Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 18
Delírio


Notas iniciais do capítulo

Só quero dizer que meu antigo celular foi formatado e eu perdi muitas histórias. Curiosamente essa acabou se salvando, junto com mais algumas.



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De um lado para o outro. Sem parar, como um ritual. Parecia que se eu fizesse aquilo vezes o suficiente, o choro que vinha do andar de cima ia parar. Eu não podia culpar Elena por chorar. Fazia algumas horas já, e quando eu achava que estava acabando, ficava pior.

Klaus tinha sumido depois de gritar comigo. Aí Stefan e Damon chegaram chutando a porta como se fossem policiais durões de filmes. Eles não entenderam o que tinha acontecido, até que eu sussurrasse a minha culpa e depois a gritasse, quando Stefan me sacudiu como se eu fosse uma boneca de pano. “O quer você fez? O que você fez?”.

De um lado para o outro. Não pare de andar.

A voz de Elena veio através das paredes.

—Eu não consigo. Eu não consigo. Eu não...

Cobri os ouvidos com as mãos. Fazia meia hora que ela estava murmurando aquilo.

De um lado para o outro. Até que sua culpa se esvaia.

—Lud?-Parei de andar. Damon estava na porta.

—O que vai acontecer agora?

—Klaus virá atrás de você...

—Não. O que vai acontecer com Elena?

—Eu não sei.

—Será que eu...

—Não é uma boa ideia. Ela precisa se acalmar e... Decidir se quer falar com você. -Assenti. Lá em cima, o choro se tornou mais alto.

—Preciso sair daqui. -Comecei a ir para a porta.

—Pra onde você vai?

—Não sei. Qualquer lugar onde não dê para ouvir isso. -Parei. -Diz pra ela... Que eu sinto muito?

—Digo. Não se preocupe.

***

—Obrigada por me deixar ficar aqui, Caroline.

—Sem problemas. -Colocou um travesseiro e um cobertor no colchão onde eu ia dormir, no quarto dela. –Você não pode ficar por aí quando Klaus está atrás de você. Ele com certeza vai querer vingança.

—Assinei minha sentença de morte ao tentar ajudar Elena, e agora ela me odeia. Não que eu a culpe.

—Ela não te odeia. Ou pelo menos não vai odiar por muito tempo. Elena vai entender. E vai se acostumar a ser vampira. Tudo tem seu tempo. -Sorriu. -Agora estou parecendo minha mãe. Bom, hora de ir pra cama.

Não consegui dormir. Tinha um milhão de coisas passando pela minha cabeça: Klaus, a criatura mais poderosa da Terra (e que não podia ser morta), queria me matar; Elena me odiava; Robert estava por aí, esperando pra acabar comigo (pelo menos ele podia ser morto); Luma, se é que ela existia; Stefan, que não ia me perdoar por fazer a namorada dele sofrer...

Eu estava ferrada. Provavelmente ia viver menos que a minha estrela (o tempo de vida delas dependia de sua massa, quanto mais ela tinha, menos tempo de vida possuía, eu pesquisei).

Ouvi uma batida de leve, vindo da frente da casa e me sentei, completamente alerta. É isso. Klaus sabe que estou aqui. Ele vai ameaçar Caroline e a Sra. Forbes, e se eu não sair, vai queimar a casa com a gente aqui dentro.

Empurrei a coberta e fiquei de pé. A garota na cama nem se moveu, alheia ao que estava acontecendo.

Saí do quarto, pronta para sair e me entregar, tentando armar algum discurso que me fizesse parecer corajosa, mas de repente tudo desmoronou. Ele estava lá. Robert. No corredor.

Eu não devia, mas gritei, tentando recuar pra longe dele o mais rápido possível. Então as luzes estavam acendendo, Caroline estava me segurando e a xerife Forbes apareceu armada e alerta.

—O que aconteceu? Caroline?

—Eu não sei. Acho que ela se assustou. Ludmille, fale comigo, o que foi?-Abaixou o tom de voz. -Você viu Klaus lá fora?

—Robert. -Sussurrei. -Aqui dentro.

—Droga...

—O que ela disse?-A xerife perguntou. -Ela viu alguém aqui dentro?

—Foi um sonho, mãe. Lud é sonâmbula. Está tudo bem.

—Ela é uma vampira. Se está com medo, é algo grave.

