Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 13
Balas de Madeira


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Abaixa que lá vem tiro!



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Era cedo demais para alguém bater na porta, mas lá estavam as batidas insistentes. Pela hora, Stefan já tinha ido para o colégio e Damon... Talvez ele nem tivesse chegado em casa ainda.

Abri a porta e dei de cara com Jeremy.

—Os garotos não estão. -Avisei.

—Eu sei. Alaric e Damon me mandaram aqui. Querem um retrato falado do cara que nós vimos, mas eu não vi o rosto dele direito...

—Okay. Entra aí.

Passou por mim, olhando em volta. O levei para a sala, e nos sentamos na sofá. O garoto tirou lápis e caderno de desenho da mochila.

Comecei a descrever o homem que tinha visto, tentando lembrar de cada detalhe.

—É esse?-Mostrou o retrato.

—É ele mesmo!-Peguei o caderno. -Você é bom nisso, pequeno Gilbert. -Devolvi o caderno.

—Bem... Eu preciso ir pro colégio. -Guardou suas coisas e ficou de pé.

—Okay.

—Hã... Ludmille.

—Sim?

—Você gosta de ser uma vampira?-A pergunta me pegou de surpresa.

—Sim. Mas não de tudo. Gosto de ser forte, rápida, de estar no topo da cadeia alimentar. De ser o maior predador da Terra. Mas a parte de beber sangue... Não é muito agradável. Por que a pergunta? Está pensando em se transformar?-Ele ficou levemente vermelho e desconfortável.

—Talvez.

—Com quem andou falando sobre isso? Digo... Você precisa de um vampiro pra isso.

—Você deve convencê-la: Anna.

—Annabelle?-Assentiu. -Ela está aqui, em Mystic Falls?-Assentiu de novo. -Interessante... Acho que preciso de um favor seu, garoto.

***

A porta abriu e uma garota apareceu. Anna. Surpresa encheu a expressão dela.

—Ludmille.

—Surpresa. Não vai me convidar pra entrar?

Minutos depois, estávamos sentadas numa sala, com uma Anna incerta.

—Como me achou?

—Jeremy Gilbert. -Respondi.

—Como escapou de ir para a tumba?

—Fugi. E então, não ia me procurar? Éramos amigas.

—Achei que estava na tumba. Quando os outros começaram a sair, percebi que você não estava lá.

—Interessante.

—Deve estar zangada, mas... -A porta abriu e de repente Pearl estava entrando na sala.

—Ludmille, você está viva!-Me abraçou. -Quando vi que não estava lá, pensei que tinha fugido com Katherine, mas Anna jurou que você tinha sido pega.

—Ouvi o senhor Salvatore se gabando por tê-la pego.

—Pensei que provavelmente estava morta, mas... Aqui está você.

—O que ainda estão fazendo aqui?-Perguntei.

—Queremos viver em Mystic Falls... Pacificamente.

—Acho que essa é uma má ideia. Essa cidade não é segura, como antes. Eles sabem que há vampiros aqui. Talvez ir embora seja a melhor opção.

—Vamos pensar nisso. -Fiquei de pé, pronta para ir embora, mas parei.

—Katherine está na cidade. -Ambas trocaram um olhar surpreso.

—Katherine? Aqui?

—Sim. E ela não parece bem intencionada. Fiquem atentas, e tomem cuidado.

—Nós iremos. Obrigada por vir. Apareça mais vezes. -Assenti.

Anna me levou até a porta e pegou o número do meu celular.

—Desculpe não ter te procurado. -Sussurrou. -Eu estava focada em encontrar minha mãe, e depois... Achei que estava morta. Katherine me disse que não estava com você e que não a ajudou a escapar.

—Katherine pensou somente nela mesma, fugindo enquanto nós éramos capturados como presas. Ela não está do nosso lado, Annabelle.

—Eu sei. Kath está sempre do lado dela.

***

—Acha que elas vão sair da cidade?-Damon perguntou, andando ao meu lado.

—Pearl é sensata, talvez ela entenda que Mystic Falls não é segura para vampiros.

—Se acha isso, por que ainda está aqui?-Dei de ombros.

—Não faço ideia. Sabe, ter as duas aqui me lembra muito de como as coisas eram. Sinto um pouco de saudade daquele tempo.

—É a única.

—Você também sente falta. Mesmo que não vá admitir.

—Como se eu sentisse falta de ser meio Stefan. -Ri.

—Você era mais legal antes. Mas esse Damon vampiro não é tão ruim.

—Mentirosa. Você não... Droga. -Se virou, repeti o movimento.

