Zeros e Uns escrita por Creeper


Capítulo 13
Capítulo 11: Segredos da escuridão


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii, povo lindo! Como estão nessa vibe de fim de ano?
QUERIA RECLAMAR QUE:
1) O final de Banana Fish (anime da temporada) foi uma MERDA! Nossa, estou full putassa desde ontem...
2) QUE CALOR DA DESGRAÇAAAAAAAAAAAAAAA
Ai, estamos na reta final, tanto da história, quanto do ano... Já começaram as retrospectivas? Meu 2018 foi estranho e não um estranho bom, foi um estranho ruim, a única coisa boa que tirei disso tudo foi essa fic e os bombons que ela me trouxe (sim, vocês são meus bombonzinhos ♥).
Enfim, espero que gostem do capítulo e tenham uma boa leitura ♥!



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02hrs15 de 24 de agosto

 

— Posso perguntar uma coisa? – Matheus exclamou.

— Se for perguntar de novo sobre o nome dos nossos filhos, vou te mostrar aonde eu vou enfiar esse pau. – olhei de soslaio para o pedaço de madeira carregado por Matheus.

— Oh, Lucas, já estamos nesse estágio e você nem me avisou? – ele riu malicioso.

— Não tem graça. – revirei os olhos e inflei discretamente as bochechas.

— Na verdade, eu ia perguntar como você pretende achar o André. Sabe... Para onde estamos indo? – olhou ao redor, estávamos entrando em um bairro desconhecido.

Lhe mostrei a tela de meu celular, havia um mapa nela e um pontinho laranja em um canto. Era como um GPS, porém, muito mais simples.

— O André tem um rastreador ou algo do tipo? – Matheus arqueou uma sobrancelha. Senti que ele estava debochando, contudo, eu calaria a boca dele rapidinho.

— Se ele ainda estiver vestindo o moletom amarelo, sim. – respondi um tanto orgulhoso.

— Explica isso... – ele fez uma careta.

 

“– Quem vencer mais vezes no esconde-esconde, fica com a sobremesa do perdedor durante uma semana. Que tal? – André sugeriu.

 

Era uma tarde de inverno, entretanto, não estava frio o suficiente para que ele usasse aquele moletom amarelo tão maior que seu corpo.

 

— Não é justo, você sempre vence. Por que não jogamos dama? – murmurei emburrado.

 

— Porque esconde-esconde é mais divertido. – André inflou as bochechas e jogou-se no balanço velho que havia em nosso quintal.

 

Suspirei derrotado, lembrando-me do que minha mãe havia me instruído. Marta havia lhe contado que André tinha um enorme vício em videogames e quanto mais tempo eu conseguisse mantê-lo ao ar livre, mais tempo ele ficaria entretido com atividades saudáveis. Confesso que preferia jogar dama, todavia, isso deixava André entediado e ele logo caçava seu console portátil.

 

— Tá bom. – revirei os olhos e coloquei-me no ‘bate ponto’, no caso, o muro branco que rodeava nossa casa.

 

Era legal ver o André brincando, mas não era nada legal ele roubando minha sobremesa. Meu irmão era pequeno e rápido, sempre passava despercebido por mim e acabava tanto se salvando, quanto me pegando.

 

Foi aí que eu bolei uma brilhante ideia. Estava com meus 13 anos, na minha chamada ‘fase gênio’ e sentia a necessidade de criar equipamentos mirabolantes e gambiarras. Demorou muito até ficar perfeito, todavia, iria servir.

 

Era um aparelho tão pequeno que podia ser confundido com aquelas luzinhas de árvore de Natal. Não tinha nenhuma estabilidade ou estrutura confiável, o que me fazia pensar seriamente que André quebraria aquilo no primeiro tombo. Decidi arriscar, colocando o ‘mini rastreador 1.0’ no moletom favorito de André, o qual, meus caros amigos, fedia muito por ele nunca tirar do corpo.

 

Claro que não funcionou tão bem da primeira vez e eu continuei perdendo sobremesas. Estava cansado de ter de tirar o ‘mini rastreador 3.0’ (sim, já havia chegado a terceira versão) toda vez que o moletom ia ser lavado (o que acontecia raramente, mas ainda assim era cansativo).

 

Felizmente, paramos com o esconde-esconde conforme crescemos. André também parou de usar o moletom depois que Paulinha espirrou um pouco de seu perfume no tecido e o rastreador acabou ficando por lá, abandonado.”

