Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 77
O resgate de um elo indestrutível




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771169/chapter/77

Em breve o sol iria se pôr...

Na cidade Nova Orleans, o Falcão e o Soldado Invernal tentavam conter um grupo de extremistas terroristas, criado durante os cinco anos depois do estalo de Thanos.

Centenas de grupos anarquistas surgiram no planeta, o que acarretava crises e ataques por disputas de território, já que metade do planeta havia desaparecido do nada...

Guerras civis também marcavam as capitais de muitos estados americanos.

Sam e Bucky foram enviados pelo General Thaddeus E. Ross, Secretário de Estado.

A maioria dos Vingadores havia se dissolvido depois da morte de Tony Stark.

Capitã Marvel e Thor voltaram para o espaço.

Doutor Estranho e Feiticeira Escarlate não foram localizados.

Homem Formiga não era cogitado, porque Hank Pym não desejava se envolver em conflitos, colocando seu traje e tecnologia a disposição do governo.

Gavião Arqueiro não era considerado, porque o ex-agente da SHIELD havia se aposentado e retornado para sua família.

Pantera Negra também não se envolveria, até mesmo porque Wakanda era sua prioridade depois do Blip.

Homem Aranha era um garoto que ninguém sabia a identidade.

Nick Fury e Maria Hill também não tinham sido localizados.

Hulk estava impossibilitado por conta de seu braço.

E por fim, o Coronel Rhodes havia sido designado para outra missão fora do país, ou seja...

.

As únicas pessoas que restaram eram Sam Wilson e Bucky Barnes...

.

A dupla se encontrava atuando na linha de frente da batalha, e já havia detido dezenas de homens do tal grupo extremista, liderado por um ex-militar estadunidense.

O motivo...?

Porte ilegal de armas e controle de território...

Sam sobrevoava o local em alta velocidade, fazendo uma varredura sobre o número de homens que ainda restavam.

O lugar estava devastado, por conta da batalha com armamento pesado.

A polícia havia evacuado o local, sem a presença de civis.

O Falcão e o Soldado Invernal conseguiram abater mais de noventa por cento do grupo, e por mais que fosse uma missão de alta periculosidade que durava mais de três horas, ambos sabiam que em breve conseguiriam completar a missão e acabar com o restante de todos os homens.

Muitos haviam se rendido, mas outros ainda resistiam.

Aquela missão estava sendo um verdadeiro campo minado. Tinham de ser cuidadosos ao se aproximarem, e justamente por isso demoravam em concluí-la.

Sam alertava Bucky através do equipamento de escuta.

A experiência que o mesmo havia adquirido nos anos em que atuou ao lado de Steve Rogers, somaram na destreza do Falcão ao lidar com aquele tipo de embate.

— Só restam doze homens... Três a cento e trinta metros de onde você, no norte. Eles estão com mísseis teleguiados.

— Não é arriscado voar tão perto deles? Podem te abater. – James respondia Sam, enquanto recarregava a metralhadora M249 que usou na batalha contra Thanos. O soldado estava encostado numa parede em meio aos escombros.

— Você se esquece que meu traje é resistente contra armas defensivas e ofensivas, pois são altamente flexíveis e à prova de balas? Além do mais, eles estão ficando sem munição.

— Vejo que aprendeu muitas táticas com Steve, mas não se esqueça: você não é um super soldado. – O sargento alfinetava o Falcão, e Sam apenas riu de sua birra infantil.

.

— É verdade, não sou um super soldado... sou um bom homem...

.

Sam provocava de volta, fazendo menção a fala do Doutor Erskine que recrutou Steve para o projeto Renascimento...

Steve Rogers era um bom homem... então para ele isso era muito melhor do que ser um super soldado.

— Era pra rir? – Bucky rebatia, com aspereza, não achando graça de sua piada.

— Está com raiva porque o Capitão deu o escudo pra mim e não pra você?

— Pra começar, eu já sabia que ele te daria o escudo, então não me venha com essa. – Replicava friamente. Bucky ainda não tinha paciência com Sam e seu senso de humor...

