Zeros e Uns escrita por Creeper


Capítulo 14
Capítulo 12: Onde você está?


Notas iniciais do capítulo

Olaaaa! E aí, como passaram o Natal? Nossa, o meu foi uma porcaria!
Mano, nem posso crer que a gente tá na reta finalzona do ano! Cara, logo mais já é 1 de janeiro de 2019! Não sei se é por causa dessa época de festividades, mas eu não estou no meu melhor estado, então até peço um pouco de desculpas pelo modo que deve ter saído o capítulo, já que durante a revisão eu fui modificando algumas coisas e pá...
Enfim, eu espero que vocês tenham uma ótima leitura! Tô pensando que esse vai ser o anti penúltimo capítulo, já que eu talvez divida o último em dois, que tal? Bom, não sei, vamos ver.



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— Por que o governo teria uma base justo no meio desse matagal em uma cidade tão caipira?! – Matheus questionou.

A poucos metros de distância de nós, havia uma construção exageradamente grande e iluminada, cercada por um alambrado que contava com o reforço de uma cerca elétrica. Optamos por nos esconder atrás de algumas árvores, o que dificultava um pouco a nossa visão, sendo incapazes de identificar mais alguma coisa na área do prédio.

De qualquer forma, minhas esperanças haviam aumentado. Existia a grande possibilidade de André estar dentro daquele prédio e “bem” na medida das circunstâncias.

— Eu realmente não sei. – sussurrei perplexo. – Me lembro de ter achado o nome do remetente do e-mail um tanto estranho. – confessei.

— Então, pode ser que não se trate do governo? – Matheus sussurrou de volta.

— Só saberemos se entrarmos lá. – franzi as sobrancelhas e cerrei os punhos.

— Até que faz sentido, levando em conta que o nosso governo só pensa em corrupção... Acho que nunca pensaram em investir nos jovens dessa maneira. – ele alfinetou.

Será que havíamos ficado cegos pelas promessas do jogo e o quão especial ele nos fazia sentir, que não conseguimos notar que estávamos sendo enganados? Tudo estava mais do que confuso naquela altura do campeonato.

Notei Matheus semicerrar os olhos quando um reflexo bateu em sua face. Direcionamos nossos olhares na direção que vinha a luminosidade, havíamos nos aproximado ainda mais da construção e já conseguíamos enxergar melhor sua forma.

Meu coração falhou uma batida ao constatar que havia duas pessoas logo atrás do alambrado, ambas pareciam ter saído direto de uma seita por causa dos mantos e capuzes que trajavam. Automaticamente, nos escondemos atrás de uma árvore de tronco amplo.

Não conseguia nem piscar os olhos, era como se eu houvesse entrado em modo de alerta. Esforçava-me para evitar que minha respiração se tornasse irregular ou que minhas pernas tremessem ao ponto de serem incapazes de me manter de pé. Meu corpo se enchia de arrepios a cada vez que eu olhava de soslaio para aquelas pessoas em frente à duas grandes portas de metal.

— E agora? – minha voz saiu de maneira inaudível, eu estava completamente paralisado, meus lábios sequer se mexiam.

Enxergava somente metade da silhueta de Matheus em minha frente, mesmo assim, conseguia identificar sua expressão de nervosismo e o suor brilhando em sua testa.

— O GPS? – Matheus sussurrou, aproximando-se um pouco, arruinando meu plano de estabelecimento de fôlego.

Com a mão trêmula, retirei o celular do bolso e o entreguei ao garoto. O GPS indicava que o ponto laranja estava logo a nossa frente, a menos de 8 metros. Um leve sentimento de coragem bateu em meu corpo, mas eu não consegui me mover.

Matheus segurou o pedaço de madeira que trazia consigo desde o nosso encontro no colégio, coisa que me fez repreendê-lo:

— Será que você podia não partir para a violência? Você tem só dezesseis anos.

— Dezesseis anos e um pedaço de pau. E eles tem o que? – Matheus arqueou uma sobrancelha.

— É, mas você sabe que a melhor arma que temos são nossos cérebros... – franzi as sobrancelhas.

— Quanto tempo você acha que eu vou levar para nocautear aqueles esquisitões com o poder da mente? Para a sua informação, eu não sou nenhum X-Men. – ele bufou.

— Viu? Por isso ninguém gosta de você no colégio, sempre recorrendo a essa sua força bruta... – inflei as bochechas quentes.

— Ah, você quer ter nossa primeira DR logo aqui? – Matheus franziu as sobrancelhas.

