Stupid Cupid escrita por Melshmellow


Capítulo 7
Capítulo 6 - Powers


Notas iniciais do capítulo

Olaaaa criaturinhas maravilhosas da minha vida!! volteei
de qualquer forma esse capitulo ficou meio estranho por causa da formataçao do meu note que bugou quando passei pra cá. mas ta bom.
Esse capitulo tem apariçao especial de uma pessoa maravilhosa que, nao sei voces, mas eu amo. E, por isso o cap esta bem grande
enjoy



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     No dia seguinte ao incidente do sangue, Megan agiu como se nada diferente tivesse ocorrido entre ela e Kai. A cupido ainda estava com um pouco de raiva pelo herege ter dito a Adaline que haviam se beijado, mas logo ela conseguiu desmentir aquilo e inventar algo melhor.

     O dia anterior havia sido normal. Os três haviam almoçado, e depois ela deixou que os irmãos passassem a tarde juntos enquanto planejava o primeiro encontro de Kai.

     Uma garota com uma probabilidade de ser 90% compatível com ele.

     Ser cupido não era uma coisa fácil. O processo de fazer alguém se apaixonar, não é apenas atirar com um arco nela e pronto, como muitos acham.

     Quando não se é um Lux. Não se é permitido sair de Clarinde, e os cupidos devem assistir seus protegidos pela sua Loview, sim. Protegidos. No plural. Se o cupido não tiver seu cartão Lux, não pode pegar uma missão de encontrar o amor para uma pessoa, como Meg estava fazendo para Kai. Mas sim, deve possuir o nome de ambas as pessoas que terão que juntar, e, se não der certo, terão que continuar tentando, um cupido não pode mudar o casal, ou fazer um deles ficar com outra pessoa.

Eles assistem o casal, e nem precisa fazer o TDC (teste de compatibilidade), e então é como se fossem diretores de um filme. Eles movem coisas, as vezes até sussurram coisas no ouvido de um amigo para que ele dê o conselho certo. É simples.

Mas claro que há os cupidos mais arrogantes, que apenas juntam casais que são almas gêmeas. Porém, Meg não era uma dessas. E, sim. Seus casais tinham chances de se separarem no futuro, mas não é como se ela se importasse.

Porém, se um cupido ganha um cartão Lux, então ele pode ir para a terra e ganha uma casa lá, além de apetrechos incríveis, de acordo com Meg.

Um que os deixa invisíveis, outro que os faz parecer o sonho de qualquer pessoa, de tão lindo, um que pára o tempo, e a clássica pistola do amor. Que muitos humanos afirmam ser um arco e flecha. O que costumava ser, até ganhar certo upgrade.

     Os Lux ainda usam a Loview em alguns casos, como em localizar o seu protegido. Foi assim que Meg havia encontrado Kai na boate. Mas se ambos fossem amigos, o que tornaria a conexão entre cupido e protegido mais forte, Meg poderia encontrá-lo apenas sentindo sua força vital.

Enfim, seus poderes os ajudam com o resto.

Um barulho de passos na escada despertou Meg de seus devaneios.

     — Bom dia dorminhoco. É meio dia, estava começando a achar que deveria te beijar para lhe acordar. — Meg brincou, se referindo ao famoso conto de fadas humano.

— Sabe... nunca mais na sua vida tente fazer piadas. — Kai disse olhando para a garota como se estivesse assustado — Deixe isso comigo.
     Ele se sentou ao lado de Megan no sofá branco da sala de estar, e ela revirou os olhos.

     — Oh, eu me lembrei de trazer um "lanchinho" caso você fique com fome. — Meg comentou enquanto mudava de canal na Loview, que poderia servir também para transmitir notícias para cupidos. — Estão na geladeira.

— Você não fez aquele discurso de que se eu tomasse sangue de cupido, eu não teria fome por um tempo? — Kai perguntou se lembrando do dia anterior quando ela disse que como não era veneno, poderia ser algo bom.

     “Então havia possibilidade de ser veneno?” Ele havia perguntado na noite anterior alto de mais. E Meg tinha respondido com apenas um dar de ombros.

— É apenas por precaução. — Ela argumentou, se referindo a seu “lanchinho” como a mesma havia dito.

     A cupido desistiu de achar um canal bom na Loview e deixou em um de notícias.

— Marquei seu primeiro encontro. — disse animadamente.

— Era para eu ter ficado empolgado? — Kai perguntou — Ah, foi mal, YEY! — ele exclamou fingindo felicidade.

Megan revirou os olhos e encarou o aparelho eletrônico à sua frente. 

