Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 16
Carvalho Branco


Notas iniciais do capítulo

Olá.



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—Faz anos que eu não ouço esse nome. Originais. Parece errado.

—Há quanto tempo a gente não se vê?-Perguntei, vendo a garotinha correr na porta da cozinha. Neerja me entregou uma xícara de chá, com desenho de gatinhos.

—Acho que uns quinze.

—Faz tanto tempo assim que não nos vemos?

—Faz. E aí você aparece na minha casa, com o nome dos Antigos na boca. -Se sentou na minha frente.

—Desculpe. Não quero trazer problemas. Mas...

—Mas acha que Mystic Falls está em perigo. Eu entendo. Acontece que sei tanto quanto você. Os Originais são muito antigos, mais poderosos que os outros vampiros... Temo que não possa ajudar. Mas há muitos seres sobrenaturais nessa cidade. Pode falar com eles.

—É uma ótima ideia. E... Eu sei que faz muito tempo desde que nos vimos e...

—Você quer ficar aqui. -Assenti. -Ainda sou muito intuitiva. Você pode ficar. É melhor sair a noite para falar com os vampiros. Os encontrará em bares no centro da cidade.

—Obrigada pela ajuda.

Eu conheci Neerja quando ela tinha doze anos. Ela era filha de uma bruxa que me ajudou com um feitiço. Quando a garota, de origem indiana, cresceu, ocupou o lugar da mãe, como a bruxa que protegia Dakota do Norte. Nós nos ajudamos em algumas situações, até que eu perdi contato com ela por anos.

No pequeno quarto destinado a mim, me joguei na cama a apaguei. Estava exausta de dormir no carro e dirigir por horas, com medo de estar sendo seguida.

Acordei com a pequena Luma ao lado da cama, cutucando meu ombro.

—Que foi?-Resmunguei, tirando o rosto do travesseiro.

—Anoiteceu. É hora de ir.

—Ir?

—Sua missão. Ir atrás dos vampiros.

—Ah. É. Obrigada. -Me sentei, Luma disparou pelo quarto e foi para o corredor, cantando numa língua estranha.

Tomei um banho rápido e parti para o bar mais próximo.

***

Estava amanhecendo quando cheguei a casa de Neerja, que já estava acordada e cuidando do jardim. Acenei pra ela, sem forças pra conversar e fui para o quarto, caindo na cama de bota e tudo.

Devo ter dormido por uns cinco minutos antes do meu celular vibrar no bolso da jaqueta. Rejeitei a ligação sem ver de quem era, mas a pessoa ligou de novo. Atendi.

—Não sei quem você é, mas vou te matar por ter me acordado. -Avisei.

—É tão cedo e você já está de mau humor.

—Damon. Oi. Como estão as coisas?

—Não muito boas.

—Alguém se machucou? Alguém morreu?

—Infelizmente, sim. Mas não quero falar por telefone.

—É o Stefan? Ele está bem?-Me sentei rapidamente -Estou indo agora mesmo...

—Ele está bem. Não sei por quanto tempo. Se não surtar até o fim da semana...

—O que está acontecendo?

—Temos mais um Original aqui. Falta muito pouco pra todo mundo entrar em desespero. -Pausa. -Você está bem? Onde está agora?

—Estou bem, mas prefiro manter minha localização em segredo.

—Tudo bem. Toma cuidado.

—Você também. E... Se acontecer mais alguma coisa, pode me ligar.

—Okay. -Desligou.

Depois disso, perdi o sono. Que inferno estava Mystic Falls agora?

Mais do que nunca eu tinha que terminar minha missão.

***

Quando Damon não atendeu as duas ligações, eu fiquei preocupada. Querendo ou não, ele sempre estava com o celular por perto. Stefan também não atendeu minha ligação. Eu já estava imaginando uma cidade em chamas, quando meu celular começou a vibrar e o nome de Damon apareceu na tela.

—Por que não me atendeu? Achei que estava morto!

—É bom ouvir você também. Estou vivo, por enquanto. Qual é a emergência?-Me sentei num banco que ficava no jardim de Neerja.

—Eu passei o último mês tentando investigar os Originais. -Silêncio. -Damon? Está me ouvindo?

Eu sabia!—Berrou, quase me deixando surda. -Você não tinha me enganado, Ludmille Morgan! Eu sabia!

—De que diabos você está falando?

—Você saiu daqui como se estivesse sem anel e fugindo do sol. Mas estava querendo ajudar. Isso significa que você não é egoísta.

—Não sei por que está tão feliz por isso.

