Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 15
Bem vindo ao Clube “Odiamos o Elijah”


Notas iniciais do capítulo

Olá. Feliz Ano Novo. Aproveitando a passadinha em casa para postar o cap da semana.



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—Matt... Eu preciso que entre agora e peça para Caroline fechar esse corte. -Avisei, mal conseguindo desviar os olhos do pescoço dele.

—Então me solte, está quase quebrando meus braços. -Recuei, soltando-o. Matt vacilou, mas conseguiu se manter de pé. Preciso admitir que queria avançar nele e obedecer o recado de Katherine, só que eu não podia. Não com o inocente Matt.

—Entre, agora.

Me afastei mais um pouco. O garoto abriu a porta e entrou. Consegui ouvir o grito espantado de Caroline, antes de me afastar da casa.

***

—Por que me chamou aqui?-Perguntei, sentada em frente a Bonnie, no Grill.

—Quero falar sobre o feitiço. Sinto muito que tenha dado errado.

—A culpa não é sua. Eu devia saber que não ia funcionar com o relógio.

—Se você conseguir sangue ou cabelo do Robert, posso tentar de novo.

—Okay. -Matt se aproximou, deixando nossos pedidos na mesa e evitando olhar pra mim.

—Obrigada. -O garoto assentiu e começou a se afastar.

—Matt, espera. -Parou e se virou. -Desculpa, por ontem. Sinto muito se o assustei.

—Não, você não... -Limpou a garganta. -Está tudo bem. -E foi atender outra mesa.

—O que foi isso?-Bonnie perguntou, erguendo uma sobrancelha. -O que aconteceu ontem?

—Eu quase... -Comecei.

—Quem é aquele?-Me virei. Jenna estava entrando com um homem, enquanto tagarelava sobre coisas da cidade. Demorei alguns segundos para reconhecê-lo. Passaram por nós, sem nos ver. Agarrei o pulso de Bonnie.

—É ele. -Sussurrei. -O homem de terno. O “estranho elegante”.

—O que ele está fazendo aqui?

—Eu não sei. -Fiquei de pé. -Vou descobrir.

Ela tentou argumentar, mas eu já estava me aproximando do bar.

—Hey, Jenna, oi. -Saudei. -Quero me desculpar por sair ontem sem me despedir. Estava me sentindo mal, e só queria ir pra casa.

—Sem problemas. Ah, esse é Elijah... Elijah Smith. -Smith? Aham. Sei. -Essa é Ludmille Morgan, amiga da minha sobrinha.

—Senhor Smith. -Estendeu a mão, a apertei. -Vou deixá-los conversar.

Voltei para a mesa. Bonnie estava mandando uma mensagem para Caroline.

—E então?-Balancei a cabeça negativamente e bati com o dedo no ouvido. Podemos ser ouvidas.—Eu já volto. -Foi em direção aos banheiros.

Alaric entrou no Grill e foi direito na namorada e no estranho. Confusão a vista, pessoal.

Peguei meu celular.

STEFAN, LAMENTO INTERROMPER SUA ESCAPADA ROMÂNTICA COM ELENA, MAS TEMOS PROBLEMAS.

Enviei a mensagem. Quando ergui a cabeça, Elijah estava na minha frente.

—Senhorita Morgan, se importaria em vir comigo? Precisamos conversar.

—Na verdade, eu não posso... -Se inclinou na minha direção.

Eu insisto, venha comigo.—O segui para fora do Grill. -O que sabe sobre mim?

—Você estava observando a casa dos Gilbert. Achei estranho.

—Contou isso aos seus amigos?

—Contei.

—Vocês sabem quem eu sou?

—Não. -Assentiu.

Esqueça que tivemos essa conversa.

***

—Ludmille, o que está fazendo aqui fora?-Bonnie perguntou, vindo até mim.

—Hã... Eu não sei. Acho que ia fazer uma ligação.

