O poder das palavras escrita por Flavitta


Capítulo 2
Capítulo 2




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A noite deslizava por entre as fendas rochosas, repousando um luar frio e absoluto sobre os corpos das mulheres e não fosse a tímida mas precisa fogueira que Xena incendiara, a escuridão tomaria aquele abrigo, o único ainda seco diante da chuva fina que teimava em cair e aprisioná-las ali, as três.

Finalmente, notando Gabrielle passar perto de si, Najara grunhe na intenção de captar sua atenção e funciona: "Najara, você está se sentindo melhor?"- perguntou Gabrielle, mantendo uma certa distância. Olhando Gabrielle em totalidade, respondeu satisfeita: "Sim Gaby, estou me sentindo muito melhor, AGORA" - enfatizou.

Tentando quebrar o gelo daquela situação, Gabrielle inicia um longo e desconfiado interrogatório, para deleite da Princesa Guerreira.

"Najara, como você acordou do coma? E porque não está presa, você fugiu outra vez?" - disparou ela.

"Para ser sincera Gaby, eu nem sei ao certo. Mas enquanto estava em coma..."- fez uma tão pausa perturbadora. "... Eu sonhei com os Djinn e eles me falaram que eu ainda tinha uma missão muito importante à cumprir. E foi assim que eu acordei, completamente curada. Eu me esforcei para resolver meus problemas e conflitos e, com a ajuda dos ensinamentos de Eli, percebi o quanto estava enganada sobre tentar forçar às pessoas a aceitarem o Caminho da Luz. Elas devem fazer esta escolha por conta própria e caso não a aceitem, a própria escuridão e a tristeza que terão em suas vidas já serão castigo suficiente para que eu não me preocupe em puní-las"- finalizou, deixando uma Gabrielle boquiaberta com tamanha revelação.

Xena revirou os olhos, como que dizendo que não acreditava em nenhuma palavra e aprofundou o interrogatório: "E como você, uma vez mais, chegou - disse ela ironizando - exatamente onde eu e Gabrielle estávamos"? - suspeitava que ali tivesse o dedo nojento de Ares, pois já era a segunda vez que Najara cruzava o caminho dela e de Gabrielle, numa coincidência excepcional. Será que o Deus da Guerra sabia das intenções de Najara com Gabrielle e, por isso, a usava para roubá-la para si e assim, deixando Xena livre (na cabeça dele) para ele cortejá-la? "Será que ele nunca desistirá dessa ilusão?"- pensou ela desgostosa.

"Bom Xena, diria que foi tanto um trabalho dos Djinn como do Deus Único de Eli. Não sei ao certo, mas fui perdoada e me liberaram para continuar pregando a Paz e foi o que eu fiz, percorrendo longas distâncias e enfrentando as ameaças que surgiam à minha frente. Nada me impediria de cumprir meu objetivo" - conclui ela, fixando-se em Gabrielle.

Xena então levanta-se abruptamente, mostrando irritabilidade com aquela insinuação "quem ela pensa que é para achar que Gabrielle é algo dela, quanto mais um objetivo? Objetivo inatingível pra ela!" - penso coloando distância entre ela e Najara, como se evitasse socar a cara da mensageira de araque, que claramente fazia caras e bocas de dor para compader Gabrielle de seus ferimentos.

Najara então segura as mãos de Gabrielle: "Obrigada", diz ela com os olhos fixos nos olhos verdes e redondos da mulher ajoelhada à sua frente. Guardava uma certa serenidade naquele olhar. Quando a olhava assim, era difícil Gaby entender como aquela mulher, aparentemente doce, poderia se transformar em uma megalomaníaca. Isso a fez lembrar de Callisto e um calafrio passou por seu corpo, fazendo-a se afastar respondendo: "Graças à Xena! Ela te salvou."- mirou-a à espera de um ataque de nervos mas Najara mantinha um olhar tranquilo. Após investigar a caverna e localizar Xena, que as observava na penumbra, agradeceu: "Xena... Muito obrigada. Tenho certeza que não foi fácil para você salvar minha vida e por isso eu a respeito muito." - mas Xena permanecia fitando-a descrente e replicou enfática: "Não fui eu"- voltou seu olhar para Gabrielle, que respondeu com um sorriu tímido.

Najara, interrompendo aquele momento íntimo entre as duas amigas, tentou se levantar e tombou novamente, recebendo prontamente a ajuda de Gabrielle para escorá-la. "Deite-se! O que está fazendo, você precisa descansar para esperar as folhas que Xena usou para cobrir seus ferimentos fazerem efeito e seus pontos cicatrizarem". - ordenou Gabrielle, fazendo Najara deitar-se com um sorriso semiaberto entre os lábios e Xena semiserrar seus olhos em direção às duas. A morena então convida: "Gaby, vamos tomar banho?", indo em direção ao fundo da gruta que escondia uma pequena lagoa.