—Está tudo bem. Nós vamos dormir agora e tudo ficará certo. -Me ajudou a voltar para o quarto e a deitar. -Shh. Eu estou aqui, se precisar é só me chamar. -Assenti. Ela foi pra fora do quarto. -Mãe, o que está fazendo?

—Verificando portas e janelas. Não sei o que a sua amiga viu, mas não é boa coisa. Você ouviu aquele grito?

—Fale mais baixo.

—Ela é uma vampira, a criatura mais poderosa da Terra.

—Há algo mais poderoso por aí. Mas não acho que seja isso. Tem homem mau a solta. Você tem que avisar seus homens para ficarem alertas. O nome dele é Robert.

—Quem é esse?

—Um homem mau.

—Caroline...

—Ela pode estar nos ouvindo, shh.

—Volte para a cama. E grite se precisar.

—Você também.

Quando Caroline voltou pro quarto, fingi estar dormindo. Eu sabia o que ela diria “Ele não pode entrar se não for convidado”. Mas então como ele entrou?

Adormeci antes de chegar à uma resposta.

***

Quando acordei, no dia seguinte, era a única na casa. Caroline deixou um bilhete, junto com uma chave que abria a porta da frente, e uma muda de roupa que servia em mim.

Depois de me trocar, arrumar a cama e enfiar minha roupa suja numa sacola, eu fui encontrar Damon, que me mandou uma mensagem. Sem surpresa, ele estava no Grill.

—Como ela está?- Perguntei, sentando ao lado dele, sempre no lado direito. O lado esquerdo era de Alaric, que devia estar dando aula.

—Bom dia, Lud. Onde passou a noite?

Damon. -Fez sinal, o garoto atrás do balcão colocou um copo cheio pra mim.

—Elena completou a transformação. Mas ainda está chateada. E não, não quer falar com você. Pelo menos não ainda. E aí, onde ficou essa noite?

—Caroline me acolheu. Ela disse que posso ficar lá por quanto tempo precisar.

—Bom. Precisa tomar cuidado agora que tem um Original querendo sua cabeça. Droga.

—Que?-Me virei. Klaus sentou ao meu lado.

—Ludmille. É bom encontrá-la. -Disse, roubando meu copo.

—Vai me matar? Aqui?-O Grill estava praticamente vazio.

—Não, não. Atormenta-la por um tempo parece mais interessante.

—Nada do que faça comigo pode me quebrar, não depois de tudo que passei. -Sorriu.

—Em breve vamos descobrir se isso é verdade. -Esvaziou o copo num gole e se foi. Me virei para Damon.

—O que ele quis dizer com aquilo?

—Acho que não vamos demorar a descobrir. -Respondeu. -Fique na casa de Caroline e não saia muito.

—Okay. -Saltei do banco.

—Lud.

—Sim?-Parei.

—Tome cuidado.

—Eu vou.

***

Catei a chave no bolso pra abrir a porta, mas meu celular tocou. O atendi, tentando fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

—Hey, Damon. Já cheguei na casa da Care. Acho que vou ficar o dia todo aqui dentro.

—Fugindo de alguma coisa?-A chave escorregou da minha mão.

—Klaus. Por que está com... Cadê Damon?

—Ele está um pouco... Enrolado. Não vai ser fácil colocá-lo na linha. Mas eu posso passar o recado se quiser.

—O que você fez?

—Você pode encontrá-lo, caso se importe. Ele está num lugar que você conhece bem, passou muito tempo aqui, graças aos Salvatore. -Franzi a testa. -Tic tac, Ludmille. O tempo está correndo. -Desligou.

Enfiei o celular no bolso e corri para a antiga igreja.

***

—Ah, meu Deus, Damon. -Recuei.

Klaus não estava em lugar nenhum. Mas isso não me deixava mais tranquila.

Damon estava preso a uma cadeira, com arame farpado enrolado por quase todo o corpo. Havia muito sangue escorrendo dos cortes. Aquilo devia doer muito.

Me aproximei, pensando por onde começar a soltá-lo, quando ele ergueu a cabeça e abriu os olhos, me assustando.

—Não. Toque. Nisso. Verbena.

—Eu preciso te soltar. -Balançou a cabeça negativamente, foi um movimento fraco. -Vai demorar muito até encontrar algum humano pra ajudar e arrumar alguma ferramenta pra isso... Eu consigo.