—O estranho sumiu. Acho que ele foi embora. Temos que ir pra casa de Elena.

—Tudo bem. Vamos.

***

—Provavelmente está usando um nome falso. -Damon comentou, assim que Bonnie e eu contamos o que aconteceu no Grill.

—Se for mesmo uma ameaça. -Stefan disse.

—Ele estava espreitando a casa como um bandido. Não deve ter boas intenções.

—Sabe disso por experiência própria?-Alfinetei.

—Exatamente.

—O que a gente faz?-Elena perguntou. -Não quero ele perto da Jenna.

—Primeiro temos que ter certeza de que Elijah está mal intencionado. -Stefan começou. -Depois tomaremos uma atitude.

—Mas, Stefan... -Então a porta abriu e Jenna entrou, seguida de Elijah. Os dois seguiram para a cozinha, após apresentações rápidas.

Stefan fez um gesto pedindo silêncio. Se Elijah fosse um vampiro (nós ouvimos Jenna dizer “entre”), nos ouviria de onde estava. Caroline parecia prestes a entrar em pânico; Jeremy teria ido para a cozinha se Damon não o tivesse agarrado pela gola da camiseta; Stefan e Elena estavam tendo uma discussão silenciosa e Bonnie encarava a entrada da cozinha.

—Bom, hora de ir pra festa. -Menti, em voz alta. -Partiu roubar as bebidas da mansão Salvatore. -Ninguém entendeu, mas compreensão apareceu aos poucos nas expressões deles.

—Jenna, estamos indo para a casa do Stefan. -Elena disse, indo até a cozinha. -Vamos fazer uma festa lá...

—Você é um gênio. -Damon sussurrou pra mim.

—Eu sei. -Sussurrei de volta. -Hora da festa, pessoal!

***

—Ele com certeza é um vampiro. -Caroline disse, se jogando em um dos sofás, ao lado de Bonnie. -Vocês viram o anel?

—Eu vi. -Jeremy respondeu. Aparentemente, eles foram os únicos. Eu tinha me assustado tanto com Elijah entrando na casa, que não vi mais nada. -Quando vamos enfiar uma estaca nele?

—Primeiro precisamos saber se ele é uma ameaça. -Stefan disse.

—Aquele Elijah definitivamente é uma ameaça!-Alaric gritou, entrando na sala, então se espantou ao ver todos nós reunidos. -O que está acontecendo?

—Bem vindo ao clube “Odiamos o Elijah”. -Damon zombou. -Quer se tornar um membro?

—Com certeza. Estamos planejando como matá-lo?

—Sim. E nesse momento ele tem livre acesso a casa dos Gilbert. Jenna o deixou entrar. -Alaric se virou e começou a sair. -A reunião sombria não acabou!

—Prioridades!-Me meti na frente dele.

—Devagar aí, professor. -Mandei. -Elijah não pode saber que nós desconfiamos dele.

—Quais a chances dele ter nos ouvido falando mal dele?-Caroline perguntou.

—Noventa por cento. Mas ele podia estar concentrado na conversa com Jenna. Não temos como ter certeza.

—Que ótimo.

—Bom, se ele ouviu, vamos ficar sabendo em breve... Quando ele vier nos matar. -Várias almofadas voaram na minha direção. Desviei. -Que? Estou sendo realista.

—E eu estou sendo protetor, com licença. -Alaric murmurou e se foi.

—Vou comprar uma passagem pra fora do país, alguém vem comigo?

***

Só o notei quando estava quase esbarrando nele. Elijah estava de costas pra mim, na calçada. Mais a frente, Elena e Jeremy entravam no Grill. Tentando não fazer barulho nenhum, me virei e comecei a caminhar para longe, pegando meu celular no bolso. Aí ele apareceu na minha frente.

—Jesus, de onde você saiu?-Resmunguei. Elijah pegou meu celular e colocou num dos bolsos. -O que está...

