O reino de Giarthio. escrita por Carenzinha


Capítulo 2
Capítulo 1- Opção 1




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Você iria até a casa. Afinal, era aparentemente o mais seguro. As chances de despencar de uma montanha eram enormes, fora isso tinha a possibilidade de não dar tempo de chegar até o rio e com certeza você não queria vagar sem rumo atrás de um abrigo. Nisky não era alguém que você conhecia, mas não era justo desconfiar logo de cara do, aparentemente, o único que estava perto para te ajudar. Além disso você não sabia o motivo para ele estar sendo perseguido, poderia ser por algo bobo que você perguntaria mais tarde, você confiaria em Teabyt.

“Vamos até a casa.” Disse decidido, o que fez Nisky lançar um sorriso.

“Imaginei que você escolherrria, parece ser o mais segurro.” Ele disse.

“Sim e também o mais fácil, afinal se caso não tiver ninguém em casa a gente pode arrombar a porta e...” Você estava falando empolgado, mas parou ao ver a expressão confusa de Jeanisky. “A gente pode arrombar a porta, certo?” Perguntou esperançoso, torcendo para que a resposta fosse “claro que sim”. Mas, Teabyt apenas olhou para você de modo confuso e perguntou, com as sobrancelhas franzidas e uma cara sugestiva.

“Você acha mesmo ético arrombar uma casa de uma mera senhorrinha indefesa?”

Foi quando você se sentiu envergonhado, não tinha pensado nisso. Arrombar a moradia de alguém não parecia uma coisa certa a se fazer.

“Não.” Murmurou sentindo suas bochechas ficarem vermelhas de vergonha e seu estômago começar a embrulhar. Se caso a casa estivesse trancada não poderiam entrar, e mesmo se você optasse por invadir, você estava vendo que seria complicado convencer Nisky de fazer o mesmo.

Ele assentiu, e vocês começaram a andar pela neve em direção à diagonal direita, querendo chegar a casa antes da tempestade. O vento ficava mais frio e a neve continuava a cair em sua roupa, olhava para Nisky que tentava te tranquilizar, a tempestade de neve ainda não tinha começado.

“E pelo visto vai demorrrar para começar!” Avisou ele com um sorriso enquanto olhava para o céu. “A gente chega sem dificuldade na casa.” Teabyt completou.

Aquele comentário pareceu tirar um peso de suas costas. Vocês chegariam tranquilamente e estariam seguros e quentinhos dentro da casa. Mas, e se ela estivesse trancada?

“Nisky, se caso a casa estiver trancada, dá tempo de procurar outro abrigo?” Você perguntou, novamente querendo uma resposta positiva.

Jeanisky olhou para o céu novamente, apertou os olhos para observar melhor, depois se colocou a pensar e por fim respondeu, apreensivo.

“Receio que não. O rio estarria muito longe, a gente não teria o tempo que prrecisávamos pra escalar a montanha e acho arriscado procurarmos abrigo tão perto da nevasca acontecer” Ele suspirou desapontado e abaixou a cabeça. “Mesmo com tempo de sobra, seria praticamente impossível a gente conseguir um lugar bom pra se esconder se caso a casa estiver fechada.”

Seu estômago se revirou novamente e sentiu medo te invadir. Você tinha escolhido ir para a casa por ser mais rápido e mais seguro, mas se perguntou se tinha realmente feito uma boa escolha.

“E... sobre invadir...?” Tentou convencer Nisky. Mesmo sendo errado, você estava disposto a fazer isso para sobreviver.

Ele parou e te olhou de um modo totalmente repreensivo, depois cruzou os braços e falou um alto e forte.

“NÃO!”

Mas, ao perceber que aquilo parecia ter soado rude demais, tratou de se explicar.

“E-eu só não acho certo.” Falou baixinho.

Você também não achava certo, mas cogitava aquilo como necessário. Porém, você percebeu que ele não ia concordar e decidiu dar uma chance para Jeanisky. Já tinha tido a chance de dispensá-lo, mas preferiu seguir até a cabana, e uma tempestade estava vindo, não achava certo brigar com ele logo quando os dois poderiam perder tempo discutindo e morrer soterrados. Você gostaria de acreditar que a casa estaria aberta.

