Miranda: Coven escrita por wickedfroot, mandyziens, HappyCookies


Capítulo 5
Miss Me?




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Juan Hussie

Eu não acreditava que estava realmente ali. Ilha do Club Penguin, o local que aterrorizara minhas noites desde o inverno do ano anterior. Um lugar criado por Dylan, aquele terrível ditador que uma vez eu tinha chamado de namorado. Mas eu realmente estava ali, depois de tudo acontecer tão rápido.

Há alguns minutos, talvez mais de uma hora, eu estava no alto da montanha mais alta do Club Penguin. Então, sem aviso nenhum, uma ventania começou, e, quando vi, eu já tinha caído uns cinquenta metros. Como estava nevando, entrei em uma caverna próxima para me proteger, mas, sem nenhuma iluminação, acabei caindo por um túnel até chegar... Na sala do portal.

A sala onde tinha acontecido a batalha final no ano anterior, que terminou quando Dylan foi sugado para dentro do portal. Por algum motivo, o portal tinha aberto sozinho, e o máximo que eu consegui fazer foi escrever uma mensagem pedindo socorro em meu celular, enquanto era levado para aquela estranha máquina, deixando o objeto para trás, encostado em uma pedra.

Mas agora, eu estava naquele lugar grande, e, por mais contraditório que fosse, bonito. A Ilha do Club Penguin, na minha mente, era muito diferente: um lugar nublado, triste e vazio. Mas aquilo era... Incrível, talvez?

O primeiro lugar visível era um tipo de praia, cheia de areia, com algumas pedras circundando a água. Umas escadinhas de madeira levavam a um local mais alto cheio de guarda sóis e cadeiras, feitos para qualquer pinguim que quisesse passar um dia tomando sol. Um pouco ao lado, começava a aparecer a neve, onde, no alto de algumas pedras, um alto farol vermelho e branco se destacava. Uma corda de tirolesa conectava o telhado da construção até o outro lado da pequena praia.

No fundo, era possível ver vários gramados, onde algumas lojas de madeira com toldos coloridos se juntavam lado a lado, e pareciam oferecer vários produtos. Duas caixas de som ficavam em volta de uma pequena pista de dança em formato de círculo, com seus quadrados brilhantes mudando de cor a todo momento.

Várias palmeiras pertenciam à paisagem, que, olhando daquele lugar, era mais um paraíso tropical do que uma ilha de neve, com suas águas azuis claras batendo de um lado a outro, indo e voltando em uma sintonia perfeita com o movimento dos ventos que balançava as folhas das árvores e corria até o alto das montanhas.

À direita, era possível ver a paisagem tropical continuando pela costa da ilha. Porém, todo o resto era repleto de neve, o que se assemelhava muito ao Club Penguin original. As diversas montanhas subiam por todo o centro daquele grande mundo jogado no meio do mar, me impedindo de ver o que havia do outro lado.

— Juan? — Algo interrompeu meus pensamentos — É... É mesmo você?

Era Dylan. Por alguns segundos, eu tinha até me esquecido que ele estaria ali.

— Dylan — falei, friamente. O pinguim parecia um pouco diferente. Seus cabelos marrons escuros estavam bagunçados, diferente de como eles sempre eram, arrumadinhos perfeitamente. A barba parecia ter crescido desordenadamente na parte de baixo de seu bico, o que parecia transformá-lo em alguém totalmente diferente.

— Eu... Não vejo ninguém há tanto tempo... Tipo... É realmente você, né? Por que você está aqui? Você estava na caverna do portal? — ele disse, parecendo até um pouco emocionado.

— Sim, sou eu. E eu não devo nenhuma explicação a alguém como você.

Ele estava do outro lado da Prainha, em cima de uma pedra coberta de grama. Eu estava a alguns metros dele, sentindo a leveza da areia abaixo de meus sapatos. Atrás de mim estava uma réplica do portal que havia na caverna do Club Penguin original. Aparentemente, era ali que todos iriam sair quando fossem teletransportados.

Eu não sabia como reagir. Eu deveria correr? Me esconder? Dar um tapa na cara daquele idiota? Era o que dava vontade.

— Juan, deixa eu me explicar. Eu não te odeio. Essa ilha me fez perceber como eu estava errado.

— Por que você acha que devo acreditar em vo...

Eu fui interrompido por um pequeno terremoto que me fez cair deitado na areia, assim como Dylan, do outro lado.

— Mas o que...? — Perguntei, enquanto me levantava rapidamente, com o coração acelerado. Ele estava tentando me derrubar para me prender, talvez? Era óbvio que estava tramando algo. Eu precisava do momento certo para correr. Mas quando, e para onde?

Olhei em volta e vi que, à esquerda, uma floresta de pinheiros poderia servir como um bom esconderijo para mim.

— Estou dizendo! Esse lugar é maldito! Ela... Ela...

Ele parecia hesitante para terminar a frase, e eu não podia evitar a curiosidade em minha mente.

— Ela mandou esse terremoto como uma ameaça para eu não falar nada!

— Ela? Ela quem?

