O Estado escrita por HariZoldyck


Capítulo 3
Capítulo 2 - Verdades e Viagens


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo será mais longo do que o anterior, por isso, preparem-se.

"Quem é a pessoa que Mello está falando? Será Mello um salafrário? Quem são os Ursos? Quem são os Lobos? Quais são suas relações com Von Hoheinhem?"



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Os três jovens estavam sentados na mesa de janta, uma simples tabua de madeira com uns pedaços de paus sustentando a base em baixo, em uma noite fria de Berlim que deixavam as velas com uma coloração azulada. Mello pegou as duas cartas encontradas pelos irmãos Elric: a carta escrita por Van Hohenheim e a carta escrita pela tal de “Identidade 44” e fez alguns comparativos, fazendo uma longa análise mental por alguns minutos, quando finalmente disso:

— Eu não sei se vocês perceberam, mas o lobo com uma cruz na testa presente no selo da carta da Identidade 44 também está presente bem no canto da carta do Hohenheim. – mostra o rapaz apontando o dedo para o símbolo.

Ambos os irmãos ficaram chocados quando perceberam tal semelhança, mas o que de fato importa é o que significa ele suposto lobo.

— Mas o que representa esse lobo com a cruz? – pergunta Edward.

— Esse lobo com a cruz na testa é o símbolo oficial da organização dos Lobos.

— Lobos? Quem são esses Lobos? – pergunta Alphonse.

— Os Lobos são uma facção formada por apoiadores do nazismo e do fascismo, além quaisquer outras ideologias totalitárias semelhantes da extrema-direita. Eles têm idéias ultraconservadores embasados no racismo, machismo, homofobia e outros tipos possíveis de segregação social que favorecem o grupo deles. A cruz no símbolo deles remete ao cristianismo e seus ideais. Seu objetivo é reconstruir o mundo através de um mega império chamado de “Quarto Reich”, uma espécie de “continuação” do Terceiro Reich de Adolf Hitler, embasada nos conceitos de família tradicional cristã. E possivelmente a Identidade 44 é o fundador da organização, e parece que a Alemanha será a etapa inicial do processo deles. Esse Congresso é a base local deles.

— Mas qual é a relação deles com nosso pai?

— Calma que vamos já chegar aí. Os Lobos contêm o número 4 como símbolo ideológico, porque eles representam, segundo eles, a quarta geração de “defensores da paz e da justiça”. Segundo eles, a primeira geração seria os povos gregos, romanos e egípcios da antiguidade, a segunda seria as nações absolutistas da Europa da Idade Moderna,e a terceira seria os nazistas hitleristas. Além disso, esconder cartas e documentos dentre foto é uma especialidade dos Lobos. – Mello toma um gole de água, da um suspiro e continua.

— Continuando, se vocês forem prestar a atenção, o número quatro está presente em ambas as quartas, mais especificamente nas datas. Vêem que os dias 18 de Julho de 2030 e 22 de Novembro de 2034, quando subtraídas, resultam em quatro. Do dia 18 para o dia 22, temos 4 dias de diferença. Do mês de Julho para o mês de Novembro, temos 4 meses de diferença. Do ano 2030 para o ano 2034, temos 4 anos de diferença.

Edward e Alphonse ficam encantados com essa semelhança entre ambas as datas. Seria seu próprio pai um nazista!?

— Outro detalhe importante: Na carta escrita pela Identidade 44, há um trecho que diz que o pai de vocês foi morto por um urso. Mas ele não estaria se referindo ao animal, mas sim á organização rival aos Lobos, os Ursos.

— Quem são eles? – pergunta Alphonse.

— Os Ursos são uma facção, inimiga mortal aos Lobos, formada por defensores da extrema-esquerda, principalmente socialistas, comunistas e anarquistas. Essa facção contém um urso com uma estrela na testa, símbolo da luta e da revolução, idéia embasada nas ideologias de Karl Marx e Friedrich Engels. Seu objetivo é reconstruir o mundo através de uma revolução socialista coletiva marcada pela igualdade social. Seu líder e sua origem são desconhecidos.

— Mas se, segunda a carta, o papai foi morto por um dos Ursos, então ele era um Lobo? Nosso pai é um nazista? – pergunta Alphonse desesperado.

— Calma, Alphonse, ainda não podemos confirmar nada.

