Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 79
Entrelaçados para sempre




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Havia amanhecido e James e Darcy dormiam agarrados.

Os dois apenas aproveitavam o momento.

Foram muitos anos longe um do outro, então precisavam compensar todo o tempo perdido.

O soldado, que acabava de acordar primeiro, observava a luz do sol sobre a pele clara da garota... ela era tão divina de manhã...

Seus dedos traçavam o caminho das encantadoras pintinhas que floreavam as costas femininas...

Darcy despertou sob a melodia rouca da voz do sargento, que logo de manhã já lhe fazia a mais linda das declarações.

— Bom dia, meu lírio... – Ele sorria, apaixonado.

— Bom dia, soldado... – Sorria de volta para ele, extremamente feliz.

— O que vamos fazer hoje...? – Bucky a indagava, enquanto lhe abraçava por trás, num toque ameno e aconchegante.

— Não sei. Não tenho nenhuma ideia em mente, mas podíamos improvisar.

— Adoro seus improvisos... – Ele murmurou no ouvido dela, enquanto a mão humana penteava os fios de seus cabelos, numa doce carícia.

— Ótimo saber... – Concluiu, risonha.

Completamente apaixonada, a cientista virou de frente para ele e ambos passaram a se entreolhar, em silêncio.

Os olhos de James percorriam o contorno dos lábios de Darcy, já pensando em enchê-la de beijos.

— Você é tão linda de manhã, Darcy... – Sua mão afagava parte dos cabelos ondulados.

A doutora atentava para o maravilhoso sorriso naqueles esplendorosos lábios ao ouvi-lo dizer seu nome.

— E o que dizer de você, sargento? Você é o homem mais atraente que já conheci.

— É mesmo...? Mais bonitos que os seus ex?

— Sim, claro.

— Feliz em ouvir isso...

— Nenhum homem pode se equiparar a você... – A garota terminava de confessar, aproximando seu corpo do dele.

A respiração do soldado oscilou no momento em que os lábios de Darcy tocaram os dele. Seus olhos ficaram abertos por um segundo antes de fechar e James envolvia-se ao redor dela, pensando consigo mesmo que o verão nunca foi tão quente...

Ambos permaneceram ali, por mais uma hora antes de irem embora.

Darcy estava desempregada, mas tinha o dinheiro do taser, além de seu apartamento em Nova York.

Bucky ainda esperava que algumas decisões do governo americano sobre sua liberdade se resolvessem oficialmente, e por ora estava livre, no entanto, não tinha ideia do que fazer no momento. Tudo o que sabia, era que se fosse acionado pelo secretário de estado, teria de sair em alguma missão com Sam Wilson.

Por enquanto, o soldado estava sem missões.

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.

O casal finalmente pegou a estrada e dirigiu por dias, atravessando todos os estados até Nova York.

Tennessee, Kentucky, Virginia Ocidental, Maryland e Pensilvânia.

Foi uma viagem divertida, onde ambos conversaram sobre todas as experiências que tiveram, nos anos em que permaneceram separados.

Darcy falava sobre seu trabalho como uma agente do estado e Bucky descrevia seus pacatos dias trabalhando numa fazenda em Wakanda.

Ao chegarem em Nova York, mais precisamente em Manhattan, o soldado se sentia nostálgico...

Foi ali que toda a sua história com Darcy se desenvolveu e ele estava imensamente feliz de reviver parte das lembranças daquele lugar ao lado dela.

— Por que não vendeu seu apartamento? – Indagou-a, curioso.

— Não sei, mas tenho um palpite.

— Qual...?

— Eu ainda achava que você voltaria pra mim um dia... – A garota confessou, num tom levemente melancólico.

O sargento sentiu parte daquela melancolia em seu coração.

Sabia que tinha feito a garota sofrer imensamente, mas agora, estava disposto a reaver o seu erro.

— Você não precisa se preocupar mais. Não pretendo ir embora de novo, então, espero que esteja convencida de que terá de me aturar para sempre. – Ele piscou e sorriu ao mesmo tempo.

A cientista sentiu seu coração aquecer, diante daquelas palavras.

— Obrigada...

— Eu que agradeço, boneca...

E então, ambos saíram do carro, deixando o estacionamento, rumando para as escadas.

Ao chegarem no andar do apartamento, os dois deram de cara com três figuras conhecidas de Darcy Lewis.

