Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 10
Seguindo um certo desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Cap. curto, mas daqui uns dias sairá outro. Stella e o pai estará cara a cara. Será que haverá um acerto de contas? Beijos! Bom ano a todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767717/chapter/10

 

Minha mãe havia me dito que Eu nunca deveria fugir dos meus problemas, mesmo eles sendo complexos demais para serem resolvidos. Sempre acreditei nesse pensamento positivo e muitas vezes me saí bem ao me deparar com situações extremas. Mas, acredito, que fora mais fácil naquela época por ter minha mãe ao meu lado, auxiliando meu agir e minhas palavras. Ela não estava mais por perto. Eu estava sozinha e completamente enrascada.

—Que se dane!

Peguei a mochila carregada de livros. Joguei todos os objetos em cima da cama e comecei a encher a mochila com coisas mais úteis, naquele momento. Sei que Eu não deveria fugir, no entanto, seria uma grande perda de tempo ir contra a atuação de Stephany.Todos a conheciam e, talvez, até mataria para defendê-la. Meus argumentos, por mais sinceros que fossem, seria uma grande piada.
Deixei o quarto, com cautela, como se a pressa não existisse. Pelo corredor do dormitório, recebi olhares odiosos. Mais uma vez me senti pressionada, e aumentei os passos. Na escada, acelerei ainda mais, certa de que a porta de saída estava há uns duzentos metros.

—Parece apressada.

Fui de encontro ao corpo do homem que, minutos atrás, tinha me encurralado no quarto. Olhei-o com nojo. Recuei um degrau por estarmos tão perto.

—Saia da minha frente!

Ele sorriu. –Aonde vai com essa mochila? Está fugindo?

—Não é da sua conta! – Em um abrir e piscar de olhos mais dos amiguinhos de Stephany surgiram. –Vocês não me intimidam! – Olhei-os, ao meu redor. –Acham que são durões? – Perguntei com desdém. –Posso apresentar a vocês gente com sangue nos olhos, de verdade.

Claro que meu discurso da pesada não passava de um blefe típico de um suburbano. Graças à educação rígida da minha mãe, tive um único amigo que considerei um mau caráter perigoso: um primo de terceiro grau de Brigitte, especialista a tirar carteira dos bolsos dos distraídos.

—A gatinha pobretona está tirando as garras para fora! – Disse um deles, atrás de mim, tirando risos dos demais.

—Estamos morrendo de medo dos seus amiguinhos da pesada!

Fui agarrada pelo mesmo homem.

—SOLTE-ME AGORA!

—Só depois que você ficar cara a cara com o Reitor! – Continuou me arrastando. –Bem que você poderia tomar um banho de piscina antes, para esfriar a cabeça!

Palavras me faltaram! Eu estava mais preocupada em ferir aquele homem que fugir da mão dele. Então, em uma onda de desespero e ódio, o ataquei com minhas unhas, em cheio no rosto.

—SUA VADIA! – Ele fora mais rápido e imobilizou meu braço direito. –Quer mesmo lutar comigo?

—SOLTE ESSA GAROTA, JHONNIE!

A ordem soara clara e firme aos ouvidos daquele que me levava à força. Descontroladamente olhei para trás, já agradecida pela intervenção, e eis que Bryan Griffin estava há vinte metros de mim, observando a todos como se fosse um justiceiro.

—O Reitor quer vê-la, Bryan!

—Então, deixei-a andar com as próprias pernas! – Disse aproximando-se. –Ainda não entendeu que é para soltá-la?

Chegou perto o suficiente para encarar o homem fixamente. Relutante, o tal Jhonnie me soltou, engolindo o orgulho, pois noventa por cento da universidade assistia a balbúrdia. Não estava sendo nada fácil para ele sucumbir às ordens de alguém que, sequer, representava autoridade por lá.

—FILHO DE UMA CADELA! – Avancei sobre o homem que, de repente, perdera o posto de metidão.

 -Chega! – Bryan me segurou fortemente.

—Não é a mim que você tem que segurar! – Falei tentando avançar sobre o loiro cujo orgulho estava forrando o tapete.

—Vai defender essa vadia, Bryan?

—Se Eu sou vadia você é um frouxo! – Gritei arrancando risos exprimidos da platéia. –Não é você que se considera o valentão do Campus? Por que não ataca esse cara aqui? – Apontei para Bryan, provocando o público.

—Não seja ridícula! – Disse me observando com ira. –Estou começando a me arrepender de ter te defendido.

—Você só fez isso para chamar a atenção do público!

Abri caminho por entre as pessoas e andei rumo à porta.

—Stella Johnson! – Gritou Bryan, paralisando meus passos. –Temos assuntos a serem resolvidos!

Suspirei alto. Desanimada, me virei para ele. –Não fiz porcaria nenhuma com a sua irmã!

—Apenas me siga.

Pisquei os olhos, em seqüência. –Para onde?

Ele não respondeu minha pergunta, simplesmente passou por mim, deixando claro que a decisão de segui-lo seria apenas minha.

—Foi o senhor William que pediu que você viesse? – O segui.

Disposto a ignorar qualquer pergunta que Eu lhe fizesse, Bryan pegara o celular, e o checou indo ao carro. Provavelmente, pensei, ele só estava tentando se distrair da minha companhia.

—Não conheço você. Então, por que tenho que segui-lo? – Banquei a implicante. –Quem me garante que você seja confiável? – Parei.

Bryan me deu atenção. –Você não precisa confiar em mim.

—E não vou.

—No entanto, você sabe que será uma decisão inteligente ir comigo.

—Só por que o senhor Griffin estará a minha espera?

—Você tentou conhecê-lo, agora terá o prazer ou desprazer disso. - Um carro esportivo prata estava à sua espera.

—_______________ᵜᵜᵜ______________

Fui relutante a me decidir ir com Bryan. Eram várias as hipóteses que passavam na minha mente. A princípio, acreditei, fielmente, que uma bronca generosa me esperava no edifício Griffin, depois, me iludir com a expectativa de um acerto de contas entre pai e filha. No fim das contas, voltei a confiar no desgaste psicológico de ter que me explicar para um padrasto protetor, ainda que a relação de William com Stephany não chegasse perto da relação com Bryan.

—Você deveria me dá dica de como agir com o senhor William. – Ele nada disse, me deixando furiosa. –Não que Eu me importe com ricos esnobes, mas...

—Ricos esnobes? – Finalmente Bryan saiu do modo automático. –O que você sabe sobre William Griffin?

—Eu...

—É muita ignorância sua achar que pessoas afortunadas são todas esnobes! Se você não fosse um ser um humano ativa a julgar pessoas que não conhece, saberia que, todo ano, William doa uma fortuna para hospitais que tratam de pacientes com câncer! – Olhou-me de relance. –Você se acha humilde e mais humana que outros só por que é desafortunada? – Freou o carro bruscamente, mantendo seus olhos faiscantes em mim. –Quer saber como agir? Evite comentários inúteis como esse!

Debaixo de um ataque direto de fúria e lição de moral, permaneci imóvel no banco de couro, sem ter o mínimo de atitude para seguir Bryan, que saiu do carro batendo a porta do carro com força.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stella" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.