O reino de Giarthio. escrita por Carenzinha


Capítulo 3
Capítulo 1- Opção 2




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Você escalaria a montanha. Afinal, era o mais perto e você não queria morrer soterrado. Por mais que estivesse cansado você achou que aguentaria uma escalada, além do mais a casa da senhora podia estar fechada e, como Teabyt disse que todos o odiavam, tinha chances da senhora também não ir com a cara dele. Fora isso tinha a possibilidade de não dar tempo de chegar até o rio e com certeza você não queria vagar sem rumo atrás de um abrigo. Nisky não era alguém que você conhecia, mas não era justo desconfiar logo de cara do, aparentemente, o único que estava perto para te ajudar. Além disso você não sabia o motivo para ele estar sendo perseguido, poderia ser por algo bobo que você perguntaria mais tarde, você confiaria em Teabyt.

“Vamos escalar a montanha.” Disse prontamente.

Jeanisky deu um largo sorriso, baliu empolgado e logo depois tapou a boca, sem deixar de sorrir.

“Desculpe o balido, é que eu gosto de escaladas.”

“Tudo bem.” Você também sorriu, ter alguém que estava animado em subir uma montanha parecia ser uma coisa boa.

Ele apontou com a cabeça para a cordilheira cheia de montanhas e depois optou por uma montanha tamanho médio, Nisky disse que era mais provável achar cavernas lá, tinha quase nenhum perigo de animais e nem precisava subir tanto. Você não discutiu, ele falava como se fosse um experiente e isso te tranquilizava.

Nem deve ter demorado nem um minuto e vocês já estavam no sopé da montanha média. Você olhava para aquela altura e se sentia nauseado, suas pernas começaram a tremer e você se lembrou de que estava caído na neve, com dor e frio, há poucos minutos. Você pensou que talvez tivesse superestimado seu próprio corpo e que você não conseguiria escalar, e que talvez essa ideia de querer achar uma caverna em uma montanha faltando poucos minutos para uma tempestade de neve fosse uma total idiotice. Suspirou desapontado e engoliu a seco sentindo a neve cair em sua jaqueta.

Olhou para cima novamente e se sentiu enjoado com a altura. Não era a montanha mais alta do lugar, mas alguém que estava desmaiado na neve não parecia contente em ter que encarar aquela subida. Você pensou em desistir, perguntar se daria tempo para um plano melhor, porém, ao olhar para Teabyt e perceber o quão alegre ele estava, mudou de ideia. Você podia estar se sentindo mal, mas se alegrou ao ver que alguém estava alegre. Jeanisky encarava aquela montanha com lágrimas nos olhos e um sorriso nostálgico.

Foi quando você se lembrou de que durante a perda de memória, você tinha se esquecido como se escalava.

Você murmurou um palavrão e se virou para falar com Nisky, que ainda encarava aquela escalada como a melhor coisa existente. Revirou os olhos com um sorriso. Logo depois ele começou a caminhar pelo lugar, sem destino aparente.

“Como ele pode achar algo bom?” Pensou.

Viu pelas expressões dele que aquilo realmente parecia importante e decidiu não interrompê-lo em seus devaneios com uma frase decepcionante do tipo: “eu não sei escalar”. Portanto, encarou aquele obstáculo e respirou fundo. Você escalaria aquilo!

Olhou para a montanha coberta de neve e sentiu o vento cortante, apenas torcia para não desabar. Colocou o pé esquerdo em uma pedra e segurou outra com as duas mãos, depois colocou o direito em uma pedra mais alta. Estava escalando! Depois colocou o pé esquerdo em uma pedra mais alta e torcia para continuar firme. Você então viu uma pedra meio “apontada” e comprida que parecia perfeita para um impulso maior, resolveu apoiar sua mão direita nela e deu um pulo, visando parar em uma pedra mais alta. Porém, a pedra mais alta era íngreme e escorregadia, seus pés não aguentaram, a pedra “apontada” se quebrou e você caiu sentado na neve gelada. Você deu um curto grito, o que vez Nisky olhar assustado para você e balir de modo nervoso e surpreso enquanto corria em sua direção.

“QUE IDEIA FOI ESSA?!” Perguntou desesperado. “VOCÊ QUERRRIA SE MATAR, É?!”

Teabyt te encarava indignado. Você olhou para ele, ainda sem entender o motivo de sua frustração. Deu de ombros.

