Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 2
Tumba


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Um aviso que eu esqueci: algumas coisas na história estão baseadas nos livros, mas poucas.
Hoje, mais do passado sombrio de Ludmille se revela...



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—Acho que peguei pesado com você. -Damon disse, sentado no sofá. Tirei os olhos da janela e o encarei.

Acha?

—Foi um pouco exagerado, aquela coisa toda. Mas se passaram dois dias e você está aqui.

—Estou aqui por que Stefan me convidou. Além do fato de que eu odiava aquele apartamento onde Gustav nos meteu.

—Por quanto tempo pretende ficar? Agora está em casa. Mystic Falls.

—Não piso aqui desde... Desde aquela noite.

—Sério? Que desapego.

—Por que você voltou?

—Katherine. Eu queria abrir a tumba, e tirá-la de lá.

—Aposto que ficou extremamente decepcionado. Tem certeza de que ela não estava na tumba?

—Procurei em cada canto. Olhei no rosto de cada vampiro. Katherine não estava lá.

—Talvez... Esquece.

—Continue.

—E se houver... Sei lá, uma... Parte secreta da tumba? Talvez uma câmara secreta. Katherine é do tipo que gosta de privacidade.

—Faz sentido. Vamos. -Ficou de pé.

—Onde?

—Procurar Katherine. Você não quer sua amiga de volta?

—Tudo bem... Vamos.

***

—E pensar que eu quase fiquei presa aí. -Murmurei, entrando na tumba. -Há algum vampiro aqui ainda?

—Nenhum. Todos saíram recentemente. Começando por Pearl.

—Deve ter sido horrível ficar aqui. Não consigo imaginar.

—É... Não vai precisar imaginar. Te consigo uma experiência bem real.

—Que?

Algo afiado acertou meu braço. Comecei a engasgar e caí de joelhos.

—Damon! Verbena... Por... Que?

—Se você vai mentir pra alguém, garanta que essa pessoa não desconfie. Você, Katherine e Emily viviam grudadas. Até mesmo ganhou um anel. Ela nunca teria te deixado.

—Damon... -Se afastou e fechou a tumba. -Damon! Não!

—Talvez passar um tempo aí solte a sua língua e te ensine a falar a verdade.

—Eu não menti... -Tentei levantar. -Eu não menti...

***

Não havia mais som vindo do lado de fora. Damon já tinha ido embora. Fiquei sentada, imóvel, tentando imaginar quanto tempo ia ficar presa ali. Provavelmente até Damon achar que tinha conseguido me assustar ao máximo. Podia levar dias, semanas... Não dava pra saber.

Ele estava disposto a qualquer coisa para encontrar Katherine. E “qualquer coisa” incluía me torturar, além de esquecer a amizade das nossas famílias, assim como a nossa. Nunca fomos muito próximos, okay, mas eu não esperava por uma punhalada dessas.

Fechei os olhos. Só podia esperar, e torcer para Damon mudar de ideia.

***

—Ludmille! Ludmille, volte aqui agora mesmo!

Olhei por cima do ombro, sem parar de correr. James estava cada vez mais perto.

—Quando Robert colocar as mãos em você de novo...

Ignorei, tentando correr mais rápido. A saia do meu vestido engatou em uma raiz, então fui para o chão.

Me apoiei na árvore para levantar e voltar a correr, mas James me alcançou, agarrando meu braço.

—Sabe que está apenas piorando a sua situação, Ludmille. Não adianta ser desobediente, tem que ser uma ratinha fugitiva?-Aumentou o aperto, machucando ainda mais o local que Robert tinha ferido horas antes.

—Me solte! Ele vai me matar!

—Ele deveria, mas duvido que irá. Se continuar fazendo isso tenha certeza de que... -Então caiu no chão, revelando uma moça atrás dele.

—Ele está... Morto?

—Oh, não. -Respondeu. -Pelo menos não ainda... Meu nome é Katherine. Katherine Pierce. E você...?

—Ludmille Morgan Haus.

—Esse é seu marido?-Olhou para o homem no chão.

—Meu cunhado. Casei com o irmão dele há um ano.

—Por que estava fugindo?

—Por que odeio... Odeio meu marido. Odeio o irmão dele... Odeio a vida que tenho agora. -Ouvi som de cavalos e vozes. -Me encontraram.

—Então eu devo ir. Foi um prazer conhecê-la, senhora Haus...

***

—Senhora?-Tirei os olhos do livro, entediada.

—Sim, Dolores?

—A senhorita Pierce está aqui para vê-la.

—Pierce? Ah, Katherine. Certo. Vou recebê-la na sala de estar.

—Sim, senhora.

***

—Parece surpresa.

—E estou. -Admiti, me sentando. -Não costumo receber visitas. E não pensei que nos veríamos novamente.