—Lamento, senhorita Morgan.

Aí quebrou meu pescoço.

***

—Sinto muito pela falta de jeito. -Elijah pediu, enquanto eu me obrigava a sentar no sofá, onde estava deitada. Meus tênis estavam no chão, lado a lado.

—Você mora aqui?-Olhei em volta, parecia ser um apartamento pequeno, mas muito bem arrumado. Livros enchiam as estantes e a mesa de centro.

—Não, mas você ficará aqui por uns dias.

—Eu vou?-Cruzou os braços, encostado na parede oposta. -Por quê?

—Não quero que me atrapalhe. Então é melhor que fique aqui.

—Sinto muito, mas eu prefiro ir. -Corri para a porta, mas Elijah a bloqueou rapidamente.

Você não vai sair desse apartamento sem a minha permissão. Sente-se de novo.—Voltei para o sofá e me sentei.

—Como... Como você fez isso?

—Preciso ir, mas creio que ficará bem instalada, senhorita Morgan.

—De que século você é? Deve ser bem velho. Mas isso não explica como consegue me manipular. Conheci vampiros séculos mais velhos que eu que não eram capaz disso. O que você é?

—Há sangue na geladeira, e trarei mais se precisar. Volto em alguns dias. -Começou a se virar para a porta, mas parou quando recomecei a falar.

—Você é um dos Antigos. Um dos Originais. -Se virou.

—É por esse bom raciocínio que precisa ficar aqui.

—Ai meu Deus, estou certa, não é? É um dos Antigos!-Estamos todos ferrados.—Por que me deixar aqui? Por que não me matar ou me fazer esquecer disso?

—Em algum momento você descobriria de novo. E não planejo matá-la, senhorita Morgan. Agora, se me permite, preciso ir. -Como eu não disse nada, ele se virou e foi embora.

Puta que pariu. Ferrou.

Sem escolha, a não ser ficar no apartamento, comecei a revirar cada canto, na esperança de encontrar algo sobre Elijah, ou uma forma de pedir ajuda. Não encontrei nada.

Nem preciso dizer o quanto odiava ficar confinada. Passei praticamente cinco anos dentro da mansão Haus sem poder sair. E tinha ficado muito tempo presa na tumba e no porão dos Salvatore.

A situação podia ser pior. Pelo menos eu não estava acorrentada.

***

UMA SEMANA DEPOIS...

ELIJAH SMITH (ESSE É MESMO O NOME DELE?) É UM ANTIGO, UM ORIGINAL. SE VOCÊ ESTÁ LENDO ISSO, TALVEZ EU ESTEJA MORTA. OU SEM MEMÓRIA MESMO. —LUDMILLE MORGAN

Terminei de escrever e dobrei o papel, enfiando-o no sutiã. Nunca se sabe. Elijah podia incendiar o apartamento comigo lá dentro, ou me libertar sem memória, aí eu não lembraria que Mystic Falls estava com os dias contados.

Ouvi a porta principal ser destrancada e me joguei no sofá, com minha melhor cara de paisagem.

—Você voltou.

—Eu disse que voltaria, senhorita Morgan. -Elijah fechou a porta. -Espero que não tenha se sentido mal com o confinamento. Considerando seu histórico...

—O que?

—Violência doméstica e... -Fiquei de pé.

—Você não sabe nada sobre mim.

—Pode afirmar isso com certeza? Comecei a investigar cada criatura sobrenatural dessa cidade antes mesmo de chegar aqui. Eu sei sobre seu terrível casamento, sobre sua mania de colocar um ensanguentado vestido de noiva... Não estou a ameaçando, senhorita Morgan. Estou apenas contando o que sei. Você pode ir, agora. Eu a deixo sair.

—Quando eu virar as costas, vai enfiar uma estaca em mim, ou arrancar meu coração. 

—Você pode ir, de verdade. -Abriu a porta.

—Não vai apagar minha memória?

