Era um lugar enorme, era, na verdade, um imenso castelo, já longe de Puente Alto. Não, não estamos falando de Edward, Alphonse, Mello, Lawliet nem ninguém que está agora na cidade andina. Estamos falando agora de alguém que está mais interessado em Hoheinhem do que qualquer pessoa nesse mundo, ou melhor, um grupo de pessoas.

Esse lugar retratado é um imenso castelo, feito de pedras ao estilo medieval, com imensos portões de madeira cercados por um lado que impedia qualquer animal ou qualquer coisa que se mova de chegar perto do castelo, imensas janelas, imensas torres, imensas armadinhas e uma imensa bandeira vermelha, com uma imensa foice e um imenso martelo amarelo pregado, um símbolo que representa uma ideologia, uma revolução.

Esse castelo era composto por inúmeras salas, que continham armadilhas que iam desde chãos com espinhos, paredes secretas, cobras, areia movediça etc. Mas uma das salas era um imenso salão, que continha cerca de 30 fileiras, com 30 cadeiras cada, que cabiam, assim, 900 pessoas. Em cima, tinha mais cinco andares, que dariam para ver todo o ambiente, parecendo mais um teatro de classe alta, onde ficavam condes, duques e pessoas com grande importância.

Mas o que chamava atenção nesse salão era a parte principal dele. Lá, contém um piso de material liso, provavelmente de porcelanato, com um retrato de Ernesto Che Guevara, o grande revolucionário da Revolução Cubana, estampado na superfície. Tinha uma estante com microfone, feita para discursos e falas, cadeias de metais com uma espécie de cintos, feita provavelmente para prender alguém, uma bandeira comunista no fundo e, o mais curioso, uma guilhotina. Resumindo, o local era o quartel general dos Ursos, e aquele era o ponto de reunião dos mesmos.

Em um dia, estava fazendo uma chuva fina misturada com neve, o clima estava frio e o céu embasado. Era dia de reunião. No salão, todas as cadeiras estavam lotadas de pessoas, dentre homens, mulheres, jovens, velhos, de todas as etnias, idades e gêneros, com blusa e capuz vermelho e máscara de ursos, sem contar que não estavam todos os integrantes da organização, alguns atuando na África, Ásia e Oceania, concluindo que o número de membros dos Ursos é bem superior á 900. Elas estavam esperando começar o discurso de seu líder, ou melhor, o Lord Parovik, o fundador dos Ursos. Enfim, Parovik aparece. Ele é um homem asiático de pele morena, muito provavelmente da Tailândia ou Vietnã, com idade avançada, entre 50 e 60 anos, com cabelo branco e rugas em sua face envelhecida. Tinha também uma barbicha e usava óculos de leitura, sua marca registrada.

Parovik é um homem autoritário, não gosta de ser criticado nem questionado, sendo tratado como um Deus dentro da organização. Sua imagem é semelhante a de um profeta religioso, que guia a população para o paraíso, mesmo transformando a vida de qualquer pessoa no mais terrível inferno. Parovik, ultimamente, não estava nada feliz com os resultados apresentados pelos guerrilheiros e combatentes dos Ursos: cresceu o número de missões falhadas e de membros mortos, seja por causas naturais como doenças, desastres naturais ou assassinados por inimigos, principalmente os Lobos.

O líder comunista subiu no palco, esperou alguns instantes e começou o seu bom e velho discurso ácido e agressivo:

— Eu quero que cada filho da puta presente nessa reunião olha bem para a minha cara e me respondem SE ESSA MERDA DE ORGANIZAÇÃO É POR ACASO UM CIRCO – esperou um pouco e continuou. – UM BANDO DE IMBECIL QUE MORRE QUE NEM BARATA, MORRE COM QUALQUER MERDA QUE ACONTEÇA, FAZENDO-ME PASSAR VERGONHA DIANTE DOS MEUS INIMIGOS. E por quê? Porque isso acontece? PORQUE NESSA MERDA DE ORGANIZAÇÃO NÃO TEM UM ÚNICO FILHO DA PUTA QUE TENHA O MÍNIMO DE COMPETÊNCIA PARA ENFIAR A FOICE E O MARTELO E ARRANCAR O CU DE CADA LOBINHO FILHO DA PUTA QUE TEM NA FACE DESSE PLANETA, ENQUANTO AQUELE MERDA DAQUELE IDENTIDADE 44 ESTA RINDO DE NÓS, ENQUANTO O FILHO DA PUTA DO LAWLIET E DO HOHEINHEIM ESTÃO NOS FUDENDO POR TRÁS.

