O Encanto da Serpente escrita por prongslet


Capítulo 2
Andromeda, a galáxia mãe.


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá! Então voltei mais cedo do que eu esperava com um capítulo 100% Black ♥ Poderá parecer um pouco confuso no fim mas tudo fará sentido no próximo capítulo.

Espero por vocês no fim do capítulo ♥



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 “Crianças, nós temos a resposta para todos os seus medos. É tão curto, tão simples e clara como cristal. É por aí, é em algum lugar aqui perdido nas nossas inúmeras vitórias.”

— Nick Cave & The Bad Seeds, O Children

 II. 

Adhara inspirou pesadamente, encarando o que um dia fora a sua escrivaninha. O amontoado de papeis já era tão grande que a madeira escura da secretária tinha desaparecido por completo. Pegou num dos recortes de jornal, relendo a notícia novamente antes de suspirar pesadamente. Já se tinham passado mais de duas semanas desde que Edward Tonks tinha desaparecido, depois de uma emboscada ao mistério da magia. E para desespero das mulheres Tonks, o mistério que envolvia o ataque era cada vez maior.

Passou os seus olhos negros pelos recortes que tinha colado na parede e juntou o que tinha nas mãos numa das pontas, continuando a sua pesquisa para encontrar o paradeiro do pai. Tinha a noção que Nymphadora fazia o mesmo e as ausências cada vez mais regulares da primogénita dos Tonks eram a prova disso mesmo. Sabia que o que fazia ali, trancada no seu quarto, não era nada comparado com o que a irmã fazia lá fora com os recursos que tinha, mas mesmo assim era uma forma de se manter sã e estar atenta a toda e qualquer informação que pudesse estar relacionada com o assunto.

Claro que ela se ia sentir muito mais útil lá fora à procura de Ted em cada canto e recanto como a irmã fazia, mas sabia que a mãe nunca o ia permitir. Afinal, as discussões mais do que recorrentes com Andromeda sobre o tema só confirmavam as suas suspeitas.

Sabia que a mãe nunca a ia colocar em perigo, mesmo que fosse por uma causa tão nobre como aquela. Mas não podia, de modo algum, perder mais ninguém. E Adhara não a podia julgar, não quando ficava com o coração nas mãos sempre que Nymphadora ficava dias sem dar notícias.

Aquelas duas semanas sem notícias de Ted estavam a matá-las por dentro, mesmo que nenhuma delas o quisesse admitir.

— Adhara — A voz de Andromeda interrompeu os seus pensamentos, fazendo-a inspirar pesadamente antes de se virar para encarar a mãe.

Os cabelos negros da mãe estavam soltos como a muito não acontecia e ela não pode deixar de reparar na quantidade de caracóis que possuía, assim como ela. Os olhos negros que (infelizmente) Adhara não havia herdado estavam vazios e eram acompanhados por dois círculos negros abaixo deles, como consequência de noites mal dormidas.

Andromeda levantou a sobrancelha e estreitou os olhos, recebendo um suspiro profundo como resposta. Adhara não controlou a vontade revirar os olhos antes de se sentar na ponta da cama, pois sabia que a mãe só fazia aquela cara quando ela era descuidada e permitia que a mãe lhe lesse todos os seus pensamentos. E não pode deixar de se sentir fraca por se descuidar sobre aquele assunto, novamente.

Fechou os olhos e inspirou pesadamente, sentindo depois as mãos frias de Andromeda no seu rosto, obrigando-a a encarar os olhos da mãe. Azul contra negro. Andromeda passou os dedos finos pelo rosto da filha mais nova, limpando as lágrimas que insistiam em cair.

— Vão encontrá-lo. — Assegurou, antes de inspirar pesadamente. — Mas até lá esperamos aqui, seguras, por ele.

— Mas já se passaram duas semanas. — Adhara disse, com uma voz tremura, fazendo Andromeda suspirar pesadamente.

— Exatamente, Adhara. — A mãe explicou, fazendo uma longa pausa.  Os seus olhos encaram a enorme parede, agora repleta de fotos e recortes do profeta diário e passou a mão pelos cabelos negros, antes de continuar. — Se o levaram é porque precisam de algo dele. E se ainda não recebemos nenhuma notícia má é porque continuam a precisar dele. Até lá, ainda temos esperança.