—Não. -Me aproximei. -Não. Toque.

—Fique quieto. Eu consigo. Você está nessa por minha causa. Eu é quem devia estar aí, não você.

Agarrei a parte de cima do arame, que estava em volta do pescoço. A verbena queimou minhas mãos e as farpas entraram na carne, rasgando-a. Gritei, puxando para soltar. Quando me afastei, apenas conseguindo arrancar uma parte, minhas mãos estavam horríveis. E era apenas o começo.

Damon não falou enquanto eu trabalhava, e ignorava meus gritos. Aquilo doía. Não consegui imaginar o que ele estava sentindo.

—Só mais um pouco. -Sussurrei. -Já está acabando. -Puxei o arame que perfurava a mão direita e o joguei longe. -Terminamos. -Me sentei no chão. -Nós conseguimos.

—Você conseguiu. -Tentou ficar de pé, mas caiu na minha frente.

—Okay. Vamos sair daqui. -O ajudei a levantar, e a passar um braço por cima dos meus ombros. -Devagar. Ou a gente vai se estatelar no chão. -Riu um pouco.

—Isso seria péssimo. Se eu cair, não levanto mais.

—Nem eu.

***

—O que aconteceu?-Stefan perguntou, me ajudando a colocar o irmão no sofá.

—Ele precisa de sangue, e rápido. -Ele assentiu e saiu da sala, retornou com uma bolsa de sangue. Damon tentou entregá-la pra mim, mas eu recusei. -Estou bem. Já estou me curando, olha. -Ergui as mãos.

—O que houve?

—Klaus. Ele enrolou Damon em arame farpado cheio de verbena.

—Você o soltou.

—Não podia deixá-lo lá. Foi minha culpa. -Elena entrou na sala, sem olhar pra mim. -Eu preciso ir. -Comecei a levantar, Damon agarrou meu pulso.

—Obrigado. -Agradeceu.

—Você teria feito o mesmo. -Dei de ombros.

—Ligue se precisar. -Stefan pediu.

—Okay.

Fui para a porta, Elena se afastou quando passei por ela.

***

—Ah meu Deus, você está ferida?-Caroline perguntou, enquanto eu ia direto para o banheiro lavar as mãos sujas de sangue.

—Klaus pegou Damon, eu o resgatei.

—O que? E se Klaus tivesse te pegado também? Ele quer te matar!

—Eu sei, mas... Care, Damon é meu amigo. Ele já me salvou algumas vezes.

—E de repente as coisas boas anulam as coisas ruins. -Sequei as mãos.

—Às vezes é o que acontece. -Alguém bateu na porta principal.

—É Tyler. Minha mãe vai ficar fora hoje e achei que seria uma boa ideia se... Ops.

—Você se esquece de mim.

—Talvez. Você pode ficar aqui, mesmo assim.

—Com minha super audição, enquanto vocês se agarram no cômodo ao lado?

—Tudo bem, me deixe pensar... É claro. Já sei!

***

—Sério? O que houve com a opção “Bonnie”?-Caroline estacionou. Matt estava na porta da casa, esperando.

—Bonnie está metida numa reunião de família. E Matt mora sozinho e não vai convidar Klaus para entrar. Está tudo bem. Além disso, ele é humano e um bom cara. Talvez derreta seu coração.

—Ou talvez eu arranque a garganta dele.

—Ludmille!

—Brincadeira, eu gosto do Mutt, ele é legal.

—Ótimo. Tenha uma boa noite.

Saí do carro, com a sacola de roupa nas mãos. Caroline buzinou e se foi, deixando Matt e eu sozinhos.

—Hã... Entra.

—Obrigada. -Murmurei, passando por ele. -Escuta, se isso for muito estranho ou assustador, eu posso encontrar outro lugar pra dormir.

—Não. Está tudo okay. -Fechou a porta. -Você pode ficar.

Tomei um banho, tirando cada gota de sangue que tinha ficado em mim. Depois, quando saí do banheiro, Matt disse que eu podia ficar no quarto que foi da irmã dele. Me lembrei de alguém ter mencionado que Vicky Donovan estava morta.

—Tem certeza disso?-Perguntei. -Eu posso dormir na sala.

