O IMPÉRIO DOS DRAGÕES escrita por GONGSUN QIAN


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Dawang: Majestade

Dianxia: Alteza

Consorte: Título dado a esposa do rei ou imperador, a pessoa que estava a baixo da rainha.

Poema do monte: Foram poemas escritos durante a dinastia Tang por mais de 30 autores, entre eles o Li Bai, Wang Wei, Da Fu. e copilados mais tarde durante a dinastia Qin.



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O falatório no salão do trono era insuportável aos ouvidos da jovem princesa. Não estava acostumada a tantas pessoas falarem ao mesmo tempo, principalmente sobre um assunto tão enfadonho como política e guerra. Porém, ao olhar para frente e ver o general Qiang Mao tão concentrado discutindo com o ministro do tesouro, Mifu, dava-lhe vontade de saber mais sobre aqueles assuntos tão sérios para sua cabeça oca. Seu pai, o Rei Kong Naran II, parecia cansado, aflito e acima de tudo, preparado para ouvir cada pessoa presente ali.

Por mais que Mei Yang não gostasse de pensar que no futuro teria que sentar ao trono e discutir guerras com homens maus encarados e que se achavam donos da verdade, ao ver seu pai sentado em seu trono de ouro maciço resplandecente como o sol com três grandes pedras coloridas, cada uma representando um Estado e seu poder e aliança com todos, ela pensava que queria ser como ele, queria estar firme sentada em seu trono sustentando uma coroa e sendo justa e fiel para com o povo de Naran. Mas, seu pai era seu pai, ela era ela, e isso lhe dava grandes receios do que estaria por vir.

Mei Yang saiu de seu Estado inerte, sentada numa cadeira baixa apoiada numa mesa pequena no canto da porta de ouro, e entrou em alerta quando Qiang Mao, trajando vestes majestosas de um general recém chegado de uma guerra, levantou de seu assento e se dirigiu ao rei de forma extremamente cortês fazendo três reverências.

— Dawang* - Qiang Mao continuou de cabeça baixa enquanto se portava ao rei, e todos pararam o falatório para lhe escutar - Nosso Estado é forte, tem grandes riquezas e todos nos temem pela força militar. Contudo, não podemos subestimar os outros Estados, nossos aliados são fracos, Naki é totalmente dependente de nós e vive em constante guerra com Kase por terras. O estado ainda está de pé porque nós o mantemos de pé. Honga tem riquezas, mas não tem poder militar. Então tudo recai sobre Naran. Nosso exército se vê obrigado a proteger os Estados vizinhos contra os grandes reinos que nos odeiam. Kase e Yate se uniram contra nós, ambos são grandes Estados independentes entre si, são fortes e se levantam juntamente porque possuem a mesma força. O que devemos pensar agora é Sunri e sua força militar e econômica, é uma terra fértil, possui um povo grande sabedoria , se não trouxermos o rei Tao Jun para o nosso lado temo que possamos perder muito poder.

— Naran é imbatível! Acha mesmo que Kase e Yate possuem poder contra nós? - Dessa vez era o ministro dos tesouros nacionais, Mifu, que falava abertamente contra o general. - Kase está totalmente debilitada por conta da revolta popular, o rei aumentou os impostos causando alvoroço, há uma guerra interna dentro daqueles muros despedaçados. Yate só entrará em guerra se Kase entrar, então estamos livres para reforçar nosso exército. Não precisamos fazer acordos desnecessários com Sunri, um Estado que nos traiu há vinte anos. Não lembra que seu pai, o Grande e majestoso general Arin, morreu em batalha por conta das intrigas entre Sunri e Kase?