Ele hesitou novamente, parecendo que realmente estava com medo de falar muito. E, novamente, um terremoto aconteceu, me derrubando outra vez. Dylan também caía do outro lado, de bico no chão.

Me levantei em um segundo e comecei a correr, enquanto o pinguim ainda estava tentando se equilibrar.

— Espera! Juan! — ele gritou e começou a correr atrás de mim. Eu pensei que ele não fosse conseguir me alcançar, quando o vi chegando bem na minha frente por meio de uma tirolesa que eu não tinha reparado antes.

— Sai da minha frente!

— Por favor, a gente tem que conversar!

— Eu não tenho nada pra falar com você.

— Ah, mas você vai falar comigo sim, por bem ou por mal.

— O que disse machista? — gritei, enquanto dava um tapa em sua cara e um chute em sua barriga e saía correndo. Enquanto ele dava um grito e caía no chão, eu corri para a floresta e rodopiei de um lado ao outro no meio dos altos pinheiros.

As árvores eram algumas baixas e outras altas. Nenhum animal parecia estar ali, nem mesmo um pequeno puffle. Após alguns segundos correndo, eu já estava cansado, mas vi a entrada de uma caverna ali. Seria um ótimo esconderijo.

Entrei no local e vi cristais azuis e rosa que refletiam algum tipo de luz que eu não conseguia entender de onde vinham, trazendo uma claridade ao local e permitindo que eu conseguisse achar algum lugar bom para me sentar.

“Se eu ao menos tivesse alguma comida aqui...” eu pensava, quando, sem nenhum sinal, um tipo de peixe assado apareceu do nada, em cima de um prato em minha nadadeira. Aquela ilha era cheia de surpresas. Coma, você está com fome, uma voz dizia em minha mente, enquanto outra falava deve estar envenenado. Você não pode confiar em Dylan.

Decidi esperar. Se não houvesse nenhuma outra alternativa, eu comeria o peixe. O tempo foi passando, até que eu vi o reflexo do pôr do sol em meio às árvores, e percebi que logo a noite estaria chegando. Ainda bem que eu tinha meu moletom quentinho listrado ali para me proteger do frio.

Eu queria dormir, mas minha barriga roncava. Eu precisava comer. Já tinham se passado algumas horas de tédio quando ouvi um barulho vindo de fora. Peguei uma pedra para caso fosse algo que pudesse me machucar e esperei alguns segundos.

Depois de um tempo suando frio e com o coração batendo rápido, um vulto apareceu.

— Graaah! — gritei, jogando a pedra em direção ao inimigo.

— Aaaah! — um grito veio da sombra, na voz de Dylan. Devido à minha má mira, o pesado objeto caiu meio metro na frente do pinguim — Calma, Juan! Sou só eu! Venho em paz!

Revirei os olhos ao ver quem estava ali.

— Eu já disse que não quero falar com você! Seu ditador, babaca!

Dylan foi se aproximando da entrada da caverna enquanto eu ficava de pé.

— Olha, Juan, eu sei que você não quer conversar. Mas essa ilha pode deixar qualquer um louco se estiver sozinho. Eu vou acampar aqui nessa floresta, e, se você quiser, pode vir falar comigo. Sem pressão nenhuma.

Eu não sabia se confiava nele. Como eu poderia, depois de tudo que ele tinha feito?

— Só me deixa em paz, certo?

Ele ficou alguns segundos sem dizer nada.

— Certo, tudo bem — ele respondeu, enquanto meu estômago roncava — Você pode comer o peixe, tá bom? É delicioso.

Ele entrou na caverna e pegou o peixe que estava no prato e deu uma mordida. Parecia que estava tudo bem em comer aquilo.

— Aliás, se aqueça.

Uma fogueira apareceu toda pronta na caverna, enquanto Dylan se direcionava para a floresta de pinheiros novamente. Eu me aprontei para comer o peixe enquanto a fogueira, aos poucos, aquecia meu corpo.

Os dias foram passando naquela caverna tediosa. Eu não queria ficar sozinho. Como estavam meus amigos no Club Penguin? era uma pergunta que não saía de minha cabeça. Greeny, Minkis, Thay, eles estavam bem? Quem eram aqueles pinguins que tinham aparecido de dentro da caixa?

As preocupações não deixavam meus pensamentos enquanto eu andava para fora da caverna. Andei por alguns metros até encontrar o tal acampamento do qual Dylan tinha falado. Era apenas uma barraca em um espaço sem árvores com uma fogueira apagada em sua frente. Afinal, estava de dia. Será que ele está aqui?

— Juan? Você veio? — Ouvi uma voz atrás de mim. Era Dylan, aparentemente voltando para o acampamento.

— Eu ainda não confio em você. Então, me diga. Por que eu deveria confiar?

Ele hesitou por alguns momentos, demonstrando surpresa em seu rosto. Ao começar a falar gaguejou um pouco:

— E-eu posso... Te contar sobre tudo. Como a Ilha do Club Penguin foi criada e quem me ajudou a fazer tudo isso.

— Você vai me falar quem é a “Ela” que você disse alguns dias atrás?

Por mais alguns segundos ele ficou hesitante.

— Sim. Eu vou falar.


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