Samba escrita por Raylla Martins


Capítulo 2
Ramona


Notas iniciais do capítulo

Parece que vamos finalmente conhecer Ramona, isso não e empolgante?



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Eu já falei que Elvis Presley e o cantor favorito minha avó Joana? Se sim, falo de novo, e se não eu digo agora.

Pois bem, tirando o fato dela gostar mais dos seus discos do Elvis do que dos próprios netos - o que sabíamos ser mentira pois, quando eu tinha 5 anos de idade, eu acabei por estragar um de seus discos e ainda to viva aqui para contar isso, mas voltando ao assunto. - minha avó, naquele verão, decidirá levar toda a família para sua casa e fazer o maior luau digno do Hawaii e que, segundo ela, deixaria Elvis orgulhoso. E não era apenas isso, pelo contrário, nós tivemos que ajudar a preparar tudo - desde comida à decoração - e ainda passar o dia ouvindo músicas dignas de um luau, ou seja, Elvis Presley, músicas de um bar tiki e os 12 maiores sucessos do Hawaii. Porém, metade da família não deixaria barato e durante o dia tocará algumas músicas brasileiras pois como diria meu pai:

“Uma festa da família Souza Margarida não está completa sem Elvis Presley, Nando Reis e Zé Ramalho no vocal”. E isso sempre me lembrava a abertura de cocoricó.

— Anna, minha querida, eu já não disse que você deve partir os morangos em formato de flores para os espetos? - Joana, minha avó era uma verdadeira amante dos anos 70/80, tanto que se vestia como se estivesse neles ao mesmo tempo em que se sentia uma avó moderna, por mais que tivesse gostos loucos eu ainda gostava dela e de seus cabelos grisalhos que, segundo ela, só eram aceitas tintas coloridas e nada mais.

— Pois são flores de morango vovó, elas só estão fechados para não estragar e para que a mamãe coloque nos espetos. - Disse, enquanto cortava os morangos. - Além disso eles serão abertos apenas na hora da festa.

— Como as damas da noite?

— Claro!

— Pois bem, e cuidado com essa faca.

— Sempre vovó.

E então ela se fora, tão rápido como viera e eu voltei a cortar os morangos, porém quando os espetos estavam prontos eu acabei por ajudar o papai a ajeitar o jardim e depois fora atrás da vovó para, finalmente, lhe pergunta se poderia ir tomar banho para me arrumar, afinal, faltava apenas uma hora para o luau e fora ai que eu a vi.

A garota que eu vi sentada na sala de estar da minha avó não era nada espetacular, sequer chamaria atenção, porém o contraste da sua pele morena com o vestido azul florido me deixaram curiosa. Seus cabelos negros caindo pelas costas que encobria o início de uma tatuagem que começava em seu ombro e se perdia no emaranhado de cachos aos quais eu queria passar a mão. E eu fiquei a observando por tanto tempo que nem reparei que ela me olhava de volta e, pela primeira vez, eu fiquei constrangida por estar com minha blusa favorita de harry potter suja de sumo de morango e tinta vermelha, sem contar os pequenos furos que ela detinha por estar gasta devido ao tempo.

— Anna, meu anjo, que bom que está aqui. - Desviei o olhar para minha avó, torcendo para não estar tão vermelha quanto pensava, mas com certeza eu estava. - Quero te apresentar Ramona, a neta da Luzia, minha amiga, elas irão passar alguns dias aqui conosco e participarão do luau.

— Você está crescida menina, ainda me lembro de ti correndo de fraldas pelo meu terreiro toda suja de melancia e terra. - Luzia era uma boa mulher, sorridente e de boa memória, e sabia me constranger como ninguém ao me lembrar dessa cena.

— Olá tia Luzia, como a senhora está? E é um prazer lhe conhecer..?

— Ramona, mas pode me chamar de Mona ou apenas de Tulipa

— Tulipa? Por que Tulipa?

— Por que e meu apelido.

Ramona, ou melhor, Tulipa seria minha sina, e quem dera eu soubesse disso bem antes de sequer lhe convidar para a quermesse dias depois daquele primeiro contato.

— Pois bem, meninas, o que acham de irem conversa no jardim enquanto eu e Luzia tratamos de negócios?

— Bem.. Eu iria começar a me arrumar e..

— Perfeito! É bom que você mostre a Ramona a casa e o quarto de hóspedes, poderia fazer isso querida?

— Claro vovó, então.. Vamos?

— Claro.

Eu havia lhe mostrado toda a casa, desde a cozinha ao quarto de hóspedes em que ela dividiria com Tia Luzia e até mesmo o banheiro e, durante todo o percurso, ficamos conversando sobre a vinda dela ao luau, o que ela pretendia para as férias e seus gostos por livros. Para ser sincera com vocês eu fui a que mais falou, ela apenas sorria e fazia alguns poucos comentários, e por fim eu decidi que era melhor o silêncio do que as poucas migalhas de atenção que ela me dava com suas respostas, talvez estivesse cansada, mas descobri que ela era fã de Gonzaga e forró, sem contar que fora criada em meio a uma roda de samba no Rio de Janeiro bem próxima ao local da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, então meus amigos um ponto para o mundo pela nossa pequena descoberta.

Depois de mostrar ela tudo a deixei onde ela ficaria, não que a casa de vovó fosse enorme, pelo contrário, havia quartos que eram interligados o que os tornava maior do pareciam realmente ser. Sem contar na sala que virava quarto durante a noite para as crianças dormirem e do armário de bagunças que se tornava um quarto bem organizado no verão, ou seja, era uma casa cheia de pessoas mas de poucos quartos entulhados com várias pessoas.

 


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Notas finais do capítulo

Beijos e obrigada por lerem!!



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