— Jamais irei me esquecer, Ministro, mas essa guerra aconteceu há vinte anos, ambos Estados estavam lutando por poder, assim como Naran traiu Kase gerando esse mal estar entre as nações, Sunri nos traiu por medo. Era um cenário de guerra, e numa guerra vence o melhor. - Qiang Mao encarou a figura do rei trajando suas vestes vermelhas com o bordado do dragão dourado, símbolo do poder supremo e inigualável do rei, e se limitou a fazer outra reverência. - Dawang, peço que pense com calma, Kase está se reestruturando, eles estão reconstruindo os muros e logo estarão fortes para nos atacar. Quanto mais aliados tivermos, melhor!

— Como podemos confiar em Sunri, General Qiang Mao? - Amon, que estava sentado ao lado do rei com seu costumeiro ar supremo e com aquele olhar perveso, perguntou com desdém. Era obvio para ele que Sunri trairia Naran na primeira oportunidade.

— Estive em batalha durante esses três anos, guardei não só as fronteiras de Naran, mas também de Naki e Honga, convivi com diversas pessoas, e tive a oportunidade de conhecer o nobre rei de Sunri durante o confronto contra os rebeldes da fronteira entre Kase e Naki. O rei Tao Jun é um homem justo, honrado, muito diferente de seu pai que levou Sunri para uma desgraça há vinte anos. Acredito que faremos uma boa aliança. Além de ser um lutador formidável, é um grande estrategista. Naran precisa de fortes aliados para lutar contra Kase e Yate, e nesse momento arrisco apenas em Sunri.

— Isso é um ultraje, como podemos confiar num rei que acabou de tomar um trono? - Mifu parecia totalmente contrariado.

— Da mesma forma que acreditaram no rei Kong Naran II quando ele assumiu o poder. Não estamos lidando com assuntos pessoais, ministro, estamos lidando com um Estado, um povo.

— Todos calados! - o rei abanou suas mãos no ar e fechou seu semblante como se tivesse em uma batalha interna. Todos ali presentes encaravam receosos a expressão do rei. Então, quando ele ergueu seu dedo indicador e apontou para a princesa que estava no canto do salão mexendo em seus longos cabelos negros, perdida em seus pensamentos, parecia que uma resposta finalmente iria sair - Princesa, és a futura governante de toda Naran, o que acha de tudo isso?

— Eu? - Mei Yang sentiu todo seu corpo tremer e gotas de suor brotarem em seu rosto ao ver que todos deixaram de focar a figura do seu pai, para encará-la à espera de uma resposta. Mas, o que ela falaria? Não sabia nada de guerra, tampouco de alianças. Na verdade ela nem prestou atenção no que estava sendo discutido, porque a imagem estonteante de Qiang Mao era reluznte aos seus olhos. Mas, nesse momento ela se sentiu a pior pessoa do mundo, deveria ter prestado mais atenção as aulas de Mi Gu sobre economia de Estados, talvez não estaria desse jeito agora, perdida e sem saber o que fazer, então ela forçou sua mente no que estava sendo discutido e lembrou das palavras do general Qiang Mao sobre uma aliança com um Estado forte como Naran.

Havia algo que Mei Yang era boa, em falar poemas, afinal, passava horas decorando e recitando para as paredes para talvez um dia ter a chance de falar todas para seu amado Qiang Mao. Mei Yang lembrou vagamente dos verdes montes de Tang e sorriu para os ministro que a encarava a espera de uma resposta. Ela limpou a garganta e falou calmamente cada palavra . - Porque ficar na montanha? Sereno pessegueiro a fluir, Existe um espaço fora daqui.*

— O que quer dizer com isso, princesa? Recitar um poema da montanha durante a reunião do conselho... - o rei parecia confuso.

— Esse poema nos remete que há sempre uma saída. Por que nos limitarmos a montanha se temos terra fora daqui? Seremos eternamente um pessegueiro que flui de acordo com o vento. Não podemos fluir com vento durante uma possível guerra, temos que estabelecer um vínculo na terra para que possamos dar frutos. Então, acredito que o plano do General Qiang Mao seja a melhor opção. Uma aliança com Sunri, por mais arriscada que seja, talvez seja a melhor opção do que esperarmos um ataque surpresa de um reino que como todos disseram, está crescendo.

