Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 3
Humanidade


Notas iniciais do capítulo

Olá, fantasminhas!



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—Ludmille?-Abri os olhos lentamente. Damon estava entrando na tumba. -Parece ótima. -Filho da puta.—Eu vou te tirar daqui, e vamos voltar a jogar aquele jogo. Se não me der as respostas verdadeiras, volta para cá. Entendeu?

—Eu... Não sei nada...

—Parece que quer ficar aqui para sempre...

—Por favor... Não... -Me pegou no colo.

—Vamos. O jogo precisa recomeçar.

***

—Eu juro que estou falando a verdade. -Larguei a bolsa de sangue e limpei o rosto. -Eu não fazia ideia de que Katherine está viva. Passei todo esse tempo achando que ela tinha morrido junto com os outros.

—Como soube que os outros tinham sido pegos?

—Recebi uma carta de Emily, que dizia o que tinha acontecido. Tentei encontrá-la, mas não consegui. Então fui embora e não voltei... Até agora.

—Por que Katherine não teria te contado que escapou?

—Não sei. Por que ela não procurou você se te amava tanto?

Touché.

—Acho que o jogo acabou.

—É. Acho que sim.

—Ótimo. -Levantei rapidamente e empurrei Damon na parede, segurando-o pelo pescoço. -Não se esqueça que no quesito vampirismo eu sou mais velha. Encosta em mim de novo e eu te coloco naquela tumba, em pedacinhos. Entendeu?

—Acho que é hora de erguer uma bandeira branca. Que tal um acordo de paz?

—Não estou aqui para guerrear. -Me afastei. -Acordo aceito.

***

—Damon disse que tinha ido embora da cidade. -Stefan disse, confuso.

—E você ainda acredita nele? Seu irmão é um mentiroso.

—O que foi que ele fez?

—Me prendeu na tumba.

—Não consigo me surpreender. É por causa da Katherine, não é?

—Damon acha que todos são mentirosos como ele.

—E agora?

—Acho que consegui convencê-lo que não sei de nada.

—E não sabe mesmo?

—Não. Se soubesse, já teria dito ou avisado Katherine sobre Damon e a incrível descoberta que ele fez.

—Vai continuar aqui?

—Enquanto for bem vinda... Sim. Acho que estava na hora de voltar para casa.

***

Eu tinha a mania de observar as pessoas. Era algo incontrolável. Sentada num canto, passei o olhar pelos outros clientes do Grill. Duas garotas conversavam animadamente sobre uma festa. Uma era loira, e mexia com o copo de bebida. Ela digitava algo no celular com a mão livre. Um ponto para os jovens de hoje: eles conseguiam fazer várias coisas ao mesmo tempo. A outra garota era negra e batia os dedos na mesa. Ela era familiar, o que não era incomum. Quando se vive muito, você sempre tem a impressão de que todos são familiares.

No balcão, um casal conversava em voz baixa, falavam sobre um encontro e cuidados que deviam ter para não criar uma situação estranha com os sobrinhos dela.

Alguns rapazes jogavam sinuca, rindo e falando bobagens. Todos pareciam um pouco alcoolizados, e era apenas o começo da tarde.

E entrando no Grill, uma mulher loira em roupa de xerife e... Olha só, Damon.

—Já faz alguns dias que não temos nenhuma atividade suspeita. -A mulher sussurrou. -Acho que vamos ter uns dias de paz. Damon, essa cidade deve muito a você. Se não estivesse nos ajudando a pegar os vampiros... -Como é que é? Damon está fazendo o que?

—Você e o Conselho também fizeram muito. Estou só dando uma ajuda. E se puder fazer mais...

—Na verdade, acho que pode fazer algo. Estamos todos muito atentos a quem entra na cidade e há uma garota... Eu a vi na rua hoje cedo, mas não sei quem é ou...

—Acho que sei de quem está falando. É Ludmille. Ela não é um problema. Está hospedada na minha casa.

—Ah. Certo. Hum... Ela está bem ali. -Olhou pra mim, Damon se virou, surpreso. Acenei pra ele. Te peguei.

—Com licença. -Se afastou e veio na minha direção. -Saia agora, precisamos conversar.

—Estou bem instalada aqui. -Avisei. -Sente-se, te pago uma bebida.

—Ludmille. -Revirei os olhos.

—Okay. Okay. Sem escândalo. -Deixei cinco dólares na mesa e saí. Damon me seguiu. -Qual é o drama agora?-Segurou meu braço. -Sem contato físico. O que está armando? Ouvi o que a xerife disse. Está matando vampiros?