Eles nunca se deram bem, mas agora, eram obrigados a trabalharem juntos...

Estava anoitecendo e Sam conseguia derrubar mais nove homens, restando apenas os que se encontravam próximos ao soldado.

O Falcão observava tudo do alto de um prédio, um pouco distante de onde James se encontrava.

Ele avisava a equipe de segurança que supervisionava o embate contra o grupo e aos policiais que a missão estava quase concluída.

— Eles já devem saber que só restam eles, então, se me aproximar, podem atirar e eu não tenho ideia da intensidade do ataque. – O Falcão articulava no aparelho de escuta, deixando claro que o sargento precisava terminar com o restante do grupo.

— Não foi você que disse que seu traje era resistente? – James ironizava, já bolando um plano para acabar com o os três homens que restavam.

— Eu tenho um plano... vou distraí-los com o asa vermelha. Nesse tempo, tente se aproximar e-

— Não precisa me dizer o que fazer. Eu já tenho algo em mente. – James o interrompia, sabendo o que faria para completar a missão.

— Calma, não precisa ficar nervosinho. Não estou liderando essa missão. Estamos trabalhando em conjunto, esqueceu? Estou tentando te ajudar.

— Eu sei me virar. – E então, o Soldado Invernal resolveu agir de acordo com suas próprias estratégias, afinal, estava completamente habituado aquele tipo de situação.

Se os inimigos estavam armados com mísseis teleguiados, não podia simplesmente apontar sua cabeça e dar sua exata localização.

Havia um caminho por onde seguir, sem que fosse visto.

Sam disse a localização exata dos três, então tudo o que precisava, era fazer com que os três homens abrissem uma brecha e pudesse atirar com seu rifle sniper, derrubando-os um a um num curto espaço de tempo.

O soldado então se locomoveu lentamente para uma posição próxima sem ser visto.

Ele usou uma de suas armas favoritas...

Duas granadas de disco magnéticos, que se instauravam embaixo de veículos...

Após atirar na direção de dois carros explodidos, em direções opostas, as granadas colaram embaixo dos dois veículos...

Bucky acionou o dispositivo e distraiu os três homens com duas explosões pelos lados esquerdo e direito.

Quando os mesmos se assustaram pelo barulho, o sargento rapidamente agiu...

Sua pontaria era incrivelmente extraordinária...

Numa velocidade incrível, o mesmo mirou no pescoço dos três, abatendo dois...

Porém, um deles, automaticamente atirou na direção de James, sem muita precisão, o que ocasionou numa nova explosão que atingira parcialmente o soldado...

Bucky foi arremessado para trás, por conta do forte impacto...

No mesmo instante, Sam voou para o local, atirando no último homem que restava com suas pistolas duplas.

Ao chegar onde James estava, o Falcão correu para socorrê-lo.

O soldado se encontrava com parte de suas roupas queimadas e rasgadas, o rosto sujo de sangue e poeira...

Ele estava desacordado, mas respirava...

— Hey, cara! – Sam sacudia o sargento, no ímpeto de fazê-lo recuperar a consciência.

Em poucos segundos, Bucky abriu os olhos... lentamente...

Sam suspirou, aliviado.

No mesmo instante, o sargento tentava se levantar, com dificuldades...

— O que aconteceu...? – Indagou o Falcão, sem ter completo domínio de seus sentidos.

Muitos helicópteros se aproximavam do local, assim como parte de uma aglomeração formada pela equipe de segurança, policiais, agentes do FBI e repórteres.

— Você podia ter morrido. Por que não me ouviu!? – Sam rebatia, num misto de preocupação com apreensão, enquanto estendia a mão para que o mesmo se levantasse.

— Se eu morresse, não faria a mínima diferença. – Ele ergueu a mão de volta, aceitando a ajuda para se levantar.

— Faria diferença sim! Com que cara você acha que eu encararia o Capitão se você morresse?

— Acho que só ele se incomodaria... – O soldado sorriu, um tanto melancólico.