O rei encarou sua filha mais nova e sorriu. Ele parecia orgulhoso por finalmente vê-la seguir o que sempre sonhou para ela, uma governante sábia.

Os ministros ficaram em silêncio esperando o rei dar sua resposta, então Kong Naran se ergueu de seu trono e desceu os cinco degraus que dava acesso ao seu lugar e andou pelo meio dos corredores onde estavam quatro perfeitas filas de cinco homens cada trajando vermelho com o cinto dourado onde sustentavam o selo. Cada ministro possuía um selo de acordo com suas funções, e onde eles fossem, eram reconhecidos como membro do conselho de Naran.

Kong Naran parou de frente para a princesa e sorriu para sua filha.

— Mifu, envie uma carta para o rei de Sunri o convidando para uma comemoração. Dentro de um mês será o aniversário da princesa, faremos uma grande festa, é o momento perfeito para estreitarmos os laços. Soube que os dois príncipes de Sunri são casados e o Estado não tem praticas de manter haréns, o que é uma pena, pois seria perfeito para fazermos uma aliança vantajosa sem volta.

— O que quer dizer com isso, Dawang? - Mifu perguntou preocupado.

— A princesa já está em época de se casar, e pensei em dá-la em casamento para um dos principes de Sunri, mas agora é tarde!

— Eu não vou me casar com ninguém! - Mei Yang bateu o punho na mesa.

— Majestade, Dianxia só tem treze anos, acho que não seja o momento ideal... - Mi Gu ousou fazer um comentário.

— Eu decido qual o momento ideal para ela se casar. Já está na hora de Mei Yang criar uma família, sentir o peso de responsabilidade. O trono de Naran será dela no futuro, e como rainha ele deverá gerar muitos herdeiros.

— Não! - Mei Yang protestou de forma firme se pondo de pé.

— Dawang, os principes de Sunri são todos casados e já possuem uma família, mas há uma pessoa que é tão influente quanto os principes dentro da cidade, o filho do general de Sunri, Yan Feng. Ele também é jovem como Mei Yang e acredito que ambos se darão bem. E será uma aliança perfeita, já que um casamento unirá os dois Estados de forma que ambos se verão dentro do mesmo território de luta. - o general Qiang Mao falou com um grande sorriso. ― Se houver uma aliança por meio de um casamento será muito vantajoso.

O rei coçou seu queixo pensativo e andou de um lado para outro como se considerasse a indicação do general, mas por outro lado ele parecia considerar outras coisas em sua mente.

― Mei Yang é a futura rainha de Naran, tenho que conhecer muito bem qualquer pessoa que irá se casar com ela. ― Mei Yang parecia extremamente contrariada. Afinal, ela era a futura rainha de Naran e sua opinião fora totalmente descartada. Ela é quem iria casar, ela é quem iria gerar esses malditos herdeiros, como ela não poderia dar uma simples opinião sobre seu possível casamento? E o general dando indicações de pretendentes, por que fazia aquilo? Ele era seu pretendente, não o filho do general de Sunri!

Mei Yang bufou com extrema indelicadeza e sentou em sua cadeira forrada de um tecido amarelo e apoiou suas mãos no queixo encarando Qiang Mao com grande ódio, mas mesmo depois de fazer uma cena não muito condizente com o decoro de uma princesa, quase ninguém se importou, a não ser Mi Gu que deu um tapa de leve em seus braços para que ela se comportasse na sala do trono real. ― Convoque o general e seu filho para a festa de aniversário da princesa. Mifu, envie duas cartas a Sunri, uma para o rei e outra para o general. Quanto ao casamento, eu mesmo vou escrever para o general sobre esse assunto. O conselho de guerra está dispensado.

Todos os presentes fizeram uma reverência solene de três curvadas saudando veemente o rei, enquanto o mesmo caminhava ao seu trono. Todos os conselheiros saíram, mas Mei Yang não parecia nem um pouco afim de partir. Ela se ergueu com grande furor de seu lugar e batendo os pés com força no chão se aproximou do trono, e sem nem fazer uma reverência ela, apontou o dedo para o rosto do rei.