—Fiquei um pouco curiosa sobre você. E não tenho muitos conhecidos em Mystic Falls.

—Está morando lá?

—Sim. Estou hospedada na casa dos Salvatore.

—Os conheço. Morei na cidade por anos. Até que meus pais vieram para cá.

—E não pensa em voltar?

—O tempo todo, mas meu marido... Não está disposto a abandonar essa... Casa. Foi herança dos pais. É importante para ele.

—Mas não para você.

—Não. Não é.

—Ludmille... Eu posso chamá-la assim?-Assenti. -Quantos anos você tem?

—Quinze.

—Oh. Tão jovem... E Tão... Triste. Gostaria de fazer algo.

—A única coisa que me faria feliz é voltar no tempo e não me casar com Robert Haus. Infelizmente sei que não é possível.

***

—Fico feliz que tenha vindo, Katherine. Pode voltar mais vezes.

—Eu voltarei, prometo. -Abri a porta, meu sorriso sumiu.

—Katherine, esse é Robert Haus, meu marido. Essa é a senhorita Pierce. -Ela sorriu.

—É um... Prazer conhecê-lo, senhor Haus. Com licença. -Passou por ele e se foi com Emily, sua dama de companhia.

—Fazendo amizades?-Robert perguntou, fechando a porta. Recuei um passo. -Ah, ficou muda outra vez. -Começou a ir para o escritório, mas parou. -Coloque o vestido de noiva essa noite. -Meu coração acelerou. De novo não, por favor...Encontro-a no quarto após o jantar.

***

O som do relógio me deixava nervosa, mas tentei me concentrar nele, para não ouvir o silêncio, ou os passos de Robert na escada.

Não consegui controlar a minha respiração, era como se eu tivesse corrido quilômetros. Quis tirar o vestido e o rasgar em pedaços. Ele representava todo o medo que eu sentia e o inferno particular que eu passava.

Permaneci sentada na cama, de costas para a porta. 195 vezes. 195 noites usando o vestido para que ele o tirasse. 195 vezes de pânico.

A porta abriu.

196 vezes agora.

***

Tentei empurrar a pedra, mas não consegui. Quanto tempo eu estava presa na tumba? Não havia como contar e tudo era uma mistura de escuro e passado.

—Damon?-Chamei. -Por favor, me deixe sair. -Voltei a empurrar, arranhando as palmas das mãos no processo. -Eu não sei de nada... Por favor. Estou com sede... Por favor... Me deixe sair...

Voltei a me sentar. Não consegui imaginar como os outros ficaram presos por tantos anos na tumba. Não consegui imaginar como eu teria aguentado. Talvez isso fosse um castigo. Fugi e não tentei ajudar os outros. Ou talvez... Por causa das coisas que eu fiz ou...

Deslizei até ficar deitada e fechei os olhos. Em dias eu sequer ia conseguir me mexer.

—Damon... Se estiver ouvindo... Por favor... Me tira daqui...

***

—Mamãe?-Ela sorriu.

—Ludmille, por que parece tão surpresa?-Larguei a escova na penteadeira.

—Faz dois meses que não vem me ver.

—Não sou mais sua “mamãe”. Agora você é uma mulher casada. Tem que ter sua vida.

—Eu quero ir para casa.

—Essa é sua casa.

—Não gosto daqui. Não gosto do Robert. -Suspirou. -Ele é ruim...

—Nós já falamos sobre isso. -Fiquei de pé e arregacei as mangas do vestido.

—Olhe o que ele fez nos meus braços!

—Ele é seu marido.

—Ele vai me matar! Há dois dias me lançou na parede. Semana passada me deixou três dias sem comer.

—Ludmille, eu já disse. Ele. É. Seu. Marido.

—Isso dá o direto que ele me mate?

—Ele não vai matá-la.

—Talvez eu prefira que mate a continuar aqui!

—É por isso que eu evito visitá-la.

—Mãe!

—Estou indo embora. Quando parar com essas bobagens, vá me visitar.

—Ele não me deixa sair de casa.

—Então mande-me uma carta e eu virei vê-la. -Fechei as mãos em punhos.

—Acabei me dizer que Robert me mantém em cárcere e você ignorou.

—Adeus, Ludmille. -Saiu do quarto. Corri atrás dela e segurei seu braço.

—Por favor, não me deixe aqui.

—Já chega. -Me empurrou. -Comece a agir como uma mulher casada. Não é mais uma criança.

—Mãe...

—Adeus.


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Notas finais do capítulo

Yep, o passado de Lud parece cada vez pior. E agora, pra piorar a situação, ela está bem presa na tumba. Por quanto tempo? Será que ela realmente falou a verdade sobre Katherine?
O que estão achando? Comentem aí. Diferente do Damon, eu não mordo ninguém! :3
Até maaaais!



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