Ele retirava parte de seu traje que já estava totalmente danificado, ficando com o torso totalmente despido e o braço de vibranium à mostra...

Estava machucado, mas em algumas horas estaria curado... sua regeneração por conta do soro era muito veloz.

Havia finalmente anoitecido e o local estava sendo interditado, pois os policiais tentavam afastar o máximo de repórteres possíveis...

— Você acha que é só o Capitão que se incomodaria caso morresse? A estagiária da Doutora Foster choraria em cima do seu caixão. – Sam declamou, num riso abafado.

— Está se referindo à Darcy? Ela sequer lembra que eu existo... – James continha um gemido de dor ao segurar o ombro humano com a mão de vibranium.

— Eu não teria tanta certeza... – O Falcão rebateu, olhando por trás de James...

O soldado estranhava o sorriso de canto do seu companheiro de missão naquele momento...

Então, quando resolveu olhar para trás, notou uma pessoa no meio dos poucos repórteres que se transitavam por ali, a sete metros de distância...

.

.

Darcy Katherine Lewis...

.

.

Os olhos do soldado larguearam no mesmo instante...

O que ela fazia ali...?

Sam sorriu ternamente, caminhando na direção da cientista...

Ele tocou o ombro da garota, fitando-a.

— Pega leve com ele, porque há uns minutos atrás esse soldado quase foi abatido. – E então, o Falcão se afastou, indo na direção dos policiais que já armavam várias faixas amarelas para que os civis não cruzassem o local que mesmo interditado, já contava com olheiros curiosos.

Sam aproveitava para afastar os policiais que trabalhavam no lugar e que já estavam prontos para tirar Darcy dali.

Ele apenas os convencia que aquela garota conhecia o Soldado Invernal e que ambos precisavam de um espaço para conversarem.

Em poucos segundos, todos se afastaram, deixando-os sozinhos.

O cenário envolta, era caótico...

Destruição... escombros, fumaça, fogo, e muito barulho de sirenes e helicópteros...

Não muito diferente de quando se conheceram em Washington DC pela primeira vez...

A cientista o encarava... com o rosto coberto por...

Lágrimas...

Sua feição de consternação atingia fatalmente o coração de James, lhe deixando aflito...

O que estava acontecendo com ela...?

Darcy não conseguia falar... muito menos se mexer...

Sua respiração engatava, as mãos tremiam e um suor frio escorria por sua testa...

O arrepio forte começava em suas entranhas e terminava em sua espinha...

Seus lábios tremiam e seus olhos ainda fitavam o sargento, marejados em lágrimas...

A doutora estava chocada ao perceber que não estava mais diante do Soldado Invernal, mas sim...

.

Do verdadeiro James Buchanan Barnes...

.

Céus... Ele era exatamente aquele que estava em todos os museus e livros de história... Aquela aparência era simplesmente magnífica...

O cabelo curto, a barba por fazer e o olhar leve, plácido e sereno... sem o obscurantismo daquele que um dia foi o punho da HYDRA... um ativo da maior organização terrorista do mundo...

O soldado se encontrava com o torso totalmente nu, expondo as feridas daquela batalha... ensanguentado, sujo de poeira e suado, afinal, foram mais de três horas lidando com dezenas de homens fortemente armados...

O braço de vibranium reluzia, resplandecendo a luz do fogo ao redor...

Bucky ficou imóvel, observando a cientista em sua frente, com uma expressão de sofrimento...

Ele não entendia... por que ela estava ali depois de tudo o que disse a ele semanas atrás...?

Deixara claro que nunca mais queria vê-lo em sua frente...

Quando pensou em se mover na direção dela, justamente para questioná-la sobre por que estava ali, a doutora não lhe deu tempo...

Darcy passou a correr rapidamente para onde ele estava...

O soldado arregalou os olhos em surpresa...

A cientista continuou correndo ligeiramente e então, num ímpeto de loucura, aflição e desespero...

.

.

Ela pulou no colo de James, enlaçando seu pescoço com os braços e rodeando as pernas no quadril masculino, prendendo-o com força...

.