— Espere um pouco, a carta da Identidade 44 foi escrita no dia 22 de novembro. Eu me lembro que nosso pai foi embora no dia 20 de novembro. Logo, seria impossível ele ir embora ao dia 20, e dois dias depois, aparecer morto no Chile, no outro lado do Atlântico, então essa carta estaria mentindo, a não ser que ele tenha pego algum vôo para algum país... Mello, quando foi a última vez que você viu meu pai? – pergunta Edward.

— Foi um dia anterior de ele ter ir ido embora, no dia 19 de novembro.

— Ele disse alguma coisa sobre viajar?

— Na verdade sim, ele disse que iria embora para bem longe e me deixou a missão de encontrar vocês no dia de hoje.

— Bom, supomos que a carta da Identidade 44 é verdade, e esse “bem longe” dito pelo Hohenheim fosse os Andes, no Chile, ele só poderia estar lá para fazer algum tipo de missão para os Lobos, e os Ursos teriam descoberto a localização do Hohenheim e mataram ele.

— Mas nós não temos certeza que se Hohenheim realmente colaborou com os Lobos em algum momento, a não ser que ele tenha participado de tudo escondido durante todos esses anos em que ele foi delegado em Baviera junto comigo. – afirma Mello.

— Mas Mello, como foi que surgiram essas facções? – pergunta Alphonse.

— Vocês sabem sobre a Lei da Abstinência Global, ou Lei da Anarquia Global, não sabem?

— Sim, é uma lei criada pelo Papa Gaspar II que derrubada todos os Estados e instituições do mundo. Mas o que isso tem a ver com os Lobos e os Ursos.

— Tem tudo a ver. Em 2015, há 28 anos, quando a lei foi aprovada pelos líderes mundiais, por causa do caos causado pelos mesmos, houve uma enorme onda de caos pelo mundo. Locais foram queimados, carros foram tombados, manifestações e protestos tomaram conta das principais cidades do mundo. Como resposta, os governos de todo mundo não tiveram escolha e responderam com mais violência, gerando até mesmo genocídios e chacinas por todo o globo. Como resultado, mais de 80% da população mundial foi morta, transformando o mundo em uma mega anarquia de mortos. Depois de dois anos, em 2017, surge os dois grupos.

— O que aconteceu com os 20% que sobreviveram? – pergunta Edward.

— Alguns se isolaram em pequenos grupos, comunidades e vilas, que eram comandadas por prefeitos e delegados como o pai de vocês, outros começaram a viver individualmente a base se pesca e caça, e outros se unirão á uma dessas duas facções. Nós três, junto com seus pais, somos parte desses 20%.

Durante toda a noite, a conversa foi desenrolando, cujo os três buscavam várias informações sobre os Ursos, Lobos e a Lei da Anarquia Global, tentando relacionar todas essas coisas com o passado de Van Hohenheim. As mentes dos meninos estavam como a lua minguante que clareava aquela noite: uma hora sabiam de tudo, ora de nada. O tempo foi passando-se até que chegou a hora de, finalmente, descansar.

— Prestem atenção agora, Edward e Alphonse Elric, se vocês querem saber a verdade sobre seu pai, ou possivelmente de sua mãe, devem vir comigo para conhecer uma pessoa que vai nos ajudar e muito. Nossa missão, agora, é identificar e combater tanto os Lobos, quanto os Ursos, mas precisamos nós lembrar que ambas são facções criminosas extremistas, violentas, irracionais e cegas por poder, então devemos tomar bastante cuidado.

— Só mais uma pergunta: Quem é essa pessoa que você vai levar para a gente conhecer? E onde ela está? – pergunta Alphonse.

Mello dá uma mordida na barra de chocolate, respondendo:

— Essa pessoa é um antigo parceiro meu e de Hoheinhem que hoje é um delegado que comanda uma comunidade de sobreviventes em Puente  Alto, no Chile, junto com uma jovem que é uma das melhores lutadoras desse mundo. Eles dois têm informações importantes sobre o pai de vocês.

— E como você pensa que vamos para um país do outro lado do oceano em um mundo arruinado como esse?

— Ué? Vamos ao aeroporto.

— Aeroporto? – Perguntam Edward e Alphonse de uma vez só.