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Clarice, Nathan e Robert…

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Ok, coincidências existiam, mas aquela era uma coincidência muito acima do normal.

Por que todos os maiores inimigos da garota estariam ali, juntos e reunidos?

Não fazia sentido...

A cientista franziu o cenho, um tanto perplexa por ver a cena dos dois homens ao lado da sua vizinha loira irritante.

Bucky manteve a expressão impassível. Nada fazia a mínima diferença para ele, agora que estava livre e não precisava se esconder de tudo e todos.

— Kat... – Robert tentou se aproximar, mas foi impedido por Nathan, que segurou seu braço no mesmo instante.

— Aonde você pensa que vai? – O satã o questionou, com uma carranca no rosto.

— Me solta! Eu preciso falar com ela! – Robert e Nathan já começavam a se desentender, exatamente como anos atrás, e tudo por causa de Darcy.

— O que tá pegando aqui...? Por que eles estão com você? – Darcy questionava Clarice, que a olhava com desprezo e apatia.

— Eles estão aqui depois que souberam que você tinha voltado a morar em Nova York. Estavam se esgoelando em sua porta, gritando seu nome.

— Era só o que faltava... – Darcy revirou os olhos, já se convencendo de que voltar para Nova York, talvez não tenha sido uma boa ideia.

— Darcy, você está bem!? Andrew e Helena me disseram que você estava de volta na cidade e resolvi perguntar se precisava de alguma coisa. – Dessa vez era o satã quem a questionava. Ele não parecia tão mau quanto antes, o que era muito estranho.

O que estava acontecendo afinal?

— Por que toda essa preocupação? – A doutora fazia uma careta em resposta. Ela e Nathan nunca tiveram uma boa relação. Não entendia o motivo de o mesmo estar ali.

Aah... agora ela lembrava...

Nathan Lawrence era apaixonado por ela, então isso explicava o porquê de o mesmo estar ali.

Já Robert, parecia nunca a ter superado...

Por anos conseguiu escapar de seu ex-namorado possessivo, mas mesmo depois de tanto tempo, ele ainda estava ali, atrás dela.

— Eu já estou aqui, então você pode se mandar, seu mané. – Robert encarava Nathan e ambos já pareciam estar prestes a entrar na maior briga por causa da cientista.

Clarice revirou os olhos ao ver a cena.

— Olha aqui, Darcy, é melhor você dar um jeito nesses dois idiotas, ou eu vou chamar a polícia.

— Eu não vou dar jeito em nada! Eles podem se matar que eu não tô nem aí! Não tenho nada a ver com isso! Só não quero cadáveres na minha porta!

— Espera, Kat. – Robert mais uma vez tentou se aproximar, mas...

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Bucky Barnes entrou na frente.

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— Não precisa fingir que não está me vendo ao lado dela... vocês dois... – O soldado encarou os dois homens que pareciam um tanto receosos.

James notava isso, após fazer uma leitura corporal de ambos em sua frente.

Era uma mistura de hesitação com apreensão...

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Eles sabiam quem Bucky Barnes era...

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Robert suspirou, com raiva.

— Kat, você abrigou um assassino em sua casa!? E ainda enganou todo mundo, dizendo que ele era seu primo!? Onde estava com a cabeça!? – Seu ex a questionava, em forma de repreensão.

— Ele tem razão. Esse cara é perigoso! Por que ele está com você!? – Nathan reforçava o que Robert dizia.

Clarice lixava as unhas, ouvindo tudo e achando até engraçado.

— Como é que é!? Quem são vocês pra se meterem na minha vida!? – A cientista bradava, indignada.

— Só estamos preocupados... – O satã, seu ex companheiro de trabalho redarguia, desferindo um olhar desconfiado na direção do sargento.

— Aah, me poupe! Vocês não podem chegar na minha porta e me darem sermão! Esse homem aqui ajudou a salvar o universo! E vocês? O que fizeram!? Obviamente nada, não é mesmo!? Então parem de dar pitaco e sumam da minha vida de uma vez por todas!!!

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Bucky sorria ao ser defendido por sua garota... ele sequer precisaria fazer nada...

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Era um verdadeiro espetáculo... Darcy era demais.