     — Então... É assim tão fácil? Você acha alguém para que eu tenha um encontro e se eu gostar dela você sai de cena? — ele perguntou após um tempo, parecendo curioso

     — Óbvio que não! É muito mais complicado do que isso. Eu não posso simplesmente de encontrar alguém 99% compatível com você. Deve ser alguém 100% compatível. Amor verdadeiro, alma gêmea, qualquer besteira dessas! — Ela exclamou irritada. Quando ela havia se tornado Lux, seu trabalho havia ficado mais difícil, porque deveria encontrar a alma gêmea da pessoa, a qual nem o sistema havia conseguido, nem Caitlin com seus truques estranhos de TI. Então sobrava para os cupidos Lux encontrarem-na, o que não era tão fácil quanto parecia; A alma gêmea de alguém poderia estar em qualquer lugar do mundo.

— Ok. Eu entendi. E essa coisa de arco e flecha que falam sobre vocês?

— Mito. Já olhou meu guarda roupa?

— O que? Por que eu mexeria no seu guarda roupa? — perguntou Kai, confuso.

     — Eu não sei. Por que não? — Meg revirou os olhos e o herege concordou com a cabeça como se dissesse “tem razão” e deu de ombros.

— Por que você perguntou se eu mexi no seu armário?

— Por que é lá onde eu guardo o que vocês chamam de "arcos". Nós chamamos de Clarindates. São basicamente armas de fogo.

— O que? Alguém pode morrer de amor? — Kai riu.

     — Não exatamente. Os usamos para dar uma ajudinha, o amor deve vir de você mesmo, nossos Clarindates apenas ajudam você a perceber o que realmente sente por alguém. Mas, já que tocou no assunto, amar mata. E de diversas formas. Dizem que um protegido irritou tanto seu cupido, que, como vingança o cupido o fez se apaixonar pela irmã. O protegido foi chamado de doente, foi renegado pela família, e mandado para um sanatório onde passou o resto de sua vida. — Megan disse se direcionado a Kai com um sorriso diabólico. — Tome cuidado.

— Chama isso de história de terror? O que houve com o cupido?

— Dizem que ele foi solto por falta de provas. E continua solto, procurando por humanos irritantes, para fazê-los sofrer, o apelidaram de vingador. — Megan terminou a história como quem acaba uma história de terror em uma festa do pijama.

Ele revirou os olhos.

     — Isso não é verdade. — Kai comentou tranquilo.

     — Não. — Meg confirmou rindo. — Como sabia?

     — Vingador é um nome ridículo.

     Ambos riram.

     — O que você acha de treinar você? — Meg perguntou. — Descobrir seus poderes.

     — Megan. Acho que temos problemas maiores. — ele indicou a Loview com a cabeça.

     — Ontem, por volta das 8 horas da noite o corpo da ex-cupido, Crystal Williams, foi encontrado em um lixão na terra. Já foram mandados cupidos para encobrir e analisar a situação. Há boatos de que a vítima tinha marca de presas de vampiro em seu pescoço, e vale lembrar que nunca fizemos a experiência para saber que efeito o sangue de cupido tem nos vampiros. Poderá matá-los? Torná-los mais fortes? Será que isso tem algo de sobrenatural? Terá uma nova espécie de vampiro andando solto por Manhattan? Na terra, há boatos de a Polícia desconfiar de seu marido, Theo Williams, que de acordo com nossas fontes, é parte de uma quadrilha muito influente de NY.

     Ao lado da jornalista havia uma foto da garota loira da boate, a mesma que Kai havia matado.

Por alguns instantes, ambos ficaram encarando a televisão, estáticos, mesmo que não falasse mais sobre a tal garota que agora eles sabiam o nome; Crystal.

— Seus amigos não sabem esconder um corpo? — perguntou Kai se virando para Meg, irritado.

— Me desculpe se eles não são sociopatas acostumadas a esconder um corpo. — a garota defende seus amigos. — Eles não entendem muito daqui, assim como eu. Eles devem ter achado que seria um lugar que ninguém encontraria.

— Bom, encontraram. E agora? — ele perguntou preocupado.

     — Em primeiro lugar, não agimos como se fomos culpados. — Meg o encarou. — Ou melhor, não agimos da forma que você está agindo.

     Ele revirou os olhos e Megan se levantou do sofá.

     — Então deve ser isso. Sangue de cupido alimenta vocês por basicamente um dia inteiro. Você bebeu o sangue de Crystal e não sentiu fome até o dia seguinte, quando ela veio com tudo. Acontecerá a mesma coisa com o meu sangue no seu organismo, logo você ficará com fome e tem sangue humano pra você na geladeira. Então você volta a ser um vampiro normal que sente fome o tempo todo.

     Kai apenas assentiu, concordando.

— Eu preparei uma coisinha para fazermos hoje. — Meg disse animada.