—  Como é que podemos ter a certeza que ele continua vivo? Eles matam pessoas como o pai sem pensar duas vezes e…

—  Eu posso senti-lo. — Andromeda disse, sorrindo. — Ele está vivo, Adhara. E vão encontrá-lo.

Adhara não disse nada, não foi capaz. Sabia que a mãe e o pai tinham uma ligação extremamente especial e acima de tudo sabia que Andromeda não lhe ia dar esperanças em vão, especialmente em tempos de guerra.

Deu-se por vencida e acabou por se deitar no colo da mãe, sentindo os dedos finos de Andromeda nos seus cabelos negros. Em poucos segundos, deixou que o seu corpo relaxasse, sentindo o peso das noites mal dormidas sobre os seus olhos. Agarrou-se à pouca esperança que ainda tinha de ver o pai vivo e aos pouco deixou-se envolver pelo mundo de Morfeu, longe de imaginar que Andromeda, ao seu lado, estava numa luta interna para decidir se era ou não altura de enfrentar os seus próprios demónios.

 

 &

Adhara revirou-se na enorme cama do seu quarto antes de abrir os olhos azuis celestes. Piscou-os várias vezes antes de encarar a janela do seu quarto, contemplando a lua nova que brilhava imponente. Não sabia por quanto tempo tinha dormido, mas não se preocupou em encarar o delicado relógio mágico que estava em cima da cabeceira para descobrir.

Retirou a manta cinza de cima do seu corpo e não conseguiu conter o arrepio quando os seus pés entraram em contacto com o soalho de madeira fria. Andou até à porta do quarto e a sua mão alcançou a maçaneta, abrindo a porta por completo.

Preocupou-se em não fazer barulho, porque não queria acordar a mãe a uma hora daquelas. Sabia que Andromeda tinha um sono leve e um humor nada agradável quando acordava, por isso não queria conhecer a furia de Andromeda, especialmente em tempos como aqueles. Os seus pés alcançaram o corredor que dava acesso aos quartos e não conseguiu conter o espanto quando reparou que a luz do andar de baixo estava acesa. Podia distinguir pelo menos duas vozes abafadas, mas não conseguia perceber quem era ou o que diziam.

Olhou para a porta em frente da sua e admirou uma Nymphadora adormecida na enorme cama do seu quarto. Sorriu quando encarou o amontoado de cabelos azul bebé que estavam espalhados pelo travesseiro, sentindo-se muito mais aliviada por saber que ela estava segura em casa e acima de tudo: que estava viva.

Voltou então a sua atenção para a conversa do andar inferior e não conseguiu conter a curiosidade em descobrir quem era. Era raro terem visitas naquela casa, especialmente a horas impróprias como aquela.

Desceu os primeiros degraus da escada para tentar distinguir a quem pertenciam as vozes. Por momentos sentiu-se culpada por estar a ouvir conversas alheias, mas estava na casa dela, certo? Certo. Além do mais podia ser algo relacionado com o seu pai, por isso também era assunto do seu interesse. 

Continuou a descer as escadas cuidadosamente e só quando alcançou o penúltimo degrau conseguiu perceber que as vozes estavam a discutir. Podia distinguir perfeitamente a voz da mãe mas não conseguia, de todo, reconhecer a voz da outra pessoa.

A voz parecia-lhe extremamente familiar, mas não conseguia lembrar-se de quando é que a tinha escutado antes. Desceu o último degrau com o mínimo de barulho possível, tentando reconhecer a voz da segunda mulher. Algo dentro de si dizia que era um erro e que devia regressar para a cama, mas a sinceridade não era uma qualidade da sua casa, deixava isso para os Hufflepuff.

As serpentes eram conhecidas por ser serem sagazes e engenhosas e Adhara Black tinha o maior dos orgulhos em pertencer à sua casa. Por isso, continuou a andar pelo corredor e não se assustou quando Artémis, o seu animal de estimação, se roçou nas suas pernas enquanto abanava a cauda negra elegantemente. Adhara sorriu para o animal, seguindo pelo corredor da casa com o mínimo de barulho possível. Parou perto da porta da cozinha e fez um esforço para não ser vista do lado de dentro.

