara, eu não tive escolha — o homem, Tall Boy, fala pela primeira vez, olhando para um Jughead tremendo em fúria. — Os Ghoulies me ameaçaram.

— E então você traiu seu melhor amigo? Fácil assim, caralho?! — Jughead grita, e outros homens do Whyte Wyrm também rugem, revoltados. Encolhe-me inda mais atrás de Jug, com medo da direção que tudo isso está tomando. — Vai se fuder, você não é mais um Serpente, seu pedaço de merda!

Tall Boy cerra a mandíbula, com ódio claro em seus olhos escuros. Ele agora está com os braços em punhos, em uma clara posição de luta. Porém, diversos Serpentes avançam em sua direção ameaçadoramente, indicando que ele não é bem-vindo.  

— Você vai se arrepender disso, Jones — ele cospe, inesperadamente me encarando, e sinto um arrepio percorrer meu corpo. Engulo em seco. — Garanto que a Barbie não é difícil de encontrar, tem cara de quem é do Norte.

Todos absorvem a clara ameaça em um silêncio mortal, e de repente Jughead está avançando em direção ao homem enorme, proferindo um soco em seu nariz, atordoando-o. Arregalo os olhos, mas antes que Tall Boy possa revidar, três homens estão arrastando-o para fora do bar. Consigo ouvir todas as ameaças que ele grita, e prefiro não pensar muito sobre isso ou sobre como ele acabou de me ameaçar na frente de todo mundo.

— Você é louco?! — grito, chegando perto de Jughead, que agora balança a mão direita indicando que o golpe certamente foi doloroso pra ele. Não mais do que para Tall Boy, que saiu com o nariz sangrando, provavelmente quebrado.

— Você sabe que ele vai querer vingança, não é? — uma nova voz fala, e reconheço o garoto da bicicleta. Ele agora usa a jaqueta do Southside Serpents, e noto que ele é ainda maior que aparentava. O garoto assente em minha direção, em um cumprimento silencioso.

— Ele ameaçou Betty. — Jughead dá de ombros, como se dar um soco em um cara com o dobro de seu tamanho fosse algo óbvio em uma situação como essa. Porém, o garoto da bicicleta parece concordar, e apenas pede um saco de ervilhas congeladas para a bartender, que também assistiu toda a cena.

— Merda, isso dói — Jug pragueja, colocando o saco que a bartender, que descobri se chamar Toni, o entregou.  

— Você não devia ter feito isso — digo infeliz, olhando-o. Ele apenas dá de ombros novamente, e penso em como ele expulsou Tall Boy do grupo. — Você tem o poder de realmente exilá-lo dos Serpentes?

— Meu pai é o líder, e como ele não está aqui no momento e seu braço direito o traiu, eu sou o próximo na cadeia de sucessão — explica, esticando os dedos mais uma vez. Olho espantada para ele, pensando em como um garoto de dezessete anos pode ser capaz de liderar uma gangue. Bom, ele se mostrou bastante competente dando aquele soco.

— Eu realmente preciso ir para casa — relembro, pensando que Alice Cooper é uma ameaça bem pior que Tall Boy no momento.

— Pode deixar que eu a levo — o garoto da bicicleta oferece, seu cabelo escuro cobrindo parte de sua testa.

— Não precisa, SweetPea, acho que minha mão não vai cair — Jughead constata após mais um exame minucioso em sua mão, jogando o saco de ervilhas em cima do balcão do bar. — Fico realmente grato, cara. É bom saber que não estou sozinho.

— Nenhum Serpente fica sozinho — SweetPea recita o que parece ser uma lei, dando um tapa amigável no ombro do garoto antes de me lançar um meio sorriso e desaparecer no meio da multidão. Sinto uma nova simpatia pelo garoto da bicicleta, e também fico grata por Jughead o tê-lo como amigo.

— Vamos, princesa, é quase meia noite — Jug diz, e reviro os olhos enquanto ele sorri zombeteiro. — O encanto da fada madrinha vai acabar.

— Tenho certeza que você não é meu príncipe encantado — pontuo enquanto saímos do bar, enfrentando o ar gélido da noite. — Está mais para sapo.

— Então me dá um beijo, quem sabe eu não me transformo no seu príncipe — propõe, puxando-me contra seu peito. Ergo-me nas pontas dos pés e deposito um beijo suave em seus lábios, que estão surpreendente agradáveis.

— Sabe, eu posso me acostumar com isso — Jughead murmura, beijando-me mais uma vez.

— É, não é tão horrível assim — digo, desdenhosa. Ele sorri, balançando a cabeça enquanto me leva até onde as motos estão estacionadas. Arregalo os olhos quando ele pára em frente à uma Harley Davidson, montando-a como se tivesse feito isso um milhão de vezes.

— Bom, pelo menos você não vai embora em uma abóbora, princesa. — Jughead joga o único capacete em minha direção, e penso em como isso não é nada seguro. A noite de hoje está definitivamente surpreendente.

 

Welcome to my dark side
It's gonna be a long night
Oh, la, la, la, la
Welcome to my darkness, I've been here a while

(Dark Side - Bishop Briggs)


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Bem-vindo ao meu lado escuro
Vai ser uma longa noite
Oh, la, la, la, la
Bem-vindo à minha escuridão, eu estive aqui por um tempo

E ai, o que acharam? Deixem seus comentários!

Pergunta de hoje: O que vocês fizeram/vão fazer no Carnaval?
Minha resposta: Sábado eu saí com minhas amigas e bebi até passar mal (gente, eu sou maior de idade tá! rs). Mas agora tô sossegada e vou focar em todos meus trabalhos. É horrível ser aquela pessoa que tem que fazer tudo no trabalho em equipe, aff. Mas se eu não fizer, ninguém vai fazer. Haja amor no coração!