A neve aumentava, mas mesmo assim não estava forte. Vocês dois ainda conseguiam enxergar tudo à sua frente e de acordo com as constantes checadas no céu feitas por Teabyt, vocês ainda tinham bastante tempo. Volta e meia ele elogiava e comentava sobre o fato de ter escolhido a opção menos perigosa, você só esperava que estivesse feito isso mesmo.

Poucos minutos depois da viagem a pé vendo apenas neve e mais neve, vocês dois foram notando uma mudança na paisagem. Encontraram árvores e depois uma luz, que indo mais perto perceberam ser uma lamparina que ficava no alto de uma casa. Seu coração acelerou de emoção, tinham chegado! E você nem tinha sentido cansaço!

A casa era pequena, feita de madeira, com paredes descascadas. Possuía um telhado e um toldo um tanto gasto. A porta da frente era iluminada por uma lamparina. A casa estava cercada por árvores e você se perguntou o que faria uma senhora viver sozinha no aparente meio do nada. Você conseguiu imaginar uma velinha bondosa com cabelos com cheiro de hortelã e eucaliptos, além de uma travessa de biscoitos quentes para serem servidos para os viajantes que estavam tremendo de frio.

Nisky te olhou esperançoso e sinalizou para você bater na porta verde e lascada, o que você fez rapidamente. Bateu na porta ritmando com as batidas de seu coração acelerado e empolgado.

Ninguém abriu a porta.

Você resolveu bater novamente, dessa vez com mais força, mas sem sucesso. Bateu pela terceira vez, mas nada aconteceu. Teabyt olhou para você preocupado e começou a balir em desespero, provavelmente esperando que a dona da casa escutasse, mas foi inútil. Vocês dois se encararam apreensivos e souberam que morreriam na neve. Era o fim.

Porém, você não queria desistir. Resolveu tentar uma última vez.

Cruzou seus dedos e desejou que funcionasse, depois bateu cuidadosamente na porta.

E deu certo. Passos foram ouvidos de dentro da casa.

Você deu um enorme pulo de alegria e olhou para Nisky, que estava sorrindo, e vocês dois bateram as mãos. Mas, a comemoração foi interrompida por um ranger de porta sendo aberta e uma voz rouca.

“O que querem aqui?” Perguntou a senhora, que encarava vocês dois com feições de desprezo.

Ela era diferente daquilo que você tinha imaginado. Em vez de um olhar carinhoso e um sorriso gentil tinha feições de raiva. Não possuía os cabelos encaracolados e arrumados como você imaginou, mas cabelos sujos, aparência mal cuidada e uma cara que demonstrava que não gostava da sua interrupção.

“Anh... com licença senhora...” Você tentou começar algum diálogo com a figura intimidadora e enrugada que estava a sua frente, mas ela apenas te fuzilou com o olhar e encarou Nisky por alguns segundos, por fim gritou chocada, brava e com medo.

“O QUE ESSE PARASITA ESTÁ FAZENDO AQUI?!”

Você recuou um pouco por causa do susto, não esperava essa reação da senhora. Teabyt baliu, em uma mistura de “estou na defensiva” e “estou apavorado”. Ela continuava a apontar o dedo enrugado para Jeanisky, enquanto ele começava a bater os cascos tremendo, estava com medo.

“SE VOCÊ NÃO SAIR LOGO DAQUI EU VOU CHAMAR AQUELES GUARDAS!” Ela gritava, o que fazia aquele que você acabou de conhecer ficar ainda mais desesperado. Você não tinha reação. Nisky parecia mesmo estar sendo procurado por algo sério. Mais uma vez seu coração apertou, desse jeito não conseguiriam entrar na casa.

Olhou para Teabyt do modo mais desesperado que conseguiu, tentando perguntar com a mente se ele tinha algum plano. A principio ele continuava com a cara de apreensivo, até que um sorriso sugestivo surgiu em seu rosto.

“Eu estava indo parrra uma festa à fantasia com meu amigo, mas eu me perrdi.” Ele disse, tentando esconder o nervosismo e o sotaque, mas sem sucesso. “Além disso, senhorra a gente vai morrer de frio e querriamos abrigo.”