— Mas ainda assim-

— CALA A BOCA, ROBERT! Já era pra você ter me esquecido! Pare de infernizar a minha vida! Me deixe em paz!

— Mas Kat...

— Ridícula essa sua atitude de morar no mesmo planeta que eu! SUMA DA MINHA FRENTE DE UMA VEZ POR TODAS!!!

— Ela tem razão. É melhor você desistir, Robert, até porque, a Darcy já está em outra a muito tempo. – A loira completava as palavras de sua vizinha enquanto continuava lixando as unhas, sem olhar para a cara de nenhum deles.

— Uau, parece que pelo menos um de vocês evoluiu! Muito obrigada por dizer o obvio, Clarice! Agora se me dão licença, eu preciso entrar. Viajei por seis estados americanos horas a fio e estou cansada! Adeus! – A garota virou de costas para os três, já abrindo a porta de seu apartamento.

James apenas permaneceu risonho e satisfeito, olhando-os de baixo em cima com uma feição de deboche.

— Cuidem-se, crianças e bebam água...! – O soldado sorriu triunfante de canto e seguiu a cientista, fechando a porta na cara deles.

Aquele com certeza não era o soldado traumatizado falando, mas sim...

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O verdadeiro James Buchanan Barnes em sua totalidade.

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Os dois homens ficaram parados, olhando um para a cara do outro, até que após alguns segundos, observavam Clarice rir, ainda lixando as unhas.

— Você sabia que a Darcy abrigou o tal sargento James Barnes que foi o maior espião da HYDRA, em seu apartamento? – Nathan a questionava, totalmente pasmo.

— Eu só descobri um tempo depois. Ele ficou por aqui alguns meses e logo foi embora. – A loira retorquia, achando o máximo a cara de decepção dos dois homens.

— Por que não reportou ao FBI!? – Robert contestou, indignado.

— Eu não. Isso nem era da minha conta...

— Mas você odiava a Darcy...

— A Darcy não é mais a minha inimiga número um. Outra ocupou o cargo dela. Passei cinco anos achando que ela estava morta, então o sentimento de rivalidade desapareceu. – Clarice, que sobreviveu ao estalo, não estava mais disposta a brigar com Darcy Lewis, ou seja, milagres acontecem.

— Esse era o segredo que ela guardou por meses, quando ainda trabalhava no laboratório. Eu nunca imaginei que ela manteria um assassino procurado em sua casa. – O satã ainda estava perplexo por tamanho absurdo.

— Olha só, se vocês acompanharem os noticiários, esse cara não é mais um procurado e outra, é bem óbvio que os dois são um casal, então, está na hora de superarem, rapazes. – A loira sorriu cinicamente e então, os abandonou, voltando para seu apartamento, deixando-os sozinhos.

Quando a loira bateu a porta na cara deles, ambos se olharam...

Arrasados...

— Acho que ela tá certa... é melhor superar... embora eu tenha certeza que nunca vou conseguir esquecer a Kat... – Robert confessava, totalmente decepcionado.

— Nem eu... – Nathan se sentia da mesma forma.

Os dois saíram dali com os corações partidos...

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Semanas depois, Darcy apresentou o sargento para seus pais e amigos mais próximos, embora alguns deles já o conhecessem.

A receptividade foi maravilhosa e no final, tudo ocorreu bem.

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Um ano se passou e finalmente a primavera chegava...

O tempo voou... muito rápido...

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Darcy estava envolvida com projetos de física quântica, já que depois de tanto rodar de um lado para o outro, acabou abandonando os anos em que estudou e trabalhou para a área de Ciência Política.

A doutora, que começava sua vida profissional do zero, se empenhava em pesquisas conjuntas com Jane e Erik.

Jane Foster não estava muito bem de saúde e sempre enviava Darcy em viagens que exigiam mais esforço físico.

Naquele dia em específico, a garota se encontrava na capital francesa...

Paris...

Ela tomava um cappuccino numa cafeteria ao lado da Torre Eiffel, analisando alguns papeis da nova pesquisa dos dois astrofísicos.

O clima estava agradável, muitas pessoas transitavam pelo local e o ambiente era perfeito para relaxar...

Embora estivesse bem confusa com todas as informações daqueles papeis...

Os cabelos soltos da garota esvoaçavam levemente.

Seus atuais trajes se resumiam a roupas sociais, porém casuais.