Quando eu ia abrir a boca para rebater, o tema desafinado de Titanic Flute (Fail) começou a tocar em um nível estridente no breu da floresta. Fixei meu olhar na outra mão de Matheus, a qual segurava meu celular que vibrava e brilhava intensamente.

Agarrei o aparelho e quase o soquei para que desligasse, meus dedos estavam suados demais para deslizar sobre a tela, então fui obrigado a arrancar a bateria e para o meu azar, a deixei cair no meio do mato.

— Droga, droga, droga! – resmunguei e passeei meus olhos pelo chão, na expectativa de encontrar a bateria.

Péssima hora para a Paulinha me ligar!

Acendi a lanterna, entretanto, ela foi bruscamente arrancada de minha mão e jogada para longe, o feixe de luz iluminando parte da floresta e logo desaparecendo nos arbustos. Levantei a cabeça para xingar o desgraçado do Matheus, mas seus olhos arregalados e maxilar tenso deixaram-me calado.

— Nos acharam. – sussurrou apavorado.

Olhei para trás institivamente, sendo capaz de fitar alguém abrindo o portão e vindo em nossa direção com passos pesados e rápidos.

— Sangue de Jesus tem poder. – mordi o lábio inferior com força. – O que vamos fazer?! – meu grito saiu esganiçado.

— Pernas pra que te quero! – Matheus agarrou meu braço e me puxou, obrigando-me a correr.

Corremos, corremos e corremos. Senti como se meus pulmões fossem ser vomitados a qualquer hora. As batidas de meu coração eram tão altas que quase abafavam o som das folhas e galhos sendo pisoteados atrás de nós. Era como se houvéssemos esquecido de que estava escuro, apenas corríamos e seguíamos nossos instintos, torcendo para que não batêssemos de cara com uma árvore ou tropeçássemos nos cipós.

Toda aquela escuridão parecia não ter fim, eu me sentia aflito e em total desespero. O ar quente envolvia meu corpo e brigava com a camada fria de suor que havia surgido em meio ao pavor, minha respiração e pernas ameaçavam falhar a cada metro percorrido.

Não posso desistir, não posso desistir. Por que eu vim para cá? Por quê?!”, cerrei os dentes ao ter esse pensamento martelando em minha cabeça.

Então, lembrei-me porque eu estava ali, em plena madrugada, correndo no meio de uma floresta.  Era pelo André. E eu estava correndo para longe dele.

Parei bruscamente, deixando meu corpo desiquilibrado. Antes que eu pudesse me virar para trás, a gola de meu casaco foi puxada com uma força absurda e fui jogado para dentro de um buraco não muito fundo, rodeado por alguns arbustos.

Quase gritei e me debati, todavia, me acalmei automaticamente ao sentir aquele cheiro de canela com limão junto ao de terra fresca. Escutava sua respiração ofegante e conseguia ver minimamente seu peito subindo e descendo.

Um calor infernal percorreu todo meu corpo e o suor fez com que minhas roupas grudassem a minha pele de um modo que me fazia desejar estar morto.

O som de passos foi ficando cada vez mais alto, aumentando o meu ritmo cardíaco e respiratório. Fechei os olhos com força e cravei meus dedos na terra, rezando para que Deus me tornasse invisível naquele momento.

De repente, o ambiente ficou silencioso. Não havia nenhum som de passos, respirações ou animais, coisa que me fez pensar que tudo aquilo era um sonho. Que eu estava em casa em segurança com André ao meu lado.

— Acho que ele foi embora. – a voz de Matheus me trouxe de volta a realidade.

Abri os olhos e observei a silhueta do garoto em minha frente, tentando sair do buraco. Éramos altos, então não precisávamos de muitos esforços para alcançar as bordas.

Minhas pernas fraquejaram quando meus pés tocaram o chão, acabei tendo que apoiar-me em Matheus.

— Eu só quero ir embora, vamos buscar o André logo. – murmurei, a adrenalina escorrendo de meu corpo aos poucos, o cansaço me consumindo.

— Tudo bem. – Matheus sussurrou. – Tudo bem? – mesmo que eu não pudesse vê-lo, sabia que estava me encarando.

—  T-Tudo. – meus lábios tremeram. – Eu acho. Não estou acostumado a ser perseguido. – falei, porém, repensei. – Perseguido por um estranho em um lugar desses. – corrigi.

— Certo, agora precisamos lembrar o caminho que fizemos até chegar aqui. – Matheus segurou em meus ombros e afastou-me lentamente.

— Por quê? Nós temos o... – levei minha mão ao bolso e não senti meu celular, meu coração falhou uma batida e o ar me faltou (coisa que não estava sendo novidade na situação). Tateei minha calça desesperadamente, revirei meu casaco e fucei minha mochila inteira. – Onde...? – sussurrei pasmo.