Você sabia que aquela ideia tinha chances de falhar, afinal aquela senhora estava gritando com Teabyt como se ele fosse o ser mais desprezível do mundo. Porém, ela olhou novamente para ele, depois para você e apontou em sua direção.

“Mas ele não está de fantasia!”

“Droga.” Você pensou. Precisava inventar uma desculpa e rápido.

“Eu... eu estou vestido de alguém perdido na neve!” Disse a primeira coisa que veio à sua cabeça, algo idiota. Nisky te olhou um tanto indignado, mas com um sorriso. Nenhum dos dois sabia se aquela mentira enganaria a dona da casa ou não.

Primeiro a senhora te olhou te desafiando a contar a verdade, mas depois deu um sorriso largo.

“Ah sim, uma festa à fantasia.” Ela pronunciou sobre a festa com uma malicia um tanto bizarra para alguém da idade dela.

Você e Teabyt se olharam confusos devido a entonação dela, mas assentiram.

 “Ah e me desculpe querido por ter gritado com você... eu ando com medo ultimamente... tem gente indesejável por aqui.” Ela disse olhando para Nisky que assentiu, demonstrando que não estava ofendido, mesmo estando.

“Então vocês dois...?” Ela perguntou com a mesma expressão maliciosa.

“SOMOS AMIGOS!” Jeanisky gritou, enquanto escondia um balido que saía no fundo da sua frase, não queria estragar tudo.

“Certo, certo. Eu entendi” Deu uma pequena risada enquanto nos encarava com os olhos brilhando. “Apenas por uma noite, certo?”

Seu coração pulou, tinha funcionado. Você e Jeanisky assentiram.

“Agora entrem vocês dois, entrem!” Ela abriu mais a porta para que pudessem entrar.

A senhora entrou, deixando a porta aberta e vocês dois sozinhos. Você olhava incrédulo para ele, você estava com uma imensa vontade de rir. Teabyt te olhou com uma expressão de vitória. Vocês tinham conseguido abrigo.

Nisky olhou para o céu, e avisou que vocês ainda tinham tempo antes de tudo piorar, além disso tinham uma casa quente, parecia uma ótima escolha. Logo depois deu um tapinha em suas costas e disse entre risadas.

“Aparentemente ela acha que somos namorados ou algo do tipo!”

Vocês riram, pensando como poderia ser possível alguém achar isso, já que mal se conheciam. Depois resolveram entrar.

A casa era pequena, quebrada, um tanto suja, mas quente. Bem quente. A senhora mostrou rapidamente a cozinha, com um pequeno fogão e uma pequena mesa, e a sala, onde vocês dois dormiriam. A sala possuía um tapete verde e dois sofás verdes rasgados, onde serviriam de cama. Aparentemente a senhora amava a cor verde.

Ela deixou vocês dois sozinhos por alguns segundos e voltou com uma tigela de biscoitos e um suco verde que mais parecia estragado, bem diferente da imagem que você tinha criado antes de chegar na casa. Você aceitou o biscoito, que estava duro feito pedra e resolveu negar o suco, pois parecia ruim. Jeanisky negou as duas coisas. A senhora a principio pareceu ofendida, mas não se importou, murmurou algo sobre “a lua de mel do casal”, o que fez você e Teabyt darem baixas risadas, logo depois saiu.

Você olhou para Nisky de forma curiosa, era certo que aqueles biscoitos estavam uma porcaria, mas ele tinha negado tudo antes mesmo de você tentar provar. Mas, antes que você pudesse simular a pergunta ele a respondeu, dando de ombros.

“Que foi? Ela podia é querer me envenenar!”

Você riu dessa frase e sentiu vontade de perguntar o motivo da preocupação, de estar sendo perseguido e dela ter entrado em pânico quando o viu, mas sentiu que não era o momento certo. Afinal, Nisky tinha inventado uma história maluca apenas para se safar e conseguir a casa, ele não deveria querer falar sobre isso.  Logo depois pensou que Teabyt era sensato, já que a senhora podia matar vocês dois, porém você já estava na casa, estava nevando lá fora e já tinha comido o biscoito. Era só torcer para que o biscoito não tivesse veneno e ela fosse apenas maliciosa e que vocês sairiam vivos dessa.