— O que? — Kai perguntou suspirando entediado

— Vamos treinar você. — Megan respondeu sorrindo animadamente, ao contrário de Kai, que apenas arqueou a sobrancelha numa pergunta silenciosa. — Descobrir seus poderes, sabe? Talvez o sangue de Crystal e o meu tenham te feito mais forte, mais rápido, etc. — Ela completou, andando até o jardim com Kai logo atrás, andando preguiçosamente, diferente da cupido que saltitava feliz. — Agora... Por onde começar? — Meg perguntou a ninguém em especial.

Ambos pararam em frente à mansão cor de rosa, entre a piscina e o hall de entrada. Megan tirou o salto que usava, e deixou seus pés afundarem na grama macia, se sentando em uma confortável cadeira de praia em frente à piscina.

— Dê uma volta ao redor da casa correndo. — A cupido disse autoritária.

— E por que eu faria isso? — Kai a desafiou.

— Para descobrir o quão veloz você pode ser. Além da velocidade de um vampiro normal. — Meg respondeu entediada. — Não me olhe assim. Sua irmã pediu isso, ela é a doutora aqui.

Ele revirou os olhos.

— Apenas tente. — a garota insistiu.

Kai suspirou e desapareceu como um vulto para trás da casa, e logo voltou pelo outro lado.

     O herege deu de ombros, fingindo humildade, e reparou no aparelho que Meg segurava.

     — O que é isso?

     — Um cronômetro. Calculei quanto tempo você demorou a dar a volta.

     — E…? — ele disse pedindo a resposta.

     — E… que você demorou um segundo inteiro para dar a volta nessa casa, Adaline calculou quanto tempo um vampiro demora em dar a volta nessa casa. Ela usou a área da casa, velocidade… blá blá blá. E adivinha? — Meg disse sorrindo. — Eles demoram três segundos inteiros.

     Kai se surpreendeu.

     — Você é três vezes mais veloz que um vampiro normal, Malachai.

     Meg riu é o outro apenas aceitou, mas no fundo estava feliz por ser melhor que qualquer outro vampiro.

     Meg suspirou

     — Tudo bem, isso é chato. Vamos colocar uma música. — ela estalou os dedos e alguma musica que Kai não conhecia começou a tocar.

— Tente levantar essa cadeira. — ela sorriu.

— Com você em cima? — ele perguntou.

— Eu pareço com alguém que vai levantar daqui e fazer as coisas mais fáceis para você? — Meg perguntou retórica.

Ele andou até a cadeira onde Meg estava deitada, e consequentemente até ela.

— Vai ser fácil. Você é uma magrela. — Kai disse enquanto levantava a cadeira facilmente.

— Você têm super-força superior à de vampiros normais. — ela define, anotando em um bloco de notas sobre a mesa ao seu lado ao ser colocada de volta no chão.

     — Isso não foi nada, como pode achar que eu tenho super força sem me fazer levantar sabe... um carro?

— Eu não te deixaria levantar meu querido Porsche Azul, por mais que eu não entenda a diferença entre ele e qualquer outro carro além de ele ser mais bonito, eu ainda o amo.

— Espera aí. Você tem um Porsche? — Kai perguntou arregalando os olhos em surpresa e empolgação.

— E é dessa reação que eu estava falando. — Megan murmurou, enquanto via um Kai Parker rindo e pulando com a expectativa de poder dirigi-lo.

— Você já dirigiu outro carro além de um Porsche? — ele perguntou parando de comemorar.

— Não.

— Então essa é a razão de você não saber a diferença, pois tem uma grande diferença!

— Outros carros tem um volante? — Meg perguntou.

— Bom... sim, mas... — ela o interrompeu.

— Tem bancos? Freio de mão? Pé? E Marcha?

— Também tem tudo isso sim, mas...

Meg não o deixou continuar novamente.

— Então não tem a menor diferença. — ela respondeu séria.

     — Você não entenderia, pois na sua vida inteira, você apenas dirigiu um carro, e ele é um Porsche! — a cupido revirou os olhos com a volta de sua empolgação, porém vendo-o sorrir como uma criança e perguntar novamente se poderia dirigi-lo, ela não pode conter um mínimo sorriso que escapou de seus lábios.

Ela passou a se perguntar como alguém poderia acreditar que aquele belo rostinho matou sua própria família, mesmo que ele o tenha feito.

     Talvez ninguém o tenha visto daquela forma como ela o via naquele momento. Feliz, realmente empolgado com algo. Sem ironia pela primeira vez.

— Mais tarde eu te deixo dar umas voltas com o maldito carro, mas agora temos mais coisas para fazer. — A garota respondeu revirando os olhos, fingindo estar estressada com ele, e Kai apenas concordou a contragosto. — Oh, e quando você me levantou, você levantou três toneladas. No sentido literal.

