Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 12
O Homem de Terno


Notas iniciais do capítulo

Olá. Mais um capítulo hoje.



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O pânico me atingiu e me arrastou como uma folha num tsunami. Robert estava atrás de mim, a expressão de quem sabia algo que eu não sabia.

Ainda gritando, me afastei dele e tropecei, caindo sentada no chão, as costas coladas na parede. Mas ele não estava mais lá. Comecei a chorar, o susto tinha sido enorme, e eu não conseguia me controlar. Tinha acontecido muita coisa em pouco tempo.

—O que aconteceu?-Damon perguntou, entrando e olhando em volta. O que será que ele estava pensando de mim, chorando num canto, seminua e suja de sangue? Ele devia me achar doida. E talvez eu fosse.

—Robert... Ele estava aqui, aqui. -Apontei para o centro do quarto. -Vai começar tudo de novo. Ele vai me pegar... Ele vai... Ele vai...

—Tudo bem, tudo bem. -Se abaixou ao meu lado. -Ele não está mais aqui. -Abri a boca, mas não sabia o que dizer, e caí no choro de novo.

Robert ia voltar. É claro que ia. Ele devia querer se vingar. Devia ter ficado fazendo planos de acabar comigo desde quando o matei.

Damon estava falando de novo, mas eu não conseguia ouvi-lo, então me pegou no colo, me colocando na cama.

—Ele vai voltar. -Sussurrei.

—Aí ele vai se ver comigo. Juro que arranco o coração dele e coloco numa caixinha pra você.

—Promete?-Me cobriu.

—Prometo.

Fechei os olhos. E adormeci rapidamente.

***

Fiquei surpresa ao acordar na minha cama, e não no porão. Significava que Damon não havia se esgueirado até mim durante a noite, com uma dose enorme de verbena.

Enfiei o vestido de volta no baú e tomei um longo banho, tirando todo o sangue seco da minha pele. Depois, pronta e com uma roupa limpa, desci as escadas e entrei na sala. Não havia vestígios do que tinha acontecido no dia anterior.

—Bom dia, Ludmille. -Stefan saudou, passando por mim e sorrindo.

—Bom... Dia. -Franzi a testa, enquanto ele saia tranquilamente. Damon se aproximou e me entregou uma xícara branca, com o vapor do café quente espiralando para cima. -Você não contou a ele sobre o que eu fiz.

—Não. -Confirmou. -Ele ficaria bravo e desapontado. -Encarei a xícara, sentindo uma pontada no peito.

—Agora é sua vez. Seu plano.

—Sim. Mas eu não tenho certeza se vai funcionar.

—Você fará dar certo. -Lágrimas começaram a se formar nos meus olhos. -Eu sei que vai.

Então bebi o café com a verbena.

A xícara, quase vazia, se espatifou aos meus pés. Caí em seguida, engasgando e tossindo.

Eu sabia que tinha verbena ali no momento em que ele me entregou. Damon nunca me oferecia nada que não fosse alcóolico. Além disso, depois da noite anterior, e comigo acordando no meu quarto, imaginei que ele não faria nada pelas minhas costas.

—Desculpe. -Damon sussurrou. Talvez fosse minha imaginação. Damon não era do tipo que se desculpava.

Fechei os olhos, e não consegui abri-los de novo.

***

—Estão muito apertadas. -Avisei, sentindo dor nos pulsos, como de meus ossos estivessem sendo quebrados.

—Estão?-Robert perguntou. Assenti, com medo de olhá-lo nos olhos. Ele de aproximou e apertou as correntes ainda mais. -Então está perfeito. -Apertou as das pernas também.

—Eu não sinto meus dedos.

—Tem sorte de eu não arrancá-los. Avisei para não fugir, Ludmille. Mas você não me ouviu. Caso aconteça novamente, cortarei suas pernas, então não irá a lugar algum. -Ficou de pé, tirando a poeira das roupas. Estava sujo e frio ali. -Dolores. -A governanta se aproximou da porta, um pouco temerosa. -Todos os criados estão proibidos de trazer água e comida à senhora Haus. Estamos entendidos? Aquele desobedecer, está no olho da rua.

—Entendi, senhor. -Murmurou. -Vou repassar a ordem agora mesmo. -Se retirou rapidamente.

—Não me deixe aqui. -Implorei, tentando limpar o sangue que escorria do lábio. -Por favor... Está muito frio.

—Você procurou por isso, Ludmille. -Robert disse, indo para a porta. -Nunca seguiu minhas regras, nunca me obedeceu como seu marido. Agora começará obedecer.

—Robert...

Saiu e trancou a porta, deixando apenas o escuro comigo.