― Pai, como ousa me dar em casamento para um desconhecido? Não tem medo de me casar com um tirano? Ou me casar com alguém que queira usurpar o meu trono? ― o rei fixou seus grandes olhos negros já cansados da vida cobertos de ruga e olheiras e limitou a sorrir. De fato, Mei Yang era uma princesa que tinha seu sangue. Era a única que tinha coragem de apontar aqueles dedos roliços e pequenos para seu rosto para questionar-lhe sobre algo que não devia a ela. Ela era uma mulher, e qualquer mulher de Naran tinha que ser casar com o homem escolhido pelo seu pai.

― Abaixe esse dedo, acha que esta falando com quem? O casamento de uma rainha é feito de acordo com vantagens para seu reino. Como acha que irás casar?

― Pretendo me casar por amor, uma rainha tem que casar com que ama.

― Mei Yang, ninguém casa por amor. Antes de se pensar sobre isso deve se pensar no seu dever. Enquanto fica correndo pelo palácio como uma criança tola e despreocupada, deveria focar no seu futuro. Agora chega desse assunto, isso já está decidido.

― Mas, Pai...

― Mi Gu, segure essa princesa e ensine-lhe bons modos. ― o jovem tutor, que encarava a cena da porta, se aproximou rapidamente do trono e segurou a princesa. ― Quando estiver na sala do trono, eu não sou seu pai, sou seu rei. Agora saia e escreva cem vezes os dez códigos da mulher virtuosa, decore e recite dez vezes cada linha. ― essa será sua punição!

O rei deixou a sala do trono e Mei Yang ficou ali encarando o trono com a boca aberta sem acreditar que estava noiva de um estranho. Tudo aquilo devia ser um pesadelo, só podia! Por que deveria se casar com um desconhecido? Por que nasceu uma mulher? Por que só os homens tinham direito de se casar com quem ama? As lágrimas queriam descer em seu rosto, mas ela engoliu cada nó preso em sua garganta e saiu correndo dali. Apenas ouviu a voz de Mi Gu lhe chamar, mas pouco se importou. Ela não ia casar com um estranho, não ia!

Mi Gu tentou alcançar a princesa, mas suas pernas não eram tão rápidas como daquela criança birrenta. Então parou no meio do caminho, perto do palácio do primeiro principe, quando viu aquela figura majestosa coberta de jóias acompanhada de duas servas, uma que segurava seu braço direito e a outra que estava um passo atrás e um grupo de oito guardas enfileirados fazendo sua escolta. O Tutor nem precisou de um olhar frio da nobre consorte para se curvar, seu instinto protetor já o avisara antes de poder pensar em fazer isso. Mi Gu então ajoelhou enquanto ela passava com seu ar altivo por ele sem se importar com sua presença.

Assim era a Nobre Consorte, Ayame, mãe do primeiro príncipe Amon. Era conhecida dentro do Estado de Naran como uma pessoa que via os problemas alheios com grande indiferença, era arrogante e todos diziam que ela não obedecia ordens da rainha viúva, nem da rainha mãe.

Ayame andou lentamente até o palácio Qu'r e os guardas de entrada fizeram uma reverência com grande temor, ela entrou seguindo até a porta onde foi recebida por seu filho que já a esperava.

― Estávamos a sua espera, entre.

Amon Fechou a porta do palácio e ordenou para os guardas que ninguém se aproximasse do portão de entrada.

Ali no salão de espera estavam presentes alguns homens do conselho de guerra, incluindo o primeiro ministro Mifu e o conselheiro do rei, Soo Won. Era pequeno o grupo que o primeiro príncipe tinha juntado, ele não confiava totalmente em todos. Mifu tinha seus próprios planos, era uma víbora vestido de cordeiro, já Soo Won era uma pessoa que não se mostrava totalmente, era retraído e raramente demonstrava suas opiniões nas reuniões do conselho, porém ele veio lhe procurar para ajudar em sua luta. Amon não se importava muito com quem era seus ajudantes, aquilo era tudo que precisava para alcançar a glória do seu sonho, sentar-se no trono de Naran.

