O poder das palavras escrita por Flavitta


Capítulo 3
Capítulo 3




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Após revisarem o plano elaborado por elas, Xena e Gabrielle dirigem-se à aldeia munidas de um pergaminho escrito por Najara direcionado aos líderes dali explicando os recentes acontecimentos à sua saúde, fazendo com que a dupla à substituísse. Após compartilharem sua estratégia com eles e, obtendo total consentimento, organizaram os aldeões que podiam lutar para comporem suas defesas.

Não tardou para ouvirem soar o alarme.

O exército inimigo, apesar de pequeno, superava em número e conhecimento bélico os aldeões da vila, que de antemão, preparados por Xena e Gabrielle, esperavam o ataque. Najara ainda não estava recuperada de seus ferimentos e por isso aguardava segura na caverna o desfecho daquela batalha.

Quando o exército adentrou os limites da aldeia, foram recebidos por flechas e machadadas que os fizeram recuar. Um dos moradores locais, no calor da batalha, decide sair desprotegido e se dirige à alguns soldados inimigos em uma missão suicida. Gabrielle, percebendo sua total ingenuidade e inexperiência, antecipa-se à Xena e se coloca entre ele e seus agressores.

Ela maneja seus sais com muita habilidade. Primeiro gira o corpo sobre uma perna só e acerta dois deles, que caem atordoados. Depois finca nas costelas de um terceiro homem um de seus sais e ao retirá-lo, ainda ensanguentado, lança-o sobre um quarto que se aproximava do garoto.

Xena, que lutava contra outros cinco guerreiros, prevê o que seria um ataque mortal à barda e salta em tempo de evitar que uma flecha atravessasse seu tórax. Gabrielle respira agradecida mas seu sorriso se desfaz em seguida com um grito de dor ao receber uma segunda flecha direcionada à ela, acertando suas costelas.

A dor lhe tira o fôlego e antes que Gabrielle possa atingir o solo, é amparada por Xena que, a esta altura, já havia matado todos os combatentes. Todavia, não deixa de reparar que alguns fogem junto ao líder.

Os gemidos de dor de Gabrielle à desviam desse pensamento e ela rapidamente investiga o ferimento: "Gaby, acho que esta batalha está ganha mas, você não poderá vencer a guerra" - brinca tentando animar a companheira, disfarçando o nervosismo em sua voz.

Após instruir os aldeões sobre os próximos passos, leva Gabrielle até a caverna aonde está Najara, que já se encontra em pé e bem mais disposta.

"O que aconteceu?!" - exclama a ex-paciente, visivelmente surpresa com uma Gabrielle sendo carregada por Xena.

Xena ignora a pergunta e deita Gabrielle próxima à chama da fogueira, iniciando uma minuciosa busca por mais ferimentos e, após constatar haver apenas aquele da flecha, puxa-a com vigor, fazendo ecoar um grito de dor da barda por entre as paredes frias da gruta e afugentar alguns pássaros que descansavam ali perto.

Aquele som angustiava tanto Xena quanto Najara, que se aproximou atônita e num impulso, agachou-se para ampará-la, sem nem perceber o perigo que corria ao simples olhar de Xena.

Apesar disso, permaneceu imóvel ao lado de Gabrielle e implorou encarando Xena nos olhos: "Pelos Deuses, salve-a! Ela não pode morrer, não posso viver em um mundo sem ela! - e voltando-se para Gabrielle, com os olhos molhados, desabafou: " Eu te amo Gabrielle!".

Xena viu o desespero no olhar da mulher. O compreendia bem. Sabia que se Gabrielle não estivesse tão atordoada pela dor, poderia ver que tanto ela quanto Najara eram assoladas pelo mesmo sofrimento: o temor de perdê-la.

Mas Xena não podia fraquejar, não naquele momento. Vacilar não era uma opção, então focou-se em se recuperar do choque e voltar sua atenção em estancar o sangramento que insistentemente deixava a rainha amazona cada vez mais pálida.

Xena se esforçava para reter as lágrimas que deslizavam em seu rosto, enquanto esfregava e limpava o sangue da pele branca de Gabrielle.

Sua mente vagueia até fixar-se ao único pensamento que a incomodava de forma incontestável: o de que Gabrielle tinha ouvido de Najara palavras tão francas antes que ela mesmo pudesse dizê-las. "Gaby, me perdoe, eu que julguei Najara por ser uma louca ao confiar nas supostas vozes que ela dizia ouvir, enquanto eu simplesmente ignorava a minha própria voz que sempre me dizia que eu te amava e te amo!" - falou consigo mesma, arrependida.

Neste momento, Xena acaricia o rosto de Gabrielle com sua mão direita e com a esquerda segura a mão da barda elevando-a à sua própria face para beijá-la carinhosamente.

Najara e Xena se olham, compadecidas do sentimento alheio e, por uma fração de segundos, em consonância repousam seus olhares sobre Gabrielle.

"Xena, você precisará voltar e terminar o serviço contra o exército" - arrisca Najara.

A Princesa Guerreira então levanta-se com um olhar vingativo e responde determinada: "Eu sei, e vou acabar com todos eles!" - caminhando em direção à saída da gruta e pegando sua espada e Chakran. Ela pára um instante de costas e, sem virar-se totalmente ao interior do refúgio, ameaça: "Espero encontrá-las aqui quando eu voltar. Se algo acontecer à ela, irei perseguí-la além do mundo de Hades." - e some por entre a folhagem que encobria a entrada da caverna.

Deixar Gaby com Najara era uma das coisas mais difíceis que fizera, mas sabia que podia confiar à vida de Gabrielle à Najara, que esta não a faria nenhum mal. O bem estar de Gabrielle era a única coisa em que as guerreiras concordavam, irrefutavelmente. Temia que Najara a raptasse, a levasse para longe.

Najara ignora a ameaça e volta seu olhar à Gabrielle, que começava à tremer de frio ou febre, era incerto. Era difícil para Najara vê-la daquela forma, não por estar indefesa, mas sim por não estar ativa, falante e cheia de vida como sempre. Doía ao ver a luz de Gaby apagar-se a cada instante. Queria tê-la para si, dizia amar sua luz.

Gabrielle não sabia, mas sua luz atraía as pessoas como as moscas são atraídas e voam para a chama de uma lamparina em busca de suas flamas e queimam de tanto amor. Najara não era a primeira, tampouco seria a última. Era uma irrevogável verdade e ela sabia disso. A única que não sabia ou não assumia saber era Xena.

Ares, que as observava, esboça um sorriso maldoso e desaparece despercebido pelas mulheres.


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