Fechei os olhos e torci para dormir antes que o frio me congelasse.

***

—Ludmille, Ludmille, acorde. Shh, tudo bem, tudo bem. -Abri os olhos, encarando Damon na semi escuridão. -Ele não está aqui. -Franzi a testa. -Você estava gritando o nome de Robert.

—Você não me acorrentou. -Murmurei, olhando em volta. -Não fazia parte do seu plano?

—Eu não podia fazer isso, depois de estar na sua cabeça e ver suas lembranças. Depois de ver as coisas que ele fez com você. -Olhou para os meus pulsos, e me encarou de novo.

—Então como faremos isso?

—Eu não sei.

—Você acredita em mim? Acredita que não quero machucar ninguém?

—Acredito. Vi seu rosto, o medo e a culpa... -Me ajudou a ficar de pé. Tive que me apoiar nele, ou teria caído. -A dieta de Stefan já era, então vamos manter isso em segredo, okay?

—Devíamos contar a ele.

—Eu não sou o único que sabe usar correntes, Lud. É melhor não contar nada a ele.

—Tudo bem. O que a gente faz agora?

—Vou falar com Bonnie, perguntar se as bruxas não mudaram de ideia sobre você. Enquanto isso, durma um pouco.

—Vou tentar.

—Ótimo. Conversamos mais tarde.

Minutos depois, eu estava me acomodando na cama, e fechando os olhos. Talvez estivesse muito fraca, pois adormeci em segundos.

E sonhei.

—Bonnie?-Chamei, entrando na casa. -Bonnie, você está aí?

As velas e o grimório da garota estavam no chão. Como era noite, não havia luz do sol para me ferir.

—Bonnie? Eu preciso de ajuda!

De repente, minha cabeça começou a doer como se estivesse prestes a explodir. Me encolhi, tentando ignorar a dor e falhando. Quando passou, me endireitei, estava cercada.

Várias mulheres estavam em volta de mim, nenhuma com expressão amigável. Entre elas, Emily.

—As bruxas. -Murmurei.

—Katherine nunca devia tê-la transformado. -Emily disse. -Algumas coisas quebradas não têm conserto.

—Do que está falando?

—Você poderia encher rios de sangue, Ludmille. Precisa ter um fim, agora.

—O sangue que mancha suas mãos também mancha outras. -Uma bruxa mais velha comentou, se colocando ao lado de Emily.

—Não entendo... -Comecei. -Vocês vão me ajudar?

—Você pode ser ajudada?

—Por favor... Eu nunca quis machucar ninguém. -O círculo de bruxas começou a se fechar em volta de mim. -Por favor... Por favor...

—Não... -Me sentei, Elena recuou rapidamente, o coração batendo rápido no peito.

—Você me assustou.

—O que está fazendo aqui?-Perguntei, tirando o cabelo do rosto.

—Vim procurar Stefan, e ouvi você falando coisas sem sentido. Acho que estava tendo um pesadelo.

—Provavelmente. -Não consegui me lembrar do sonho.

—Você não devia estar bebendo só sangue animal?-Assenti. -Por que tem uma bolsa de sangue aqui?-Olhei para o criado mudo. Damon tinha deixado aquilo ali antes de sair. Eu estava tão exausta que nem bebi. Encarei Elena, ela tinha um colar com verbena, então sem chance de usar compulsão nela.

—Damon está me testando, pra ver se não caio em tentação.

—É bem a cara dele. Mas talvez seja melhor tirar isso daqui.

—Tem razão.

Pegou a bolsa de sangue e saiu do quarto. Estava saindo também quando a porta fechou um pouco e revelou alguém atrás dela, Robert. Saí em disparada para o corredor.

—Elena, corre! Saia da casa, agora!

Ela se virou, confusa, mas começou a correr, largando o que carregava. Desci com ela e a esperei sair para procurar uma das estacas escondidas. Porém, antes que encontrasse qualquer arma, alguém me lançou para a sala.

—A garota foi mais rápida que você. -Robert comentou, andando tranquilamente até mim, o atiçador da lareira nas mãos. -Parou de se alimentar de sangue humano?

—Vai se ferrar.

Fez um movimento rápido com o braço, e então o atiçador estava enfiado no meu peito, próximo ao coração.

—Você escapou por tempo demais, Ludmille. -Sussurrou, o rosto próximo ao meu.

Tombei de joelhos, tentando arrancar o atiçador, mas sem conseguir.

De repente o mundo estava escurecendo. Alguém empurrou meus ombros, me obrigando a deitar, e tentando me acalmar. Levei longos minutos pra reconhecer Elena.