“Eu só estava tentando escalar.”

Jeanisky te mandou um sorriso um tanto penoso, como se finalmente estivesse compreendendo o que estava acontecendo.

“Você nunca subiu uma montanha antes, não é?” Perguntou de uma forma bondosa.

Você assentiu um tanto decepcionado consigo mesmo, sabia que parecia obvio o fato de que era um leigo no assunto, mas não queria deixar Nisky perceber, pois ele parecia estar muito animado.

“Soube disso pelo tombo?” Perguntou, ainda com um tom infeliz. Você estava triste por desapontá-lo, mas se sentia pior em saber que tinha feito uma péssima escolha, pois estava cansado para escalar e também não sabia executar o feito.

Teabyt deu uma leve risada enquanto balançava a cabeça negando. Foi quando você reparou que ele segurava um capacete verde, uma corda, uma machadinha e uma espécie de gancho, olhou para tudo aquilo confuso. Nisky lançou outro olhar de incredulidade, seguido por um sorriso e respondeu:

“Soube disso porque ninguém em sã consciência escalarrria uma montanha sem seus equipamentos.” Disse enquanto balançava o capacete.

Você levou sua mão direita à cabeça se sentindo um idiota. Aquela perda de memória realmente tinha te prejudicado, ou talvez seu cérebro ainda estivesse se recuperando de ter ficado desmaiado no frio, pois você não fazia a menor ideia de que precisava de equipamentos.

“Achei eles perrto de uma montanha, foi isso que eu saí parra procurrar.” Ele se explicou. “Ou você achou mesmo que eu te deixarrria subir uma montanha sem proteção nenhuma?” Mandou para você uma piscadela. “Principalmente depois que você escolheu minha opção favorrrita?” Sorriu ao perguntar.

Você suspirou aliviado e se sentiu feliz. Olhou para Jeanisky e viu em sua face determinada um rosto de um alpinista experiente. Ele sorria como nunca e parecia realmente saber o que estava fazendo. Você ficou feliz por ter alguém que parecia entender bem de escaladas para te ajudar, mas logo o desespero voltou.

Você ainda não sabia escalar.

Jeanisky olhou para o céu a apertou os olhos para ter uma melhor visão, uma expressão de medo repentino surgiu em seus olhos. Ele mandou um peso de um casco para o outro, hesitou, mas resolveu te contar, com medo de sua reação.

“Olha, talvez a nossa escalada demorre um pouco mais de tempo que o previsto.” Você arregalou os olhos e sentiu seu estômago embrulhar. Você estava muito chateado, tinha feito uma escolha naquilo que não era bom. “Mas não se preocupe! Não se prrreocupe!” Nisky se apressou em falar, gesticulando com as mãos para mostrar que tudo ficaria bem.

A neve caía nas galhadas dele e na sua jaqueta. O vento aumentava, você sabia que tudo daria errado. Teabyt olhou para sua expressão insegura e disse gloriosamente:

“EU VOU GARRRANTIR QUE A GENTE CHEGUE ATÉ O TOPO!” Ele sorriu com muita confiança.

Você sorriu. Mas, depois Nisky trocou o tom de voz.

 “Me desculpe, eu esperro que não tenha soado arrogante.”

Você balançou a cabeça sorrindo, estava tudo bem.

Foi quando Teabyt te olhou de forma severa e empunhou uma voz firme, como um professor do tipo carrasco.

“PRRIMEIRA LIÇÃO: SE QUISER SER UM BOM ALPINISTA, SEMPRRE USE SEU EQUIPAMENTO!” Ele apontou para o capacete verde e o jogou para você, que o colocou com cuidado. Jeanisky assentiu em aprovação. “SEGUNDA LIÇÃO: SE QUISER ESCALAR A MONTANHA VOCÊ TEM QUE SER A MONTANHA, PENSAR COMO ELA. SENTÍ-LA FLUIR EM VOCÊ, SE CONECTAR!”

Nisky então deixou a corda, a machadinha e o gancho no chão e escalou mais alto do que você tinha conseguido quando tentou, depois parou e fechou os olhos por alguns segundos enquanto sentia o vento, Jeanisky realmente gostava das montanhas. Logo depois virou para você e disse de forma encorajadora.

“SUA VEZ!”