—Não preciso que guarde segredo. Pode ir agora se quiser.

Aí eu corri o mais rápido possível.

Quando cheguei em casa, Stefan estava na sala, digitando algo no celular. Olhou pra mim, franzindo a testa.

—Damon, não precisa mais tirar as coisas de Ludmille do quarto, ela voltou.

—Está viva. -Damon constatou, aparecendo ao meu lado. -Achamos que tinha morrido. Onde se meteu?

—Fui sequestrada. -Respondi. -Adivinha por quem?

—Katherine?

—Não. É homem, alto, elegante, usa roupas caras e é assustador.

—Elijah. -Stefan arriscou.

—Exatamente.

—Por que ele fez isso?

—Elijah é um Antigo. Um Original. -Os Salvatore trocaram um olhar surpreso.

—O que sabe sobre isso?

—Sei que devem estar por aí por uns mil anos, que são diferentes de nós, mais fortes, mais rápidos... E que um deles, sozinho, consegue destruir uma cidade duas vezes maior que Mystic Falls. Estão entendendo? Temos que ir embora.

—Isso está fora de questão.

—Acho que vocês não entenderam. Um Original está nessa cidade. Ele pode matar a gente antes que pensemos em começar a implorar por nossas vidas. Se ele está aqui, quanto tempo vai demorar até que os outros venham?

—Você pode ir se quiser, Ludmille. Mas alguns de nós preferem ficar e lutar pela cidade. -Me virei para Damon.

—Você vai ficar?-Olhou para o irmão, então pra mim de novo.

—Sinto muito, Lud... -Começou.

—Não continua. Eu entendi. E sei que não é pela cidade que você fica. É por Elena. Okay. Tanto faz. Estou fora.

—Ludmille...

Mas eu já estava indo para o meu quarto.

***

—Fugindo sorrateiramente como uma criminosa. -A voz de Damon zombou, atrás de mim. Soltei minha mala e me virei. -Covarde.

—Eu prefiro “esperta”. Sou egoísta, Damon. Não vou morrer por ninguém. Nem por essa cidade.

—A Ludmille que conheci, morreria.

—Ela não existe mais. Lamento, mas vou me manter em primeiro lugar. -Abri a porta.

—Você não é egoísta. Prendeu a si mesma na tumba para prender Katherine. Nos avisou sobre Elijah antes de fugir. Nos ajudou a achar Elena, mesmo sabendo que Katherine podia matá-la.

—Agora é diferente. Estamos falando de um dos Antigos. Quem sabe o que ele pode fazer com a gente? E pare de tentar me convencer a ficar. Não vai fazer eu me sentir culpada por dar o fora.

—Ludmille...

—A gente vai se ver de novo... Se você sobreviver. -Me virei para a porta, pegando a mala. -Adeus, Damon.

***

Conferi o endereço duas vezes antes de sair do carro. Não tinha certeza se estava no lugar certo. E depois de semanas na estrada, não queria estar errada.

A cara era de dois andares, e o caminho todo ladeado por rosas negras.

Conheço alguém que vai amar isso.

Bati na porta. Silêncio, então passos apressados. Uma menina pequena apareceu na fresta da porta.

—Eu sou Luma. Quem é você?-Perguntou.

—Ludmille. Preciso falar com a Neerja. -A menina sumiu, então um rosto familiar e com traços indianos apareceu.

—Lud?-Murmurou.

—Olá, Neerja. Preciso de ajuda. O que sabe sobre os Originais?


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Notas finais do capítulo

"Reunião Sombria" é uma referência à um dos nomes dos livros que basearam a série. Outra referência são as rosas negras, o Damon do livro gosta muito delas.
É isso. No próximo capítulo Ludmille tenta descobrir mais sobre os Originais na esperança de salvar a cidade e seus amigos, mas parece que há outro Original em Mystic Falls e as coisas por lá não estão muito bem.
Até maaaaaais!!!



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