—Acho que consigo tirar isso de você, mas fique parada.

—Não. Corra. -Agarrei o pulso dela. -Robert...

—Não há ninguém aqui. Está tudo bem. Stefan!

—O que aconteceu?-Perguntou, se abaixando ao meu lado.

—Primeiro vamos tirar isso dela, depois eu explico.

—Tudo bem. Segure os ombros dela. -Elena se moveu par obedecer. -Ludmille, vou contar até três, okay?-Assenti. -Um...

Então arrancou o atiçador, Elena enfiou os dedos nos meus ombros, me impedindo de sentar. Ela começou a falar comigo em voz baixa, palavras tranquilizadoras. Stefan saiu e voltou com uma bolsa de sangue.

—Beba tudo. -Insistiu, me ajudando a sentar. -Agora me contem o que houve.

—Ela disse que viu Robert. -Elena começou, vendo que eu estava ocupando demais enchendo a boca. -Corremos... Achei que ela ia comigo, mas ela ficou. Quando voltei... A encontrei daquele jeito.

—Você o viu?

—Não.

—Ele pode estar aqui ainda. -Sussurrei, sangue pingando e sujando minha blusa. -Stefan, você tem que ver... Ele é perigoso...

—É melhor verificar. Eu fico aqui com ela.

—Gritem se precisarem. -Instruiu, se levantando e saindo.

Olhei para o atiçador, esquecido no chão. “Você escapou por tempo demais, Ludmille”.

O pesadelo estava só começando.

***

ONDE VC ESTÁ?

Era a mensagem de Damon. Só que havia muito mais pontos de interrogação. Ele devia estar surtando por que não atendi as quinze ligações dele.

Revirando os olhos, digitei a resposta.

CHEGANDO NA CASA DE ELENA. VC VEM?

A resposta veio segundos depois.

APÓS TERMINAR MEU COPO DE BEBIDA. NOS VEMOS LÁ.

Guardei o celular no bolso e continuei andando. Estava quase chegando quando uma cena estranha me fez parar. Okay, talvez não fosse estranha, afinal, eu era um pouco paranoica, mas aquilo me chamou atenção.

Um homem estava parado em frente a casa de Elena, observando-a. Então se virou, entrou no carro, e se foi.

Apressei o passo, batendo na porta da garota até ser atendida por Jeremy.

—Entra.

—Obrigada. -Passei por ele. -Elena?

—Na cozinha. -Corri e parei na frente da garota, que se assustou, derrubando uma bacia de plástico

—Ops.

—Você me assustou!-Acusou.

—Desculpa. Tinha um cara estranho do outro lado da rua, olhando sua casa. Alguma ideia de quem seja?

—Como ele era?

—Alto, cabelo escuro, terno... Era elegante.

—Bonito?-Caroline perguntou, aparecendo atrás de mim. Elena levou outro susto.

—Isso é irrelevante. A questão é que eu nunca o vi por aqui. Achei estranho.

—E você não disse se ele era bonito.

—Já falei que é irrelevante. É Mystic Falls, podemos estar lidando com um inimigo. A cidade é um ímã de criaturas sobrenaturais.

—Profundo.

—Isso se chama “usar o cérebro”. Devia tentar. -Elena fez um som de quem ia começar a rir, mas se segurou.

—Elena!

—Desculpe. -Pediu. -Mas é que às vezes ela parece tanto com Damon... Bem, vamos arrumar as coisas, o resto do pessoal deve chegar logo.

Enquanto organizávamos a noite do “cinema e comida” na sala dos Gilbert, Damon chegou. Contei a ele o que tinha visto, e ele se comprometeu a contar a Stefan e a ficar de olho para ver se encontrava o “estranho elegante” que eu tinha visto.

O resto da galera chegou depois: Bonnie, Matt, Stefan e Tyler.

Me sentei no sofá, enquanto Elena e Caroline discutiam sobre o primeiro filme.

—Mutt, sai daí. -Damon mandou, empurrando Matt, que estava sentado ao meu lado. -Vá sentar com o pequeno Gilbert. -O loiro se afastou e sentou no chão, perto de Jeremy.

—Que isso, Salvatore? Ciúmes?-Provoquei.

—Só estou evitando que no meio do filme você voe no pescoço do Mutt. -Matt olhou feio pra Damon, que acenou e sentou ao meu lado.

—E se eu voar no seu pescoço?-Abriu um daqueles sorrisos capazes de cegar alguém, de tão brilhantes.

—Pode acabar sendo interessante. Não reclame se eu mordê-la de volta.

—Conversa estranha. -Caroline cantarolou. -Vamos todos fazer silêncio para assistir o filme?-Um coro de “sim’s” a respondeu. -Ótimo.

