Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 8
Obstáculos


Notas iniciais do capítulo

Cap. fresquinho, pessoas. Espero que gostem! Beijos!



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—Bryan...

Uma enxurrada de fotos no Google Imagens invadiu a tela do meu notebook. A cada imagem, um homem alto, cabelos negros, pele levemente bronzeada, e olhos castanhos, estampava diferentes cenários. O rosto, embora bonito, sempre sério. Usava trajes sociais, em todas as fotos, e, muitas delas, eram flagrantes do dia a dia do jovem que, escancaradamente, era muito assediado pela mídia.
De fato, havia arrogância no olhar daquele homem, comprovando a primeira impressão que tive dele. Mas, devo dizer que, analisando-o atentamente, o grande ego que o descrevia pessoalmente se escondia numa fotografia tirada às pressas. Bryan Griffin não parecia está feliz nelas, nem mesmo se tratando de fotos dignas de um Studio cenográfico.

—Todas querem o Byan!

A indiscreta Jane havia me dado um belo flagrante!

—Não é o que você está pensando. – Fechei o notebook às pressas. –Só fiquei curiosa. Você mesma disse que pessoas assim devem ser... estudadas?

—Categoricamente! – Disse entusiasmada. –Não há nada que Eu não saiba sobre o jovem Bryan!

Eu iria me odiar, talvez pelo resto da vida, mas agir como a excêntrica Jane estava nos meus planos súbitos.

—Não dá para imaginar o quão fabulosa é a vida do senhor perfeito. – Jane manteve seus olhos atentos em mim. De repente sua colega de quarto se tornara uma pessoa ‘normal’ para ela. –Mas, pensando bem... a vida dele não pode ser fantástica o tempo todo. Dramas pessoais estão por toda a nação, inclusive nas melhores famílias.

—Por que o Bryan teria uma vida dramática? O cara vai herdar todo o império Griffin! Ele não terá tempo para pensar em bobagens.

—Você parece muito certa disso. – Observei-a atentamente.

—Stella! Que mundo você vive? – Ela riu divertida. –Todo mundo sabe que isso é mais que óbvio! Além do mais, o próprio William já escancarou todo o afeto e admiração que tem pelo enteado. – Contou como se tivesse revelado o final de uma fábula. –Bem diferente da pobre Stephany! Ouvi dizer que o senhor William não a suporta! – A certeza de Jane havia terminado. O que restou de nossa conversa era o fruto de burburinhos nos corredores da Universidade.

—Sabe algo sobre a esposa do senhor Griffin?

Jane pensou a respeito. –É uma mulher bonita... muito atraente. – A inspiração em relação aos Griffin terminara. –É o que sei sobre ela.

Jane podia achar que a vida da família milionária de New York era perfeita, assim como os seus bens, mas, para mim, tratava-se de uma família como outra qualquer, cheia de falhas, e erros. Consegui me atentar à simples fatos, como por exemplo, a pouca importância que William dava a sua enteada Stephany. E, pelo que tudo indicava, a senhora Griffin não me parecia ser uma mulher de conteúdo, apenas um rosto bonito que desfilava ao lado do marido sob os holofotes. No entanto, existia uma relação sólida entre William e Bryan, algo tão nobre e verdadeiro que fazia com que meu pai biológico escancarasse ao mundo que ele seria seu único herdeiro.

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Meio sonolenta peguei a bandeja com o café da manhã. Procurei a mesa mais afastada dos poucos alunos que resolveram acordar cedo naquela sexta-feira. Em meia hora as aulas começariam e Eu já começava a prever as inúmeras cochiladas sobre o livro de trezentas páginas.

—Jura que foi ela?

—Estou dizendo! Todos ficaram surpresos.

Ouvi cochichos e risos.

—Uma criminosa entre nós! Esse lugar está cada vez mais repulsivo!

Não tive mais dúvida de que falavam de mim. Ao levantar a cabeça, flagrei quatro ou cinco alunos observando-me entre risos, e Stephany popular estava entre eles.

—Cuidado com objetos de valor, pessoal! – Todo o refeitório se voltou para a garota destemida. –Um passarinho me contou que há um mau elemento entre nós!

Quando seus olhos me focaram em especial, e seu sorriso desdenhoso escancarou, percebi que ela estava se referindo a minha pessoa. Ela sabia quem Eu era e o que fiz em sua casa.

—Stella... comprei alguns...

—Vou para a aula, Jane.

 Covardemente fugir do refeitório, pois me sentir perseguida, e ridicularizada.
Andei para um lugar qualquer, longe da universidade. Tive medo de me deparar com Stephany e não saber como agir, por que seriam falhos os argumentos contra o meu erro.

