Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 16
Imatura? Eu?


Notas iniciais do capítulo

Cap. postado, pessoas! Bjs!



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—Então? Quando posso fazer o teste de DNA? – Perguntei novamente. –Embora minha mãe seja uma mulher correta, farei isso somente para provar a William que o sangue dele corre nas minhas veias.

Bryan se mostrava calmo, mas Eu podia sentir a tensão em seus olhos inquietos.

—Sua mãe teve todo o tempo do mundo para confrontar William. Por que somente agora?

—Por que Eu quis. Eu a pressionei. Fui Eu a correr atrás de toda a verdade.

—Que verdade?

—Isso não interessa a você. – Observei o relógio na parede alta. –Está ficando tarde e você ainda não tomou uma decisão.

—Eu? Se quiser enfrentar William vá a casa dele e o obrigue a reconhecê-la. – Pacificamente Bryan começou a organizar sua pasta de documentos.

—Mas...!

—Mas, o quê? – Indagou áspero. –Isso será fácil para alguém como você, com a língua perigosamente afiada.

Sem ter em mente como intervir a saída dele, resolvi me acomodar em um pequeno sofá.

—Tudo bem. Estarei aqui amanhã, nesse mesmo lugar.

Surpreso, Bryan deixou a pasta no chão e caminhou furioso até mim. –Você não pode ficar aqui!

—Vai pôr uma garota frágil e desprotegida na rua? – Provoquei. –Há muita gente louca lá fora.

—Você não é tão diferente dos loucos, sabia? – Rebateu a provocação. –Deve ter um parente ou um amigo que possa te abrigar essa noite.

—Não tenho ninguém. – Menti para ele. Eu estava mais que determinada a sugar toda a sanidade que havia em Bryan. –Quero ir para a mesma casa que todos os Griffin moram!

—Não posso chegar em casa com uma garota que se diz filha do meu padrasto e acomodá-la na mesa do jantar!

—Ora! Por que não? – Cruzei os braços.

—Por que, primeiramente, não sei nada sobre você. Segundo, esse tipo de notícia não se dá em abrupto, de qualquer forma.

—Não to nem aí se você me conhece ou não! E sério que você está preocupado com minha identidade? Cara! Vamos ter que nos conhecer cedo ou tarde, é fato! Moraremos na mesma casa, por isso não tem por que pensar em mim como uma psicopata! Você perceberá que sou uma pessoa boa e gentil, mesmo com uma língua afiada. – Bryan respirou fundo, olhava-me como se tentasse me estudar. –Você pode parecer insensível e insuportável, mas Eu sei que existe um lado fofo em você.

—Ah, é? E como você chegou a essa conclusão? – Perguntou visivelmente irônico.

—Você subiu um prédio de trinta andares comigo, pelas escadas. Você não tinha nenhum motivo especial para fazer tal coisa, mas fez por que, de alguma forma, meu trauma mexeu com você, e me atrevo a dizer que você não se sensibilizaria tanto se não tivesse se identificado.

—Está dizendo bobagens. – Ele foi à pasta esquecida no chão e a pegou, retornando ao plano de sair da empresa. –Olha, Eu realmente não posso levá-la comigo. – Seu tom de voz finalmente abrandou. Ele estava relativamente mais calmo. –Vou hospedá-la em um hotel. Amanhã...

—Será mais uma noite angustiante. – Desanimada, me sentei, e deixei as lágrimas caírem copiosamente. –Não tenho dormido direito à espera desse dia. – Confessei de cabeça baixa. –É difícil viver quando se tem algo dessa escala para resolver. Você não tem idéia de como será, no entanto, sempre sonha com o melhor, mesmo sabendo que esse melhor pode não existir. – Olhei-o com o rosto banhado de lágrimas. –O que faria se estivesse no meu lugar agora?

Bryan deu outro suspiro pesado. Surpreendentemente, ele foi à garrafa de Whisky, e pegou dois copos. Observei-o se sentar ao meu lado, logo em seguida, ele me serviu.

—Você ama a sua família, Stella?

—Claro que sim.

—Então, por que está correndo atrás de uma pessoa que você acha que não se importa com a sua existência?

A pergunta me deixou atônita. –É complicado te responder isso. – Dei o primeiro gole na bebida. –Está pensando que vim atrás de dinheiro, não é?

—Qualquer um pensaria, mas, de fato, se essa é sua maior causa, por que não desfrutar de um patrimônio que, legitimamente será seu?

Ri de sua pergunta audaciosa. –Você, por acaso, se deu conta, de que Eu posso acabar com seu império?

Bryan pensou a respeito enquanto apreciava o Whisky com gelo. –É para isso que você veio?

—Mas, é claro que não! – Dei o último gole, não contente, enchi o copo. –Confesso que você merece uma boa lição por ser tão arrogante, entretanto maldade extrema não faz parte da minha personalidade. – Quando Eu ia levar o copo à boca, Bryan não deixou. –Claro, posso ser um pouquinho maldosa com você, mas... Por que tirou meu Whisky?

