Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 17
Conversa alheia


Notas iniciais do capítulo

Novo cap. Beijos!



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Vez ou outra meus olhos atentos observavam o homem que, assim como Eu, mantinha-se distante de emoções contraditórias. O silêncio dizia muito sobre nós naquele momento, principalmente sobre mim, que estava começando a matutar como seriam os próximos dias ao lado de uma família que, sequer, me dera permissão para fazer parte dela. E isso era só mais um detalhe. Bryan estava começando a ser uma verdadeira preocupação. Que tipo de relação teríamos depois de termos trocado confidências sobre nossos pontos de vistas? Estava na hora de começar a vê-lo como um inimigo ou rival? Ou, Eu tinha que considerar a hipótese de que ele não seria uma ameaça?

—Definitivamente você não é um cara tão ruim.

Por um impulso impensado, deixei em evidência minhas avaliações pessoais sobre Bryan. Fora uma atitude impensada, embora incontida. Era como se ele precisasse saber que suas atitudes humanas me agradavam, e muito.

—Você muda de opinião facialmente.

—Não é verdade! Acontece que acho fofo quando você é legal.

—Agora Eu sou fofo?

A pergunta desdenhosa me causou quentura. –A sua atitude é fofa, às vezes. – Ele visivelmente sorriu, mesmo que não quisesse deixar o sorriso em notoriedade.

—Você não é uma garota totalmente destrambelhada.

—Não sou destrambelhada!

—Ah! É sim. – Confirmou me deixando mais indignada. –Você já fez coisas que Eu nunca ousaria fazer.

—Pessoas autênticas fazem coisas que outras pessoas não fazem!

—Então, não sou autêntico?

—Eu não disse isso. – Dei de ombros. Obviamente aquele arrogante tinha muita autenticidade. –Estou um pouco nervosa. – Entrelacei os dedos. –Sinto que vai ser uma experiência traumática.

—Se está tão insegura... Por que não trouxe a sua mãe? – Tivera oportunidade de me encarar quando o carro parou no semáforo. –Aliás, seria mais sensato, e, particularmente materno, partir de sua mãe essa decisão.

—Já sou grande o bastante para tomar partido, além disso, minha mãe é contra a qualquer tipo de aproximação com os Griffin. Ela foi veementemente decidida a não procurar o senhor William.

—Você fala como se sua mãe fosse uma grande vítima do William.

—E quem nos garante que ela não foi? – Perguntei ofendida. –Você conhece o magnífico engenheiro William Griffin de hoje, adulto, responsável, e sério. Por acaso, o conheceu no auge dos seus vinte e três anos? Ele pode ter sido mais um babaca riquinho que abusou do charme para conquistar uma jovem despretensiosa. Acha que é difícil para uma garota se iludir com um cara bonito?

—Isso não me interessa.

Ele acelerou o carro, cessando a conversa que não tinha outro caminho senão a discórdia.

—________________***_________________

O tão aguardado portão da mansão Griffin estava diante de mim, trazendo-me recordações de uma noite turbulenta, com direitos a flagrante, prisão, e processo. Mas, naquele ousado momento, Eu me sentia como uma convidada ilustre, e não como uma informante desastrosa.

—É melhor que você me espere no carro. – Disse Bryan, observando as grandes janelas iluminadas.

—Por quê?

Ele me observou com um semblante nada amigável. –Eu disse que não ia me meter, mas sinto-me responsável pela futura confusão que você causará em breve. Virei buscá-la quando for o momento.

Não me opus. Decidi confiar em Bryan e aguardar o seu chamado.

Meia hora se passou e nenhum sinal do homem que parecia disposto a apaziguar a futura balbúrdia na mansão Griffin. Eu me contorcia de ansiedade, embora nada pudesse fazer. Meu único foco era a vistosa porta branca. A qualquer momento alguém a abriria e viria ao meu encontro. Foi pensando assim que arrumei os cabelos, que, com toda certeza, estavam meio bagunçados.

—Que demora!

Reclamei quase decidida a pular para fora do carro, porém, havia certas coisas ali mais interessantes que bisbilhotar janelas. Bryan havia deixado no carro seus pertences e, com toda a certeza, Eu me aproveitaria do seu esquecimento.

—O que temos aqui? – O primeiro item a ser revirado fora o celular da Apple, recém lançado no mercado. –Brigitte morreria se ganhasse um desse! – Deixei o celular no mesmo lugar que o achei. Seria perda de tempo tentar vasculhá-lo, por que, assim como qualquer outro celular, uma senha de introdução bloqueava os cômodos. –

E, quando Eu estava convencida a sair do carro, o celular de Bryan vibrou. Totalmente compenetrada no visor do aparelho, o peguei, sem intenção alguma em atendê-lo, mas... não sei como aconteceu, nem o que me incentivou a dizer: alô...

—Finalmente você atendeu!

Ouve silêncio da minha parte. Fiquei chocada, pois me sentir invadindo a privacidade de outra pessoa.

—Ainda está bravo comigo? – Era uma mulher, aparentemente, desesperada. –Claro que está. – Ela sorriu. Estava relativamente nervosa. –Eu não queria ter bancado a ciumenta! Você sabe que me odeio quando me sinto insegura, mas... — Ela deu um longo suspiro. –A Mary não é qualquer mulher, é sua ex-namorada, então...— Outro suspiro, só que mais pesado. –Enfim... Só liguei para me desculpar e... Poderíamos jantar hoje. O que você acha? — Perguntou ganhando ânimo. –Depois do jantar iremos para o meu apartamento. Você não imagina como estou... – Prendi o riso. Ela não desconfiava que não era Bryan a ouvi-la. –Eu poderia ter um orgasmo duplo se você me tocasse agora.

Era muita informação pessoal, por isso, desliguei o celular. Ainda risonha depositei o aparelho no mesmo lugar que este estava, mas fui flagrada pelos olhos enraivecidos do dono deste.

—Há quanto tempo está aqui? – Ele estava na minha janela, como uma sombra. Eu sequer o vi chegar.

—Por que estava com meu telefone?

—Ele estava tocando, mas não era ninguém. – Dei de ombros.

—Quem era? – Insistiu certo de que se tratava de uma ligação. –Por que mentir se vou chegar as últimas ligações?

—Está bem! Era uma mulher!

—Nome.

—Não sei! Ela já foi falando um monte de coisas!

—Que coisas?

—Parece que ela queria se desculpar. – Relatei pacientemente. –Triângulo amoroso nunca dá certo, sabia?

—Você é mesmo petulante! Como teve coragem de escutar a conversa de outra pessoa? – Ele me tirou do carro. –Nunca mais chegue perto do meu celular!

—Não precisa me advertir, depois de tudo que ouvi quero ficar bem longe dele e de você! – Puxei meu braço. –Você tem uma namorada muito nojenta!

—Chega! – Ele voltou a segurar o meu braço e me arrastou com ele, para dentro da mansão. –O clima lá dentro não está nada bom, então se lembre disso quando não se tocar que está sendo inconveniente!

—Todos já sabem?

—Sua mãe fez o favor de pegar todos de surpresa!

—Minha mãe está aqui?

—Ah! Ela está sim! Ameaçando a todos que ousar te magoar!


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