— O que? — ele perguntou confuso.

— Esse é um dos meus poderes, eu posso fazer quase tudo. Eu simulei três toneladas em mim, e você as levantou, no caso, me levantou. — explicou. — Parabéns Malachai. Os vampiros normais conseguem levantar apenas uma tonelada sem se cansar. Acho que temos um padrão então.

 Kai se preparou para se sentar na cadeira ao lado de Meg, mas ela o impediu.

— Espere. — ela se levantou e ficou a frente dele, fazendo Kai novamente perceber a diferença de altura entre os dois, já que agora ela estava sem salto. — Lembra quando eu desisti da minha missão, há dois dias?

     — É, o que aconteceu com isso?

     — Eu fui me despedir do jardim em Clarinde E… um amigo me deu conselhos. Então eu tenho um acordo para te oferecer.

     Kai hesitou, sabia que dali viria bomba.

     — Você colabora comigo em fazê-lo se apaixonar. E eu te dou algo que eu sei que você quer. — ela explicou o trato e ele a olhou pedindo respostas.

     A garota apenas suspirou e pegou as mãos de Kai, as segurando firmemente, por um segundo ele tentou puxá-las para longe de Meg pelo contato do choque, mas ela segurou forte.

     Meg olhou nos olhos do herege antes de fechar os olhos e deixar sua magia fluir em direção ao moreno.

     Ele suspirou ao sentir a familiar sensação da magia se instalando dentro dele, como um velho amigo, porém, diferente, essa não era como as magias de bruxas que ele costumava roubar, essa era diferente... mais… doce, de alguma forma.

     Após alguns segundos, Meg parou e abriu os olhos, encarando os olhos azuis de Kai a sua frente.

     — Minha magia não pode ser tomada. Apenas dada. — Meg explicou levemente ofegante. — Em troca de um pouco dela todos os dias, você vai colaborar comigo. Irá aos encontros e será gentil com as garotas. Não precisa fingir para mim que gosta delas, eu apenas poderei voltar a Clarinde quando encontrar o seu verdadeiro amor.

     Kai também estava um pouco ofegante.

     — E por que eu deveria aceitar? O que a sua magia tem que a de bruxas não tem? — ele perguntou tentando usar seu tom usual de sarcasmo, mas o fato de ele estar ofegante não contribuía para tal.

      — Simples. A minha mágica é muito mais poderosa do que a delas, e você sabe disso. Você sentiu. — ela afirmou olhando em seus olhos. — Aceita o trato, Malachai?

     Ela tentou estender a mão para apertar a dele e fazer o acordo, mas percebeu que suas mãos ainda estavam juntas desde que Meg havia passado seus poderes a Kai. Ela largou suas mãos, constrangida, e estendeu uma mão ao herege.

     Kai parou para pensar por um segundo era um bom trato, e justo, mas estava ele disposto a ser legal com as garotas que Meg arranjasse para ele, pela magia?

     Ele observou a mão da garota a sua frente por mais alguns segundos, e então a apertou, fechando o acordo.

     Meg sorriu e se sentou em sua cadeira novamente, enquanto Kai se sentava naquela ao seu lado.

     — Mas então… Agora que viramos parceiros e temos um acordo. O que você acha de dar uma trégua nas nossas brigas e você parar de me chamar de Malachai?

— Ok. Então como devo te chamar?

— Me chame de Kai. Como todo mundo. — ele comentou dando de ombros com um sorrisinho.

     Ela sorri para ele.

— Kai. — ela prova o novo apelido em sua língua. Todos o chamavam de Kai. Meg gostava de ser diferente, não de ser como todo mundo, mas aceitou. — Posso me acostumar com isso.

     — Ótimo porque eu odeio meu nome. — o moreno comentou pegando uma bebida que Megan estava o oferecendo. Ele não tinha certeza da onde tinha saído, mas bebeu todo o liquido amarelo do copo de vidro.

     — Eu sei, é por isso que te chamo por ele. — o herege engasgou e tossiu um pouco, então encarou Meg de boca aberta. A cupido apenas ri, e Kai ri com ela.

     — Então, que poderes legais você têm? — Kai perguntou curioso. — Você voa? Tem super força como eu? Rapidez? Pode fazer uma bebida aparecer em sua mão de repente? Porque eu comecei a perceber que aceitei uma bebida que eu não da onde veio. — ele comentou fazendo uma careta.

     Meg ri.

     — Não vôo. Na verdade, nunca entendi a necessidade do homem de voar.

     — Nós, meros humanos, — ele brincou. — apenas achamos que voar deve dar a sensação de liberdade que sempre quisemos.