.

Bucky a segurava em seus braços, porém, um tanto hesitante diante do movimento ousado da garota...

Darcy enterrou o rosto no pescoço masculino, sentindo seu aroma másculo e inebriante narcotizar suas narinas...

Ela lhe agarrava e lhe apertava compulsivamente... violentamente... desolada e transtornada...

Senti-lo tão perto, tão próximo e tão junto lhe acalmava... lhe acalentava...

James também estava sedento pelo toque dela, mas não sabia exatamente como reagir, então, tudo o que o soldado conseguiu balbuciar perto do ouvido da cientista foi...

— Darcy... o que você-

Ela sequer esperou que ele a questionasse sobre qualquer coisa que fosse, porque...

Seu rosto abruptamente se virou na direção do dele e então...

.

.

Seus lábios o calaram imediatamente...

.

.

Num ímpeto, freneticamente ardente que lhe causava uma explosão intensa de efeitos abrasadores, a doutora passou a beijá-lo loucamente... como se fosse a última coisa que estivesse fazendo em sua vida...

Seu beijo tinha gosto de desespero, tormento e suplício... e o sargento sentia-se derreter ao calor dos lábios prazerosamente macios...

Era impossível resistir, ainda que estivesse confuso sobre o porquê Darcy estava ali...

Ela tinha voltado atrás, depois de tudo o que lhe dissera a quase um mês?

E por mais que tentasse entender, era impossível, já que a garota lhe beijava apaixonadamente, com exasperação, saudades e intrepidez...

Darcy folheava os lábios de James como um livro... a procura de sua alma...

Tudo o que queria, era se embriagar de sua essência novamente... de se embebedar com seus suspiros contidos de surpresa...

A cientista o beijava com força, ferozmente... de modo indômito e urgente... impetuosamente ferina...

Sugava seu fôlego, e o preenchia com toda a carga de lembranças acumuladas durante anos a fio...

Ela o provava, o saboreava...

Como estava com saudades de seu incrível gosto enérgico e possante que fazia seu paladar estremecer e que mexia veementemente com todos os seus sentidos, a ponto de se sentir arrebatada ao segundo céu...

Porém, em meio ao emaranhado de carícias desesperadas, James cessou o beijo, tentando fazê-la voltar a si.

— Lewis, se acalme... eu não estou em boas condições no momento... – Advertia, ofegante...

A boca do sargento cintilava...

— Eu não me importo! – E então, ela voltou a beijá-lo, de fato, pouco se importando com o que o soldado dizia.

Mas ele quebrou o beijo novamente...

— Eu estou sujo...

— Eu não tô nem aí! – E então, a cientista o silenciou mais uma vez, esmagando seus lábios nos dele, tomando sua boca em outro beijo sedento e urgente...

Darcy sentia o leve gosto amadeirado, provindo do sangue que escorria dos lábios de James... e que ela teve o prazer de sugar... deliciando-se...

Tudo nele era saboroso... até mesmo seu sangue... o forte indício de sua alma nobremente heroica, que ela tanto admirava e amava...

O sargento a trazia para mais perto, segurando-a em seu colo com muita facilidade...

Suas impressões sobre James, não haviam mudado... embora tivesse passado anos com muita mágoa acumulada, o amor e admiração que sentia por ele era muito mais forte do que qualquer outro sentimento...

Darcy o considerava como uma sublime música clássica, enquanto ela se considerava um grunge rasgado num toca fitas antigo... ele era como poesia, e ela, apenas palavras soltas... ele era uma doce sinfonia, e ela uma reles distorção de guitarra... mas que num encontro, nunca se ouvia tantas notas, na confusão de um silêncio, como a situação em que viviam agora...

James parecia muito mais definido e restaurado do que ela, que passou tanto tempo tentando ser algo, representar algo e fazer algo pela humanidade...

No final, lá estava o sargento de novo, ajudando a salvar o mundo, enquanto ela, se encontrava perdida em seu próprio caminho...

Ainda incomodado com o fato de a cientista estar ali, sem ao menos explicar o porquê, Bucky deslizou os lábios até o ouvido dela...