Foi quando me dei conta de que a bateria havia ficado no chão e meu celular devia ter caído durante a correria. Fechei os olhos com força e engoli em seco.

— Minha mãe vai me matar. – murmurei, batendo com a testa em um tronco.

— Depois que essa confusão passar, eu te ajudo a achá-lo ou... Comprar um novo na feira do rolo... – Matheus disse de maneira solidária.

— Obrigado. – suspirei derrotado.

 

xXx

  

05hrs54

 

Sem o GPS ou uma lanterna, demoramos muito tempo para encontrarmos o prédio novamente, nossos corpos apenas não caíam de cansaço por causa do medo que nos mantinha despertos. Foi quando recebi um estalo em minha cabeça.

— Me diz, como é que você não dormiu até agora? – questionei.

— E eu sei lá. – Matheus tombou a cabeça para o lado.

— Isso que você tem... É uma doença ou algo do tipo? – o fitei com atenção. Será que eu fui indelicado?

— A Fernanda acha que eu possa ter narcolepsia... Mas eu nunca deixei ela me levar a um médico de verdade para fazer algum exame e todas essas outras besteiras. – ele suspirou. – Eu só devo ter o sono desregulado mesmo, não é algo para se preocupar.

— Quer descansar um pouco? – perguntei de modo atencioso.

Matheus encarou-me e deu um sorriso bobo, em seguida respondeu:

— Nossa prioridade aqui é outra.

Cruzei os braços, insatisfeito. Fiquei preocupado. Preocupado por talvez ele estar se esforçando demais ou obrigando-se a manter-se acordado.

— Ei, me promete uma coisa? – murmurei envergonhado.

Ele parou de andar e fez um sinal com a mão para que eu prosseguisse.

— Promete que vai deixar a Fernanda te levar ao médico depois que sairmos daqui? – balbuciei e desci meu olhar para minhas mãos cerradas.

Nunca iria admitir, mas eu me importava com o bem-estar do “Zero,”, não podia aceitar que ele continuasse com aqueles surtos de sono sem ao menos ser diagnosticado.

— E o que eu recebo em troca? – Matheus aproximou seu rosto do meu abruptamente, assustando-me.

— S-Só me prometa. – ousei olhá-lo nos olhos. Ele estava tão próximo que conseguia sentir sua respiração batendo contra minhas bochechas.

— Tudo bem. Eu prometo. – ele revirou os olhos e voltou a andar. Pude notar que seus dedos estavam cruzados atrás de suas costas.

— Ei! – reclamei e o escutei rir em seguida.

 

xXx

 

6hrs10

 

Conseguimos finalmente voltar ao prédio, com a total noção do tempo que perdemos.

Havia uma pessoa encapuzada em frente a porta principal, dessa maneira, decidimos dar a volta no prédio e tentar entrar por trás. Os mínimos raios de sol que conseguiam atravessar as copas das árvores iam nos dando o ar de sua graça, iluminando parcialmente nosso caminho.

— André vai ter que nos agradecer muito por isso. – Matheus comentou, parando quando chegamos a uma ladeira que nos levaria a parte de trás do prédio, também protegida por alambrado e cerca elétrica.

— Realmente. – limpei o suor de minha testa, desgrudando os fios de cabelo que estavam grudados ali.

— Vamos? – ele me fitou. Notei que em algum momento ele perdeu seu boné, deixando mechas aleatórias de cabelo caindo sobre seu rosto.

— Você fica bem melhor sem boné. – isso saiu de minha boca sem querer. Imediatamente desviei meu olhar e senti minhas bochechas esquentarem ao refletir que Matheus era até que bonitinho.

— É mesmo? – Matheus soltou uma risada abafada e começou a descer a ladeira cuidadosamente.

Soltei ar pela boca e fitei a copa das árvores, reparando no céu laranja através das folhas.

Descemos a ladeira e ao chegarmos ao alambrado, Matheus teve a brilhante ideia de bater nela com o tal pedaço de madeira que ele não largou nem durante a correria.

— Não acha que está fazendo muito barulho?! – minha intenção era sussurrar, mas meu tom se elevou.

— Você prefere isso ou morrer eletrocutado? – ele apontou para a cerca elétrica acima de nossas cabeças. – Porque, olha, não há nada que eu adore mais do que cheiro de moleque queimado logo pela manhã!

Revirei os olhos e cruzei os braços.