A senhora voltou e desejou boa noite, depois apagou a lamparina que ficava no chão da sala e rumou com suas pantufas verdes para algum lugar que deveria ser o quarto dela. Você se jogou naquele sofá e relaxou. Você estava cansado, tinha ficado jogado na neve e era bom ter um lugar quentinho e confortável para dormir.

(...)

O dia amanheceu cedo.

“Acorda!” Você escutou essa frase e logo depois sentiu um cutucão, já sabia que o dono dele era Teabyt.

Você piscou os olhos e focalizou o teto da casa da senhora e logo depois bocejou, você realmente precisava dormir, aquilo te fez bem. Viu Nisky e a senhora em pés.

Ela te olhava bondosamente enquanto sinalizava a porta dos fundos. Você levantou, gostaria de não encarar a neve que estaria lá fora, mas sabia que não podia ficar. A senhora abriu a porta e você deu de cara com o vento gelado novamente. Ela ofereceu também biscoitos recém preparados que você e Jeanisky gentilmente recusaram.

“Bom, acho que eu me despeço de vocês.” Ela disse. “Foi divertido ter companhia aqui e desejo boa sorte ao casal...” Ela viu os olhares repreensivos de vocês dois, mas com sorrisos no rosto, para mostrar que não se importavam. “DE AMIGOS! CASAL DE AMIGOS!” Completou rapidamente.

Vocês dois riram.

“Mas, antes de irem devo avisar. O caminho da direita é amaldiçoado.” Ela alertou, colocando suas mãos em nossos ombros. “Dizem que quem entra jamais saí!” Falou com uma voz dramática.

“Bobagem.” Respondeu Teabyt entre risadas, mas parou ao ver o olhar repreensivo da senhora. Ela tirou as mãos dos nossos ombros, e respondeu indiferente.

“Acredite no que quiser.”

A senhora entrou na casa deixando vocês dois do lado de fora. Você olhou a paisagem, algumas árvores cobertas de neve e neve, muita neve. Também reparou que possuía dois caminhos que poderiam ser seguidos.

 O caminho da direita possuía várias árvores, parecia escuro e, pelo o que você reparou, estava sujo, com latinhas e outras coisas no chão. Conseguiu reparar que algumas plantas espinhosas estavam naquele caminho, e também se lembrou daquilo que a senhora disse: o caminho ser amaldiçoado.

Já o caminho da esquerda possuía poucas árvores, a estrada tinha neve, mas estava limpa e o sol o iluminava, não parecia macabro como o primeiro.

Jeanisky também estava olhando para os dois caminhos com uma expressão pensativa, porém, você ficou incrivelmente surpreso quando ele decidiu:

“Vamos pela direita.”

“O que?!” Você perguntou espantado. Ele parecia ser um tanto medroso, e você realmente não esperava que ele fosse querer seguir por um caminho de aparência sombria.

“Relaxa, esse negócio de maldição é apenas lenda.” Teabyt disse ao ver sua expressão.

“Mas... por que a direita?” Resolveu perguntar.

“Eu só não quero ir para a esquerda.”

Você bufou baixinho

Você olhou para os dois caminhos novamente e não parecia tão seguro quando ele. Por um lado, você sabia que estava sem memória e perdido e que Jeanisky tinha te ajudado falando do caminho para a casa, ele deveria saber mais do que você sobre caminhos e talvez fosse bom dar uma chance para a decisão dele. Por outro, o caminho da esquerda parecia tentador, era limpo, parecia agradável e não estava escuro. Você poderia tentar convencer Teabyt a pegar o caminho da esquerda com você, assim não estaria sozinho em um lugar desconhecido. Porém, não sabia se era certo tentar fazer Nisky ir para um lugar só porque você queria, talvez fosse melhor ir sozinho.

Você olhou para os dois caminhos e decidiu.

Letra:

A- Ir com Nisky para o caminho da direita.

B- Convencer Nisky a ir com você para o caminho da esquerda.

C- Ir sozinho para o caminho da esquerda.


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