.

— O que você está fazendo aqui...? – Sussurrou, sedutoramente, deixando-a arrepiada.

.

A garota sussurrou de volta...

— Depois de pensar muito, larguei tudo para vir atrás de você... – Murmurou muito próximo do ouvido dele...

Era maravilhoso ouvir aquelas palavras...

O sargento sorriu e inclinou o rosto para o lado, perto o bastante para sentir o cheiro inebriante do cabelo dela...

Ele ergueu a mão de vibranium na direção das madeixas onduladas da cientista...

O arrepio que Darcy sentia, agora estava cem vezes mais forte, quando notava o toque dos dedos de vibranium em seu ombro, que deslizavam seu cabelo na direção de suas costas, apenas para que o soldado deixasse o pescoço feminino livre...

Bucky depositou um beijo cálido no local... e ela sentia uma crispação ondulante em seu ventre...

Ele murmurou contra a pele nívea... sedutoramente...

.

— Eu senti sua falta... meu lírio...

.

Darcy ouvia a voz que lhe fazia estremecer mais do que qualquer outra no mundo...

A doutora ficou imóvel por longos segundos... e o abraçava com muita força.

Por mais que tentasse se conter, novas lágrimas começaram a brotar em seus magníficos olhos azuis, e então, ela apenas os fechou, deixando as gotas quentes descerem de suas pálpebras... escorregando por seu rosto...

A cientista respirou lento e profundamente...

— Bucky... - Foi tudo o que conseguiu sussurrar, num misto de alegria, dor, desespero e... saudades... imensas saudades...

— Darcy... - Ele a reverenciou, também com os olhos fechados...

Ambos permaneceram naquela posição... com ela em seu colo... lhe abraçando com tanta intensidade.

Ela sorria e chorava ao mesmo tempo...

Céus... não podia acreditar... ele estava de novo em sua frente...

James Buchanan Barnes... o amor de sua vida...

.

Ele... do primeiro ao último traço... ele...

.

Depois de ficarem abraçados, em silêncio por um longo tempo, o soldado colocou a cientista no chão e olhou fixamente para seu rosto...

A doutora engoliu o choro, mas ainda com os olhos encharcados, os lábios trêmulos e uma expressão de choro, resolveu balbuciar coisas que estavam entaladas em sua garganta, vindas diretamente de seu pobre coração, colado aos pedaços...

— A vida é chata sem você... eu senti a sua falta... e eu sabia que sentiria, mas... não foi o tipo de sentimento onde eu me lembraria apenas dos nossos momentos bons... eu... eu... eu não consigo comer, não consigo dormir, eu... não consigo mais dar risada... e me enganei todo esse tempo achando que estava bem, mas... não estava... nunca estive... então, eu acho que quando você foi embora, levou meu coração com você...

O soldado ouvia as palavras da garota com muita atenção, sentindo-se fatalmente culpado, mas ao mesmo tempo feliz...

— Me perdoe por ter te deixado... se eu não estivesse tão entranhado com a HYDRA, com outros inimigos e com a mente quebrada, jamais teria ido embora... – Bucky passava o polegar humano pelas bochechas da garota, enxugando suas lágrimas, num meigo gesto afetuoso...

— Eu sei, mas... eu nunca quis entender... eu só... queria que você ficasse ao meu lado pra sempre... – A doutora continuava balbuciando palavras que o atingiam de uma forma dolorosa.

— Eu não vou mais sair do seu lado, Darcy... eu prometo... – Ele sorria gentilmente enquanto piscava de forma lenta, numa expressão belíssima...

A cientista se convencia que mesmo depois de conhecer vários e novos sorrisos, o dele ainda era o seu favorito...

— As coisas vão ser diferentes agora, boneca... eu prometo... – E então, ele a puxou contra seu peito, num abraço compassivo.

— Você promete...? – A cientista o contestava, tentando reconstruir toda confiança que um dia teve nele...

