O IMPÉRIO DOS DRAGÕES escrita por GONGSUN QIAN


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Shí Chen xu, yin: Na china antiga o dia era divido em 12 horas, a qual chamavam shíchen, Essa medida de hora era equivalente a 2 horas nossas, e cada hora tinha um nome que significavam os 12 ramos terrestres que também são os 12 símbolos do zodíaco chinês.

1. Zhi - rato, De 23 às 01:00

2. Chou - Boi, De 01:00 às 03:00

3. Yin - Tigre, de 03:00 às 05:00

4. Mao - Coelho, De 05:00 às 07:00

5. Chen - Dragão, De 07:00 às 09:00

6. Si - Serpente, De 09:00 às 11:00

7. Wu - Cavalo , De 11:00 às 13:00

8. Wei - Carneiro, De 13:00 às 15:00

9. Shen - Macaco, De 15:00 às 17:00

10. You - Galo, De 17:00 às 19:00

11. Xu - Cão, De 19:00 às 21:00

12. Hai- Porco, De 21:00 às 23:00

Hoje essa contagem não se usa mais, claro!

zheng* : O guzheng ou Gu Zheng ( chinês : 古筝 ; pinyin : gǔzhēng , pronuncia-se gudjang. Significado: gu (古) significa "antigo", e Zheng (筝) que significa que é um instrumento de cordas), também chamado de zheng, é uma espécie de cítara chinesa. Tem em média 26 ou mais cordas e pontes móveis. O guzheng é o ancestral de diversas cítaras asiáticas, como a japonesa koto, o mongol yatga, a gayageum da Coréia, e os vietnamitas Djan tranh. O guzheng não deve ser confundido com o guqin (A mais antiga cítara chinesa)

Os 5 elementos da medicina tradicional chinesa, Água, terra, fogo, madeira e metal, esses elementos influênciam no nosso estado de natureza, mental, emocional e corporal, como as fases da lua e as Estações do ano

Fogo: A cor relacionada a ele é a vermelha e o sabor é o amargo. Refere-se ao Verão e à Lua Cheia. Relaciona-se com o Coração e o Intestino Delgado. A emoção é a alegria.

Terra: Amarela é a cor e doce o sabor. É importante ressaltar que o elemento terra é um elemento de transição. Refere-se ao período de transição entre as estações do ano e as fases da lua. Os órgãos do corpo são estômago, baço e pâncreas. A emoção é a preocupação

Madeira: Sua cor é a verde e o sabor é o azedo. Primavera é a estação do ano e a fase da lua é a crescente. Relaciona-se ao fígado e a vesícula biliar. A emoção é a raiva.

Metal: Branco e azul suas cores e o sabor, picante. Outono é a estação do ano e minguante a fase da lua. Pulmão e intestino grosso são os órgãos. A emoção é a tristeza.

Água: As cores são preto e azul. O Sabor é o salgado. Relaciona-se com o Inverno e a Lua Nova. Os órgãos são os rins e a bexiga. A emoção é o medo.



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O magnífico ambiente iluminado por lanternas e pela noite demasiadamente estrelada era estranhamente romântica demais para Mei Yang. Ela podia jurar que dessa vez tinha mais estrelas no céu do que todas as noites que já viveu naquele palácio. As árvores dançando ao vento batendo numas nas outras formando sons de palmas, parecia festejar aquele tão esperado encontro. O rapaz a sua frente não devia ser muito mais velho que ela e parecia, de uma forma curiosa, combinar muito com aquela noite longa e fascinante. Mas, Seu coração batia somente pelo seu amor supremo, General de Naran. Não um menininho de Sunri.

A princesa bateu os pés no chão algumas vezes com grande indelicadeza, fazendo que o jovem a sua frente reparasse em sua postura, um porte arrogante e sem educação para uma dama. Porém, ele também reparou em outros atributos que faziam com que sua má educação fosse acobertada. A beleza extravagante da princesa de Naran.

Yan Feng não queria se casar, estava ali forçado pelo seu pai que recebeu o convite um tanto misterioso do Rei de Naran, e para o total desfalecimento das suas expectativas para seu futuro, ele seria obrigado a se casar e sentar em um trono que não tinha menor interesse.

