A noite chegou logo, tanto que todos estavam no jardim e eu ainda me arrumava, a cantoria que ocorria do lado de fora era possível ser ouvida devido a janela aberta e aquilo me fazia rir pois pareciam bêbados cantando mas era apenas minha família tentando cantar algum sucesso dos anos 80 sem realmente terem sucesso nisso, afinal, eles não tinham coordenação para cantarem todos juntos mas cantavam.

— Eu sei, você é um solstício de verão, e desde que você se foi canto pra lua essa canção..

Meus olhos percorreram o espelho, o vestido florido havia caído quase como uma luva, meu cabelo estava trançado e eu sabia que deveria soltá-lo mas ele estava tão fofinho que acabei por colocar algumas flores pela extensão da trança. É, eu estava apresentável. Ao sair dei de cara com a porta do quarto de Ramona entreaberta, não que eu fosse de espiar, pelo contrário, respeitava a privacidade das pessoas porém resolvi olhar através da fresta, vai que ela precisava de algo né?

Não me espantei ao olhar, afinal ela estava vestida e agradeci aos céus por isso pois não queria ver ninguém como veio ao mundo e como eu dissera, respeito a privacidade dos outros. Porém eu queria rir, e rir muito, pois ela parecia ter dificuldade em ajustar as flores no cabelo e quando ajeitava uma outra logo soltava e..

— BU!

Eu gelei, havia sido pega no pulo e não havia como explicar o porque estava vendo Ramona pela fresta da porta, eu estava ferrada... Mas.. Pera.. Ela estava vestida! V-E-S-T-I-D-A! Então eu não estava a fazer nada de errado, ou estava? Oh céus.

— Olhando as visitas pela porta? Que bonito em aninha.

— Vanessa! Eu não estava olhando ninguém!

— E eu nasci ontem né. - Vanessa era louca, essa era sua melhor definição, sua atividade favorita era assustar a todos que conseguisse e quase me infartou do coração, mas eu gostava dela.

— Sim, nasceu, isso não é meio óbvio?

— Aham, vovó mandou te chamar para a festa!!

— Eu já vou.

— Hum.. Sei..

E então ela saiu, tão rápido como veio, com seu vestido rosa florido voando ao seu redor. Ela iria me pagar pelo susto e quando iria me virar para olhar uma última vez antes de ir eu gelei, Ramona me olhava com a porta aberta.

— E Anna, não é? Você poderia me ajudar com as flores?

— Ahn.. Claro! Posso sim.

— Obrigada.

Durante o tempo em que a ajudei a fazer algo em seu cabelo não falamos nada, o silêncio do quarto era apenas cortado devido ao som alto do jardim, não resolvi iniciar uma conversa pois saberia que ela iria responder de forma vaga enquanto eu gostava de falar e, além disso, era bom apenas ficar sentido o cheiro de seu perfume, sem contar que eu estava a olhando pela fresta da porta e isso iria me render apenas secura dela. Se eu soubesse que a partir daquele dia eu iria querer sempre sentir o cheiro de seu perfume eu teria me trancado no hospício, pena que eu não soube antes.

— Obrigada. - Ela me olhava pelo reflexo do espelho, talvez o tivesse fazendo a tempos e me senti corar com esse pensamento.

— Ahn.. Bem.. De nada! - Sorri, voltando a colocar a última flor em seu cabelo.

E novamente o silêncio reinou, céus como eu queria fugir, e quando dei um breve tchauzinho para ela a partir do meu reflexo do espelho ela segurou meu pulso e sorriu.

— Eu discordo que os primeiros homem aranhas sejam bons, pelo contrário, creio que você gostaria bem mais de ver Scott Pilgrim do que passar mais de 3 horas vendo esse filme.

— Mas.. Como você pode dizer isso? O Tobey e um ótimo ator e deu essência ao Peter Parker! - Eu estava surpresa por ela lembrar da conversa que tivemos durante a tarde.

— Ele e sem sal.

E então ela saiu, me deixando sozinha ali enquanto olhava incrédula para a porta, ainda mais por ela lembrar de um dos tópicos dos quais falamos mais cedo. COMO ASSIM O TOBEY MAGUIRE ERA SEM SAL!?! Menos um ponto para você universo. E então ela voltou pela porta, um sorriso brincalhão estava presente em seus lábios.

— Hey, você não vem? Ou falar que ele era sem sal lhe ofendeu?

— Eu já desço.

— Okay.

Eu estava fodida universo, muito fudida, e ao mesmo tempo furiosa por tamanho sacrilégio vindo de tão belos lábios