—Não. Em algum momento alguém vai ter que ocupar o quarto, nem que seja...

—Uma vampira refugiada?-Sorriu

—É. Por que não?-Me sentei no sofá, Matt se jogou numa cadeira.

—Queria me desculpar de novo por... Assustar você naquela noite. Está cercado de vampiros, deve entender nosso “probleminha” com sangue humano.

—Acho que sim.

—Você até que tem sorte. Ninguém te devorou ainda. -Rimos.

—Com certeza estou me sentindo melhor agora.

—Em breve todos os vampiros vão ter que ir embora. Care e Elena falavam sobre faculdade, talvez elas vão. Stefan vai atrás. Damon vai pra algum lugar onde possa curtir e beber. Os híbridos vão aonde o “mestre” deles for.

—E você?

—Eu vou estar com Katherine, fugindo do Klaus. A não ser que eu enjoe dela e a mate na primeira semana.

—Vai passar toda sua vida fugindo?

—Exatamente como Katherine foge do Klaus há 500 anos. Se ela consegue, eu consigo. É a vida. Continuando... Você verá seus amigos vampiros de novo. Eles voltarão para Mystic Falls, como os Salvatore fizeram por tantos anos. Bem vindo ao mundo real, Matt Donovan.

***

—Acorda, raio de sol. -Me sentei, assustada. Katherine, inclinada na minha direção, sorriu. Matt, na porta do quarto, parecia nervoso.

—Eu achei que ela fosse Elena.

—E eu te mandei esperar na sala, garotinho.

—Vai. -Pedi. Ele assentiu e saiu.

—Pobre Matt. Muitos vampiros para ele lidar.

—O que quer aqui?

—Soube que Klaus quer te matar.

—E você não podia perder a oportunidade de fazer algum tipo de piada sobre isso.

—Errou. Vim com a bandeira branca da paz estendida, Lud. Fazer uma coisa por 500 anos te torna um especialista. Há uma vaga no expresso dos fugitivos, vim oferecê-la a você.

—Por que eu aceitaria?

—Por que a criatura mais poderosa da Terra vai te quebrar em pedacinhos até que você implore pela morte.

—Não vou fugir agora. Nem com você.

—Lembra do Robert? Ele era um anjo perto do Klaus.

—Vou ter que arriscar pra conferir.

—Ludmille...

—Adeus, Kath. -Se virou e saiu. Corri para a sala, onde Matt estava no sofá, roendo a unha.

—Eu juro que achei que era Elena. -Avisou. -Eu não...

—Tudo bem. Ela só estava de passagem. Algo me diz que Katherine sumirá por uns tempos.

***

—Eu sempre digo que o Mutt é inútil...

—Damon, pare se ser cruel com o garoto. -Troquei o celular de lado. -Ele não tinha como saber que era Katherine. Ela estava vestida como Elena.

—E agora?

—Acho que não vamos vê-la por uns tempos. Klaus ainda está aqui, então ela já deve estar longe.

—Ótimo. Ah, você pode voltar pra casa.

—Estou indo agora. Nos falamos depois. -Desliguei o celular e me virei pra pegar outro caminho, quando um cara se meteu na minha frente. -Com licença.

—Klaus tem um recado pra você. -Avisou. Ai, droga, quem ele pegou agora?

—Que recado?-Senti uma mordida no braço e pulei pra longe, vendo o machucado na pele.

—Mordida de lobisomem mata vampiros. -Sumiram. Toquei meu braço.

Eu ia morrer.

***

—Hey, Lud, se perdeu no caminho pra cá?-Damon perguntou. -Faz meia hora que nos falamos por telefone.

—Eu... Parei pra... Preciso ir pro meu quarto. -Passei por ele e tropecei, quase indo pro chão. Damon segurou meu braço, pra impedir a queda, mas tocou a ferida que o híbrido do Klaus deixou. -Ai!

—Eu nem segurei com força.

—Droga. -Me encostei na parede. Por que as coisas estavam rodando?

—Ludmille, você está bem?

—Eu... Estou. -Tirou meu casaco, tentei empurrá-lo, mas não consegui.

—Isso é... Ludmille!

—Estou morrendo. -Comecei a chorar. -Um dos híbridos me mordeu e agora eu vou morrer. -Me levou para o sofá e me fez deitar.