Contudo, olhando bem para aquela pequena dama, ele poderia reconsiderar seus pensamentos. A princesa era demasiadamente bela. Nunca, em toda sua vida, viu uma pele tão bem cuidada e cabelos tão pretos quanto o céu nesse momento, aquelas presilhas em formato de estrelas parecia um céu estrelado em sua cabeça. Ela era uma deusa da noite, linda e delicada.

― Acho que é nesse momento que nos curvaríamos um para o outro em sinal de respeito, não acha? ̶̶ Yan Feng abriu um sorriso mostrando seus dentes tão perfeitos que até a princesa se espantou. Aquele garoto deve ter sido esculpido pelas mãos dos deuses que Mi Gu sempre pregava.

Se aquele jovem não fosse tão novo e seu noivo, ela poderia dizer que ele é o ser mais belo que pisou na terra. Entretanto, preferia morder a língua, que confessar esse pensamento infame em voz alta.

― Está enganado, meu senhor. ― Mei Yang se endireitou e olhou bem fundo daqueles olhos bicolores tão fascinantes e soltou seu tom severo ― Eu sou a única realeza presente, você que deve se curvar em sinal de respeito.

Yan Feng encarou aquela figura linda e de língua perspicaz. Seria difícil uma convivência com aquela bela criatura. Então, Yan Feng apenas suspirou e sorriu.

― Tudo bem, se deseja tanto que me curve para a senhorita, eu farei ̶ Yan Feng puxou a manga de seu Hanfu e de forma tão rápida se aproximou dela a fazendo perder o ar. O perfume amadeirado do jovem parecia embaçar sua visão de tão entorpecida que se encontrava. Mei Yang estava perdida com aquele jovem noivo bonito e insolente, mais insolente que bonito.

"Meu pai deve estar louco em me casar com esse ser desprezível que parece menosprezar minha posição!" Mei Yang pensou já cansada daquela conversa e louca para ver Qiang Mao.

Para o total espanto de Mei Yang, o jovem segurou sua nuca de forma gentil e fez uma reverência à puxando para baixo juntamente com ele. Yang Feng estava forçando a jovem princesa a se curvar a ele também.

― Me solte, seu insolente! Como ousa me tocar? Sou a futura rainha de Naran, irei comandar todos seis Estados, inclusive o senhor, seu convencido!

― Eu serei seu marido, e de acordo com as leis de Naran, uma esposa deve obediência ao seu homem. ― o rosto de Mei Yang ferveu de pura raiva contra aquele menino atrevido. Por breves instantes ela fechou os olhos e esfregou suas têmporas com pouca delicadeza mostrando sua ira. E pra ascender mais ainda seu furor, ela ia se casar com ele.

― Meu pai deve estar com a cabeça fora do lugar pra me dar em casamento para ser tão desprezível e hediondo. Um reles plebeu que nem está a minha altura. Aproveite a festa e coma bastante porque provavelmente será sua última refeição dentro desse palácio. Jamais me casarei com alguém assim!

― Observe, general, acho que esse casamento é um arranjo do céu! ― para o total desgosto de Mei Yang, a voz que proferira aquelas palavras pavorosas aos seus ouvidos eram do general Qiang Mao. A jovem princesa se virou abruptamente a tempo de ver seu amado com um hanfu branco de seda e uma capa dourada, como um verdadeiro guerreiro se aproximar dela fazendo uma reverência singela. Os céus deviam estar contra ela nesse momento.

― É uma honra conhecer a futura rainha de Naran. ̶  o general Chun Zheng fez um reverência mais polida que a do general. O que se mostrou estranho para Mei Yang foi o fato do general não ser nada parecido com seu filho metido. Yan Feng tinha aqueles cabelos esquisitos totalmente esbranquiçados lembrando a flocos de neve, aqueles olhos diferentes que estranhamente parecia casar com aquele cabelo e sua figura bonita. Porém, seu pai tinha cabelos pretos, uma pele mais aproximada para cor de oliva, uma cor fascinante para os olhos da princesa, e seus olhos era como de todos os outros, negros. Será que aquele rapaz infame puxou a mãe?