 

E no exato dia em que André desapareceu, 23 de agosto, ele estava usando o moletom (nem sei como definir isso... Sorte? Destino? Acaso? Coincidência? Deus?). Não podia confiar plenamente na luzinha de árvore de Natal já que ela podia quebrar a qualquer hora, mas no momento era a única coisa que tínhamos para seguir.

— Ele tem aquele moletom desde que éramos menores. Nós sempre brincávamos de esconde-esconde e ele sempre acabava ganhando, então bolei uma estratégia para achá-lo mais rápido: instalei um rastreador na roupa dele e o conectei com meu celular. – resumi para Matheus.

Eu sei, eu era um mau perdedor, me julguem.

— Que trapaceiro. – Matheus levantou as sobrancelhas.

— Isso não importa agora, vamos. – falei firmemente.

Não sabia por quanto tempo manteriam o moletom em André, por isso cada segundo era precioso.

 

xXx

 

Andamos por mais um longo tempo até chegarmos a uma ladeira que nos levaria para fora da cidade. Era a segunda vez que eu sairia da cidade sem a permissão de minha mãe, estava ferrado em um nível extremo, entretanto, por uma boa causa.

— Se seguirmos por aqui, apenas vamos encontrar um monte de mato. Tem certeza de que o GPS tá certo? – Matheus questionou, ele não calava a boca um minuto, estava repensando se realmente havia sido uma boa ideia levá-lo comigo (porcaria de hormônios!).

— Tenho. – mordi o lábio inferior, um tanto incerto. Tinha nada.

— Okay, sobe aí. – Matheus posicionou-se em cima da bicicleta.

Arregalei os olhos e afastei-me institivamente. O que ele estava pensando?!

— Eu não vou subir. – olhei dele para a bicicleta.

— E por que não? – ele arqueou uma sobrancelha.

Não fiz questão de responder, apenas comecei a descer, tentando manter o equilíbrio no terreno íngreme. Eu queria poupar tempo, contudo, parecia impossível daquela maneira, tendo que calcular cada passo para evitar que meus tornozelos torcessem ou que eu tropeçasse e rolasse ladeira abaixo.

— Você deu tipo... Cinco passos em um minuto. – Matheus comentou, sua voz mais próxima do que eu esperava (o que queria dizer que eu não havia ido muito longe). – Ops, um passo em cinco minutos, desculpe. – ele riu com deboche.

Talvez eu não quisesse subir na maldita bicicleta porque meus pulmões, coração e cérebro paravam de funcionar só de pensar que aquele garoto era o “Zero,”, o mesmo pelo qual soltei suspiros apaixonados e fantasiei momentos românticos.

— Lucas... – ele chamou, fazendo-me parar e virar-me. – Deixa de frescura e sobe logo. – disse impaciente.

Respirei fundo e andei até ele, um tanto hesitante.

— Você sabe controlar o guidão, apertar o freio e essas coisas? – Matheus perguntou, movendo-se para a barra superior da bicicleta.

Balancei a cabeça negativamente e o observei prender a risada.

— Qual é! Eu nunca tive uma bicicleta. – cruzei os braços.

— Imaginei. – ele deu um sorrisinho que me fez desviar o olhar.

Ele ainda era aquele idiota de sempre, talvez um pouco melhor, só um pouquinho. Mas não era hora para pensar nisso, eu tinha prioridades.

— Você vai atrás, cuidado para não cair. – Matheus falou, apontando para o banco. – Pode se segurar em mim, se quiser. – provocou enquanto eu me sentava.

— Estamos perdendo tempo... – murmurei ao colocar as mãos embaixo do banco e o apertar com força.

— Como se a culpa fosse minha. – ele posicionou os pés nos pedais e soltou o freio, fazendo com que a bicicleta descesse em uma velocidade absurda pela ladeira coberta de buracos e entulhos.

No primeiro buraco pelo qual passamos, senti o solavanco ameaçar me jogar para longe e automaticamente agarrei a camiseta de Matheus. O vento batia em nossos cabelos e refrescava nossos rostos suados, era uma sensação gostosa.

Chegamos em terreno plano em um piscar de olhos, deixando-me aliviado e até um pouco eufórico, aquilo havia sido empolgante!

— Viu? Não foi tão ruim. – Matheus comentou, levantando-se.

Expirei impressionado e coloquei as mãos na cintura. Notei que algumas mechas de cabelo caíam sobre meus olhos, fiz menção de arrumá-las, porém, Matheus impediu-me:

— Você fica bem mais bonitinho com o cabelo bagunçado assim. Acho um charme.