—O sangue de Klaus vai curar você.

—Ele nunca daria o sangue dele pra mim! Ele quer que eu morra.

—Stefan e eu vamos convencê-lo, eu juro. Nem que eu tenha que arrastar Klaus até aqui. Eu prometo que vou conseguir.

Então se foi.

—Não quero morrer. -Murmurei.

—Patético.

—Katherine. -Cruzou os braços.

—Você devia se matar, sabia? Isso aí vai te matar lentamente... Klaus nunca te salvaria.

—Cala a boca. Cala a boca.

—Ludmille!-Elena correu e se aproximou do sofá. Katherine não estava mais lá. -Você foi mordida...

—Me desculpa por transformar você. Por favor, eu sinto muito.

—Tudo bem, eu desculpo você.

—Eu não ia voltar pra cá. Ia pra longe, pra morrer sozinha. Mas eu queria pedir desculpas. Me desculpa.

—Eu te desculpo, de verdade. -Agarrei a mão dela.

—Dolores, tranca a porta. Ele vai chegar. Meia noite. Vai me mandar colocar o vestido de novo.

—Ludmille, está tudo bem.

—Os outros estão vindo, Katherine! Nós temos que ir embora! Você tem que deixar os Salvatore, nós temos que fugir. Ou eles vão nos matar.

—Ninguém está vindo, você está segura.

—Eles vão nos matar. Eu não quero morrer.

—Você não vai morrer, está tudo bem. Eu vou... Buscar sangue, talvez você se sinta melhor. Fique aqui. -Saiu.

Me sentei. Eu tinha que ir embora. O Conselho estava vindo, com verbena, correntes, e fogo. Eles iam matar todos nós. Eu tinha que fugir. Tinha que fugir.

***

—Deixe-me adivinhar, veio pedir perdão pelos seus pecados?-Katherine perguntou, o vestido longo se arrastando no chão.

—Vá embora. Me deixe em paz!-Sorriu, de repente havia fogo em toda parte, queimando e queimando tudo. Corri, mas parei. O Conselho. Eles estavam lá fora. Se eu saísse, eles me pegariam.

—Você sabe que não tem pra onde correr. Está morrendo, Lud. Atire-se no fogo. Serão apenas alguns segundos de dor. Então você estará livre.

—Livre. -Encarei as chamas.

—Ludmille, não!-Elena gritou, se aproximando. -Nós temos que sair daqui!

—Você está com eles! Com o Conselho! Não confio em você!

—Por favor, vamos sair daqui!-Alguém a puxou para trás. Stefan. Damon estava perto deles e disse algo que eu não ouvi, então os dois saíram.

—Vá embora.

—Nós temos que sair antes que a gente queime com a igreja. -Damon disse, estendendo a mão. -Vamos.

—Não. Eles estão lá fora.

—Por favor. Eu posso convencer Klaus. Ele vai salvar você.

—Não. Não.

—Ludmille...

Apenas alguns segundos de dor...

Me lancei na direção do fogo. Damon nunca chegaria a tempo.

Então eu vou ser livre.

Alguém me agarrou. Havia o escuro. Sangue. Escuro de novo. Uma mão na minha testa. Alguém me carregando.

Aí eu acordei.

—O que aconteceu?-Perguntei, me sentando no sofá.

—Está tudo bem. -Damon disse, sentando-se perto de mim. Olhei rapidamente para o meu braço. -Klaus curou você.

—Por quê?

—Nós não sabemos.

—Eu me lembro de fogo. A igreja... Estava queimando. Alguém ateou fogo na igreja.

—Foi você. Elena viu quando começou o fogo.

—Não...

—Está tudo bem. -Meus olhos se encheram de lágrimas. -Você estava delirando.

—Às vezes eu acho que estou presa num delírio eterno. Eu não sei o que é real e o que não é.

—Isso é real. -Segurou meu rosto com as duas mãos. -Você não está delirando agora. -O abracei, escondendo o rosto no ombro dele. Foi assim que eu adormeci, completamente exausta.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei se ficou muito claro, mas depois de ser mordida, a Lud apenas delirou com a Katherine, a doida não estava lá não.
No próximo capítulo...
Ludmille acaba sendo confrontada com coisas que não sabia e alguém desliga a própria humanidade.
Até mais.



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