O general de Sunri esperou uma resposta da princesa, e não veio. Mei Yang continuou na mesma posição, com a cabeça erguida e com um ar altivo de sempre. A princesa de Naran era assim, achava que por ser da realeza todos tinham a obrigação de se curvar a ela em sinal de extremo respeito, até os que estavam no mesmo status que ela. Mas, para a exasperação de Mei Yang, ela possuía um tutor severo que a fazia se humilhar para os simples servos, e naquele momento ela sentiu todo seu corpo arrepiar quando viu Mi Gu ao seu lado.

De onde ele surgiu? Será que ouviu toda sua conversa com aquele plebeu metido?

― Mei Yang é uma princesa em treinamento, não repare em seus modos desajuizados. - Mi Gu segurou a nuca de sua pupila e a fez se curvar para os presentes.

Era a segunda vez que a fizeram se curvar forçadamente a desconhecidos.

Todos estavam observando a cena pelas portas de entrada, inclusive Amon, que não parecia nem um pouco feliz pelos sorrisos que surgiam naquele pequeno grupo.

O Jovem príncipe se afastou da enorme janela e adentrou pelo salão da solenidade, onde eram feitas todas as festas.

Seu trono estava prestes a ser tomado por duas crianças e suas mãos estavam atadas. Enquanto aqueles nobres insensatos se embebedavam de vinhos até caírem pelas ruelas escuras de Naran, existia um povo que padecia, que passava fome e frio a qual ele teve a chance de ver. Ninguém entendia que quanto mais guerras, mais misérias traziam aos Estados.

Ninguém se preocupava com o povo, nem com a segurança. Tudo estava nas mãos dele e precisava fazer o impossível, se preciso for, para derrubar aquelas tradições antigas.

― Não demonstre preocupações, meu filho! ― Ayame, a nobre consorte se aproximou de seu filho de forma sorrateira. Naquela noite em especial, ela estava tão radiante quanto as chamas que iluminavam o ambiente. Seus atavios banhados em puro ouro com pedras vermelhas, completamente exageradas, que sustentavam seus cabelos num coque grande e firme, suas vestes eram majestosas, com bordados à fio de ouro sobre o tecido vermelho sangue, deixava sua pele branca, mais rosada como uma flor. Amon estava visivelmente contrariado e se algo acontecesse ao rei nessa noite, o primeiro suspeito seria ele.

― Qiang Mao está unindo Naran e Sunri, olhe para o general Chun Zheng, olhe para o rei Tao Jun de Sunri ao lado de meu pai ― Amon disfarçou e encarou o rei sorridente ao lado do rei de Naran. ― Seja qual for seu plano, está dando certo. Esse trono tem que ser meu!

― Se acalme, Amon. Ainda estamos no Shí chen Xu*, até o Yin* estaremos ganhando essa batalha.

― Qual é o seu plano? ― Amon, por breves momentos, ficou curioso do que se passava pela mente de sua mãe, afinal sabia que ela poderia agir de forma imprudente. Contudo, sua sede de poder cegava seus olhos a ponto de não se preocupar com as ações da consorte. Mas, agora ele parecia seriamente inquieto após ver o sorriso maléfico que a mulher à sua frente esboçou.

― Não se incomode com o plano. Você será o futuro rei, o rei que essa terra nunca viu. Vai mostrar aos Conselheiros e ao povo que um bastardo, como eles te nomeiam, fora escolhido pelos deuses para governar os seis Estados.

Amon encheu-se de orgulho de si mesmo. Seu ego já inflado, estava transbordando de alegria e altivez. Os dois aliados, mãe e filho, ficaram no canto da festa, bem próximo a porta, parecia que a consorte esperava algo grande acontecer, o que não demorou muito para ocorrer.

Do Outro lado do salão, o ministro estava tenso, ao ver os cochichos da consorte e Amon sabia que essa festa seria uma tragédia. Sua garganta estava tão seca, que nem os melhores vinhos importados do Estado de Honga, puderam molhar sua garganta e lhe dar o prazer costumeiro.

Foi quando adentrou o salão um grupo de dançarinas mascaradas com roupas vibrantes de todas as cores. Os dois reis sorriram e se juntaram para assistir o espetáculo. Os nobres se ajuntaram pelo salão abrindo o centro para as quinze mulheres perfeitamente enfileiradas.