A loira rapidamente se desvencilha de sua paciente e se prepara para refrescar-se. Primeiro, caminha até o local indicado pela Princesa Guerreira e, em seguida, convicta de que não haviam olhares sobre ela, em especial de Najara, começa a despir-se.

Xena, que já encontrava-se na água, se aproveitava da escuridão da gruta para espiar a barda de soslaio. Era uma visão realmente magnífica ver Gabrielle desnuda. A pele clara e ouriçada pelo frio deixavam os músculos ainda mais notórios. Sem sombra de dúvida ela não era mais a menininha de Potideia e sim uma exuberante mulher. Enquanto apreciava a curvas de Gabrielle, Xena deixou escapar um gemido trêmulo que lhe arrebatou a espinha, movendo-se na água para disfarçar.

Gabrielle então, percebendo um olhar enrubecido de Xena, prolonga sua entrada na água, enquanto a guerreira lambendo-a com os olhos, engole seco uma dúzia de pensamentos maliciosos.

"Eu esfrego suas costas e depois você esfrega as minhas?"- perguntou ela num tom afirmativo e, sem esperar nenhuma resposta se aproximou de Xena, encaixa-se atrás da guerreira, tomando-lhe as costas.

Moviam-se lentamente na água, cada gesto no intuito de perpetuar aquele momento ao máximo. De longe, Najara mantinha os olhos fechados mas permanecia atenta aos poucos e delicados sons de água em movimento.

Quando chegou o momento, Xena nadou até a beira da pequena lagoa e sem delongas, emergiu como uma deslumbrante paisagem à Gabrielle, que ficara boquiaberta. A barda tardou a perceber e então fechou a boca mordendo o lábio inferior.

Parecia que Xena, propositalmente, queria seduzi-la e resolveu enxugar-se diante dela. Sem nenhuma cerimônia começou a se secar, mirando-a. Cada vez que passava o pano sobre sua pele, absorvendo a água que reluzia enquanto deslizava por entre os cabelos negros, pescoço, colo, seios, abdômen, ventre, coxas e... - "Como eu queria ser esta toalha" - invejou Gabrielle enquanto engasgava de desejo.

O ar ficara pesado e estava muito difícil disfarçar o quanto estava mexida com aquela sedutora cena e, percebendo que Xena lançara-lhe um olhar direto e penetrante, mergulhou na água de forma elusiva. "Ela sem dúvida percebeu"- pensou embaixo d'água, ficando lá por mais uns segundos até ter certeza de que a água resfriasse seu rosto e, sobretudo, seu corpo. Esperava que Xena não notasse seu vacilo.

"Eu notei isso"- Xena sorriu internamente.

Incomodada com a demora deste banho, Najara então caminha com dificuldade até ali bem há tempo de contemplar Gabrielle emergindo da água que ficou totalmente surpresa por ouvi-la dizer "Pelos Deuses!", caindo ajoelhada diante da visão do corpo da loira, completamente nua.

Banhada pela luz dourada da distante fogueira e, como se estivesse com o corpo em chamas por refletir as fagulhas na fina cortina de gotículas aglomeradas que cobriam seu corpo, Gabrielle parecia uma Deusa grega em nascimento, e, nem a própria Afrodite lhe negaria este título.

Desconcertada, Gabrielle se cobre prontamente com um tecido de banho que é arremessado por Xena em sua direção, abruptamente. "Por Zeus, Najara, você está bem?"- questiona Gabrielle examinando os pontos recém costurados da barriga de sua admiradora.

"Sim, eu só... Erg... Perdi o equilíbrio!"- respondeu ela indicando seus ferimentos nos membros inferiores. Mas isso não convenceu nem Gabrielle e muito menos Xena, que aproximava-se perigosamente da intrusa, até que, evitando olhar para Xena mas, ainda olhando para Gabrielle que tentava se esquivar enquanto vestia-se, Najara revela que estava ali à caminho de uma missão a fim de proteger uma vila contra um lorde de guerra. Segundo ela, ouviu dizer que este malfeitor visava saquear e destruir tudo o que encontrasse, e por isso ofereceu ajuda aos líderes da aldeia. Quando ela partiu em uma missão de reconhecimento, foi agredida pelos guerreiros dele antes de verificar o assentamento.

Xena pára de caminhar em sua direção de forma ameaçadora, embora ainda estivesse enfurecida por ela ter contemplado sua barda em toda sua glória, mas vendo como Gabrielle evitava ao máximo contato visual com ambas guerreiras, desistiu de criar caso, focando-se totalmente à história que Najara contava que, de tão rotineira e simplista, julgou não ser mentira e junto com Gabrielle, aceitou ajudar a completar a missão de proteger a aldeia contra os invasores.

Foram dormir em completo silêncio, mas de tempo em tempo um sorriso lhes cobria a face com as recordações do que viram.


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