Parovik já estava quase passando mal de tanto gritar e de tão nervoso que estava. Um dos escravos íntimos do líder foi entregar um copo d’água, mas Parovik jogou o objeto no chão, fazendo-o partir em vários pedaços. Ao lado do lord comunista, estavam 12 membros classificados “generais” da organização (seis de cada lado), que estavam sempre presentes nas reuniões e auxiliavam Parovik em estratégias de guerra e caçadas aos inimigos. Dentre eles, haviam três que se destacavam:

— Arthur Hellsing: Arthur é homem ingles ex-líder da organização Hellsing, pai de Integra Hellsing, sua sucessora no comando da organização. É um homem com pele clara, cabelos lisos e brancos e uma barba com tonalidades loira, aparentando ter 40 a 50 anos de idade. Sempre está vestindo farda de tonalidades vermelha e branca. É um homem que tem um sorriso incomum e assustador. Mesmo não aparentando, contem a força de um leão selvagem, podendo destroçar corpos e estruturas de ferro e aço em pedaços;

— Near: Near é o apelido dado para Nate River, um homem britânico de 24 anos, com uma inteligência anormal para sua idade. É um inimigo declarado de L e Mello, devido á uma história marcada por ódio e inveja. É considerado á cabeça da organização; todo plano, toda estratégia e toda tática de combate criada pelos membros deve receber a aprovação de Near.

— Scar: É apelido com esse nome por causa de sua grande cicatriz em formato de X que cobre sua face, não tendo um nome verdadeiro. Contem uma pele bronzeada, olhos vermelhos e cabelos brancos/cinzas. É um homem que usa sua personalidade séria para esconder seu ódio contra os Lobos, cujos massacraram sua vila no Oriente Médio, e seu passado violento. Está sempre usando algo para cobrir o rosto, seja uma mascara de Urso, seja um capuz vermelho ou qualquer outra coisa.

Esses três nomes citados acima são de ultra confiança de Parovik, mais pelo seu ódio ou assunto não resolvido com os Lobos do que apego a ideologia socialista/comunista. Eles são os três mais prováveis nomes possíveis para substituir Parovik na sua ausência, sendo responsáveis pela criação de difusão do Estado comunista que irá se expandir pelo mundo. Os outros 9 generais eram desconhecidos, ninguém sabia quais eram seus nomes e rostos, isso porque sempre estavam com a típica máscara de urso da organização.

Durante o discurso inflamado de Parovik, Scar e Arthur estavam conversando baixinho, em um canto afastado do líder comunista:

— Toda hora é mesma merda que acontece nessa organização. O Mestre gritando com todo mundo, o Near sempre quietinho no seu canto, os imbecis da platéia cagando de medo. É uma merda, não é mesmo, Scar?

— Isso é, por acaso, sua preocupação agora, Arthur, sabendo que Hoheinheim e Lawliet estão a solta por aí e os nazistas inúteis estão com ele?

— Ele, se refere ao meu pequeno vampirinho?

— Exatamente, aquilo é uma arma de destruição em massa criada por sua filha.

— Minha filha é um doce de pessoa, não é mesmo? Que vontade de ver novamente minha pequena Íntegra. Será que ela cuidou bem do meu vampirinho enquanto eu estava fora, lá na Hellsing?

— Você é mesmo idiota, Arthur. Lembre-se que seu “vampirinho” e sua “filhinha” querem nos ver mortos.

Near, ouvindo a conversa dos dois, se intromete e diz:

— Caso não saiba, caro Arthur, mas você só está nesta organização por causa de mim e de Scar, porque você é pai de Íntegra Hellsing e sabe muita coisa sobre aquela menina, que hoje está nas mãos daqueles pedaços de merda do Lawliet e do Mello. E, além do mais, o Mestre Parovik não tem nem idéia que você e o seu “vampirinho” querido tem alguma ligação. Imagine se eu conto para ele?

Arthur, com uma expressão séria, responde para Near:

— Não me envolva nesse seu ódio infantil pelo Lawliet e Mello, Near. Isso é uma coisa sua.

— Uma coisa minha que pode salvar a vida de todo mundo aqui, idiota.

Enquanto a reunião dos Ursos socialistas estava acontecendo, o foco é mudado para o outro lado extremo da história. Os Lobos, ao contrário dos seus inimigos mortais, não viviam apenas um lugar fixo, mas sim continham pequenas bases espalhadas por algum país (também desconhecido), facilitando a expansão da área de influência da organização.

Os Lobos, consistindo em uma organização de 3500 á 4000 membros, eram divididos em cerca de 20 a 30 “quartéis-generais”, onde eles habitavam, dormiam, faziam reuniões com sub-líderes e planejavam ataques e expedições pelo mundo. Cada quartel general tinha um chefe denominado “presidente” e um conselheiro que ajuda o presidente chamado de “vice-presidente”, assim como 6 conselheiros que formavam a organização política de um quartel, e todos eles recebiam ordens do “quartel-geral”, onde fica o líder total da organização, ou seja, a “Identidade 44”. Todos os cargos eram definidos através de eleições “democráticas” onde os membros escolhiam seus representantes.