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—Preciso ficar aqui essa noite.

Brigitte olhava-me sem nada entender. –Ok. – Foi ao guarda-roupa à procura de lençóis. – Você conhece o quarto.

—Valeu. – Joguei a mochila no chão e caí sobre a cama.

—Então... – Sentou-se ao meu lado. –Você acha que essa tal de Stephany estava falando de você?

—Não tenho dúvidas! Ela me olhou fixamente e sorriu com deboche. Cochichava com os amigos e fez um breve discurso sobre ter uma má pessoa no Campus! – Observei o teto, distraidamente. –Foi como se todos soubessem o que fiz e rissem de mim ao mesmo tempo.

—Fez mal em ter fugido. Isso não faz o seu tipo!

—O que você queria que Eu fizesse?

—Deveria ter ido até a mesa da piranha e tirado isso a limpo! Como você fez com a Milla, no segundo grau!

—Isso é totalmente diferente. – Respirei fundo. –Não posso simplesmente ignorar a realidade que me encontro e agir por impulso.

—Vai deixar uma patricinha de merda debochar da sua cara?

—É claro que não. Mas, também não posso ficar cara a cara com essa Stephany e dizer uma dúzia de coisas banais a ela, por que essa garota não vai parar, conheço esse tipo. – Levantei em um supetão. Fui à janela enquanto pensava. –Se o irmão egocêntrico dela não tivesse falado!

—Você ainda não me contou com detalhes o segundo encontro com o seu irmão.

—Ele não é meu irmão! Para de dizer isso!

—Desculpa! É divertido. – Ela sorriu se contendo.

—Não é divertido, é asqueroso! – Brigitte perdera o humor ao constatar meu estado de nervos. –Você odiaria ficar perto dele, acredite.

—Eu não teria tempo para reparar a personalidade terrível dele, com tantos atributos físicos para cobiçar. Se bem que, homens com a personalidade ruim me atraem um pouco. – Confessou nada orgulhosa.

—É por isso que Eu odiei todos os seus namorados! – Arrastei o colchão empoeirado debaixo da cama. –Nem acredito que minha antiga casa está ao lado e não há mais ninguém nela.

—Um casal se mudou para lá semana passada.

Foi inevitável não me sentir surpresa. Depois de tantos anos, no mesmo endereço, uma nova família ocupava o lugar que um dia considerei um lar. Minha vida estava mesmo tomando rumos diferentes do que Eu tinha pensado.

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Ao pôr os pés na Universidade fui intimidada a me dirigir à sala do reitor. Pelo olhar avaliativo e as palavras pouco cordial, julguei uma situação embaraçosa.

—Fui à casa da minha amiga de infância e fiquei por lá. Não achei que seria um problema.

—Você ao menos avisou à diretoria, Stella. – Corrigiu o reitor, pouco amigável. –Não é crime algum sair às escondidas para encontrar um namorado, no entanto...

—Namorado? – O interrompi. –O senhor realmente acha que fui atrás de um cara depois de tudo que acabei de lhe dizer?

Ele uniu as mãos e se encostou à cadeira, soltando um longo suspiro. –Entenda minha situação. Estou acostumado a receber as mesmas explicações, durante anos e, na maioria das vezes, o que escuto são relatos clichês de jovens nada interessados a levar essa instituição a sério. – Ele se acalmou, Eu fiz o mesmo. –Assim como desejei o melhor para a sua mãe, também desejo a você.

—Isso foi um conselho?

—Conselho? – Indagou confuso.

—Pelo que aconteceu com a minha mãe. O senhor sabe... Uma gravidez indesejada no meio de um futuro brilhante. – O vi se remexer na cadeira, desconfortavelmente. –O senhor deve se lembrar do meu pai. Sabe de quem estou falando, certo? – Ele se calou, apenas me fitava. –Minha mãe não sabe que descobri a identidade do meu pai biológico e, de certa forma, não quero que ela saiba. O senhor pode guardar esse segredo?

Ouvi o reitor soltar outro suspiro, dessa vez, mais demorado.

—Achei que essa história estivesse muito bem enterrada.

—Por algum motivo, o destino não tratou de enterrá-la muito bem. – Preparei-me para sair. –Senhor... – Voltei à mesa dele. –Eu ficaria muito agradecida se ouvisse detalhes da relação dos meus pais aqui no Campus.

Ele avaliou minha conduta. –Talvez um dia.

Não era um sim, nem um não, mas tive esperança de que ele, perto o suficiente dos meus pais naquela época, me relatasse mínimas coisas que minha mãe jamais ousara dizer e, talvez, nunca diria.


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