A garota se mantinha sentada na mesa do lado de fora da cafeteria, concentrada, lendo parágrafo por parágrafo do que estava escrito, até que...

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Alguém colocou as mãos em seus olhos, tampando sua visão e então...

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— Advinha quem é...?

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Darcy bufou. Era tão obvio quem estava atrás dela...

— Uma mão quente e outra gelada tocando meu rosto e eu não saberia quem é? Sério, Bucky, se for fazer algum suspense comigo, não devia deixar tão nítido essa mão de vibranium em contraste com a mão humana.

O soldado saiu de trás dela com um semblante de tristeza e decepção.

— Está partindo meu coração falando desse jeito comigo, boneca... – Ele confessava tristemente, enquanto retirava seus óculos escuros.

A cientista revirou os olhos em resposta.

James estava deslumbrante... Trajava uma camisa social, jaqueta de couro escura, calça jeans e coturnos, além de óculos escuros, que agora estavam presos na gola de sua camisa.

Não precisava mais esconder do mundo quem era e nem mesmo o seu braço... embora a atual prótese fosse inteiramente composta por vibranium.

Não havia rastros do Soldado Invernal ali... ainda que só mostrasse aqueles traços quando estava em combate.

— Por que me fez vir a Paris? Preciso estar na Bélgica daqui a três dias! – Darcy não entendia o motivo de James ter pedido que ela o encontrasse ali, na capital francesa e aquela hora da manhã.

— Você não se recorda do que me disse anos atrás?

— Não... o que eu te disse? – Ela arqueou uma sobrancelha, confusa.

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— Você me convidou para tomar café... em Paris...

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Os olhos da garota alargaram...

Como ele se recordava daquilo? Fazia tanto tempo...

— Você realmente guardou em sua mente todas as coisas que te pedi?

— Cada uma delas... – Ele piscou, lentamente, enquanto um lindo sorriso luminoso adornava seus lábios.

Darcy estava desacreditada.

Mas sabia que não podia se deixar levar pelos galanteios de James Buchanan Barnes enquanto se encontrava repleta de trabalho.

— Eu tenho que me concentrar aqui. Preciso enviar um relatório hoje à noite, só que estou quebrando a cabeça pra entender conceitos sobre física quântica que não tenho a mínima ideia. Não posso ficar perdendo tempo.

— Você está dizendo que eu sou uma perda de tempo? – O soldado fazia biquinho, triste por ouvi-la falar daquela forma.

— Não exatamente, mas... céus, Bucky, eu estou apavorada! Tenho que cumprir prazos! – A garota colocava as mãos no rosto, quase se descabelando.

O soldado a observava com um sorriso no rosto.

Sua menina era tão responsável e dedicada...

— Por que não pede ajuda a Hope Van Dyne? Vocês não se tornaram amigas?

— Sim, mas ela também está super ocupada com seus pais. Eles estão elaborando algumas tecnologias novas, e além do mais, a Hope está atarefada treinando a filha do Scott Lang.

— A filha do Homem Formiga? Por quê?

— Bem, eu não sei ao certo, mas disseram que ela tem potencial... eu não sei nada sobre o que eles estão planejando agora, então pedir ajuda para a Hope está fora de cogitação no momento.

— Entendo... então você está encrencada, boneca... – James a fitava um tanto despreocupado.

— Já você, parece bem relaxado. Como estão as missões com o Falcão?

— Nada fáceis... vejo o quanto o secretário de estado atual vem nos usando para intentos nefastos, no entanto, eu e o Sam estamos pensando em pular fora.

— Por quê...? – Darcy parecia chocada, já que os dois estavam tão empenhados em manter o mundo em ordem depois do Blip.

— Porque isso não é algo que o Steve faria... – James sorriu singelamente...

O soldado não queria ir contra as convicções de seu amigo... o Capitão América.

Steve Rogers ainda estava por aí, mesmo sendo um idoso, e acompanhava pelos noticiários a bagunça que o mundo atual havia se tornado por causa do estalo e do blip causado pela manopla do infinito, ainda que tenha se passado um ano.

— Eu acho tão maravilhoso que você ainda seja o mesmo homem de 1944, mesmo tendo passado décadas nas mãos da HYDRA. – Darcy o fitava com um lindo semblante de contentamento.