Podia distinguir perfeitamente o tom alterado da voz de Andromeda e podia jurar que não ia faltar muito até que os copos da cozinha estivessem todos reduzidos a cacos.

—  Como assim, está na altura? —  Andromeda cuspiu com um ódio fora do normal e Adhara podia jurar que os olhos dela estavam cheios de raiva. —  O acordo nunca foi esse e nunca será.

— É um direito meu, Andromeda. —  A outra mulher retrucou, arrancando um suspiro de Andromeda. — E é um direito dela.

— Um direito dela? — Perguntou, soltando uma risada em seguida. — E desde quando é que você se preocupa com o bem estar dela? Fique sabendo que ela não é como vocês e nunca será. 

— Mas é uma Black. — Disse com uma raiva, aumentando o tom de voz. — E quando chegar a hora, Andromeda, ela vai descobrir. Ambas sabemos que este dia ia chegar, não era suposto ter esse apego todo.

— Ia chegar, Bellatrix? — Andromeda murmurou, furiosa. Adhara abriu a boca rapidamente e sentiu o seu sangue ferver.

Bellatrix?

Sentiu um arrepio na sua espinha e teve de contar até dez para não entrar no cómodo de uma vez por todas e exigir saber o que estava a acontecer ali e porque, em nome de Merlim, a mãe estava a conversar com uma devoradora da morte – ela era uma das responsáveis pelo desaparecimento do pai dela. Sentiu a sua varinha queimar nas calças que usava e teve de se controlar para não acabar com aquele momento nada íntimo de irmãs de uma vez por todas, mas algo dentro dela parecia gritar para que continuasse quieta e, mesmo que a contragosto, foi o que fez.

— Para a merda com esse acordo, eu nunca vou permitir que isso aconteça. Nunca, em vez alguma, vou deixar que coloque a minha família em perigo porque vocês os dois se lembraram de fazer um plano suicida e colocar a minha família no meio. E se acontece alguma coisa ao meu marido ou a uma das minhas filhas, querida irmã, sugiro que se escondam muito bem, porque eu mesma vou atrás de vocês.

— Pensei que a louca era eu, irmã. — Bellatrix retrucou, rindo em seguida. — Mas se a deixa mais descansada eu não sei onde está o seu… — ela fez uma pausa e Adhara podia sentir o seu sangue ferver ao ouvir as palavras daquela mulher. — marido. Mas sugiro que o bando de amadores do Dumbledore não demore muito a descobrir onde é que ele está, porque o tempo dele está a acabar e você sabe perfeitamente disso. Não que seja uma grande perda, claramente.

Adhara sentiu o seu sangue ferver e sem pensar duas vezes retirou a varinha do bolso, abrindo a porta em seguida. Aconteceu tudo demasiado rápido e antes que Andromeda pudesse reagir a varinha com núcleo de coração de Dragão de Adhara estava encostada à garganta da outra ocupante.

Bellatrix arqueou uma sobrancelha e não pode deixar de sorrir levemente, mesmo que o seu rosto estivesse escondido sobre o capuz negro que carregava. Adhara sorriu friamente, antes de pressionar a varinha sobre a pele branca da outra mulher.

— A criança tem personalidade. — Bellatrix murmurou, retirando o capuz da cabeça, sem estar minimamente importada com a madeira na sua pele. Os seus olhos azuis brilharam intensamente quando os dedos de Adhara ficaram brancos de segurar a varinha com uma força excessiva.

— Adhara. — Andromeda disse, antes de se recompor. — Baixa a varinha, agora.

— Ela é um deles. — Adhara cuspiu com ódio. — Devíamos acabar com a raça dela de uma vez por todas, era o que ela tinha feito connosco. Não que seja uma grande perda, claramente. — Ela repetiu, sorrindo falsamente.

Andromeda sentiu o seu coração parar por breves segundos e quase que podia jurar que aquelas palavras tinham pesado tanto no seu coração como no da irmã. Os olhos de Bellatrix pareceram escurecer por alguns momentos, como acontecia quando eram pequenas e algo de muito mau acontecia, mas logo se recompôs, não demonstrando qualquer tipo de afeto.  

— Ela já não é um deles, Dara. — Andromeda disse, muito mais calma, enquanto avançava para perto da filha, colocando a mão sobre a varinha dela. — E mesmo que fosse, nós não somos como eles.