— Sim, não sabiam que os aeroportos ainda funcionam hoje em dia? Existem algumas equipes de aviação comandadas por pilotos e comandantes que fazem viagens nacionais e até internacionais por troca de alimentos e mantimentos. Vocês são desinformados, sabiam?

— Mas o aeroporto de Berlim foi destruído pelo governo para evitar que pessoas possam sair do país depois da aprovação da lei. – argumenta Alphonse.

— Amanhã vamos pegar algum carro do governo federal, que ainda estão intactos, e vamos para o aeroporto de Hamburgo, bem cedo, e pegar um vôo para Puente Alto. Está bom assim para vocês? – diz Mello quase irritado.

— C-como assim, Mello? Acha que temos alimentos suficientes para dar para esses caras? – questiona Edward seriamente.

Mello dá um sorrisinho e diz:

— Relaxa, eu tenho um plano.

Os três foram descansar porque sabiam que o dia seguinte seria longo e cansativo, mas principalmente toda essa história que agora eles estão envolvidos. Edward teve problemas para dormir pois seus pensamentos estavam concentrados em Hoheinheim. Será mesmo que seu próprio pai é um nazista defensor de um grupo tão extremista quanto os Lobos? Ou será que não? Será que Mello está mentindo? Será ele algum salafrário querendo se aproveitar dele e de seu irmão? Afinal, quem era Mello? Essas perguntas rodaram a cabeça do alquimista até o nascer do sol, quando os três já se levantaram para seguir viagem.

— Alphonse, por favor, leve essas duas cartas, pois elas serão importantes para a pessoa que iremos conhecer. Vamos indo.

— Espere, Mello. – disse Edward antes deles irem embora.

— O que foi, Edward?

— A gente deve realmente confiar em você? Como sabemos que você não é algum salafrário?

Mello virou o rosto e olhou com uma aparência séria para o alquimista, afirmando:

— Quando tudo isso acabar, vocês dois iram me agradecer de joelhos.

Os três foram até a sede oficial do governo Alemão, o Palácio de Reichstag, e foram até uma parte do subsolo da estrutura e pegam um carro, que incrivelmente ainda estavam intactos e abastecidos desde o ano da Lei da Anarquia Geral. O local estava totalmente destruído, com pedaços da construção histórica, cuja já foi moradia de Adolf Hitler, no chão e cômodos incendiados.

 Saíram da capital Berlim ás oito horas da manhã, rumo em direção á Hamburgo, cidade á 288 quilômetros dali e á três horas de viagem de carro. Mello foi dirigindo, enquanto Edward se encontrava no banco da frente, e Alphonse, a trás. Durante o trajeto, era possível enxergar apenas ruínas, campos e florestas alemãs incendiadas, tanques de guerra, carros e caminhões destruídos, realidade presente no mundo inteiro. Em um momento da viagem, o trio começou a conversar:

— Ei, Edward, o que aconteceu com a mãe de vocês?

— Eu não quero falar sobre isso.

— Tudo bem, eu respeito a sua história, mas eu preciso saber um pouco de sua história para prosseguir com esse plano.

— Nós dois nascemos na comunidade de Rouge, no sul da Baviera, onde passamos a grande parte de nossa infância. Nossos pais pouco se falavam porque nosso pai vivia trabalhando na administração da vila. Ele era um dos delegados que comandava o lugar, juntamente com você. Nós brincávamos nos lagos e parques perto, íamos ajudar os adultos nas pequenas colheitas dentro da vila, era uma vida simples e boa. Até que ele foi embora e nos abandonou sem nenhuma explicação...

— A partir daquele dia, tudo começou a ficar horrível. A comunidade começou a ser invadida freqüentemente. A administração começou a ficar péssima. As colheitas diminuíram ao passar dos dias. Pessoas começaram a ir embora da comunidade. Até que um dia, um grupo de pessoas totalmente vestida de vermelho destruiu de vez nossa vila. Então, foram eu e o Ed que fugimos de lá, e a partir desse momento, vivemos como nômades. – completa Alphonse.

Depois, a viagem continuou prosseguindo durante alguns trajetos, até que Edward se deu conta de um pequeno detalhe:

— Espero um pouco, Mello. Se você participava da admistração de nossa comunidade junto com nosso pai, onde estava você este tempo todo?