     — Profundo. Continuando... Eu não tenho super força, mas posso fazer coisas flutuarem. Não tenho rapidez, mas posso me teletransportar, como você já deve ter notado. E sim, eu posso fazer uma bebida aparecer em minha mão de repente, não se preocupe. Mas eu não posso fazer o tempo todo. É roubo. Oh! Eu acho que tenho uma coisa que você vai gostar.

— O que?

— Eu posso me tornar a pessoa mais bonita do mundo. — Kai pareceu confuso. — Para mim, nada vai mudar, mas as outras pessoas me verão como a garota mais bonita para eles. Geralmente é usado para causar ciúmes. Vou mostrar.

Meg fechou os olhos, e se concentrou, logo sentiu o feitiço fazendo efeito, então abriu os olhos e observou a reação de Kai. Sua boca estava entreaberta seus olhos passavam por Meg dos pés a cabeça, e ele a olhava admirado.

— Como você me vê? — Meg perguntou curiosa.

— Cabelos negros, olhos azuis... Você... Wow.  — ele terminou.

Ri.

— Esta vendo sua irmã, Kai? Acho que o vingador te pegou. — ela brincou.

Kai fez uma careta de dor com a frase da garota.

     — Meg, o que eu te falei sobre piadas? — ele disse, e Meg riu e o empurrou um pouco, afinal ele tinha razão; Ela não era nada boa com piadas.
     Sorrir estava ficando cada vez mais comum entre eles.

     Antes que Megan pudesse revidar ela ouviu um barulho. A garota se vira para descobrir da onde veio o barulho, mas antes que pudesse ver, foi puxada para o chão por Kai, a essa altura, o feitiço já havia sido desfeito e Meg se parecia consigo novamente.

     — Mas que... — Meg não teve tempo de terminar a frase, pois o barulho se repetiu. — O que é isso?

— Eu conheço esse som. São tiros. — ele sussurrou. — essa é uma boa hora para nos teletransportar, Meg.

A garota se levantou um pouco, porém ouviu o barulho e se agachou novamente.

— Está com medo? — Kai perguntou em confusão, sussurrando. Ela havia contado ao herege que não tinha sentimentos, como poderia estar com medo? Ele se perguntava.

     — As balas não me ferem. Mas para se teletransportar, é necessária muita concentração. E eu não estou conseguindo me concentrar com todo esse... — mais um tiro. — Barulho.

Meg suspirou fechando os olhos. O alto som a lembrava de tempos que a traziam sensações ruins. Sensações do tempo em que ela ainda tinha sentimentos.

Ela não sentia mais, porém se lembrava como eram os sentimentos, e os daquela lembrança eram de desespero, de quando ela ainda era humana, e sua mãe estava grávida. Meg, seu pai, e sua mãe esperavam pelo bebê ansiosamente. Mas logo o sonho se tornou cinza e ela ouviu um choro feminino, viu sangue, violência e morte.

Ela sentiu sua respiração se acelerar, mas mesmo com isso era como se ela não pudesse respirar, e ela soube o que estava acontecendo. Estava tendo um ataque de pânico; ela costumava ter vários desses quando ainda era humana, mas nunca mais havia ocorrido depois de se tornar cupido, até aquele dia.

     — Megan? Você está bem? — Kai perguntou, mas sua voz estava longe. A única coisa que ela ouvia eram os tiros; Não os de agora, mas os de muitos anos atrás.

— Vou te tirar daqui. Mas você precisa colaborar comigo. — Kai sussurrou e Meg tentou olhar em seus olhos, porém mais um tiro foi ouvido, e a cupido mergulhou na escuridão novamente, as lembranças nunca vieram tão fortes.

Kai a segurou e correu até a casa, entrando nela sem problemas com sua velocidade sobrenatural, e quando Megan percebeu, os tiros estavam mais baixos.

Meg e Kai se encontravam em um corredor dentro da mansão, o herege a ajudava a andar, porém agora ela não precisava mais da sua ajuda.

— O que aconteceu? — Megan perguntou, parando no meio do corredor.

— Você é quem estava tendo um surto do meu lado dessa vez, e já que eu não tinha um copo de água para me vingar, eu só puxei você e te trouxe até aqui. — ele falou com pressa e Meg ouviu a porta ser arrombada.

Eles correram pelo corredor até que Meg o puxou para uma porta secreta. Clichê? Muito. Mas ela era uma cupido, e como Meg já havia dito: Sangue de cupido era muito raro, então se um caçador a encontrasse, ela estaria ferrada. Para isso servia a porta secreta.

A entrada era invisível, e para que Meg decorasse onde ficava a porta sem bater de cara na parede foi um grande sacrifício, mas ela havia conseguido. Megan quase agradeceu Caitlin por ter mencionado a passagem, mas se lembrou que a chefa não havia dito onde era de propósito, então deixou pra lá o agradecimento.

