Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 40
A primeira máscara a cair


Notas iniciais do capítulo

Voltei, pessoas! Semana de trabalhos e provas, por isso andei sumida. Mas, aqui está o cap. Espero que gostem! Beijos!



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Tensa e, desastrosamente desestabilizada, subi as escadas. O almoço ainda prosseguia no andar de baixo e dava para ouvir, claramente, o nome da minha avó se perpetuando entre os convidados. Foi então que ouvi uma gargalhada sonora, daquelas que indicava uma alegria exacerbada em seu dono. Certamente, pensei dando um passo para trás, Katherine havia voltado para o covil de cobras.

—Não se sinta tão importante a tal ponto de atrapalhar a exuberância de uma mulher como Katherine; mãe do meu padrasto, e, tecnicamente, minha avó em consideração.

Avaliativa, observei Stephany, querendo realmente entender seu estado de vanglória.

—Se Eu fosse você, não ousaria de forma alguma chamar Katherine de avó. – Aconselhei, para o bem dela.

—Com ciuminhos, Stella? – Stephany sorriu, bloqueando minha passagem. –E se Eu fosse você, não teria entrado nessa casa com pose de vencedora. – Suspirei alto, aguardando suas crises. –Você já reparou que todo fracassado muda a aparência para se sentir capaz? – Indagou cheia de sarcasmo. –Aposto como você deve está se sentindo a rainha do universo agora, não é? Imagino como deve está sendo para você, já que nunca foi capaz de atrair tantos olhares de uma só vez em um dia.

—Isso é um elogio para mim, já que não estou usando um pedaço de vestido para ser consagrada como uma mulher sexy. Longe de mim ser preconceituosa com o que as pessoas vestem, mas, no caso meu bem, já virou apelação se vestir assim – apontei para o vestido curto –, para se sentir atraente todos os dias.

Stephany pensou em rebater a provocação quando lhe dei as costas, determinada a levar Katherine para o quarto. Ao chegar no âmbito ‘animado’, dei de cara com Kristen, notavelmente desconfortável com a presença da sogra. Um pouco mais afastado, Bryan se encontrava um pouco perdido àquela situação, com uma taça de champanhe.

—Estávamos nos perguntando onde estaria a garota responsável por trazer tanta felicidade para esse dia especial. – Kristen aproveitou a ocasião para falar, já que ela não era mais o centro de seus convidados. –Junte-se a nós! – Disse me entregando uma taça com champanhe.

—Ela não tem idade para beber! – Katherine arrancou a taça da mão de Kristen, enfurecendo-a.

—É realmente uma surpresa nos depararmos com uma filha biológica de William. – Disse um convidado. –Sou Franklin, pai de Jonnie. E essa é minha esposa, Marilyn.

Jonnie... O namorado idiota de Stephany! Estando com a família, ele parecia ser um bom rapaz, mas Eu sabia que por trás da camisa social e o cabelo loiro bem arrumado existia um grande babaca.

—Por incrível que pareça, não tivemos a oportunidade de nos apresentarmos. – O maldito Jonnie se atreveu a me cumprimentar, cheio de intimidade. –Seu cheiro me traz boas lembranças.

Ele sussurrou, sorridente.

É mesmo? — Sussurrei, batendo a mão contra a taça dele, que entornou o champanhe em sua calça, aparentando ser um rastro de xixi. –Ops! Foi mal! Estou tão desastrada ultimamente!

—É minha melhor calça! – Disse ele, tentando se controlar.

—Ela já se desculpou. – Bryan ficou ao meu lado. –Vá ao meu quarto e vista o que lhe agradar.

—Como é? – O loiro metidinho não queria conversa. –Não visto roupas de segunda mão!

—Não se preocupem! Tudo será resolvido.

—Ele vai aceitar sim, só está sendo um pouco exigente. – Bryan levou o rapaz para o canto, aproveitando a ação rápida de Kristen para entreter os demais.

Ela fez de propósito!

Acusou, tentando não chamar a atenção.

O que disse a ela?

Bryan o arrastou para a outra parte da sala. Eu, é claro, os segui.

—Como assim o que Eu disse?

Conheço você, Jonnie. Já vi você perseguindo a Stella, enquanto fazia a cabeça de todos para que eles também a perseguisse.