Ele não esperou uma resposta minha, apenas virou-se para examinar o local enquanto eu me segurava para não surtar. Céus, “bonitinho”, sério? Eu deveria tomar aquilo como um elogio?

Deixando as emoções de lado, avistamos a entrada de uma floresta.  Não havia nenhum sinal de civilização por perto, os barulhos da mata causavam-me arrepios e a falta de iluminação não colaborava.

O GPS improvisado indicava que André estava além daquela floresta, o que me fazia pensar que talvez ele não houvesse sido pego pelos criadores do Quod Creature. Esse pensamento me fez engolir em seco e meu estômago embrulhou-se no mesmo instante.

O mundo voltou a ser uma bola gigante de medos.

Uma mão pousou sobre meu ombro, aquecendo-o. Fitei Matheus por um breve momento, o suficiente para ele dizer:

— Está tudo bem, estamos juntos nessa. Eu também estou assustado.

Foi bom saber que eu não era o único carregando sentimentos negativos, senti-me apoiado.

Desci meus olhos para os meus pés e murmurei:

— Então, o que você acha que devemos fazer?

Eu estava com medo de entrar naquela floresta escura e possivelmente encontrar algo que não deveria. Podia deixar o resto com a polícia, mas eu havia chegado até ali, não podia voltar. Tinha uma promessa com a Paulinha.

— O amanhecer vai demorar muito... Acho que teremos que enfrentar a escuridão mesmo. – Matheus resmungou.

Mordi o lábio inferior e cerrei os punhos, podia sentir meu corpo começar a tremer e suar frio. Não que eu tivesse medo do escuro, tinha medo do que podia acontecer nele.

— Posso confiar em você? – sussurrei sem pensar.

— Por que não? Você já arriscou mais cedo quando decidiu encontrar um “estranho” depois da meia-noite e olha que isso era bem suspeito! – ele deu de ombros.

Dei uma risada abafada ao perceber minha falta de noção. Arrisquei olhar para Matheus. Péssima ideia, ele já estava me olhando! Sorte que esse momento constrangedor foi interrompido pelo toque de meu celular, o atendi rapidamente.

 

— Ei, tudo bem?! Encontrou o garoto?— Paula disparou preocupada.

— Encontrei... – murmurei com a voz arrastada. Ela iria surtar quando soubesse quem era o garoto.

— E aonde vocês estão?— a escutei suspirar.

— Em frente a uma floresta. – rangi os dentes.

A linha ficou em silêncio por poucos instantes, até que ela retomou:

— Nenhuma notícia dos adultos voltarem, você está com sorte.

Podíamos chamar aquela situação de “sorte”?

— Ande logo, talvez você consiga voltar antes do amanhecer. Lembre-se que coloquei uma lanterna na sua mochila, aí deve estar escuro!

Minha cabeça deu um estalo, havia me esquecido que a vi enchendo minha mochila com um monte de coisas que julguei desnecessárias.

— Certo, obrigado. Te ligo depois.

Encerrei a ligação e imediatamente arregacei o zíper de minha mochila em busca da lanterna. A peguei e a liguei no rosto de Matheus, quase o cegando com a intensidade da luz. Ele me lançou vários xingamentos enquanto prendia sua bicicleta a um poste inutilizado.

Ficamos um tempo juntando coragem para adentrar a mata nada acolhedora e nos preparando psicologicamente para o que poderíamos encontrar. Um vazio invadiu meu peito assim que coloquei um pé sobre a terra, sentia uma imensa falta de André e não podia nem pensar na possibilidade de nunca mais vê-lo.

Ele estava em algum lugar atrás de todas aquelas árvores, eu sabia, eu sentia.

Matheus ia na minha frente, iluminando o caminho com a lanterna de seu celular, observando atentamente onde pisava. As árvores não eram muito rentes, todavia, o chão era cheio de raízes e cipós.

As copas das árvores serviam como um telhado para a floresta, era impossível enxergar o céu de onde estávamos. Sentia o cheiro forte de terra invadir minhas narinas e escutava o som dos grilos, das corujas, dos sapos...

Não deixava de ser um lugar bonito, apesar de assustador.

Mantinha meu olhar fixo no chão, o iluminando com a lanterna, pisando nos mesmos lugares que Matheus havia pisado.

— Você já saiu para acampar? – questionei, encolhendo os ombros ao arrepiar-me.