     Não era um cômodo muito grande, mas era o suficiente para que ambos pudessem ficar a vontade, sem invadir o espaço pessoal um do outro.

     Megan suspirou e tentou ouvir os passos da pessoa na casa, mas não conseguiu.

     — Ele está nos procurando, mas foi em direção a sala. Não daqui. — Kai comentou se sentando no chão, parecendo cansado.

— Como sabe? — Meg perguntou.

— Eu ouvi seus passos. — ele respondeu.

— Claro. Vampiro. — Meg se lembrou, sentando ao lado de Kai no chão.
     Meg o observou. Kai realmente parecia cansado, por um segundo a cupido se perguntou se não estava acima do peso, porém ele tinha super força, não seria um motivo. Então ela encontrou o motivo de seu cansaço.  Seu braço sangrava, mesmo com a pouca iluminação da sala, ela consegue ver o sangue escorrendo.

— Santo Eric! — Megan exclama se ajoelhado ao seu lado, tentando ver o machucado. — Quando foi que uma bala lhe acertou?

Kai apenas fez o famoso "shh" pedindo por silêncio, então ela soube que a pessoa que havia atirado em Kai estava se aproximando.

     Meg observou o braço do herege, procurando o buraco da bala, porém não o encontrou. A blusa estava rasgada, estava suja com bastante sangue fresco, porém não havia corte nenhum ali. Fazia sentido, Kai havia se curado.

    A cupido respirou aliviada e tirou um frasco que guardava em seu bolso de sua saia Rosa, colocando um pouco do sangue de Kai ali. Ela o mandaria para Scott analisar o mais rápido possível.

Em segunda ela se levantou determinada. Ela iria acabar com aquela palhaçada de uma vez só, iria matar o desgraçado que havia atirado em sua casa e ameaçado a vida de seu protegido, a única forma de ela voltar a morar em Clarinde, porém Kai a impediu.

— O que você vai fazer? — ele sussurrou.

— Vou acabar com isso e descobrir o que ele ou ela quer. — ela respondeu.

— O que? Não! — ele sussurrou um pouco mais alto do que deveria.

— Preocupado com a minha segurança, Parker? — Megan pergunta presunçosa.

— Vai se ferrar. — Meg sorri, e ele deixou escapar um pequeno risinho desviando o olhar do dela, antes de ficar sério novamente e encará-la. — Você não vai. Ok?

— Não. Nada ok. — a cupido disse, porém antes que pudesse continuar a argumentar, eles ouviram uma voz masculina se pronunciar.

— Eu não quero machucar ninguém, eu só quero saber onde está a criatura com o nome ridículo de Malachai Parker! — exclamou uma voz muito familiar para Kai, que o fez se encher de raiva. Meg arregalou os olhos e se manteve quieta. — Cadê esse assassino de quinta categoria? Esse que matou quase toda a sua família, mas não ficou satisfeito e, quando voltou dos mortos, matou a irmã grávida no casamento dela, e, por fim, mas não menos importante. Que pôs minha namorada em uma espécie de coma do qual ela só poderá acordar quando a melhor amiga dela estiver morta! — ele exclamou alto, parecendo com raiva.

Megan engoliu em seco, sabendo quem estava ali. Damon Salvatore. O vampiro que havia assassinado Kai.

— Vamos. Não seja tão covarde quanto eu acho que você é. Prove que é homem suficiente para assumir o que você fez! — Com isso, o olhar de Kai mudou, agora era como se houvessem chamas queimando ali. Ele não deixaria aquilo assim, não deixaria Damon sair por cima. — Venha e vou te dar uma passagem só de ida para a sua casa; o inferno!

O moreno tentou se retirar da passagem que ele dividia com Meg, porém a garota o parou, colocando as mãos no peito de Kai, e negou com a cabeça.

— Me deixe ir. — Ele disse lentamente com um olhar tão frio que queimava.

     — Não. Ele irá te matar. Ou pior, você irá matá-lo. — insiste Meg.

— Ele não pode me matar, sou mais poderoso que ele. E, além disso, Ele já me matou uma vez, por que não posso matá-lo dessa vez? — Kai perguntou com raiva.

     — Por que ele está certo. Minha chefe Caitlin os juntou, sabia? Damon e Elena. Você não faz ideia do quão furiosa ela ficou quando descobriu que você os separou. Ela me deu a sua missão exatamente por isso, porque você estava sendo uma pedra no sapato de Delena. Você separou Damon do amor da vida dele. Faz alguma ideia do que é isso? — Meg perguntou o segurando para que ele não saísse do cômodo e a ignorasse totalmente.

     Kai mordeu o lábio inferior e bufou.

     — O que sugere que eu faça? — Ele perguntou emburrado como uma criança.