Tive apenas alguns segundos para ver o homem armado na nossa frente, antes que ele começasse a disparar contra nós.

***

—Ludmille. -Damon sussurrou. -Ludmille.

Ergui a cabeça e abri os olhos. Alguns pontos do meu corpo doíam muito, era onde as balas de madeira tinham me acertado. Eu podia ver algumas enfiadas em mim.

Estava sentada ao lado de Damon, numa sala com paredes de pedras. Correntes grossas nos prendiam a cadeiras.

—Quem pegou a gente?-Sussurrei de volta.

—Eu não sei. Mas em breve será uma pessoa morta.

—Ai, droga.

—O que?-Seguiu meu olhar. Havia uma bala de madeira na minha mão, presa ao braço da cadeira. -Não se mova. Isso vai doer.

—O que...?-Arrancou a bala. -Ah, merda!

—Shh. -Jogou a bala no chão, enquanto a porta abria e um homem entrava.

Ele não parecia em nada com o “estranho elegante”. Era baixo, de cabelos ruivos e roupas simples. E com certeza era humano.

—Espero que estejam gostando das acomodações, senhor Salvatore e senhorita Morgan.

—Como você...?-Damon começou.

—Eu fiz meu dever de casa. Queria pegar o vampiro por trás dos desaparecimentos em massa que aconteceram nessa cidade. E descobri que foi ela. -Apontou pra mim. Se abaixou e pegou a bala que Damon havia tirado de mim.

—Errou feio. Sou o único vampiro que é uma ameaça aqui.

—Sério? Então é você que coloca um vestido esquisito e mata pessoas? Por que eu acho que o modelo fica melhor nela. -Então enfiou a bala de volta no lugar. Gritei. Damon se moveu, como se pudesse alcançar o homem. -Os desaparecimentos começaram depois que ela chegou, e você, Salvatore, tem sido bem discreto. Está me ouvindo?

Ele não estava, eu sabia. Observava minha mão ferida, que agora tremia. Damon encarou o homem. Aquele olhar me deu medo, e nem era direcionado a mim. Se fosse, eu já teria caído desmaiada de pavor.

—Quando eu me soltar, é bom correr e rezar para ter uma morte rápida. -Rosnou. O homem engoliu seco, mas tentou disfarçar que ficou assustado. Damon avançou para frente, o máximo que a corrente permitia, fazendo o outro recuar.

O homem finalmente saiu, quase correndo. Teria sido engraçado se eu não estivesse com tanta dor.

—Ele vai nos matar quando voltar. -Constatei.

—Não, ele não vai. Não grite, eu vou precisar disso aí.

—Que?-Arrancou de novo a bala, fechando a mão sobre ela. Engoli um grito. Quando a porta abriu, o homem estava com uma estaca. -Damon...

—Olha quem voltou, o cara que ameaça garotas amarradas.

—Eu sei o que ela é capaz de fazer. -Retrucou. -Soltá-la não seria muito esperto.

—Na verdade, você não tem demonstrado muita esperteza. Se queria Ludmille, devia tê-la pego sozinha, por que agora eu estou aqui, e vou te matar.

—Jura? Como planeja fazer isso, exatamente?-Damon sorriu, um sorriso de dar medo.

—Improvisando.

Eu mal vi quando aconteceu. De repente a bala ensanguentada estava voando e acertando o homem no pescoço. Ele caiu, enquanto muito sangue escorria da perfuração.

—E morreu.

—Isso foi... Impressionante. -Murmurei. -Mas como planeja nos soltar daqui?

—Não pensei nessa parte.

—Damon!

—Dá um desconto, o cara ia enfiar uma estaca no seu peito! Eu tive que pensar rápido. -Olhei para o teto.

—Nós vamos morrer.

—Não enquanto eu estiver vivo.

—Que?-Olhei para o lado. Damon soltou suas correntes, e começou a tirar as balas de si.

—Foi mais fácil do que eu... Ai, pensei.

—Ótimo. Você é um gênio.

—Eu sou.

Me soltou e tirou as balas. Eu estava exausta e com dor. Só queria deitar e dormir por dias.

Acho que eu teria continuado sentada ali, de olhos fechados, se Damon não tivesse me pegado no colo.

—Hora de ir pra casa, Lud.


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Notas finais do capítulo

Tá, esse capítulo foi curto. Mas no próximo, teremos encrenca. Uma festa pacífica de família pode acabar sendo palco de uma confusão das grandes. Ludmille se lembra de mais coisas horríveis sobre seu passado. Além disso, um dos amigos de Elena pode acabar sendo o próximo alvo da Noiva de Sangue.
Até mais, pessoas!



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