—Mandona.

—O que disse?

—Disse para colocar o filme logo. -Sorriu inocentemente. Segurei o riso.

—Você não presta. -Sussurrei.

—É por isso que eu tenho mais fãs.

—Que?

—Shh. -Elena fez, então as luzes se apagaram, assim como a TV.

—O que aconteceu?-Jeremy perguntou.

—Acabou a luz. Jer, é melhor olhar a caixa...

—Okay.

—Vou com ele. -Stefan disse. -Ninguém sai da casa.

—Isso é um desastre!-Caroline reclamou. Fiquei de pé e fui até a janela, abrindo as cortinas.

—A rua toda está escura. -Comentei. -Talvez... É ele! Ele está lá!

—Ele quem?-Damon perguntou.

—O estranho que vi mais cedo.

—Espere aí...

Então houve um som alto e pessoas reclamando. Uma lanterna de celular foi ligada e todos conseguimos ver que Damon tinha caído em cima de Matt e Tyler.

—Vocês me derrubaram!-Gritou. Bonnie, Caroline e Elena não conseguiam parar de rir.

—Você pisou na gente, idiota. -Tyler reclamou. Tentando não rir, me virei para a janela.

—Se vocês não estivessem no meu caminho...

—Ele sumiu. -Avisei. -O homem sumiu.

—O que?-Todos se amontoaram na janela, tentando ver alguma coisa. Empurrei Damon

—Você está me apertando.

—Está muito escuro lá fora. -Elena disse. -Tem certeza que você viu aquele homem?

—Claro que sim. Ele estava do outro lado da rua. Mas dessa vez sem o carro.

—Alguém devia ir lá fora, ver se ele ainda está lá. -Damon sugeriu. -Mutt e Tyler, vão.

—Você é um dos vampiros, por que não você?-Bonnie perguntou.

—Alguém precisa proteger as garotas.

—Você quis dizer que precisa proteger a própria pele. -Zombei.

—Também.

—Ninguém sai da casa, foi o que Stefan disse.

—Sim, vamos ouvir o herói de cabelo legal.

—Falando nisso, eles não estão demorando muito?-Caroline perguntou. Elena deu alguns passos para fora da sala.

—Jeremy, Stefan?-Chamou. Os dois apareceram. -Por que demoraram tanto?

—Jeremy disse que viu um homem lá fora, olhando pra cá. -Stefan contou.

—Como ele era, garoto?-Perguntei.

—Alto... Cabelo escuro. -Respondeu. -Não deu pra ver direito.

—Usava terno?-Assentiu. -É ele! É o cara que eu vi!

—O que eu preciso fumar pra ver esse cara também?-Damon debochou. Acertei uma cotovelada nele.

—Será que ele ainda está lá fora?-Caroline perguntou. Ninguém respondeu. O silêncio se estendeu.

Alguma coisa bateu na porta principal, e ela começou a abrir. Em segundos todos estavam prontos, em formação, para enfrentar o que quer que fosse: os Salvatore e eu na frente; Caroline, Tyler e Matt atrás de nós, e por último Elena, Bonnie e Jeremy.

A porta finalmente abriu, mas eram apenas Jenna e Alaric.

—Jesus, o que é isso?-Ela perguntou, colocando a mão no peito. -O que estão fazendo?

—Vocês nos assustaram. -Elena respondeu, indo para frente. -Nesse escuro, nunca se sabe...

—Apenas a nossa rua está sem luz. -Fechou a porta. -É melhor ligar para a companhia de energia. -Pegou o celular e subiu as escadas. Aí todos nós avançamos em Alaric, falando ao mesmo tempo.

—Devagar, devagar. -Pediu. -Um de cada vez.

—Vocês viram um cara estranho lá fora?-Perguntei. -Terno, cabelos escuros, alto...?

—Hum... Não. -Olhou de rosto em rosto. -Estamos com problemas?

—Acredito que sim. -Stefan disse. -Ludmille, por que não começa a contar o que viu?

—Okay. -Murmurei. -Foi assim...

***

A energia ainda não havia voltado, então a rua estava no escuro. Eu podia ouvir risadas de algumas casas, luzes de lanternas e alguns sons bem estranhos.

Enquanto caminhava para a mansão Salvatore, mantive os olhos e ouvidos atentos, tentando localizar o “estranho elegante”, mas não havia sinal dele, apenas sombras que pareciam outras coisas, e um vulto que eu podia jurar ser uma mulher de branco.

Do nada, mãos masculinas agarraram meus braços. Minha alma quase saiu do corpo, mas logo ouvi a risada de Damon e me acalmei.