— Sim... eu jamais te magoaria de novo... seu coração sempre abrigou o caos que habitava em mim... você é a única que enxergou um ser humano no assassino que fui um dia... você me via como uma pessoa normal e não uma máquina de matar... ou uma arma... eu nunca vou me esquecer desse gesto tão belo... meu anjo... - James afagava os cabelos da garota com muita delicadeza... num terno carinho...

— E você foi o único que aturava as minhas trapalhadas... – Ela o abraçava fortemente, como se tivesse medo de que o sargento escapasse...

Darcy só queria que ele pegasse sua mão e lhe dissesse para onde estavam indo agora...

— Vou aturar suas trapalhadas pra sempre...

— Pra sempre...?

— Sim...

— Nesse caso... Seja bem-vindo de volta à minha vida, soldado...! – E então, a garota elevou o rosto, encarando-o com ímpeto, com um lindo sorriso nos lábios... como antigamente... como nove anos atrás...

.

Finalmente, a carinhosa e meiga Darcy Lewis estava de volta...

.

A sua garota... o seu mundo... a razão de suas maiores esperanças e inspirações...

Ele desejava que por alguns segundos, ela conseguisse se ver do jeito como ele a enxergava... Todos os poemas, quadros, esculturas e qualquer manifestação de arte, não se equiparavam a ela... nada era mais poético do que Darcy Lewis sorrindo...

— Então, agora que estou de volta a sua vida, por onde começamos?

— Bem... acabei de abandonar o emprego que tinha conseguido, então estou com tempo livre, mas você pode elaborar o nosso roteiro... eu vou te seguir pra onde quiser...

Bucky soltou uma risada alta...

— Eu não tinha ideia de que ficaria feliz de ouvir isso. - Sua voz saiu num tom mais galante, deixando-a ainda mais acesa...

A doutora amava o olhar dele desenhando seu sorriso...

Ela mordeu o lábio inferior, totalmente instigada...

Você não tem ideia de nada, sargento... – Darcy colocou a mão na nuca masculina repentinamente e o puxou para mais um beijo.

Porém, dessa vez, ardente, sedento e selvagem...

Os dedos da garota entranhavam nos fios curtos do cabelo do soldado, que se encontravam molhados de suor...

Rendido, ele se entregava ao beijo que a doutora lhe dava, correspondendo com demasiada ousadia e sensualidade...

James sugava o lábio inferior da garota, alternando entre lambidas e mordiscadas, puxando-o levemente, provocando-a, e a deixando cada vez mais louca e atiçada...

Ela desceu as mãos pelo pescoço masculino, e passou a tatear a pele quente e suada do sargento... seus dedos tocavam os músculos do peitoral poderoso...

Bucky passou a trilhar beijos pela pele macia da garota... do queixo até o pescoço...

A fragrância doce e tão particular que amava, ainda podia ser sentida... seu olfato tendo overdose ao aspirar o cheiro delicioso dela...

A cientista calava os gemidos fracos do soldado, que tentava manter a razão naquele momento... foram tantos anos longe dela, que teria de fazer uma força descomunal para permanecer calmo e não tê-la ali mesmo...

Darcy sentia um violento calafrio agudo na espinha, ao nota-lo absorver seu perfume...

James lhe causava efeitos potentes demais para suportar...

Ela o queria... e ele também... mas não ali... precisavam se recompor, urgentemente...

E então, a muito contragosto, ambos se afastaram...

O sargento fitou atentamente o rosto da cientista...

Os lábios dela se encontravam levemente inchados e úmidos...

Sentia sua pele tocada por palavras desenhadas no olhar resplandecentemente azul...

— Acho que depois de hoje, eu mereço um descanso, então... você quer vir comigo...? – James estendia a mão humana na direção da cientista, que sorriu amplamente em resposta.

— Com você, eu vou para qualquer lugar... – E então, ela pegou a mão dele...

O soldado ergueu a mão feminina e depositou um beijo estalado ali.

— Então, vamos nessa, senhorita? – A antiga personalidade do sargento Barnes vinha à tona, naturalmente...