Demoraria muito tempo até Matheus entortar aquilo na base da pancada, então pensei se Paulinha teria colocado algo na minha mochila que pudesse nos ajudar naquela situação.

Retirei de lá alguns pacotes de salgadinho, garrafas de água, roupas, lenços umedecidos, corda, repelente, pilhas para a lanterna, esponja de aço, uma frigideira e... Um alicate!

Por isso a mochila estava tão pesada, Paula havia colocado quase minha casa inteira ali dentro!

— Toma, usa isso. – entreguei o alicate para Matheus.

Matheus olhou de mim para o alicate, deu de ombros e largou o pedaço de madeira. Ele concentrou-se em cortar os fios do alambrado com certa violência, tornando visível sua falta de agilidade naquilo.

Vez ou outra, o escutava reclamar sobre suas mãos estarem doendo, mas eu apenas rebatia dizendo que ele finalmente estava usando a tal força dele.

— Acho que dá para passar. – Matheus disse ofegante ao encarar o buraco minúsculo que havia feito no alambrado após longos vinte minutos.

— Sério? – olhei para o buraco com desdém.

— É o clássico “enfia que cabe”. – ele limpou o suor de sua testa e jogou-me o alicate.

Semicerrei os olhos ao identificar um teor de malicia em sua frase.

Guardei tudo de volta na mochila e antes que eu pudesse colocá-la em meus ombros, Matheus a puxou e a jogou por cima da cerca.

Observei a coitada levantar poeira ao cair no chão de concreto. Fitei Matheus com as sobrancelhas franzidas.

— Qual é, você não ia conseguir passar com ela! – Matheus provocou.

— E se ela tivesse sido eletrocutada?! – ralhei e fui ignorado. – Aquela mochila é como uma filha para mim!

— Me poupe, seu dramático. – ele deu uma risadinha.

Antes que ele pudesse pegar o pedaço de madeira, fui mais rápido e o joguei para longe com as mínimas forças que me restavam. Nunca que iria conseguir jogá-lo por cima da cerca e eu também já estava querendo me livrar dele.

Matheus encarou-me indignado.

— Você não ia conseguir passar com ele. – dei um sorrisinho sarcástico.

Ele bufou e abaixou-se para passar pelo buraco, fazendo muito esforço para que suas roupas se desprendessem dos arames e seu corpo estivesse do lado de dentro. Comecei com as pernas, o que foi uma má ideia, pois os arames vieram me arranhando desde a barriga até o pescoço e minhas vestes ganharam alguns rasgos.

Depois de muito sufoco, estávamos dentro. Olhamos ao redor e constatamos que não havia câmeras ou guardas por perto, a barra estava limpa.

Ali era uma espécie de estacionamento, havia vans pretas por toda parte, todas aparentemente vazias. Ao lado de uma caçamba de lixo, estava uma singela porta, quase escondida.

Ousei forçar a maçaneta para baixo e impulsionar a porta para frente, a abrindo. Aquela sensação de coragem voltou ao meu ser quando observei o interior branco do prédio, exalando um ar gelado e assustador.

— Parece um hospital. – Matheus sussurrou, fechando a porta com cuidado ao passar por ela.

Havia um amplo e longo corredor a nossa frente, sequer sabíamos aonde ele iria acabar.

— Onde será que ele está? – sussurrei, dando curtos e cautelosos passos, olhando para todos os lados conforme andava. Castiguei-me mentalmente por não ter mais o GPS.

Continuamos andando em silêncio, mantendo uma cautela invejável aos espiões dos filmes.

Ao chegarmos na metade do corredor, havia inúmeras portas fechadas, deixando-me até zonzo com a quantidade.

— Vamos nos separar. – falei sério. – Será mais fácil para o encontrarmos.

— E se alguém encontrar você? Vai saber se defender? – Matheus me fitou preocupado.

— Está tudo aqui. – apontei para minha cabeça. Por dentro eu sabia que não aguentava três minutos no soco com ninguém.

— Confio em você, mas grite se precisar de ajuda. – Matheus suspirou. – Nos encontramos aqui em cinco minutos, certo? – apontou para o relógio em meu pulso.

— Certo. – assenti determinado.

Assim nos separamos. Andei mais um pouco até abrir uma porta aleatória e adentrar o cômodo cheio de cestos de roupas. Estava prestes a sair dali por achar que não havia nada relevante, entretanto, como mágica, meus olhos se prenderam em um moletom amarelo em cima de uma pilha com outras peças.