—Por que você não vai querer encontrar William bêbada, certo?

—Você vai me levar?

—Vou, mas não farei parte disso. – Avisou extremamente sério. –Escute, Stella... – Olhamo-nos fixamente. –Posso não ser um homem integralmente ambientado a minha família, mas isso não me impede de defendê-los.

—É um aviso?

—Não será se você não estiver interessada em bagunçar o meu lar.

—Não posso te assegurar que nossa convivência será das melhores. Sua irmã e Eu nos odiamos, por isso, é óbvio que não seremos amigas. Além disso, tenho certeza que a sua mãe não gostará nada de conviver com a filha bastarda do marido. – De repente, o tom amistoso da conversa estava se dissipando. –Já William... Prefiro não pensar como será nosso dia a dia.

—Uh. – Murmurou levando o copo à boca. –Por que não me citou como mais um pesadelo em ‘família’?

—Por mais estranho que pareça admitir... – Engoli a seco. –Tenho impressão de que você será a única pessoa que vou gostar de conviver.

Bryan achou graça das minhas palavras. –Mal nos conhecemos e já brigamos como velhos inimigos. Como acha que teremos um bom relacionamento morando na mesma casa? – Ele continuou rindo. –Stella, você é realmente uma criança. – Disse saindo do sofá. –Sou a pessoa mais enigmática que você vai conhecer.

—Até agora consegui decifrar todos os enigmas que cruzaram a minha vida. – Não era um flerte, nem de longe, porém me senti flertando com o cara que minutos atrás Eu queria estrangular. Aquilo sim era um verdadeiro enigma. –Para onde vamos?

Perguntei encabulada.

—Você não quer um lar?

E, mais uma vez, aquele homem cuja personalidade me dava arrepio às vezes, se mostrou sensível quando desceu comigo as escadas de emergência que já estavam se tornando minha marca registrada.
De fato, Eu não conseguia entender como, de uma hora para outra, Bryan agia como um tirano impiedoso, e, de repente, se torna um gentil cavalheiro.

—Acho que você tem transtorno bipolar.

Sem mais nem menos, disse uma das coisas que tirariam qualquer um do sério.

—Você é formada em psicologia para sair diagnosticando as pessoas?

—Você acabou de dizer que não sou diferente dos loucos! – Rebati seriamente. –Nunca sei o que te deixou irritado ou o que fez você sorrir.

Ele me olhou duvidoso. –É o seu jeito louco que me deixa tão confuso. – Confessou me impressionando. –Você consegue ser audaciosa e engraçada ao mesmo tempo. Isso também pode ser um transtorno bipolar.

—Já me disseram que sou audaciosa. – Sorri. –É animador ouvir isso outra vez. – Bryan nada disse. –Mas... você me achar engraçada é surpreendente. Até agora nunca fiz nada engraçado na sua frente. – Ele focava os degraus. –Por falar nisso, sei contar boas piadas.

—Nem mesmo tente. – Falou voltando a seriedade extrema. –São coisas e gesto despretensiosos que te faz ser engraçada. Como por exemplo, esticar a perna para alcançar o sofá às pressas, sendo que você está no colo de alguém. E, por mais que seja deselegante para uma moça, é hilário ouvi-la falar mal.

Senti meu rosto pegar fogo. Minhas bochechas deveriam está vermelhas.

—Foi embaraçoso ser pega no colo, como uma criança.

—Você estava passando mal. É a lógica que alguém ampare outro nos braços havendo mal estar.

—Sei disso, mas... fiquei meio envergonhada. – Soltei um riso sem noção.

—Garotas da sua idade se envergonham com qualquer coisa.

Agora ele me qualificava como imatura. –Não importa a idade. Sempre vai existir alguma coisa que nos deixe sem jeito. – Ele não me deu atenção. –Você com toda essa pose de gente grande, mas aposto que devem existir coisas que te deixam sem jeito!

—Garota, você realmente não me conhece. – Seus olhos incrivelmente castanhos caíram sobre mim. –Não há nada que me deixe sem jeito.

—Uh. – Murmurei duvidosa. –E um beijo inesperado?

—Simplesmente vou afastar a mulher e ponto final.

—Um abraço repentino?

Bryan parou e me focou atentamente. –Deveria se esforçar nas perguntas. Não tenho quinze anos. – Ele franziu a testa. –Isso ficou meio estranho.

—Relaxa! – Bati no ombro dele. –Tem que parar de me tratar como uma criança. – Voltamos aos passos curtos. –Pode não parecer, mas sou uma garota bem madura para a minha idade.

—Não acho que seja.

—Você é o único cara que me diz o contrário! – Fiquei irritada. –Todos os garotos que conheço elogiam minha maturidade.

—É por que eles querem conquistar você.

—Não é verdade!

—Viu só? Está sendo imatura agora. – Ele tocou minha testa rapidamente. –Chega de conversa. – Chegamos à recepção. –Ainda dá tempo retornar a sua vida.

—Sem chance! – Disse determinada, enquanto o seguia.


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