— Em vez de ficarmos aqui falando sobre trabalho, porque não damos uma volta em torno da Torre Eiffel?

— Mas eu não posso!

— Não seja chata, boneca. Apenas largue tudo isso por uma hora. É tudo o que eu te peço. Uma hora!

Darcy suspirou, totalmente rendida...

— O que você não me pede chorando que não faço sorrindo...? – A garota sorria enquanto guardava todos os papeis numa pasta.

— Então vamos, meu lírio... – James se levantou e pegou na mão dela, puxando-a para fora dali.

No começo daquela manhã, o céu se mantinha incrivelmente azul.

Os raios do sol pareciam queimar suas peles, mas não era desagradável, pelo contrário. Naquela manhã de primavera, o clima se encontrava perfeito.

Os dois caminharam lentamente pelo gramado que dava acesso a Torre.

Algumas pessoas faziam piquenique nesse gramado, outras passeavam, outras tocavam violão em rodas de amigos enquanto cantavam algumas músicas e outras armavam tripés para baterem fotos da torre.

— Depois que voltar da Bélgica, você vai pra casa? – James a indagava, segurando firmemente a mão dela enquanto caminhavam.

— Sim, mas não sei porque está me perguntando isso... você é que nunca vai pra casa e fica semanas com o Sam nessas missões perigosas do secretário Ross.

— Já disse que vamos sair de cena.

— E quando será isso?

— Em breve...

— Quanto tempo vai ser esse ‘em breve’? – A garota rezingava, com raiva por nunca ter o soldado por perto.

— Bem... se quer mesmo saber, isso não vai durar tanto tempo, já que estou prestes a dar um passo muito importante em minha vida... vou cumprir uma promessa.

— Que promessa? – Darcy arqueou uma sobrancelha.

James sempre fazia suspense sobre várias coisas, sérias ou corriqueiras e aquilo lhe deixava mal-humorada.

O sargento então se virou para ela, impedindo-a de continuar caminhando ao seu lado.

Eles ficaram frente a frente.

Darcy não entendia o que aquilo significava.

A feição do soldado causava mais suspense ainda, já que externava seriedade além da conta.

A cientista lhe faria outra pergunta, mas o movimento do soldado lhe fez arregalar os olhos no mesmo instante.

Ele se agachou, ficando de joelhos no gramado...

A perna direita engatou, mantendo-o equilibrado, até que a mão de vibranium se moveu para trás, prestes a tirar algo de seu bolso.

O coração da garota falhou inúmeras batidas...

As pessoas ao redor olhavam a cena, sorrindo, afinal...

Paris era a capital do amor...

Darcy engoliu a seco, sem reação.

Bucky sorriu... aquele sorriso mágico e maravilhoso de canto, que lhe tirava de órbita e fazia tudo ao redor parar de fazer sentido...

Seus lábios entreabriram, prestes a dizer algo...

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— Darcy Katherine Lewis, você aceita se casar comigo...?

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James permaneceu sorrindo, triunfante ao notar que a doutora estava em choque, mas ao mesmo tempo imensamente feliz.

Ela levou as mãos até o rosto, tampando parcialmente a face, tentando encobrir a emoção e o embaraço daquela cena.

Céus... que tipo de sonho era aquele? O homem de sua vida estava propondo que se casassem, e lhe fazendo aquele pedido bem ali...?

O soldado reparava na reação comovida da cientista e continuava sorrindo, se deliciando com a expressão dela.

— Se você vai dizer não, só faça isso longe das pessoas que estão nos vendo nesse momento. Será muito vergonhoso ser rejeitado aqui. – Ele articulava, de modo divertido e Darcy apenas ria das brincadeiras bobas do sargento.

Era tão perfeito vê-lo em sua personalidade original... sendo quem ele era de fato, e muito longe daquele homem impiedoso e indiferente que foi criado pela HYDRA.

— Você é mesmo um idiota, senhor Barnes... – Ela tentava conter as lágrimas que teimavam descer de seus lindos olhos azuis...

— Sim, sou um idiota mesmo... mas ainda estou esperando sua resposta... é sim ou não...?

Duas lágrimas escorregaram dos olhos da doutora. Ela se aproximou e o fitou intensamente...

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— Sim... eu aceito... eu nunca te diria não...

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E então, James se levantou, demasiadamente feliz...