— Quando meu pai era são e minha mãe ainda estava com ele, sim. – Matheus respondeu. – Mas não precisa de muito para saber caminhar em um lugar como esse.

Do jeito que André era desajeitado, se ele tivesse tentado correr, o mais provável era que tivesse tropeçado em um daqueles cipós e comido terra.

— Fernanda não vai se importar por você estar fora de casa à essa hora? – arqueei uma sobrancelha.

— Ela é ocupada demais com os estudos, trabalho e... Bem, ela sabe que eu costumo sumir. – ele deu de ombros.

— Sumir? Para onde você foi das outras vezes? – levantei a cabeça, resultando em um tropeço discreto.

— Sei lá, eu apenas saía de casa e ia dar uma volta. Às vezes, eu acabava longe demais, outras vezes eu me metia em brigas por pensarem que eu era um drogado... Não me importava, só queria saber de desaparecer, mas não dá para fugir de mim mesmo. – Matheus diminuiu o tom de voz.

Arregalei os olhos, impressionado por aquilo ter vindo do garoto que eu pensava que não tinha cérebro e abusava da força física para se sobressair.

— Então... O que você escrevia tanto no caderno... – comecei.

— Ora, ora, parece que alguém ficava me olhando. – ele provocou.

— Claro, me perguntando de que zoológico você saiu, anta. – revirei os olhos, tropeçando mais uma vez.

— Escrever me acalmava, ajudava a tirar o peso de dentro de mim. – Matheus continuou.

— Uau. – sussurrei impressionado.

Matheus gostava de escrever, isso me fez dar alguns gritinhos internos. Talvez ele fosse mais parecido comigo do que eu pensava. É, paguei pela minha língua.

— Você disse que estava fazendo um jogo, não é? Já tem o roteiro? – foi a vez de ele perguntar.

Meu olhar voltou aos meus pés, certificando-me de que não tropeçaria novamente. A caminhada em um cenário tão aterrorizante tornou-se agradável com nossa conversa repentina.

— Na verdade, eu joguei tudo fora. Não conseguia me organizar. André disse que eu precisava de ajuda... Talvez precisasse mesmo ou talvez não... – falei, porém, parei ao ouvi-lo rir. – O que foi? – franzi as sobrancelhas.

—  Nada, é que você tem a mania de falar “talvez” para tudo, não é? – ele olhou-me por cima do ombro.

— T-Talvez... Quero dizer, não... É provável... – embaracei-me ao notar o sorriso que se formou em seus lábios.

— Chega a ser fofo. – Matheus voltou a olhar para frente.

Dei graças a Deus que ele não estava vendo meu rosto naquele momento, pois eu devia estar muito vermelho e agitado. Ele me chamou de fofo?! Ele me chamou de fofo! E eu sei que não deveria estar tão feliz assim, mas o que eu podia fazer? Eram os hormônios falando mais alto! Ai, céus, “bonitinho” e “fofo”, eu ia morrer.

— Eu sei que você está lutando contra essa ideia... Mas eu, Matheus, sou o “Zero,” com quem você conversou todo aquele tempo. Me mostre que você é o “Sem Saída” também. – Matheus murmurou, pude identificar o tom de vergonha em sua voz.

Para mim, Matheus do colégio, Matheus na minha frente e “Zero,” eram três pessoas completamente diferentes, mesmo que todas elas mexessem comigo de formas intensas. O “Sem Saída” só existia com o “Zero,”, assim como o Lucas da retruca com o Matheus do colégio e o Lucas envergonhado com o Matheus na minha frente.

Todos tínhamos vários lados e cada um era reservado para determinada pessoa.

— Eu sou o Lucas. – falei após um tempo. – O Lucas que precisa de ajuda para criar um jogo. – insinuei.

— Ok. E eu sou o Matheus. – ele seguiu minha lógica. – O Matheus que está disposto a ajudar.

Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios e uma chama de esperança acendeu-se em meu peito.

Matheus contou que também tinha o projeto de um jogo e que não havia me dito antes porque possuía a superstição de “o que ninguém sabe, ninguém estraga”. Trocamos ideias durante a maior parte do caminho, nos esquecendo completamente do verdadeiro motivo por estarmos juntos.

 

xXx

 

02hrs57

 

— Cara, acho que estou enxergando alguma coisa ali. – Matheus comentou, parando de andar de repente.

