Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 9
Ameaças


Notas iniciais do capítulo

Voltei, gente! Bom ano novo a todos!
Mais um cap. O primeiro de 2019! Beijos!



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O dia não poderia ser mais cansativo depois de quatro horas resolvendo cálculos, sob o olhar irritado de um professor completamente estressado. Assim como o meu professor mal amado, Eu também me encontrava distante de qualquer comportamento harmônico. Fui monossílaba durante toda a manhã e resisti, bravamente, a vontade de escapulir da aula.
Levar um cotidiano normal ainda me era estranho. De certa forma, acabei me adaptando a trabalhos de baixa remuneração ou, popularmente dito, bicos mal pagos. Naquela ‘época’, minha vida fazia mais sentido.

—Aula difícil hoje? – Jane surgiu atrás de mim.

—Muito. Meu professor é um... – Contive as palavras, havia alunos por toda parte. –Vou comprar um suco.

—Água com gás é bom para ressaca.

—Por que está me sugerindo água com gás?

Jane riu. –Qual é? Não pense que me engana! Sei que você dormiu fora ontem.

—E daí? – Dei de ombros.

—É óbvio que você foi tirar o atraso.

Suspirei entediada. –Vou à lanchonete.

Acelerei os passos antes da minha colega de quarto, fantasiosa, me seguir. No caminho para a lanchonete, cruzei o olhar, mais uma vez, com a garota que começava a perturbar minha auto-estima.  Há cinqüenta metros de mim, a senhorita popular dava mais um show de status requisitado.
Saindo do transe ocasionado pelo medo, de ser apontada como uma delinqüente, respirei fundo e marchei fundo, seguindo em frente, de cabeça erguida.

—Cuidado com as carteiras e bolsas, meninas.

Desacelerei os passos, criando coragem para olhar para trás. Quando finalmente me senti preparada, o grupo popular de Stephany se distanciou aos risos.
Sentindo-me humilhada, mais uma vez, olhei na direção contrária, e suas costas eram meu alvo. Vencida pela raiva, e atormentada pelo desprezo, andei sem freios até a garota que Eu começava a odiar, de todo o meu ser.

—Ei! – Gritei fazendo-os parar. –Você e Eu... – Todos me observavam, confusos. –Temos que conversar.

Stephany olhava-me com desdém, embora Eu tivesse certeza de que minha atitude havia desconcertado sua pose autoritária.

—Eu a conheço? – Ela sorria, sempre debochada.

—Sem joguinhos psicológicos, garota! Você sabe quem sou!

De repente, os jovens em volta murmuram expressões que provocaram Stephany. Ela estava mais irada pelo fato das pessoas me darem atenção, do que o afronte que Eu lhe proporcionava.

—Vou lhe dá cinco minutos do meu precioso tempo. Só por que sou uma dama.

Eu a segui, passando por entre seus amigos de expressões hostis.  Longe dos ouvidos e olhares bisbilhoteiros, Stephany abriu uma sala de acesso restrito.

—Stacy, não é? – Perguntou indo a uma janela minúscula. –Você acha mesmo que pode me afrontar na frente de todas aquelas pessoas? – Virou-se para mim, com os olhos faiscando em fúria. –Posso tirá-la do Campus no abrir e fechar de olhos.

—É Stella! – Corrigi. –E você não pode me tirar daqui por que poder lhe faltaria para fazer isso.

 –Como disse? – Stephany gargalhou. –Garota, você sabe quem é o meu pai?

—Não estou aqui para falar sobre o seu pai. – Ela cruzou os braços. –Você está me hostilizando publicamente.

—Corta essa! Você invadiu a minha casa, no intuito de assaltá-la! Meu irmão me contou toda história. – Ela andou de um lado a outro. –Você não deveria está aqui! É ridículo!

Respirei fundo, novamente os argumentos fugindo do meu controle. Foi então que percebi que Eu não precisava de argumentos para usar contra Stephany, ela não estava ali para me dá uma única chance, sua intenção era me ridicularizar.

—Seu irmão deve ter te contado que ele mesmo retirou a denúncia contra mim.

—Por que o obrigaram! – Ressaltou. –Tem idéia de como deve ter sido humilhante para ele?

—Eu o livrei de um seqüestro. Minha dívida com ele está paga.

Encarando-a com firmeza, deixei-a encerrando nossa intensa conversa. Mesmo sabendo que aquele não seria o fim de nossa inimizade, me senti aliviada por enfrentá-la, no entanto, tive certeza de que um profundo ódio nascera entre nós.

—________________ᵜᵜᵜ___________________

Sentei de frente à penteadeira, analisando os longos cabelos pretos.

—Acho que está na hora de fazer um corte.

—Seu cabelo é lindo. Seria uma pena cortá-lo. – Avaliou Jane.