     — Deixe-o matá-lo. — Megan disse e Kai arregalou os olhos, horrorizado com a possibilidade de morrer novamente pelas mãos do vampiro. Aquilo feria seu orgulho. — Deixe-o! Você não irá morrer, pois com a minha magia o protegendo, e o meu sangue no seu organismo você se torna quase tão invulnerável quanto eu. Apenas Deixe-o pensar que está morto. É a única forma de ele nos deixar em paz.

     — Não! — ele exclamou e ela o encarou feio, como se repreendesse uma criança levada. — E se eu realmente morrer? E se ele cortar minha cabeça ou arrancar meu coração e eu cair morto?

      — Acredite! Eu temo isso tanto quanto você. Se você morrer. Eu perco minha missão e caio. Torno-me humana! — Meg disse exasperada, sem se dar o trabalho de esconder seu medo do herege. — Se você matá-lo. Caitlin irá fazer de tudo para que eu não consiga terminar essa missão. Então pela primeira vez na sua vida, faça algo que não seja a favor de si mesmo! Faça isso por mim. Eu juro que nunca irei pedir outra coisa. — ela implorava, sentindo seu coração doer com a possibilidade de voltar a ser humana e perder todos que ela se importava.

     Kai parou e pensou um pouco. Ela tinha razão. Quando ele já havia feito qualquer coisa que não fosse de seu próprio interesse? Mas o fato era que ele simplesmente era mais importante do que qualquer outra pessoa para si mesmo, todas as outras pessoas deveriam ser como ele. Era o que ele pensava. Como alguém poderia colocar outra pessoa em primeiro lugar de sua vida se não fosse a si próprio? Parecia algo impossível para Kai. Mas, por outro lado, ele poderia tirar vantagem daquela situação.

     — Tudo bem. Mas você estará me devendo algo. Pelo resto da sua vida, um dia, eu vou te pedir algo, e você vai cumprir. Não importa o que seja. — Ele disse a garota e ela assentiu. Kai não sabia exatamente o que queria, mas sabia o quão poderosos cupidos eram, e agora um deles tinha uma dívida com ele.

Meg soltou um suspiro de alívio e assentiu. Deveria confiar nele, ela pensou.

     Kai sorriu minimamente e saiu do quartinho escuro em que ele e Meg se encontravam. Ela ouviu seus passos por um tempo, até os sons pararem e uma discussão verbal começar.

A cupido tentou ouvir o que eles diziam, porém não obteve sucesso.

Então a garota tomou a decisão que estragaria todo o plano; Ela sai de seu esconderijo, querendo ouvir mais do que apenas palavras desconexas entre Kai e Damon.

Meg anda a passos lentos em direção ao som das vozes, na sala de estar.

     — Por que você fez aquilo? Foi apenas uma diversão para você estragar nossas vidas?

A resposta demorou alguns segundos.

— Na verdade sim. E um pouco de vingança contra Bonnie por me deixar naquele inferno de novo. Isso quando eu estava no modo bonzinho, ou melhor, sendo controlado por Luke, dentro do meu corpo. Mas agora ele não está mais aqui, está? — Kai respondeu irônico. Deveria deixá-lo matá-lo. Apenas isso, e para isso o deixaria com mais raiva do que já estava, afinal, não resistia a uma chance de provocar o outro.

— Eu te matei. Como está de volta? — Kai riu da confusão de Damon. — Eu te matei com as minhas próprias mãos. Literalmente. — O Salvatore disse com um sorriso orgulhoso.

     — Tenho mais amigos do que você pensa.

     Damon riu.

     — Duvido. — Damon respondeu. — Tem mais inimigos do que amigos. Até encontrei um deles vindo para cá.

     — Quem? — Kai perguntou curioso.

     — Theo Williams. Reconhece o nome? Parece que você matou a namorada dele também. Crystal Morgan? Soa familiar? — Damon perguntou irônico.

     Kai sabia quem ela era, havia ouvido aquele nome ainda hoje, no jornal. A garota morta na boate.

“Diga algo psicopata, Kai. O faça te matar.” Megan pediu mentalmente a ninguém em especial.

     — É... um pouco. Mas não tanto quanto Elena Gilbert. Ele era muito mais gostosa do que a loira afinal. — Kai disse sorrindo de uma forma que sabia que irritaria muito o vampiro, se juntando com a frase.

     Damon sacou uma arma.

     — Vai atirar em mim? — Kai perguntou rindo.

     — Não. — Damon respondeu. — A arma era só drama. Eu queria matar você com as minhas próprias mãos novamente, garantindo que você nunca mais vai voltar à vida. — ele continuou, soltando a arma, presente de Theo.

