Ele não desistiu de estar lá no quarto do hospital ao lado dela. Ele não desistiria dela por nada. Mesmo diante das ironias ou da agressividade dela, ele permaneceria ali. Não que fosse fácil vê-la piorando dia a após dia. Ver o ZIP roubando sua vida. Mesmo assim, em nenhum momento Kurt pensou em se afastar. Ele encontraria a força necessária para ficar.

Mas ela o expulsou, exigiu que a deixasse “em paz”. E ele, como sempre, respeitou sua vontade e lhe deu o espaço reivindicado.

Sua escolha em continuar trabalhando era uma forma de se agarrar a alguma coisa que lhe permitisse passar por aqueles dias. Além disso, o SIOC era logo abaixo do andar hospitalar do NYO e ele poderia estar lá em minutos se fosse necessário.

Naquela manhã, Patterson e Rich estavam eufóricos. Tinha a certeza que suas últimas descobertas produziriam a cura. Agora era uma questão de tempo para a substância ser manipulada.

Ele tinha acabado de se sentar na sua estação de trabalho quando o chamado veio. Os médicos solicitavam sua presença com urgência.  

O quadro dela se agravou e decidiram colocá-la em coma induzido para tentar conter o avanço do envenenamento até o antídoto ficar pronto. E ela pediu para vê-lo antes do procedimento começar.

Ele prometeu a si mesmo não deixar a emoção transparecer na frente dela e entrou no quarto.

Remi estava coberta pelo suor. Lutava com a dor e a dificuldade para respirar apesar do cateter de oxigênio.

Kurt ficou paralisado percebendo o quão pouco preparado para aquilo ele estava.

— Você ... veio...

A voz dela estava fraca e oscilante. Ele acenou positivamente com a cabeça enquanto ainda buscava o autocontrole para falar com ela.

— Eu ..._ e tossiu fraco _.... eu sinto muito... Kurt... por tudo...

— Não precisa se desculpar. Tente descansar.

—  Eu... preciso que... você ... me faça um favor..._ e parou para recuperar o fôlego.

— Peça. _ a resposta foi curto e soou áspera, mas na verdade, foi tudo o que ele foi capaz de dizer sem se deixar cair em lágrimas.

— Dois, na verdade...

Ele assentiu

— Olhe... por ... Avery.

— Você não precisa me pedir isso, Remi. Eu faria de qualquer modo...

— Eu sei... mas eu prec... precisava dizer...

— Ok. Ela sempre terá meu apoio. Agora descanse, por favor.

— E... por favor... podemos fingir que... que eu sou Jane? Vai ser ... rápido... Eu quero que essa ... seja minha última... última lembrança...

Kurt respirou fundo antes de dizer:

— Remi, você sabe que é mentira. E a verdade é sempre o melhor.

Ela fechou os olhos e virou a cabeça para o outro lado. Completamente derrotada, as lágrimas correram pelo seu rosto.

Foi então que Remi sentiu o calor da mão de Kurt envolvendo a sua. A outra mão tocou seu rosto a convidando a olhar de volta pra ele. Então ela reabriu os olhos e viu a emoção e as lágrimas no rosto dele.

— Você não precisa ter medo. É uma questão de horas agora e tudo vai ficar bem. Eu vou estar aqui o tempo todo. Você é forte e vai conseguir. A verdade é sempre o melhor, Remi. E a verdade é que você é Jane. A verdade é que você é minha esposa e eu te amo mais que tudo.