Por momentos, Bellatrix achou que Adhara fosse baixar a varinha, mas tudo o que sentiu foi um aperto ainda maior do objeto contra a sua garganta.

A criança era uma Black, sem dúvida alguma.

— Ela é um deles. — Disse, antes de suspirar pesadamente. — Ela estava lá, no ministério, quando ele regressou. Ela estava lá, mãe. Foi ela que matou o padrinho do Potter.

— Matar é uma palavra muito forte, não? — Bellatrix debuxou, antes de retirar a varinha do bolso da capa. Adhara esperou que ela a usasse, mas Andromeda foi mais rápida, colocando-se no meio das duas.

— Não pense nisso. — murmurou furiosa, fazendo a outra rir.

— Sempre tão dramática, irmã. — Disse, antes de murmurar um feitiço para a porta, trancando-a em seguida para que ninguém conseguisse entrar ou escutar aquela conversa. — Era por isso que era a prima favorita daquele traidor reles.

— Pelo amor de Merlim, Bellatrix. — Andromeda disse irritada, batendo com a mão na banca de mármore. — O que é que está a fazer aqui?

— Pensei que tinha sido bastante clara. — Disse, guardando a varinha no bolso. Adhara suspirou pesadamente com a audácia da mulher.

— E eu fui clara quando disse que isso nunca ia acontecer. — Andromeda disse certa, antes de suspirar pesadamente. — O que é que realmente quer daqui?

— Ele está pior, Andromeda. — A mulher finalmente deixou escapar, antes de passar os dedos pelos cabelos negros, cansada. A mulher estava muito diferente do que ela se recordava e ali, naquele momento, Adhara pode notar a semelhança imensa entre as duas. Andromeda estreitou os olhos e virou-se para Adhara, antes de suspirar pesadamente. Bellatrix permaneceu no seu lugar e encarou tediosamente as unhas, antes de acrescentar: — E já me deu demasiado trabalho em tirá-lo de lá então não o deixe morrer por uma causa idiota como esta. 

— Vá para o quarto, Adhara. — Mandou, antes de suspirar pesadamente. — Não conte nada disto à Nymphadora até eu regressar e pelo amor de Merlim, guarde essa varinha de uma vez por todas.

— Nem pensar, — Adhara resmungou, mas guardou a varinha em seguida. — eu não vou permitir que fique aqui com essa louca e não vou esconder uma coisa destas da Dora. Devíamos estar a interrogá-la! Ela sabe de alguma coisa!

— Ela não sabe de nada, Adhara. — Andromeda disse mais alto, já desesperada. — Eu tenho de ir Adhara, pelo amor de Merlim fique aqui e faça o que eu estou a pedir.

— Eu vou com você. — Ela disse decida, cruzando os braços ao nível do peito. Andromeda suspirou pesadamente e massagou a testa várias vezes, depois de constatar que aquilo era uma batalha que não ia vencer. Sabia que Adhara era demasiado teimosa para permitir tal coisa.

A sua mente parecia fervilhar para encontrar uma solução o menos desastrosa possível. Os seus olhos arregalaram-se segundos depois e não pensou duas vezes em virar-se para a irmã, enquanto gesticulava rapidamente. 

— Traga-o para aqui, Bellatrix. Ninguém vai sair desta casa, até que eu diga o contrário. Traga as suas coisas também. — Encarou os olhos da filha profundamente, incapaz de lidar com toda aquela situação sem o marido ao seu lado. — Adhara, vá acordar a Dora e procurem pelo meu kit de emergência, agora.  


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Notas finais do capítulo

(1*) - A Bellatrix está de volta e veio para ficar! Juro que vou explicar o porque dela estar ali, aquela hora da noite para um bate-papo não muito agradável com a irmã mais velha (nesta fanfic a Andromeda é a mais velha).

(2*) - Claramente a Andromeda sabe muito mais do que conta e posso revelar que o Dumbledore está mais do que metido no assunto como vamos descobrir no próximo capítulo!

(3*) - A Andromeda é imaginada como a Keira Knightley e a Bella como a Katie McGrath.

Até ao próximo e obrigada por todo o apoio! ♥