Você então fez menção de apoiar sua mão em uma das pedras, mas foi interrompido por um balido estridente de Jeanisky. Você deu um pulo, tinha se assustado.

“AONDE VOCÊ PENSA QUE VAI SEM O RESTO DO SEU EQUIPAMENTO?!” Perguntou apontando para a corda e o gancho que estavam no chão. Você o pegou. “AGORRA VOCÊ TEM QUE COLOCAR O GANCHO NA CORDA!” Ele demonstrou com as mãos e você o fez.

Você olhou para o gancho que foi amarrado na corda e pensou ter compreendido como isso facilitaria tudo. Então, fez menção de jogá-lo querendo acertar alguma pedra para servir de apoio, mas foi interrompido por outro balido, o que significava que tinha errado.

“Você não joga a corrda só como apoio.” Sua entonação era como se escalar fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Você tem que amarrar ela a você, pra você não cair e sim só ficar pendurado.” Teabyt falou enquanto gesticulava o que deveria ser feito, e assim você fez. “Você também não deve soltar a corrda em nenhuma circunstância! A coisa boa é que as pedras dessa montanha são firmes e estreitas, é complicado o gancho se soltar. Então você pega a machadinha parra te dar firmeza e apoio.”

Ouviu a possibilidade do gancho se soltar com um aperto no coração, mas resolveu focar em que isso seria difícil de acontecer.

“Ei e todo aquele papo do ‘ninguém em sã consciência escalarrria uma montanha sem seus equipamentos’?” Você perguntou tentando imitar o sotaque de Nisky ao ver que o mesmo não tinha um capacete, corda e gancho.

“Eu só achei uma de cada coisa. E eu também não prreciso.”

Você arqueou as sobrancelhas duvidando, mas não de um modo provocativo ou real, apenas brincando já que sabia que Teabyt gostava de escalar.

“Agorra vamos! Jogue o ganho em uma pedrra e me alcance!”

Assentiu e jogou em uma pedra aleatória, onde começou a subir.

 “Ah e mais uma coisa, algumas pedrras são escorregadias. Como essa que você está pisando.” Ele disse e você se desequilibrou, ficando pendurado e não caindo no chão.

“Certo. E como eu vou saber quais pedras são escorregadias?”

Jeanisky mandou um sorriso sugestivo para você e respondeu.

“Prrática.”

O que fez seu estômago se embrulhar novamente.

Vocês demoraram mais tempo do que o previsto para começarem a escalar, e não conseguiram recuperar muito, pois Nisky muitas vezes teve que descer da pedra em que estava para te ajudar, além disso suas pernas chegavam a tremer de medo e cansaço por causa do desmaio. Ele olhava para o céu com um olhar cada vez mais apreensivo e você sentia que não daria tempo. Porém, quando Jeanisky voltava a olhar para as pedras recuperava totalmente sua confiança.

O vento aumentava, assim como a neve e o frio. Cada passo dado na montanha era mais complicado, as chances de cair de uma altura maior aumentavam, as chances de morrer congelado aumentavam e o fato de não ver nada a sua frente com a neve grossa também piorava tudo. Mas, Teabyt continuava te incentivando, ele gostava de escaladas.

Porém, o vento aumentou demais, o cansaço também e suas forças foram se esgotando aos poucos. Seus olhos começaram a piscar e você sentia que não aguentaria.

“Aguente, a gente já chega!” Falou Teabyt seguido de um potente balido desesperado, ele não estava com medo de cair, mas estava com medo que você caísse. Os dois estavam com medo da nevasca. A neve aumentava a cada minuto.

A montanha não era algo pontudo, mas possuía espaços onde vocês podiam caminhar tranquilamente. Você não tinha notado esse fato quando viu a montanha de longe, mas Nisky sabia disso e também sabia que as cavernas estavam lá. Vocês dois não precisavam alcançar o topo da montanha, mas sim um desses espaços.

A nevasca começou.

A neve parecia cobrir sua visão, olhou para Teabyt que estava com uma feição de medo, mas continuava focado em escalar. A tempestade de neve ainda não estava forte, mas você sabia que logo ficaria e que você teria que usar todas as suas energias restantes para subir.