—Qual é, Bryan? A garota era uma zero esquerda naquela época! – Ele sorriu, passeando os dedos entre os lábios. –Vai me dizer que ela não mudou?

—E por ela ter mudado você não a perseguirá mais, é isso?

—Eu a perseguiria se não estivesse comprometido. Sacou?

O pavio curto de Bryan se incendiou. Um soco certeiro voou para o centro do rosto do futuro noivo de Stephany. A música ambiente e o conversar das pessoas impediram o flagrante.

—Vai agir mesmo como um irmãozinho? – Jonnie sorriu, com a boca ensanguentada. –Aposto que nem você resistirá à vontade de subir nela! – Bryan o encarava, com os punhos fechados, e a mandíbula contraída. –Aquela vadia me causou uma ereção quando Eu queria estapeá-la!

—Eu vou mata-lo!

—Bryan não!

Tentei intervir, mas cheguei tarde. Enfurecido, Bryan desferiu socos violentos no rosto do cunhado. Em poucos segundos fomos cercados pelos convidados, que instantaneamente tirou Bryan de cima de Jonnie.

—VOCÊ FICOU LOUCO?

Horrorizada, Stephany caiu em prantos.

—Será que não consegue ter o mínimo de inteligência para perceber que está caindo em uma cilada?

Furioso, ele abriu caminho entre as pessoas, deixando para trás um grupo de furiosos que juraram processá-lo por tentativa de homicídio.

—Stella, venha! – Katherine me chamou. –Ande! Rápido! – Ela segurou a minha mão e juntas subimos as escadas. –O que aconteceu?

—Eu não sei! Ouvi uma discussão e isso é tudo.

—Ah! Do que importa, não é mesmo? – Radiante, Katherine adentrou seu antigo quarto, que ficara trancado por anos. –Fazia tanto tempo que Eu não me divertia tanto! – Comemorou o triunfo começando a tirar as joias. –Isso é um mal presságio! Futuros parentes brigando antes da hora não é um bom sinal.

—Isso serviu para esse tal de Jonnie sumir daqui. – Fui à janela, observar os carros deixar a mansão. –Seria horrível tê-lo nessa casa quando bem quisesse.

—Pensei que não o conhecesse. – Observou.

—E não conheço, mas sei bem como ele costuma ser.

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Do meu quarto, era possível escutar uma calorosa discussão. Cega pelo capricho, porque aquilo não poderia ser amor, Stephany sequer tentou sondar a situação antes de acusar o irmão. Claramente ela começou a ofendê-lo, até que Bryan saiu do modo de defesa e agiu com Stephany como Eu nunca havia escutado antes.

—Ele está brincando com você? Será que não consegue enxergar isso?

—Você está infeliz por que a Grace te deixou! É por isso que está sendo incapaz de ver alguém feliz!

—Você acha mesmo que estou infeliz por que Grace se foi? Fico grato por ela ter percebido que não éramos mais um casal!

—Você sabe por que ela se foi! – Houve segundos de silêncio entre eles.—E todos também saberão e aí você verá que só tem um imbecil fraco nessa história doentia!

A porta bateu com força, cessando a discussão que parecia não ter fim.

Um suspiro demorado escapou dos meus pulmões. Eu deveria está feliz, mas a realidade não era essa. De fato, ver Jonnie apanhar e Stephany se desmoronar me deu certa alegria; aquela alegria passageira de se sentir quase justiçada. No entanto, não era nada legal está no meio de um caos, tendo que se manter de pé para que você não se torne parte desse caos.
Um tanto estressada, ansiosa e frágil resolvi sair do quarto, com a incerteza se era correto levantar uma bandeira de paz, nem que fosse por alguns minutos. Duvidosa, me encontrei de frente a porta do quarto de Bryan e, receosa, bati nela. Não houve resposta, então girei a maçaneta. Ele estava trancado.

Eu sei que você está aí.

Sussurrei, soltando a maçaneta, agora, sem coragem para voltar.

—Eu... Eu quero ser sua única amiga nesse momento, Bryan. – Respirei, com a testa apoiada na porta. –Se não quiser abrir Eu vou enten...

Para o salto agudo do meu pobre coração, ele abriu a porta. Olhamo-nos sem nada dizer. Seu cabelo castanho meio bagunçado, os dedos avermelhados... Foi como ver o verdadeiro Bryan.