Meg soltou o ar que nem ao menos reparou que estava prendendo e, por um momento, a sala ficou em um completo silêncio. Então as vozes continuaram.

— Eu vim aqui com o propósito de te matar pelo que fez com Elena, Bonnie, Jo, Liv, e todo o resto das pessoas que você matou ou fez sofrer naquele casamento, e fora dele. — Damon diz, andando a passos lentos pela sala. — Mas eu percebi que eu posso ter piedade e não te matar.

Mesmo sem ver a cena, Megan sabia que Kai provavelmente arqueava a sobrancelha e sorria, o provocando.

— Jura? — ele falou com o tom zombeteiro que usava constantemente com Meg.

     — Isso mesmo. Eu não acho que irei te matar. Vou fazer melhor. — antes que Meg pudesse fazer qualquer coisa, ela sentiu seu braço ser puxado para a sala de estar com violência.

Um metal frio havia sido posto contra sua têmpora direita ao mesmo tempo em que eu sentia braços fortes a segurando, para que ela não fugisse.

— Eu posso matar alguém com que você se importe. — ele disse próximo ao ouvido da cupido.

Kai deixou o olhar oscilar por apenas um segundo. Mas logo se recompôs e disse:

— Acha mesmo que eu me importo com ela? Era só mais uma vítima, até você aparecer. Considere-a um presente, para fazer o que bem quiser dela.

Damon riu.

— Não vou engolir essa. Ninguém deixa uma prisioneira solta pela casa que, claramente, não é sua.

Meg não tinha resposta para aquilo, então reformulou o plano, ela tinha certeza de que um tiro na nuca não a mataria, então ela deveria fazer Damon atirar nela, e logo depois em Kai. Ou ela poderia dar uma de vítima e o único a levar tiros seria Kai. E assim, eles ficariam a salvo, ninguém iria atrás deles, e ela não precisaria nem sujar suas roupas novas.

— Você está certo! — Meg gritou, silenciando qualquer coisa que qualquer um deles poderia dizer naquele momento.

— Ele era meu amigo. Nos conhecemos desde pequenos. — Megan respondeu. — E sim, ele é um sociopata! Eu tento fazê-lo parar de matar pessoas desde que éramos jovens, e, quando ele morreu, ele se aproveitou dos meus dons de médium e me fez o trazer de volta. Eu não tive escolha, ele não parava de me atormentar! — Meg exclamou fingindo desespero. — Depois de Crystal, eu tentei ir embora, mas ele não me deixou, e me ameaçou. A única maneira de eu me libertar desse assassino é se eu morrer, ou se ele morrer, então, por favor, eu imploro que mate um de nós ou ambos. — ela continuou, deixando lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Interpretando o papel com sucesso.

— Você não quer ser livre de mim. Sempre teve uma queridinha por mim, Megan. E agora que você finalmente tem a chance, você vai desistir? — Kai manteve o papel, improvisando.

     O herege sorriu para Meg, um sorriso que mostrava que ele se segurava para não rir da expressão que a cupido fez, felizmente, Damon não percebeu aquilo. Meg o enviou um olhar que dizia que Kai iria pagar por ter feito o Salvatore achar que ela havia levado um fora do moreno.

     — Eu não vou negar, — ela foi obrigada a concordar. — mas eu não sabia quem você realmente era! E agora eu sei que você é só um assassino de Quinta que assassinou sua família inteira! — Meg gritou com ele.

     — Eu não faço a menor ideia do porquê das pessoas falarem dessa forma, como se quisessem jogar isso na minha cara e me fazer sentir culpado por isso. Vocês ainda não perceberam que eu não ligo? — ele disse sorrindo e começou a andar na direção de Meg, e, consequentemente, na de Damon, que ficou irritado pela petulância do Parker, que tirou a arma da têmpora da cupido e a soltou no chão, largando Megan e correndo até Kai, que, com pouca resistência, deixou Damon arrancar seu coração. Megan soltou um rápido grito de susto, que não durou muito, pois sentiu os braços de Damon a rodeando, em um... Abraço reconfortante?

A cupido ficou surpresa com a demonstração de afeto, por achar que Damon fosse um vampiro estuprador, frio, sociopata com todos, menos com a tal Elena Gilbert, por quem ele parecia sentir um profundo sentimento de amor. Mas ele havia acreditado na história de Meg, e decidiu que Kai era o único que deveria morrer para que ela pudesse viver o resto da sua vida livre de um idiota que só a puxava de volta toda vez que tentava seguir em frente.

E com aquilo, ela percebeu algo muito importante sobre aquele vampiro.

     Damon Salvatore era uma boa pessoa.


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Notas finais do capítulo

entaao. o que acharam amores?? o q acharam da apariçao rapida do Damon? comentem, vou adorar ler sua opiniao.
bjsss



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