Uma alegria e euforia preenchia todos os seus sentidos, a ponto de se sentir levitar...

O sargento fechou a pequena caixa com o anel e abraçou sua garota...

As pessoas ao redor, batiam palmas para o casal...

Levantando-a no mesmo instante e a rodopiando no ar, ambos se encontravam no auge da felicidade...

Darcy passou a rir magicamente em resposta, sentindo o sol da primavera tocar sua pele, a brisa esplendorosa da capital da França balançar seus cabelos e a incrível adrenalina do momento...

Aquele era o dia mais feliz de sua vida...

Ele ainda a rodopiava e a cientista ria enquanto gritava de alegria.

— Vai me deixar tonta desse jeito!!!

— Só se for de felicidade, minha boneca!

E então, depois de a girar freneticamente em seu colo, o soldado a derrubava no chão do gramado, com ele por cima.

— Você é um louco! – Darcy continuava rindo e chorando ao mesmo tempo. Não esperava que ele a pediria em casamento aquele dia.

Foi a melhor surpresa que alguém já lhe fez em toda sua vida...

— Eu sou louco por você... – E então, o soldado passou a beijar o rosto dela, cada canto, cada pedacinho, de uma forma carinhosa e apaixonada.

— Terá de lidar com as consequências por me dar esse susto hoje...! Eu não estava esperando por um pedido de casamento...! – Ela o sentia estalando vários beijos por toda extensão de sua pele, a ponto de fazer cócegas.

— Estou pronto para lidar com as consequências... o que você vai fazer comigo...? – Murmurava perto do pescoço feminino, beijando afetuosamente o local.

— Te castigar! – A doutora tentava conter o riso por causa das cócegas que os beijos do sargento lhe faziam.

— Adoro seus castigos... – A voz dele penetrava suavemente em seu ouvido, deixando-a ainda mais eufórica.

Ambos não se importavam se estavam dando uma incrível demonstração de carinho e afeto em público, e nem mesmo as pessoas ligavam, já que Paris era conhecida por ser o antro de casais apaixonados...

Pedidos de casamento ali, eram comuns.

— Vou pegar pesado... se prepare... – Ela rebateu, e o soldado cessou os beijos, passando a encará-la deslumbrado... olhando dentro dos olhos dela...

Estava tão apaixonado... mesmo depois de um ano convivendo juntos, sem nada e nem ninguém para atrapalhá-los ou separá-los...

James entreabriu os lábios, deixando seu coração falar mais alto...

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— Eu prometo te fazer feliz todos os dias... futura senhora Barnes...

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Darcy alargou o olhar diante daquela linda declaração... levando as mãos até a nuca do sargento, puxando-o para mais perto.

— E eu vou fazer dos seus dias, os mais loucos, bizarros e atrapalhados... está preparado...?

— Claro que estou... você é uma mulher que não combina com rotina, então, sei que cada dia ao seu lado será uma linda e incrível aventura... sou um homem de muita sorte...! – Ele piscou, sorrindo de canto, fazendo-a derreter diante de suas incríveis palavras.

A garota riu e devolveu no mesmo instante...

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— Je t'aime, soldat... (Eu te amo, soldado) *Em Francês

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Bucky sorriu de volta, diante da declaração de amor em outro idioma.

— Nunca pensei que ouviria eu te amo em francês... você está muito surpreendente hoje, senhorita...

— É melhor que se acostume... agora que estamos noivos, as coisas ficarão bem mais malucas...

— Era exatamente isso que eu esperava, boneca... mas será que antes de iniciarmos nossa nova rotina de maluquices, você responderia a mais um pedido meu?

— Uau, mais um...? E o que seria...?

— Vamos viajar o mundo antes de nos casarmos? Você topa...?

Darcy começou a rir, completamente entusiasmada diante daquela pergunta inesperada. Ela propôs tal viagem a ele, anos atrás...

— Quer realizar o meu sonho bobo, sargento...?

— Quero realizar todos os seus sonhos, um a um, minha menina... – E então, Bucky aproximou seu rosto do dela, tocando a ponta do nariz de Darcy no seu, no clássico e romântico beijo de esquimó...

— Eu topo viajar o mundo com você... Eu topo viajar o universo inteiro com você!!! – E então, ela o abraçou com força.