—Posso ajudar a fazer o curativo?

—Estou bem. Não se preocupe. – Disse me observando. –Você não deveria está aqui.

—Você acha que não é certo Eu está aqui?

—Não sei mais o que é certo nessa casa.

—Nem Eu. – Dei de ombros, entrando no quarto. –Stephany vai te agradecer um dia, talvez quando ela perceber que o namorado não vale nada. – Falei pegando a caixa de curativos. –Vem. Vamos cuidar disso. – Calado, ele obedeceu.

—Você ouviu toda a conversa, não é? – Indagou me constrangendo. –Não quer me contar o que houve?

—Não estou entendendo. – Continuei com o curativo.

—O que ele fez com você?

Olhei-o fixamente. –Você ouviu o que ele disse. – Voltei a me concentrar a mão dele.

Bryan soltou um longo suspiro, seguido de uma inquietação. –Por que você não disse nada a respeito?

—O que você queria que Eu dissesse?

—Que Jonnie te assediou, talvez?

Eu poderia sim ter falado para ele ou para William, mas não achei que seria assunto de extrema importância para um deles.

—Não quero falar sobre isso. Você ensanguentou a cara daquele babaca, então... estou me sentindo justiçada. – Continuei com o curativo, sem lhe lançar um único olhar, mesmo sabendo que seus olhos castanhos mel estavam sobre mim. –Você está muito estressado. Eu já disse para você tomar cuidado com um enfarte.

Por mais sério que estivesse, ele viu graça em meu comentário.

—Não estou estressado.

—Diz isso para os seus punhos. E, a propósito, Eu não esperava que você fosse bom de briga. – Brinquei olhando-o de relance. –Achei que caras como você praticasse Yoga e não boxe.

—Está me zoando. Você não tem jeito.

 –Desculpe. – Não controlei o riso. –Poderíamos assistir um filme de comédia. O que você acha?

—Você acabou de se proclamar minha inimiga. Agora, quer ir ao cinema comigo? De que planeta você veio, hein garota?

—Os inimigos também levantam bandeira branca, nem que seja por um dia. Até mesmo Trump e o Kim jong-un celebraram um tratado de paz. Além disso, sei que minha companhia é agradável.

—Não acho que seja tão agradável assim.

—Dylan adora. – De repente, o que parecia ser uma confissão inocente se transformou em uma provocação. Mas, por que pensei que soou como uma provocação.

—Então, você deveria chama-lo para sair, não acha?

—Com certeza ele iria adorar, mas o convite é para você. Aceita logo!

Entretido em pensamentos, Bryan reservou o direito de pensar a respeito.

—Desculpe, mas... não podemos fazer isso. – Observei o chão, me sentindo uma completa idiota. –Sei que você está tentando amenizar todo esse clima ruim, mas essa não é minha maneira de agir.

Desnorteada, arrumei a caixa de medicamentos. –Você tem razão. – Balancei a cabeça, aceitando minha estupidez. –Eu aqui fingindo que posso amenizar toda essa merda e você aí, bem na minha frente, destruído mentalmente. – Pus a caixa em cima da cama. –Acredite, Eu não estou nada feliz com tudo isso que está acontecendo. – Mantivemos nossos olhares fixos um no outro. –E é muito estranho por que Eu queria está me sentindo triunfante agora.

—Isso só funciona com pessoas frias e calculistas. – Ele sorriu pleno e simplório para mim. –É melhor você ir descansar.

—Não quero deixar você sozinho.

—Stella... – Ele coçou a testa, desajeitado. –Estou bem, de verdade.

—Sei quando você não está bem. – Tomei a liberdade, irrefletida, de chegar mais perto dele. –Suas mandíbulas ficam se contraindo e você não consegue parar de mexer no cabelo.

Toquei seu rosto, acariciando-o com delicadeza.  O toque singelo fez Bryan fechar os olhos lentamente e abri-los envolvidos. Suas mãos tocaram as minhas e ele as beijou com suavidade. Um passo ousado o fez chegar mais perto, lhe permitindo se assegurar que o meu coração estava batendo descompensado. Dedos avermelhados tocaram o meu rosto e se perderam em carícias ternas. Hesitados, embora impulsionados por uma chama que jamais sentir, tocamos nossos lábios e nos entregamos a um beijo que Eu nunca conseguiria explicar.

 

 


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