Mei Yang e Yan Feng entraram um ao lado do outro e todas as cabeças presentes se viraram para ver o belo casal se unir a frente do trono do rei. Estava evidente que Mei Yang era a única descontente em sua própria festa. Yan Feng parecia pouco se importar com o olhar arredio de sua futura esposa e sorria abertamente para todos.

O som melancólico do Zheng* soou firmemente pelo salão, e quase todos puderam ver as cordas do instrumento vibrar nas mãos da dançarina central. Os passos suaves que pareciam voar juntamente com os tecidos leves e soltos de suas roupas davam um ar celestial à bela apresentação. A música do ritual dos espíritos parecia fantástica a todos, a ponto de tirar a jovem princesa do abismo obscuro que estava sua mente.

Assim que a música terminou, uma bandeja de prata foi entregue para o rei, que sorriu ao estar de frente para a filha.

― Um dia marcante, para a futura rainha de Naran, a princesa herdeira, Mei Yang Naran. Que todos os espíritos maus se afastem de ti, que os deuses venham lhe conceder mais anos de vida e sabedoria. Tome o amargo, para quando as dores lhe sobrevier saber como viver, seja como fogo.

O rei estendeu um recipiente com água das fontes amargosas que dividiam o Estado de Naran e Naki. Mei Yang pensou em rejeitar, mas seria uma afronta ao seu pai. Então, contra sua vontade ela bebeu quase cuspindo.

― Tome o picante para sua vida ser como metal, forte e resistente. ― o rei estendeu uma especiaria e prontamente ela mastigou com vontade. ― pegue o Doce e seja tão graciosa como a terra que pisamos pronta para receber as pisaduras, seja uma governante sábia que ouve seus súditos. ― o rei lhe deu um pequeno doce de mel. ― Por ultimo seja a madeira, mansa e controle sua emoções, tome o salgado e seja como o mar, nada pode lhe parar.

Nesse momento Mei Yang quase vomitou quando constatou que o líquido que ingerira era água do mar.

― Seja como os cinco elementos que nos cerca, Fogo, madeira, Metal, Água e terra, e nunca desvie de seu caminho.

O som do tambor ressoou e todos se curvaram perante à ela. Mei Yang se sentiu a pessoa mais importante do mundo quanto todos gritaram três vivas para sua vida.

De soslaio ela viu Mi Gu dar o sinal. Já sabia que era o momento de tirar seus presentes e entregar ao rei e a Rainha.

A criada se aproximou com uma enorme bandeja de ouro e retirou a tampa que escondia a iguaria preferida do rei, o fǡcai, um pequeno fungo cozido com todos os tipos de especiarias, aquilo significava prosperidade e alegria. A rainha se aproximou de sua filha e pegou um daqueles pequenos alimentos e sorriu.

Tai'Ner era uma mulher virtuosa, não tinha a beleza da consorte, mas seu coração puro e meigo era a causa de ter se tornado a rainha mãe de toda Naran. Mei Yang sentia orgulho de seus pais, eles eram felizes, mesmo em tempos sombrios de guerra, os dois sorriam um para o outro com olhos apaixonados. Era esse tipo de amor que ela queria construir, um amor sincero.

― Que seus dias sejam longos como a tartaruga, que sejam felizes como as corças que correm pelas águas felizes em busca de alimento. Que as energias ruins sejam dissipadas e sua sabedoria seja acrescentada muitas vezes mais.

O som dos fogos de artifício no céu espantaram todos os presentes no local. Aquele era o ritual de purificação. Onde os demônios, azar e negatividade seriam espantados.

O rei e a sua rainha pegaram seus respectivos alimentos e ingeriram. O som das palmas percorreu o local festivo quando o grito da rainha reverberou em puro espanto.

Seus olhos se esbugalharam e sangue escorreu por eles. A garganta da mulher se fechou como se mil facas estivessem se apoderando de suas cordas vocais. Suas pernas fraquejaram e por fim a Rainha caiu tão rápido como um relâmpago, fazendo com que sua coroa escapasse de sua cabeça e rolasse pelo chão frio de inverno.

Os fogos ainda gritavam ao lado de fora, e apenas dentro do salão houve um silêncio sepulcral, quando Tai'Ner Zhi deu seu último suspiro.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!! bjjsss!!!!



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