— Acho que vamos precisar de uma nave pra viajarmos o universo... mas conheço alguém que pode nos dar uma carona... – O soldado sugeria algo que a deixou em suspense.

— É mesmo...? Quem...?

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— O cara do Missouri...

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Dessa vez, Darcy soltou uma gargalhada muito mais alto do que o comum.

— Hey, como assim!? Você e o Peter nem se conhecem!

— Nós conversamos antes dele partir... foi uma conversa bem produtiva. – Revelava, deixando-a com uma careta, tamanha curiosidade.

— O que você e o Peter conversaram!!? Agora eu quero saber! Céus, Bucky, você nunca me disse isso! O que vocês conversaram!!? Me diz!!!

— Ele me disse pra ir atrás de você, porque tinha certeza que você ainda me amava... e aah, ele também se convidou para o nosso casamento, se é o que quer saber...

— Aquele cara... é uma figura...! Mas tá aí, vamos chama-lo para dar uma descida aqui na terra. Quem sabe não descolamos uma lua de mel intergaláctica!?

— Com você ao meu lado, eu vou pra qualquer lugar... – Darcy o fitou, enquanto observava os traços pálidos do sargento iluminarem com os primorosos raios solares daquela manhã...

Seus olhos azuis, tão claros, não límpidos e puros... lhe atraiam, a ponto de se sentir em êxtase...

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— Estarei com você até o fim da linha...

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James afirmava, com muita convicção, numa promessa perpétua à sua garota... era a mesma frase que ele e Steve Rogers diziam um para o outro, mas que agora, era direcionado à pessoa mais importante e que amava... a mulher que escolhera passar o resto de sua vida e ser a mãe de seus filhos...

E então, após ouvir aquela linda promessa, Darcy o puxou finalmente para um beijo...

Com o soldado ainda por cima, ambos selaram o pacto eterno com um beijo. Mais um em meio a tantos que compartilharam durante meses depois de se reencontrarem...

O toque tão sublime, esplêndido e delicioso ainda era o mesmo... os dois não conseguiam enjoar da mágica apetecível que os ligava intimamente...

A sensação de ser beijada por quem você ama, no auge da paixão, é um dos sentimentos mais intensos, profundos e extraordinários que existem.

O sentimento era maravilhoso. E você tem de aproveitar o momento, porque ele nunca mais voltará. Você precisa expandir o horizonte dos seus sentidos e apreciar cada segundo, cada toque e gesto... cada olhar... cada suspiro... cada onda de arrepio na alma...

Depois daquele dia, não haveria mais ninguém para ele e nem para ela... uma vez que decidiram se unir, ambos seriam incapazes de amarem outras pessoas... não porque seguiriam obrigados a tal, por um pedaço de papel institucional ou promessas num altar, mas porque escolheram fazer dar certo... ainda que soubessem que teriam muitos obstáculos no meio do caminho.

Enquanto se beijavam apaixonadamente, Darcy percorreu os dedos nos cabelos do sargento, acariciando-o de modo tão delicado, que James sentia-se derreter...

Se encontravam tão perdidos em si mesmos, que estavam tendo problemas para se lembrar de como respirar...

Bucky levantou a cabeça, cessando o movimento, com os lábios molhados e a respiração ofegante...

— Você é maravilhosa... – Sussurrou próximo do rosto dela...

— E você me deixa com as pernas trêmulas... fazendo tudo girar... – Replicou, entorpecida...

— E você gosta...?

Arfando, ela olhou para o soldado e deu uma cutucada na cabeça dele.

— Não faça perguntas as quais você já sabe as respostas, soldado...! – Bufou, emburrada.

Ele riu, gloriosamente... numa espécie de provocação...

Aquele maldito sorriso que fazia suas entranhas se contorcerem e seu coração acelerar desenfreado...

— Eu juro que se você sorrir desse jeito de novo, vou te torturar de uma forma que você vai chorar e implorar para que eu pare... – Darcy mordeu o lábio inferior, incitada pelas afrontas sensuais que seu lindo sargento lhe acometia.

— Eu amo quando você me tortura... quero morrer sofrendo em suas mãos... – James sabia que as ameaças da doutora não passavam de joguinhos que ele amava participar.

Tudo nela lhe causava adrenalina...

E então, o soldado passou a beijá-la de novo...