Meu corpo congelou, meus dentes rangeram e meus nervos ficaram tensos. Pude sentir meu coração falhar uma batida e um sentimento ruim me preencher em questão de segundos.

— O q-que?! – questionei aflito.

Que não seja um corpo, que não seja um corpo...”, pedi mentalmente repetidas vezes até Matheus voltar a falar.

— Parece um prédio, não sei ao certo... – ele semicerrou os olhos e apontou a lanterna para aquela direção. – Precisamos chegar mais perto.

Suspirei aliviado ao saber que não era um corpo morto ou um animal selvagem. Decidi conferir o GPS e arregalei os olhos ao notar que estávamos próximos do ponto laranja que representava André.

— Vamos para lá! – falei determinado, tomando a frente.

Rapidamente, Matheus colocou o braço na frente de meu corpo e impulsionou-me para trás, assustando-me.

— Olhe por onde pisa! – ele exclamou.

Foi quando me dei conta de que estávamos em uma espécie de barranco, todavia, o terreno plano não estava muito longe, apenas alguns metros e... Recuei vários passos ao sentir a tontura desnortear-me.

— Acho que dá para pular... – Matheus colocou as mãos na cintura.

— P-Pular?! – arregalei os olhos. – Não dá! Vamos dar a volta! – olhei ao redor.

— Vamos nos arriscar demais e perder tempo! – ele rebateu.

— É, mas... – engoli em seco e continuei a andar para trás.

Matheus respirou fundo e jogou-me seu celular, em seguida, ele sentou-se na beira do barranco e escorregou um pouco antes de jogar-se sem medo. Ousei aproximar-me para conferir se ele estava bem, o encontrando estirado no chão.

— Você está bem? – meus lábios tremeram.

— É como meu pai dizia: do chão a gente não passa. – ele riu um pouco e esforçou-se para levantar-se. – Ai, essa doeu... – resmungou. – Sua vez!

— M-Minha vez? Está louco? – gritei, espantando alguns pássaros que descasavam nas árvores próximas.

— Quer salvar o pouca sombra ou não? – Matheus encarou-me com tédio.

Olhei para baixo, sentindo tudo girar e uma ânsia de vômito chegar a minha garganta.

— Não dá. – murmurei e rodeei meu corpo com meus próprios braços, como se eu mesmo me desse um abraço.

— Oh... Você tem medo de altura. – ele afirmou.

— Tenho nada! – rebati. Tinha.

— Tudo bem, é só você pular que eu te seguro. – Matheus aproximou-se do barranco.

— Você realmente enlouqueceu. – rangi os dentes.

— Não é para tanto... – ele revirou os olhos. – Vem, juro que não deixo você se machucar. – abriu os braços.

Era um convite tentador. Afinal, quem não iria querer se jogar nos braços do mozão em uma floresta absurdamente escura em plena madrugada? Tão romântico...

— Você encarou a bicicleta, pode encarar isso também. – Matheus incentivou.

Pensei em André e como eu era sua figura protetora. O que ele pensaria de mim se me visse naquela situação? Eu estava sendo covarde, não era assim que o irmão mais velho deveria agir.

Respirei fundo algumas vezes e caminhei lentamente até a beira do barranco. Matheus estava ali, com os braços abertos, esperando por mim. O enxerguei como “Zero,”, o qual representava meu maior exemplo de segurança (depois de minhas mães, é claro).

— Você consegue, você consegue... – sussurrei para mim mesmo, como se fosse um mantra.

Ignorei a tontura ao fechar os olhos e impulsionar-me para frente, deixando meu corpo suspenso por breves segundos antes de cair sobre algo macio e acolhedor. Ele passou os braços ao redor das minhas costas e endireitou-se para sustentar-me de pé. Seu cheiro era uma mistura de canela com limão, algo bom de se sentir.

— Te peguei. – ele sussurrou.

— E já vai soltar. – abri os olhos e o empurrei a contragosto.


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Notas finais do capítulo

Eu queria muito fazer um especial de Natal, mas eu tô desanimada e sem criatividade kkkk. Então, como nos "veremos" só na próxima semana ou no próximo ano (kkkkk ai, piadinhas), lhes desejo desde já um Feliz Natal, espero que vocês se divirtam, comam até entupir as artérias, ganhem muitos presentes e tudo mais! Eu amo muito vocês, de verdade, vocês foram os responsáveis pela melhor parte do meu 2018, obrigada, muito obrigada ♥!
Muitos beijos ♥ e Boas Festas XD!
Com amor,
Tia Creeper.



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