De repente, Mello dá uma freiada brusca no carro, deixando marcas de pneus por um pequeno trecho da estrada. Depois, Edward  e Alphonse olham para o rosto de Mello e enxerga marcas de lágrimas escorrendo dos olhos. Os alquimistas ficam chocados e surpresos, não esperavam essa reação. Mello, então, enxuga as lágrimas e diz:

— Me desculpem, garotos. Mas essa história só poderá ser contada em outro dia.

A viagem prossegue, com os três calados, sem falarem uma única palavra, de tão chocados que estavam. “O que foi isso?”, pensou Alphonse, “Ele deve estar escondendo alguma coisa”. Essa situação permaneceu dessa maneira até o fim da viagem, ás onze horas, quase meio dia, na cidade de Hamburgo, também destruída pelo ocorrido em 2015.

— É por aqui, pessoal – aponta Mello.

Se continuando dirigindo até uma região altamente desenvolvida de Hamburgo, muito provavelmente o centro da cidade, rica em prédios, empresas, comércios, lojas (Claro, tudo destruído). Então, eles chegam até o aeroporto de Hamburgo, que já foi bastante movimentado. Atualmente, ele é dirigido por um pequeno grupo de 50 pessoas, compostas por pilotos e comandantes que realizam viagens em troca de alimentos. Esse meio é inserido nos aeroportos de todo o mundo que havia estão intactos e que contém aviões disponíveis.

O horário das onze ao meio dia, cujo estão o trio no aeroporto, é o pico de viajantes durante o dia, mesmo esse número sendo incrivelmente pequeno. Naquela hora, havia um total de apenas 200 pessoas indo e vindo do aeroporto para poderem locomover entre os países. Existe uma quantidade mínima de alimentos para poder pegar um vôo (e que não é pequena), dependendo o local de destino. Como o trio não tinha alimentos para poder pegar algum vôo, Mello criou um plano

— Como não temos alimentos necessários para ir até Puento Alto , tenho um plano e preciso da colaboração dos dois: Primeiro, o Edward vai vestir essa roupa de mendigo – Mello tira uma roupa velha e rasgada da bolsa – e vai até aquele guarda pedir esmola, enquanto eu e o Alphonse vamos entrando de fininho no avião.

— Espere aí, porque eu tenho que vestir isso? Porque não vai você?

— Ed, faça isso pelo papai – diz Alphonse tentando fazer o irmão executar o plano.

— Não se esqueçam que essa é a única chance de irmos para Puento Alto. O próximo vôo só será daqui a uma semana.

Mesmo indignado, Edward veste a roupa de mendigo e vai caminha devagar até o guarda que monitora a passagem de pessoas para dentro dos aviões, coletando e pondo em um carrinho todo alimento recolhido. O alquimista se dirige até o guarda e diz:

— Bom dia, seu guarda, o senhor não tem um trocado para dar para esse pobre rapaz necessitado?

O guarda o olha com olhar de desprezo e responde com voz autoritária e ameaçadora:

— Aqui não é instituição de caridade, jovem. Se não tem alimento para viajar, mande-se ou vou chamar os seguranças!

— Por favor, meu senhor, tenho já tenho três semanas que não me alimento, nem que seja um pequeno pedaço de pau.

— Já disse que não! Saia daqui ou será despejado!

Enquanto isso, Mello e Alphonse entram de fininho no avião rumo á Santiago, capital que fica próxima á Puento Alto.

— Por favor, seu guarda.

— Já chega! Guard-... EI PARADOS VOCÊS AÍ!!!

Infelizmente, o guarda percebe Mello e Alphonse entrando de fininho na matraca e chama reforços para impedi-los. Entretanto, Edward lhe dá um soco com seu braço de ferro esquerdo e segue junto com seus companheiros.

— Puta que pariu! – Mello grita um palavrão. – O avião já vai se fechar! Segurem suas bagagens e corram, moleques!

Eles correm tentando chegar á tempo no avião rumo á Santiago, mas felizmente conseguem entrar na nave e fugir dos guardas. Eles se sentam em alguns dos lugares. O avião estava quase vazio, de 250 lugares, apenas 30 estavam ocupados. A nave começa a decolagem, e o trio prossegue seu rumo.

Começa agora, na história, todos os conflitos e emoções que esperam os protagonistas, cujo estão em busca de verdades que jamais pensaram que existem.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi MUITO cansativo para mim, por isso desejo que vocês leiam com muito atenção. Até o próximo capítulo.



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