Ele beijou seus olhos, suas bochechas, seu nariz, seu queixo, seu pescoço, o lóbulo de suas orelhas, sua testa... até que finalmente, os lábios dele encontraram os dela, e mais um beijo se formou...

Céus, ele a amava tanto...

Nunca esqueceria, que desde o início, Darcy o tratou como uma pessoa normal... quando o mundo inteiro o chamava de assassino...

Ela não o tratava como um fio elétrico e não tentava desarmar a bomba que sua mente era...

Darcy lhe deu tempo e espaço quando se conheceram... lhe deu carinho e compreensão... ela lhe deu uma amizade... e por fim, seu coração... sem esperar nada em troca...

Nos mais de três meses que conviveram juntos, antes de se separarem no ano de 2014, James aprendeu muito sobre quem era Darcy Lewis.

Ele aprendeu qual era a comida que ela gostava, dependendo de seu humor... o tanto de café que consumia, com base na hora do dia e na carga de trabalho que a garota tinha...

Ele sabia quais eram seus álbuns e filmes favoritos, principalmente quando o convidava para assistir ou ouvir cada um deles junto dela...

Sabia o que a fazia rir... o que a fazia corar, gritar e até mesmo chorar...

James aprendeu como tocá-la e onde beijá-la quando queria incitá-la de alguma forma... Ele decorou seu gosto e seu cheiro... e se aprazia todos os dias que passava com ela, daquelas sensações, sabendo que nunca se fartaria ou enjoaria...

E o mesmo acontecia com Darcy...

Ela aprendeu muitas coisas sobre o soldado...

Amava passar o tempo com ele...

Ela aprendia sobre sua mente que ainda estava enraizada no século 20...

Aprendeu palavras, frases e expressões idiomáticas de sua época, que causavam flashbacks no sargento...

Ela aprendeu em como acalmá-lo quando estava nervoso... ou quando raramente tinha pesadelos...

Aprendeu onde podia e não podia tocá-lo... aprendeu que nem sempre era fácil e que às vezes o soldado ficava bravo sem motivos, afinal, ainda havia pequenas cicatrizes que a HYDRA lhe deixou...

Mas James não era mais um homem quebrado, traumatizado e fora do tempo...

Não havia sido cem por cento restaurado, mas estava pronto para ser o homem que a amaria para sempre... e assim foi, porque ambos não se tornaram apenas amantes...

Mas parceiros para a vida inteira...

Porque mais do que um sentimento, o amor era uma habilidade...

E dias ruins eram necessários para que os dias bons valessem a pena...

Como aquele dia em especial... que tudo fluía como um sonho...

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E sonhar era voar... antes mesmo de ver o céu...

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“Olá! É mais uma tarde de verão nos Estados Unidos da América, e eu sou Darcy, uma cientista política que abandonou a profissão e voltou a trabalhar com Erik e Jane, dois astrofísicos que não se aquietam nunca e precisam desesperadamente descobrir mais e mais eventos envolvendo física quântica...”

“Agora estou na Geórgia em Atlanta, numa linda e simples casinha, onde eu e meu sargento moramos... mas ele não está em casa agora... está por aí, ajudando a salvar o mundo de vilões que querem tacar o terror no planeta, por motivos bem mais triviais que o tal Thanos...”

“Depois de alguns dias pesquisando sobre realidades alternativas, Erik, Jane e eu descobrimos algo surreal envolvendo a nossa linha do tempo... você quer descobrir também? Então acompanhe o próximo ato. Ele será imprescindível para a próxima história que será contada em breve!”

“Porque histórias precisam ser contadas, não é...? A festa tem que continuar e você é meu convidado especial!”

“Que comecem os jogos... ahahahahaha!”

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FIM...?

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Notas finais do capítulo

Galera que acompanha por aqui, quero deixar claro que deixei de colocar as notas iniciais e finais a uns capítulos atrás, porque sei que o pessoal daqui começou a acompanhar essa fanfic pelo Spirit e então não vi necessidade de repetir isso aqui, mas pretendo postar minhas próximas histórias todas ao mesmo tempo em todas as plataformas. Quem prefere acompanhar por aqui, pode continuar, porque nos demais sites de fanfics não haverá adiantamento, como houve no Spirit.

O próximo capítulo é uma cena pós-créditos e lá explicarei sobre minhas próximas fanfics.



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