Agarrei o moletom de maneira selvagem e o levei ao meu rosto, sentindo o cheiro do perfume de André invadir minhas narinas. Aquele perfume que eu odiava. Aquele perfume que eu gostaria tanto de sentir de novo em seu corpo. Creio que devido ao tempo, o perfume de Paulinha já havia se esvaído, de forma que eu não conseguia senti-lo.

De primeira, não entendi por que seu moletom estava ali, mas uma aflição consumiu meu ser. Eu precisava encontrá-lo o mais rápido possível.

Corri para o corredor em que estava com Matheus mais cedo e não o encontrei. Com o sentimento de aflição aumentando a cada segundo, andei até uma porta entreaberta que permitia a saída do som de algo sendo quebrado. Antes que eu pudesse abri-la, um alarme soou alto e as luzes fosforescentes tornaram-se vermelhas.

O ar faltou em meus pulmões, meu estômago se embrulhou e minhas pernas congelaram. Precisava encontrar André e Matheus. Instintivamente, abri aquela porta em um único empurrão e encontrei um garoto batendo em alguns computadores com um teclado.

— Matheus! – arregalei os olhos. – O que caralhos você tá fazendo?! – fechei a porta e pressionei minhas costas contra ela.

— Destruindo o jogo, ué. – Matheus soltou o teclado quase partido ao meio.

— Esse não era o nosso objetivo! – rangi os dentes, escutando o alarme ficar cada vez mais alto.

— Você quer que isso continue a existir e que outros cem adolescentes passem pelo que estamos passando?! – ele encarou-me com o semblante sério.

Engoli em seco e pousei a mão sobre minha testa, afastando os fios de cabelo dali. Ele não deixava de estar certo.

De repente, senti um forte impacto na porta, o qual me fez perder o fôlego e quase arremessou meu corpo para longe.

Matheus arregalou os olhos e correu até mim, me amparando e forçando a porta para trás.

— Merda. – ele murmurou. Com uma mão ele segurava a superfície da porta e com a outra ele tocava minhas costas.

Mais um empurrão violento na porta, vindo novamente do lado de fora. Meu destino seria cair se não fosse por Matheus me segurando.

— Seguinte. – Matheus rangeu os dentes. – Vamos abrir a porta. Eu vou tacando qualquer coisa em quem quer que esteja atrás dessa porra e você corre para encontrar o pouca sombra. – explicou rapidamente. – De acordo?

Um nó se fez presente em minha garganta e por mais que meu peito gritasse “NÃO!”, eu assenti lentamente.

Matheus deu um sorriso fraco, agarrou um extintor de incêndio e olhou-me por um breve segundo antes de abrir a porta. Havia três encapuzados do lado de fora, a sombra em seus olhos os tornava ainda mais assustadores.

Antes que um deles pudesse tocar em mim, o extintor voou por cima de minha cabeça e acertou o mais distante deles. Rangi os dentes e fuzilei Matheus com o olhar, mas ele apenas me ignorou.

As outras duas pessoas foram ajudar o coitado derrubado no chão, aproveitei a distração para correr para longe. Olhei para trás, observando Matheus arrancando um cano da parede. Foi quando notei que ele estava tremendo, o medo exalava de seu corpo.

Matheus também tinha medos. Assim como eu, como André, como minhas mães, como todo mundo. Ele ainda era um ser humano. Desejei nunca ter colocado Matheus naquela situação, seria minha culpa se ele se machucasse seriamente ou desmaiasse de sono.

Eu quis chorar. Quis permanecer ali com ele. Mas ele gritava, me mandando correr, enquanto eu em silêncio, implorava para ficar.

— Por favor, me encontre em segurança, “Zero,”. – movi os lábios lentamente, esperando que ele compreendesse.


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Notas finais do capítulo

POIS É, eles ainda não acharam o André e não, não foi dessa vez que teve beijo! Espero que tenham gostado do capítulo e bom... Agora é sério, só nos veremos no ano que vem XD! Eu lhes desejo um Feliz Ano Novo e que ele seja muito próspero ♥! Não sei se vocês comemoram a virada, se acham isso bobo ou não, apenas espero que vocês fiquem felizes e comecem 2019 cheios de virtudes! Ok, tô parecendo aquela tia velha falando, né?? Tia Creeper ainda tem a metade de 30 anos, então vamos dar uma segurada no discurso de final de ano, porfis kkkkk
Mas... De verdade, eu agradeço a vocês, por todos os bons momentos que me trouxeram, pelos sorrisos que me fizeram dar, pelas motivações, pelo apoio, pelo carinho... Obrigada ♥ E que venha 2019 e continuemos assim kkkk!
Bjjjjoooooooes! Até o próximo capítulo!!!!
Com muito amor,
—Creeper.