—Seu filho da puta, ficou louco?-Dei um soco no peito dele.

—Por que não me esperou? Achei que íamos juntos.

—Não nascemos grudados, Salvatore. -Voltei a andar, Damon fez o mesmo.

—As coisas que sei sobre você automaticamente me colocam como seu melhor amigo.

—Ah, sério? Legal. Então por que não aparece mais tarde no meu quarto, para pintarmos as unhas e falar sobre garotos?-Senti que ele estava prestes a dar uma reposta debochada, mas algo o distraiu.

—Garotos? O que? Alguém conquistou seu coraçãozinho de pedra?

—Que? Quem?

—Sei lá... Mutt?

—Você está bêbado? Matt? Sério?-Riu.

—Foi um palpite. Mas talvez os atletas não façam o seu tipo. Acho que você tem jeito de quem curte os caras bonzinhos... -Fingiu uma expressão de espanto. -Você está apaixonada pelo Stefan!

—E você definitivamente está bêbado.

—Ludmille e Stefan, sentados numa árvore... -Controlou.

—Damon, não...

—... Se B-E-I-J-A-N-D-O. Primeiro vem o amor, depois vem o casamento, então um bebê vampiro...

—Ai meu Deus. -Cobri o rosto com as mãos. -O que foi que você bebeu?

—Nada, eu gosto de te irritar. Em nome dos velhos tempos.

—Caso não se esqueça, eu quebrei seu braço. -Apontei pra ele. -Posso fazer de novo.

—Eu caí de uma árvore, aquilo não foi obra sua.

—Não? Quem estava atirando pedras em você? Eu.

—Nunca revidei aquilo. Talvez ainda dê tempo.

—Ah, é? Tente.

—Não me incentive. -Finalmente deixamos a rua escura para trás. -Quer ir no Grill?

—O que, agora eu virei sua companheira de bar?

—Alaric está grudado na Jenna. É isso que é o amor? Um tipo de super cola?

—Como é que eu vou saber? Estou tão longe do amor, quanto você da... Sensatez.

—Ei. -Me empurrou. -Qual é, Lud, um dia você vai achar um Stefan por aí, e ser feliz para sempre.

—Fui feliz sozinha até agora. Acho que não preciso de um homem.

—Hum. -Pareceu pensativo.

—Você engoliu uns trinta comentários maldosos, não foi?-Riu.

—Sim. Não ia ser legal, considerando tudo. Mas eu posso guardá-los para mais tarde, quando você estiver menos sensível.

—Idiota.

***

—Acha que o “estranho elegante” tem algo a ver com Katherine?-Perguntei, sentada ao lado de Damon, no balcão do Grill. -Ela sumiu, depois de sair da tumba.

—Não sei. Nem sei se esse cara existe.

—Eu o vi!

—Sim, e você vê coisas que ninguém mais vê.

—Jeremy viu também.

—O pequeno Gilbert é um drogadinho juvenil. -Revirei os olhos. -Vamos fingir que eu acredito nesse papo de um estranho de terno estar rondando a casa de Elena. Por quê?

—Sei lá. Talvez ele saiba que Stefan e você tem uma relação com ela, e esteja tentando encontrá-los...

—Relação? Não faca essa cara.

—Que cara?

—Está julgando. -Dei um gole na bebida.

—Damon, você está dando em cima da namorada do seu irmão, que cara devia fazer? Elena não é Katherine. Ela não quer um relacionamento a três.

—Quatro. Você vinha de brinde no pacote. -Bati meu ombro no dele.

—Nojento. -Riu.

—Um problema de cada vez. Primeiro vamos nos concentrar na misteriosa aparição que apenas Jeremy e você viram.

—Pode parar de falar como se fossemos doidos?

—Não. -Olhei feio pra ele.

—Vou despejar minha bebida em você.

—E vai garantir um lugar especial no inferno pelo desperdício. -Roubou meu copo.

—Quer saber?-Fiquei de pé. -Aguentei você por muito tempo. Mais um minuto com você, e eu te mato.

—Também amo você.

Mostrei o dedo do meio pra ele e fui embora.


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Notas finais do capítulo

No caso "Mutt" não é um erro de digitação. Damon chamava Matt assim nos livros, e eu acabei trazendo isso pra fanfic. A música tosca que ele canta pra Lud é inspirada nos livros também, quando Caroline (se eu não me engano) canta pra uma das meninas.
Enfim, no próximo capítulo, Damon e Lud estão prestes a se meter em encrenca e algumas vampiras conhecidas podem dar as caras na cidade.
Até mais, pessoas!



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