— Só se for agora... – Darcy apertou a mão do soldado, que no mesmo instante, a arrastava para fora daquele cenário caótico.

Qualquer um que avistasse aquele lugar, diria que aconteceu um verdadeiro apocalipse zumbi ali, mas...

Bucky e Darcy estavam tão felizes, que aquilo não fazia a mínima diferença para os dois.

Ambos saíram do local, e o soldado conseguiu escapar sem precisar prestar contas ao federais, já que estava livre do governo americano após a batalha contra Thanos, por intermédio principalmente do Rei T’Challa.

Sam também levaria um papo com o secretário Ross sobre o sargento tirar alguns dias de folga.

.

.

Horas depois, como nos velhos tempos, James e Darcy entravam num carro, pegando a estrada...

Passavam por Louisiana, mas resolveram cruzar a fronteira e entrarem no estado do Mississippi.

Dirigiram por volta de uma hora e meia, até pararem numa cidade chamada Ansley.

Darcy, que havia trazido uma pequena mala com algumas coisas e jogado no banco traseiro do veículo alugado, agora dirigia, já que o soldado ainda se recuperava de sua batalha em Nova Orleans.

Ela havia prendido o cabelo num rabo de cavalo alto, sentindo que o clima estava mais quente que o normal, por volta dos 22 graus.

O soldado havia comprado peças de roupa numa loja conveniência na rodovia, apenas como forma de improviso, já que parte de seu traje havia sido danificado: uma jaqueta e uma camiseta.

A estrada estava morbidamente escura, mas a alegria dos dois dissipava qualquer resquício de obscurantismo do lugar.

O sargento dava detalhes sobre a organização terrorista que ele e Sam enfrentaram horas atrás, porque o mundo estava virado de cabeça pra baixo, no estalo e agora com o Blip.

A cientista julgava os feitos do sargento, um tanto heroicos...

— Sabe, algumas pessoas diriam que você está agindo como um super-herói...

— Não, boneca, isso é como ser um super vilão. Heróis não matam pessoas...

— Vá dizer isso pro Superman... – Ela sorriu, e ele riu da comparação grotesca que a mesma fazia.

Naquele momento, ambos ouviam música, em uma estação de rádio parecida com a que compartilhavam em Nova York em 2014.

Os dois se perdiam na atmosfera envolvente de Love Ain't No Stranger - Whitesnake...

.

Who knows where the cold wind blows, (Quem sabe onde o vento frio sopra)

I ask my friends, but, nobody knows, (Eu pergunto aos meus amigos, mas, ninguém sabe)

Who am I to believe in love, (Quem sou eu pra acreditar no amor)

Oh, love ain't no stranger… (Oh, amor não é um estranho)

.

A música do gênero hard rock ainda arrancava lembranças nostálgicas nos dois...

Mesmo depois de anos quando a deixou e estava na Romênia, muitas músicas lhe faziam pensar nela... em especial Whitesnake...

Darcy foi seu começo e seria seu fim... ela era o ponto de calmaria em seu caos... era impossível se desvencilhar dela mais uma vez...

Desejava permanecer conectado a sua garota... para sempre...

.

I was alone an' I needed love, (Eu estava sozinho e precisando de amor)

So much I sacrificed all I was dreaming of, (Tanto que sacrifiquei tudo que eu estava sonhando)

I heard no warning, but, a heart can tell, (Não ouvi nenhum aviso, mas, um coração pode dizer)

I'd feel the emptiness of love I know so well… (Eu sentiria o vazio do amor que eu conheço tão bem)

.

A letra daquela música descrevia a situação que os dois viveram naqueles anos... era incrível...

James se virou na direção de Darcy e a observou em silêncio... com um sorriso de canto obstinadamente sedutor...

A garota o fitou de volta, curiosa com aquela expressão misteriosa no rosto dele...

— Por que está me olhando desse jeito...?

Bucky demorou longos segundos até responder, mantendo certo suspense no ar...

— Sabe... estou um pouco nostálgico ouvindo esses rifs sexys do Whitesnake com você do meu lado...