—Tivemos umas baixas no “time Mystic Falls”. O que descobriu?

—Não sei se vai ajudar. Não acho que sejam informações verdadeiras.

—Melhor do que nada.

—Okay. Disseram que: os Originais estão todos mortos, o que é improvável já que há dois em Mystic Falls. Dizem que são seis, outros que são treze; que são vampiros comuns, e outros que são totalmente diferentes; que são filhos do diabo; que são donos da Dimensão Sombria; que não podem ser mortos...

O carvalho branco mata os Antigos, e eles morrem em agonia...—Luma cantarolou, passando por mim.

—Damon, você ouviu isso?

—Preciso achar um carvalho branco agora mesmo. -Disse e desligou. Enfiei o celular no bolso e corri atrás de Luma.

—Ei, espera. O que você disse antes?

—Disse o que?-Perguntou, inocentemente confusa.

—Você disse uma coisa sobre os Antigos. -Franziu a testa. -Luma, você acabou de passar por mim cantando que carvalho branco mata os Originais.

—Eu? Mas eu nem sei quem são esses. -E saiu saltitando pelo jardim.

Entrei na casa e encontrei Neerja arrumando a sala, enquanto cantarolava alguma canção em híndi.

—Qual é a da Luma?

—Quem?-Se virou pra mim, franzindo a testa.

—Luma. A sua filha. Ela disse que os Originais podem ser mortos com carvalho branco. E depois disse que não falou aquilo.

—Ludmille, eu não tenho uma filha chamada Luma. Eu não tenho filhos.

—Então quem é a garotinha?

—Do que está falando?

—Da Luma! Da garotinha que mora aqui!

—Eu moro sozinha.

—Ela está no jardim agora. -Foi até a janela.

—Não há ninguém lá. -Me aproximei, os olhos procurando a menina.

—Não é possível. Eu vi... Eu falei com ela.

—É melhor você se acalmar. -Me ajudou a sentar no sofá.

—Eu a vi. Eu juro!

—Tudo bem, tudo bem.

Eu estava ficando maluca? Era isso? Havia imaginado a menina?

Ai meu Deus, eu surtei.

***

Eu parti no dia seguinte. Não consegui ficar naquela casa. Antes de ir, mandei uma mensagem para Damon, avisando que talvez aquela informação não fosse segura. Ele não me respondeu.

Em Mystic Falls, fiquei totalmente surpresa. Achei que o cenário seria de um apocalipse: casas pegando fogo, corpos pelas ruas, gente fugindo... Mas tudo parecia igual.

Estacionei em frente a mansão Salvatore e saí do carro, encontrando Damon na porta principal.

—Você voltou. -Sorriu.

—E você está vivo. Achei que seria o primeiro a morrer.

—Engraçadinha. Bem, sinta-se em casa...

—Você está de saída?

—Alguém precisa cuidar da bagunça.

—Elijah ainda está por aí?

—Não sei. Ele sumiu. Mais tarde eu faço um resumo do que houve.

—Okay.

Depois de guardar minhas coisas, fui pra sala, esperar meu resumão do que tinha acontecido na cidade enquanto estive fora.

Me joguei em cima do sofá, quase atropelando um notebook que estava ali. Curiosa, o abri. A tela acendeu, mostrando uma pasta: “Confidencial – jamais mostrar a Ludmille”. Abri a pasta, havia vários vídeos nela.

—Que droga é essa?-Murmurei.

Abri o primeiro vídeo... E quase joguei o notebook longe.

Era o porão dos Salvatore. Havia uma forma encolhida num canto, coberta de sangue. Houve um barulho na porta, então a forma se levantou em segundos, pronta para atacar. Era eu. Com o maldito vestido de noiva.

—Ludmille, precisa se acalmar. -Era a voz de Elena, mas não dava pra vê-la. -Nós só queremos te ajudar.

—Eu juro, pelo que quiser, que quando sair daqui, vou matar todos vocês. Começando por você, Elena Gilbert.

Os outros vídeos não eram tão diferentes. Pelo menos os primeiros, pois eu não consegui ver todos. Aparentemente, alguns meses atrás, eu tinha surtado, e Damon e Stefan me prenderam no porão. Mas como eu não me lembrava disso?

—Ludmille, você vol... -Elena começou, mas parou quando me viu com o notebook em mãos. -Você não devia estar vendo isso.

—O que aconteceu?

—Lud...

—O. Que. Aconteceu?