—Não sei não. Faz muito tempo que não faço nada dele.  – Continuei tentada pela vontade de cortar alguns centímetros das madeixas negras.

—Stella... – Jane estava mais calma que o normal. –Ouvi boatos hoje de manhã a seu respeito. – Espantada, virei bruscamente para ela. –Eu... não acreditei por que...

—Aquela maldita, Stephany! – Bati as mãos na penteadeira. –Ela não vai parar nunca?

—Então, é verdade? – Jane saltou da cama. –Vocês tiveram mesmo uma briga?

—Nós discutimos, mas não foi uma briga. – Jane estava aturdida demais. –O que ela disse?

Jane andou de um lado a outro, intrigada. –Stephany está visivelmente machucada. Ela contou a todos que você a agrediu.

—Isso não é verdade! – As pernas cambalearam.  –Não! – Eu estava sem chão.

—Ela foi levada à enfermaria. – Jane balançou a cabeça, preocupada. –Você pode ser expulsa.

Aquela informação me paralisou por completa.  –Expulsa?

—É uma questão de tempo para isso acontecer. As câmeras flagraram você e Stephany entrando em uma sala, minutos depois você sai, sem um arranhão, já Stephany...

—Só conversamos. Não bati nela!

Jane não estava certa da minha inocência.

—Isso é loucura! – Falei andando de um lado a outro, sem saber o que fazer, tão pouco para onde ir.

Batidas na porta me tiraram do êxtase importuno.

—Aqui é o Reitor, senhorita Stella! Abra a porta.

Espantei-me com o ultimato. Situações como aquela não acontecia todos os dias.

O que Eu digo? — Cochichei. Jane estava tão aturdida quanto Eu.

—Embaixo da cama! – Disse obrigando-me a mergulhar na bagunça de coisas debaixo da cama. —Fica quieta!— Disse tirando a camiseta larga. Ajeitara o sutiã salientando os seios. –Estou indo!

Baixei a cabeça. Ela se atrevera a abrir a porta só de sutiã e shortinho.

—Desculpe a demora, Eu estava procurando meu sutiã.

—Vista-se, senhorita Jane. – O reitor fora curto e grosso ao se deparar com ela.

—Tá legal. – Ouvi seus passos indo à cama. – O que manda?

—Onde está sua colega de quarto?

—Ela foi dá uma volta. – Mentiu cheia de artimanhas. –Algum problema?

—Quando ela aparecer, mande-a ir imediatamente à minha sala. Tenho urgência em vê-la.

Ouvi a porta ser fechada.

—Ele está uma fera! – Deixei meu esconderijo, cheia de pó e casa de aranha. –Minha mãe vai saber em breve o que está acontecendo.

—Se você não bolar uma boa defesa será expulsa ainda hoje.

Não era uma má idéia ser expulsa de lá, no entanto, Eu não queria ser lembrada como a garota delinqüente que espancara Stephany Griffin. Mas, pensando bem, valeria à pena adquirir o titulo infame.

—Vou sondar as coisas por aí.

Observei Jane deixar o quarto. Sozinha, matutei minha defesa, mas nada me ocorria.

—O que vou dizer a minha mãe? – Perguntei-me, sem saída. –Ninguém vai acreditar em mim! É óbvio que todos irão acreditar naquele projeto de Barbie!

Confusa, foquei meu celular. –Minha mãe acreditaria em mim! – Determinada, peguei o aparelho, e, no mesmo instante, a porta do meu quarto foi aberta.

—Vai ligar para a polícia?

Um dos amigos de Stephany havia me encurralado.

—Se não sair do meu quarto irei ligar com toda a certeza! – Dei um passo para trás.

—Stella, não é? – Ele fechou a porta.

—O que está fazendo?

—Só estou fechando a porta. – Disse levantando as mãos. –Só vim te dá um aviso.

—Se você não sair...

Em um movimento rápido fui pressionada contra a parede. Com uma mão ele imobilizou meus braços, com a outra mão ele calou minha boca. Tentei me mexer, mas Eu estava completamente rendida.

—Está difícil entender que seu lugar não é aqui? – Ele forçou meu corpo mais ainda contra a parede. –Eu tinha planos com aquela vadia hoje à noite e você estragou tudo! — Seu rosto se aproximou do meu. –Eu deveria me divertir com você. O que acha? – Fiz força para me desprender, pois ele lambia o meu rosto. —Imaginei que seu gosto seria bom.— Cheio de ironia, ele beijou a ponta do meu nariz. –É melhor que você vá embora o quanto antes ou não responderei pelos meus ‘atos’.

—Seu... ! Tive uma crise de choro e tosse quando ele me soltou.

Não perca o seu tempo falando sobre mim. Ninguém vai acreditar numa vadia invejosa!

Satisfeito, ele ajeitou a roupa, pois estava excitado. Ajeitou o cabelo, dourado como o sol, e piscou para mim, se retirando do quarto.

 


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