—Só os maus. -Sorriu.

—Damon...

—Estou salvando sua pele e a de Stefan. A minha também. Eles não desconfiam de nós. Ficaremos bem.

—Está traindo sua espécie.

—Quanto sentimentalismo. Já vou deixá-la avisada: se você se tornar um problema, não vou hesitar em te tornar um alvo. Sem tratamento especial.

—Ninguém nunca encontrou os corpos...

—Corpos? Sinto em informar que em Mystic Falls você não vai matar ninguém.

—Que? Como espera que eu...

—Há muitas bolsas de sangue na pensão. E você sempre pode adotar a dieta do Stefan.

—Está falando sério?-Aumentou o aperto no meu braço.

—Não se torne um problema, Lud. Ou acabo com você. -Me soltei dele.

—Acho que posso dizer o mesmo de você.

***

—Stefan?-Ergui a cabeça. A voz vinha do primeiro andar. -Stefan?

Desci as escadas, parando na frente da garota. Ela recuou, assustada.

—Katherine.

—Hã... Não. Meu nome é Elena. Você deve... Ser a Ludmille. -Deu mais um passo para trás. -Stefan está aqui?

—Eu não sei...

—Então eu volto outra hora. -Começou a recuar. Avancei na direção dela, agarrando-a pelos braços. -Não!

Algo me acertou nas costelas, me jogando para o lado. Caí contra uma mesinha, derrubando-a. Me preparei para atacar de novo, mas Stefan se meteu no meu caminho.

—Ludmille! Pare!-Congelei. O que estava... De novo não... -O que deu em você?-Olhei para baixo, para o antigo vestido de noiva, com sangue seco.

—Ah, meu Deus, eu fiz de novo. -Coloquei as mãos na cabeça. -Desculpe... Eu não quis... Não sei o que houve. Não tenho uma crise dessas há meses...

—Crise?

—Me desculpem. -Olhei para Elena. -Eu sinto muito. -Assentiu. -Lamento. De verdade.

Corri para o quarto e tranquei a porta. O que tinha causado aquilo? Eu mal conseguia me lembrar da última vez em que aquilo tinha acontecido.

Os vampiros tem a capacidade de desligar sua humanidade. Era algo que muitos adoravam. No meu caso, algo tinha se modificado (ou estragado) e o “botão” capaz de ligar/desligar minha humanidade operava sozinho. Eu podia estar normal em um momento, e no outro, estava por aí com meu antigo vestido de noiva ensanguentado, matando quem ficava no caminho. É. Eu sempre o colocava quando ficava “daquele jeito”. Não sei por que.

—Notícias oficiais, Ludmille. -Murmurei, me olhando no espelho. -Você está louca.

***

—Você sabia que Damon está ajudando a matar vampiros?-Perguntei. Stefan assentiu e cruzou os braços.

—Sabia.

—E não vai fazer nada? Ele pode nos transformar em alvos.

—Ele não fará isso.

—Como pode ter certeza? Damon é maluco.

—Não confia nele.

—Nem um pouco.

—Então por que ainda está aqui?-Dei de ombros.

—Sempre quis voltar a Mystic Falls. Agora voltei. Damon não vai me colocar para correr.

—Ótimo. Esse assunto está resolvido. Quanto ao outro...

—Que outro?

—O que você fez ontem...

—Ah. -Amarrei o cabelo, pensando em como escapar.

—“Ah”? Só tem isso a dizer?

—Mais ou menos. Olha, não sei o que foi aquilo. Acontece às vezes. Não foi de propósito. Lamento que tenha atacado sua... Elena. Por que ela é a cara da Katherine? Ela é uma duplicata, não é?

—O que sabe sobre isso?

—Já ouvi falar. É a única explicação para... Aquilo. -Ri. -Você não superou a Katherine?

—O que eu sinto por Elena não tem nada a ver com Katherine.

—Okay. Se você diz. -Me olhou feio. -Desculpa. Eu às vezes não penso no que falo. Se você está feliz com a duplicata... Que bom. Katherine o tinha tão preso na rede dela... Agora você se libertou.

—Estou livre há muito tempo.

—Será mesmo?-Fiquei de pé. Stefan parecia confuso. -Tenha um bom dia.


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Notas finais do capítulo

Primeira aparição da noiva de sangue, hoje. Yep. Tudo o que a Lud disse é verdade, ela tem mesmo essas "crises". Esse assunto voltará mais vezes, vai dar pra entender melhor.
Até mais!

P.S.: Apareçam, fantasminhas.



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