A Nobre Consorte sentou-se a espera da pequena reunião secreta, e pediu para que todos que lhe acompanharam saíssem, deixando apenas sua serva leal, Nainai.

― Acredito que a reunião do conselho tenha sido péssima para convocarem essa de última hora.

― Sim, o rei pretende se unir a Sunri e dar a princesa Mei Yang em casamento para o filho do general, para então unir os dois reinos. ― Amon falou com irritação. Aquele trono era pra ser seu, ele era o filho mais velho. Tudo isso por causa de uma tradição estúpida deixada por ancestrais.

― Se o rei conseguir unir os reinos, nossas chances de subir ao trono será nulo. Temos que colocar nosso plano em pratica antes disso acontecer. ― O primeiro ministro dessa vez fez seu comentário ― A cada dia que passa tenho mais medo do que possa vir acontecer com nosso Estado. A princesa herdeira é uma criança tola, colocará anos de trabalho e esforço fora. Homens que morreram a fio de espada protegendo nosso reino dos inimigos que nos assolaram noite e dia, sangue de crianças... Tudo isso será em vão!

― Não precisa de um discurso motivador, Mifu, todos aqui sabem sua real intenção de dar uma rasteira no rei e colocar meu filho no trono. Jamais aceitará ser governado por uma mulher, principalmente por uma criança.

― Assim como sua real intenção de dar uma rasteira na princesa e no seu marido é o ódio que sente por não ter sido escolhida rainha. ― a consorte estava pronta para responder, quando Amon revirou seus olhos e abanou as mãos no ar com irritação.

― Não vamos começar a falar sobre reais intenções, todos aqui temos o mesmo objetivo. Não quero assumir o trono de Naran pra ser um tirano, quero ser um rei que meu pai nunca foi. O povo de Naran padece de fome enquanto meu pai se preocupa em aumentar seu território buscando guerras. Eu andei por cada cidade de Naran. Vi como funciona, vi como o povo odeia o rei, e se Mei Yang assumir o trono será fortemente influenciada por Qiang Mao e sua sede de batalhas. Será mais anos e anos de sofrimento para o povo.

― O que pretendem fazer? ―Soo Won finalmente perguntou apenas observando a conversa enquanto bebericava seu chá.

― Nosso plano já está em prática, e em breve veremos os primeiros resquícios. ― A consorte Ayame sorriu ao proferir essas palavras. ― Não se preocupem com o plano, se preocupem em colocar Amon no trono, o resto eu tomo conta.

― Como pretende derrubar o rei e a princesa? - Mifu estava interessado, afinal, não poderia arriscar seu pescoço num plano que não era de seu conhecimento. Mifu era um homem desconfiado e temeroso, fazer parte de um esquema feito pela consorte era arriscado demais.

― Um cervo também tem seus métodos para capturar um leão. Se essa reunião foi apenas com o intuito de anunciar a provável união de Naran com Sunri, então perderam tempo. Antes mesmo de Sunri sonhar em se aliar com nosso Estado, Amon já estará no trono. Não se preocupem com isso. ― Ayame levantou-se e ajeitou suas vestes azuis escuras com bordados feitos especialmente para ela pelas bordadeiras reais. Onde ela entrava, sua presença cativante e ao mesmo tempo intimidadora era sufocante. Apesar de ser uma mulher na casa dos cinquenta anos, sua beleza era bem conservada. Seu rosto fino e delicado com poucas rugas em volta dos olhos era apenas um charme quando sorria contrastando com seus olhos castanhos e seus cabelos levemente claros. Era uma beleza rara para aquele lugar.