—Você me atacou. Estava completamente fora de si. Estava coberta de sangue. Damon quase te acertou com uma estaca. Então eles conseguiram te colocar no porão. Você passou dias gritando e ameaçando a gente, falando sozinha... Até que eles te sedaram com verbena. E você acordou como se nada tivesse acontecido.

—Por que colocaram uma câmera no porão?-Deu de ombros. -Eu não me lembro disso. Eu... Sinto muito se a machuquei.

—Não importa. -Larguei o notebook.

—Não conte a eles que eu vi isso, por favor. -Assentiu. -Acho que preciso ficar um pouco sozinha.

—Se quiser conversar...

—Estou bem. -Menti. -Só preciso descansar.

***

Quando anoiteceu, Damon voltou pra casa e contou tudo o que tinha acontecido na cidade depois que saí. Contou sobre o Original Klaus, sobre o ritual que o transformou no primeiro híbrido lobisomem e vampiro; sobre a morte de Jenna; sobre a importância do sangue de Elena; e todo o resto.

—O que a gente faz agora que Klaus não pode ser morto?-Perguntei, andando ao lado de Damon, na calçada.

—Esperamos por um milagre?

—Parece nossa única opção... -Agarrou meu braço. -Ei, o que...

—Aquele é o Klaus. -Segui o olhar dele.

Klaus devia aparentar uns trinta anos. Era alto, os cabelos de um loiro escuro... Alguma coisa nele me lembrava Elijah. Mas talvez fosse só impressão.

—Assustador. -Comentei. -Como o irmão dele...

—E está vindo direto para cá. -Se calou. De perto, ele parecia extremamente familiar.

—Eu conheço você?

—Não. -Respondeu. -Ainda não fomos apresentados. -Nota mental: gostei do sotaque dele. É britânico?—Klaus Mikaelson.

—Ludmille Morgan. Então você é o psicopata que matou a Jenna e está ameaçando a paz da minha cidade. -Damon, ao meu lado, pareceu se encolher, esperando alguma explosão de Klaus, mas o Original apenas sorriu.

—Exatamente. Esse sou eu.

—Sorte sua que não pode ser morto, ou eu juro que te mataria. -Damon murmurou algo como “Suicídio”. Klaus não parou de sorrir.

—Ainda não nos conhecemos, por que tanto ódio? Seria por causa da sua amiga, que eu matei? Lamento não lamentar por ela, eu precisava matá-la.

—Não sei quais seus próximos passos, mas é bom tomar cuidado para que alguém não os frustre. Pergunte ao seu irmão, eu sou boa em atrapalhar planos.

—Temo que Elijah não possa me contar suas aventuras com você. Mas sinta-se livre para me procurar caso queira conversar.

—Eu vou, quando descobrir um jeito de te matar. -Ele apenas olhou pra mim como se eu fosse um filhotinho fofo que tentava mordê-lo.

—Vou esperá-la, então. -E se foi. Damon agarrou meus braços e me sacudiu.

—Você ficou doida?-Gritou.

—Me larga. -Mandei, o empurrando.

—Ele podia ter nos matado! Surtou de vez, é?

—Eu conheço esse cara, não sei de onde, mas eu conheço. E essa sensação... Não sei.

—Ele disse que não te conhece.

—Eu ouvi. Mas eu sei que o conheço. Nisso, não estou errada. Ainda não surtei completamente. -Fiquei tentada em dizer que vi os vídeos que ele escondeu de mim, mas me calei. Havia um motivo para o segredo. Alguma coisa que o impedia de contar pra mim. O que era?

—Tanto faz se você o conhece ou não, apenas não desafie Klaus tão abertamente. -Sorri.

—E que graça teria não fazê-lo?

—É. Você surtou.

—Minha volta não merece uma comemoração? Vamos beber, você paga.

—Só se prometer que não vai ficar bêbada e ir atirar pedras na janela do Klaus.

—Essa parece ser uma boa ideia. Podemos virar a lata de lixo dele, e chutar a caixa de correio!

—Não me incentive.

—Então é bom não ficar bêbado. Por que eu estou adorando a ideia. -Comecei a caminhar para o Grill.

—Ludmille, volta aqui. Nem pense nisso. Ludmille...


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Notas finais do capítulo

Será que a Lud vai atirar pedras na janela do Klaus? Kkkkk Tirando as palhaçadas, Ludmille tem a sensação de já ter visto Klaus antes. Será mesmo? Onde e quando eles teriam se encontrado? E o que teria acontecido?
No próximo capítulo, alguém está de aniversário e sonhos antigos podem se realizar...
Até mais!!!



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