Seus dentes batiam um no outro, você sentia frio, cansaço e uma imensa vontade de desistir, porém ele te incentivava. Você tinha que tomar cuidado com fendas e pedras pontudas, e graças à Teabyt você não estava morto. Várias vezes você chegou perto de uma fenda, ou quase caiu, mas Nisky te segurou e te orientou pelo caminho certo,

Vocês não tinham escalado nem metade da montanha quando chegaram a um dos espaços. A neve estava forte e entrava por dentro de suas botas pretas, você tremia de frio e cansaço, olhava, lutando para manter sua visão focada com essa neve, para Jeanisky que parecia intacto. Ele estava morrendo de frio, mas isso não o impedia de continuar. Você se sentiu feliz por estar com ele nas montanhas, pelo menos um dos dois estava animado.

Teabyt colocou suas mãos na pedra que dava para o lugar destinado e com um impulso pisou na grossa neve, depois baliu de alegria. Você sorriu, faltava apenas algumas pedras para alcança-lo.

Porém, quando você foi segurar na pedra, sentiu sua mão vacilar, sua visão escurecer e seus sentidos saírem de você. Estava prestes a desmaiar. A mão direita se soltou da pedra e você não tinha forças para gritar por socorro, a mão esquerda começou a escorregar e você sentiu que morreria pendurado em uma montanha.

Sua enorme sorte foi que Jeanisky estava lá e segurou suas mãos quando elas iam soltar a pedra. Sentia seu nariz congelar enquanto era puxado. Teabyt, tentando te salvar acabou caindo sentado na neve, e você deitado.

“Estou vivo!” Você pensou enquanto sentia aquela neve, mas isso ainda não era para se comemorar, pois seu corpo dolorido e o enorme frio era um aviso para seu futuro desmaio. Nisky se levantou e correu até você enquanto balia, logo depois começou a te chacoalhar enquanto murmurava sobre a montanha ter te matado.

Você abriu os olhos e fez todo o esforço possível para se sentar, o que fez Jeanisky sorrir por você estar vivo.

“Eu não suportarrria o peso de ter que lidar que você morreu por causa de uma escolha que eu mandei fazer.” Disse entre balidos.

Você estava tonto, mas conseguiu focalizar com dificuldade o lugar em que estavam. À direita estavam várias cavernas, mas distantes demais. A esquerda possuía um brilho de lamparinas, o que indicava que poderia ter pessoas lá, o brilho estava próximo de vocês, mas não tanto quanto aquilo que fez seu coração disparar.

Quando você focou na sua frente pode ver uma caverna muito perto de onde estavam. Mas, Jeanisky, que notou para onde você estava olhando logo respondeu, com os olhos apertados tentando focar.

“Ela parrece fechada.”

Você não conseguia ver a entrada da caverna, pois a neve dificultava sua visão e a falta de foco também.

“Então, na esquerrrda parece ter alguém ou algo e parrrece perrto. Na direita temos cavernas, mas estão longes, e na frrente temos uma caverna perrto que pode estar fechada.” Teabyt analisou as opções. “Então, o que você escolhe?”

“O que?” Você perguntou com dificuldade e arqueando as sobrancelhas. “Mas, e aquilo do peso na consciência?” Sua voz saía com dificuldade por causa do frio.

Nisky ficou vermelho e logo respondeu:

“Eu não suporrtarria o peso de matar a gente por uma escolha errada minha.”

Você revirou os olhos enquanto viu sair fumaça da sua respiração. Estava suando de nervoso e esforço, embora tremesse de frio. A tempestade de neve parecia ficar cada vez mais forte. Você pensou seriamente em argumentar com Teabyt, em dizer que não escolheria nada pois estava perdido, sem memória e prestes a desmaiar. Porém, você não estava disposto a isso já que estava muito cansado e além disso, Jeaniskt tinha salvado sua vida, não seria ruim escolher por que ele pediu, seria?

Resolveu então analisar as situações. Vocês tinham uma caverna à sua frente que estava muito próxima, o que era bom para não morrer. Porém, Jeanisky estava vendo que ela estava fechada, mas era preciso considerar que a visão dele também estava prejudicada pela nevasca, então talvez você pudesse estar certo e a caverna poderia estar aberta. No caminho da esquerda estava um brilho, era perto e parecia ter pessoas, já na direita estavam cavernas, mas eram distantes. Você tremeu de frio e decidiu.

Letra:

A- Ir para o brilho da esquerda.

B- Ir para a caverna da frente.

C- Ir para as cavernas da direita.


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