Mas o que estava por vir agora poderia mudar o rumo da organização para sempre. Um antigo conhecido dos grandes líderes nazistas tinha rumores para voltar e atordoar a organização. E isso era o que estava em pauta dentre os quartéis. No mesmo dia da grande reunião socialista, um dos grandes generais dos Lobos nazistas estava em uma conversa com um homem mascarado, provavelmente o líder da organização, sobre duas ameaças que poderiam abalar a situação.

Sentados em uma mesa, em uma sala vazia isolado do restante do quartel, o general disse:

— Mestre, a organização está correndo um enorme perigo que pode criar um estrago enorme! Aliás, são duas ameaças, e uma está bem no nosso lado!!

44 (como era chamado o líder) olhou bem para o inferior com um olhar sério e assustador, e disse em um tom de voz seco, apontando com o dedo indicador para o lado direito com suas mãos enrugadas:

— Harris, meu querido Harris (Harris Harison era o nome do general), não existe um fato mais verdadeiro na face da humanidade de que o nosso filhinho está longe de acordar.

— Filhinho, mestre? O senhor chama aquele monstro de filhinho!? Aquela criatura destruiu a Millenium em um piscar de olh-

44 deu uma leve risada, que aos poucos foi se transformando em uma riso doentio, e se levantou da cadeira e disse ao inferior:

— Harris, venha comigo.

O líder e o general, ambos com uma idade avançada, foram até a janela do último andar do quartel, onde eles se encontravam, cuja tinha uma vista paronamica de toda a cidade, e a Identidade disse:

— Está vendo aquela linha lá no horizonte?

— Mas que linha, mestre?

— Aquela linha que corta o céu, e o divide do chão. Aquela linha é a nossa inimiga, alías, é onde estão os nossos inimigos, os Ursos comunistas e socialistas, aquele bando de praga. – Ele pega na nuca do General Harris, com tanta força que começa a doer, e põe lhe a cabeça sobre o vidro, continuando – Nosso dever como organização protegida por Deus, nosso senhor, é trazer a palavra de Jesus Cristo para aquela linha, e punir todos aqueles contrários á bíblia.

— Mas o que isso tem a ver com Aluc-

— Não pronuncie esse nome, ele é um nome proibido dentre nós.

— Certo, mas o que isso tem a ver com ele?

44 vira a cabeça de Harris para si, encara o inferior com um olhar assustador, e responde:

— Porque ele é Deus – e sai andando.

O general fica parado de frente á janela, olhando para o piso branco e brilhante da sala, com uma expressão horrorizada e fria, até que ele escorrega e fica de joelhos, pondo a mãos sobre a cabeça e fazendo uma oração com uma voz baixa e gaguejando:

— S-senhor... d-diga que isso não é verdade, senhor... d-diga que você n-não vai p-permitir isso...

— É isso mesmo que eu estou vendo? Um dos nossos maiores generais com medinho de um sugadorzinho de sangue de merda? Kkkkkkkkkkkkkk. - Diz com deboche um homem que passava por ali.

— Já deu seu cu hoje, Inveja?

Inveja, também chamado de Envy, é um membro dos Lobos. Ele é um soldado de classe SS da organização, classe cuja é única que está no mesmo patamar dos generais. Logo, Envy trata os 12 generais, incluindo Harris, com inferioridade, sendo odiado por todos os companheiros, menos por 44, cujo o trata como um filho. Envy tem o poder de transformar-se em qualquer pessoa ou animal que quiser, atribuindo também os poderes daquele indivíduo, tornando-o assim o soldado favorito da Identidade.

— Porra, Harriszinho, meu amor, mas o que é isso? Não era você que gosta de dar o rabinho?

— Não vem com essa, Inveja, eu não me rebaixaria ao nível dos judeus e homossexuais como você faz.

— Interessante, mas você e o papai (como ele referia-se á 44) estavam falando sobre o vampirinho? Tá com medinho dele, ta? Aquela merda não desperta há anos e têm idiota que acha que ele vai matar alguém kkkkkkkkkk.

— Nunca subestime Aluc-, quer dizer, aquele-que-não-pode-ser-nomeado, Inveja. Você nem é um Lobo verdadeiro e vem querer ter moral aqui. Agora, me dá licença que tenho coisas melhor á fazer.

— Vai lá, majestade.

O clima entre as duas organização estava esquentando cada vez mais, e a equipe dos irmãos Elric está no meio desse conflito. O que será que pode acontecer? Onde será que está Hoheinheim? Quem é a criatura tão temida pelos Lobos?