— É mesmo...? Por quê...?

— Porque me lembro das horas em que guitarras distorcidas foram a trilha sonora das nossas danças...

Em outros tempos, ela coraria de vergonha com um comentário daqueles, mas... Darcy sabia exatamente do que ele falava...

A cientista mordeu o lábio inferior, diante de insinuações tão ousadas...

— Não tivemos tanto tempo pra dançar, James... você me deixou logo depois...

— Eu sei... mas será que podemos recuperar o tempo perdido, já que reatamos...?

Darcy sorriu diante da sugestão explícita do sargento...

— Certo... por onde quer começar...?

— Que tal Whitesnake...? Vamos aproveitar que eles já estão tocando nessa estação e dar início ao nosso repertório...? – Replicou, divertidamente galanteador.

— Ahahaha... acho que Whitesnake é a nossa banda, não acha?

— Eu não acho... tenho certeza...

— Sabe, eles lançaram um álbum em 2019. Tivemos sorte que eles não se dissolveram no estalo, então podemos conferir o que eles fizeram nesse tempo, o que acha?

— Acho ótimo... mas quando você vai me mostrar?

— Que tal no primeiro hotel que encontrarmos nessa estrada...? – Ela piscava, provocante e convidativa.

— Promessa é dívida, boneca... – Bucky piscou de volta, com aquela feição sordidamente libidinosa na face.

Darcy riu de nervoso...

— Não há nada que eu não goste mais do que hard rock coreografado entre duas pessoas, sargento... – Dessa vez, era ela quem piscava de volta com um sorriso de canto, implicitamente explícito...

— Com certeza não existe trilha mais maravilhosa pra matar as saudades da minha garota...

Ao ouvir aquela linda confissão, Darcy não soube o que dizer e sorriu enquanto seu rosto corava de forma óbvia e tão nítida.

Ela ficou em silêncio, sorrindo timidamente enquanto segurava o volante entre seus dedos...

James a contemplava, apaixonado...

— É uma pena que você não pode se ver sorrir... seus olhos perdem uma das paisagens mais lindas do mundo... – Confessava, ainda muito enfeitiçado pela musa de seus sonhos...

— Uau... se você continuar me dizendo essas coisas, vou me apaixonar por você de novo...

— Pensei que já estivesse apaixonada desde nos reencontramos...

— Isso é um pouco difícil, já que quase me perdeu pra sempre... mas você pode arriscar... por que não tenta me reconquistar...? – A garota mantinha o olhar fixo na estrada enquanto flertava com o sargento.

.

Love ain't no stranger, (O amor não é nenhum estranho)

I ain't no stranger, (Eu não sou nenhum estranho)

Love ain't no stranger, (O amor não é nenhum estranho)

I ain't no stranger to love… (Eu não sou nenhum estranho para o amor)

.

Bucky atentava para a feição divertida na face da cientista, como se estivesse o subestimando...

O soldado então se aproximou do rosto dela, com Darcy ainda dirigindo e passou a sussurrar palavras em seu ouvido... lentamente...

.

— Se for pra te perder de novo, boneca... que seja entre os lençóis...

.

Após ouvi-lo tão perto... com aquele timbre que lhe arrancava calafrios no mesmo instante, Darcy freou o carro no meio da estrada, que se encontrava totalmente deserta...

Ela virou o rosto e o fitou, com uma expressão assustada e o rosto levemente enrubescido...

A garota entreabriu os lábios... e contemplou o rosto do soldado...

Os olhos dele se encontravam em chamas... tamanho desejo...

— Não me provoque, sargento... – Advertia, de forma aliciadora...

Porém, Bucky não estava disposto a ceder...

Ele inclinou o rosto novamente na direção da face da cientista e sussurrou mais palavras excitantes em seu ouvindo...

.

.

— Essa noite quero seus olhos sendo estrelas no meu céu...

.

.

E então, o soldado ergueu o queixo feminino entre o dedo indicador e o polegar, para então...

.

.

Beijá-la da forma mais erótica que existia...

.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wintershock" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.