A consorte seguiu para fora do salão e todos fizeram uma reverência de despedida. E da mesma forma que chegou, escoltada por guardas, ela saiu. O ministro Mifu fez apenas uma menção com a cabeça e saiu pelos fundos junto ao Soo Won, ambos ainda preocupados com o tal plano da Consorte. Seja o que ela estava planejando, não era nada discreto.

― Seja o que a consorte esteja pensando, espero que dê certo, estou arriscando minha posição de ministro para ajudar aquele patife a sentar naquele trono. ― Mifu limpou o suor que descia de seu rosto agoniado, e Soo Won se juntou a ele.

― Agora não há mais volta, desde que entramos no cerco da consorte, não tem como sair. O problema é depois que Amon sentar ao trono, como será? A princesa Mei Yang ainda tem como ser dobrada, é uma criança, influenciar uma mente fraca sem experiência é algo fácil, mas Amon é diferente, ele não irá se dobrar tão facilmente as sugestões do conselho.

― Isso é um outro problema. A consorte tem grande poder de influência sobre o filho, quando Amon chegar a ser rei, Naran será governada pelas artimanhas de sua mãe.

― O que faremos? Estamos entre dois vales, a princesa e sua tolice e Amon e sua mãe. ― os dois ministros se encararam com receio. Qualquer das opções estariam caminhando para a guilhotina.

― Por hora vamos levantar Amon, se algo sair do controle apenas podemos derrubá-lo. Ele é um bastardo, quando assumir o trono terá muitos rivais dentro do conselho, principalmente o ministro das obras, sabe que ele é extremamente apegado aos costumes, apenas a linhagem real pode subir ao trono, e apenas Mei Yang possui essa linhagem, infelizmente!

― Sim, por hora deixaremos Amon concretizar seus planos, tirar ele do trono será mais fácil que tirar aquela princesa lorpa. Vamos nos separar, eu saio pelos fundos e você segue pela área da frente. Se ambos sairmos do palácio Qu'r juntos, deixaremos pistas para pensarem numa possível conspiração.

Mifu deu a volta pelo pátio florido do palácio do primeiro príncipe e saiu pelo portão de entrada. Aquilo tudo tinha que dar certo, era seu pescoço sendo posto numa forca. E a única coisa que podia fazer era acreditar na consorte.

Enquanto caminhava lentamente para o palácio do imperador, ele não se deu conta da presença de um jovem por detrás das àrvores atento a tudo que estava ocorrendo. Mi Gu se esgueirou pelos pessegueiros floridos e alcançou o lago que dava acesso ao palácio supremo e por fim descansou suas pernas. Mifu, Soo Won, a nobre consorte e Amon numa mesma sala por tanto tempo, coisa boa não iria sair daquela pequena reunião secreta.

O jovem então passou as mãos nos cabelos bagunçando levemente seu coque e suspirou. O dia estava tão bom, mas agora ele deveria ficar atento. Mei Yang estava sob seus cuidados, e ela era tola demais para perceber uma possível conspiração.

No final, tudo estava em suas mãos, como sempre!

Uma quantidade anormal de servos começou a se aglomerar na porta de entrada do palácio do rei. Mi Gu se pôs de pé para ver o que estava acontecendo quando viu a consorte passar rapidamente pelos servos que se curvavam para sua presença esplêndida passar. A rainha, Tai'Ner entrou logo em seguida acompanhada de suas servas e alguns guardas quando ele viu o médico do rei sair de dentro do palácio.

― Como está sua majestade? ― Ayame perguntou depressa.

― Não posso passar informações confidenciais, Nobre consorte, mas sua majestade não se encontra bem.

― Céus! - a rainha exclamou com medo.

A consorte olhou de soslaio para a rainha, que parecia totalmente desconsolada por não poder entrar. Ayame chamou suas servas e antes de se virar para ir embora, ela sorriu, foi um sorriso tão imperceptível que ninguém notou.

Finalmente, seu plano estava em andamento.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelo apoio, até a próxima!!



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