Desentendimentos escrita por Marry Black, grupo_FCC


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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POV Edward

Eu não podia ir atrás de Bella. Eu não sabia a onde encontrá-la. Eu não podia ser visto na cidade. Eu não podia sair de casa, a menos para, talvez, caçar.

As horas se tornaram dias, os dias, semanas; logo fazia um mês que Bella partirá. Um mês que minha alma estava mergulhada no desespero e na insanidade.

Os dias se misturaram as noites, eu não sabia mais discernir qualquer coisa a minha volta, tudo se tornou frio, sombrio, doloroso.

Não havia um só instante em que eu tivesse paz, minha alma estava devastada, minha vida perderá o sentido, minha dor se fazia física e a morte era uma tentação cada dia mais atraente.

Todas as vezes que eu me arriscava a fechar os olhos, cansado de observar aquele mundo vazio, eu relembrava, com clareza, o rosto abismado de Bella ao me ver nos braços de outra, eu via sua tentativa de suicídio na mente de Alice. Eu via o fim da minha vida.

Bella era minha vida, era meu ar, meu chão, minha razão de viver. E eu a deixei partir. Não. Eu praticamente a expulsei de minha vida. Depois de tudo que ela fizera por mim, eu a trairá. Como pude... Como pude?

Meus olhos não vêem a direção, não enxergam mais a estrada eterna que devo percorrer, eu estou perdido, sem minha luz a me guiar, o caminho é escuro e sombrio, assustador, doloroso. Não consigo aceitar a idéia dela ter partido, não consigo acreditar que estou sozinho, que a perdi.

Caminho floresta a dentro, sozinho, sem rumo, numa tentativa inútil de amenizar minha culpa, de esquecer, mesmo que por um breve segundo, minha dor; me pego procurando-a no silêncio da noite, me pego buscando seu olhar por entre as arvores, me pego tentando acordar teste pesadelo, sonhando com o momento em que abrirei os olhos e ela estará ali, ao meu lado, a sorrir para mim.

Seu sorriso. Seu olhar. Seu carinho. Sua pele. Seu perfume. Seu brilho... Preciso deles. Preciso dela. Busco, incansavelmente, aquela mulher em qualquer lugar, em lugar nenhum.

Encaro a noite, fria e solitária, minha única companhia, meus familiares se recusam a se aproximar, o que, na verdade, sou muito grato, não sei se conseguiria suportar mais alguma repreensão ou pior, alguma compaixão. Eu não merecia a piedade de ninguém, eu não merecia nem mesmo o desprezo de ninguém, eu não merecia nada.

As estrelas eram as únicas a me vigiar, todas as noites, elas pareciam tão ofuscadas, tão dolorosamente mortas, assim como minha vida.

Meu peito se enchia de dor, de angustia, remorso e culpa. Eu merecia cada um daqueles sentimentos, eu merecia o eterno inferno. O que eu fizera para Bella não havia perdão, não havia justificativa, não havia razão.

Eu queria mais do que tudo encontrá-la, explicar-lhe, mas no fundo, eu temia por este encontro, afinal, o que eu diria? Havia algo a ser dito? Havia justificativa? O perdão era merecido? Eu sabia que não.

Meus olhos foram adquirindo uma escuridão tão intensa quando minha alma, minha voz foi morrendo junto com minha sanidade, minha vida partira junto com Bella. As vezes a dor era mais forte, quase insuportável, arrebentando meu ser tortuosamente, as vezes a dor se fazia habitual, suportável, simplesmente rotineira. As vezes eu jurei ver Bella, as vezes eu jurei ver Tanya. E também acreditei ver a morte, frente a mim, me convidando a acompanhá-la, e foram nestes momentos que eu percebi quão insano eu estava.

Bella não voltaria, muito menos disposta a me dar mais uma chance, Tanya estava mais que satisfeita com minha desgraça, mas fora proibida por Carlisle de se aproximar de nós novamente. E quanto a morte, bom, eu não duvido que ela tenha realmente me visitado, mas não na maneira material que eu vi.

Como se tornou constante, eu estava sem destino, mas, vez por outra, eu me arrisquei ao piano, deixando que meus dedos criassem a melodia e meu resquício de voz compusesse a música, numa tentativa fracassada de tentar aliviar a dor ou talvez desviar a atenção.

Duas músicas saíram dessas tentativas, ambas que falavam tudo, ao mesmo tempo que nada diziam. As vezes eu tocava uma, as vezes outra, ou, quando a dor era intensa demais, eu tocava as duas, para me fazer esquecer, para me lembrar, para me manter são ou me afundar mais ainda na insanidade. Hoje era um destes dias.

Eu me sentei fronte ao piano, com olhos cansados, corpo dolorido, alma devastada, a tortura estava quase insuportável, eu estava a ponto de me entregar, mas eu não podia fazê-lo, não sem antes ver Bella, implorar por seu perdão, sem esperar que ela volte para mim, mas apenas ter certeza de que ela estará bem.

Passei meus dedos pelas teclas, pedindo-lhes força, implorando-lhes um pouco de auxilio para poder tocar e assim, quem sabe, conseguir encarar mais um dia, ou talvez, uma única hora.

Meus pés não tocam mais o chão,

Meus olhos não vêem minha direção,

Da minha boca saem coisas sem sentido

Você era o meu farol, e hoje estou perdido.

Ela era tudo para mim, minha razão de existir, sem ela estou sem chão, estou cego, estou insano... Perdido. Eu não existo sem ela. Eu não quero existir...

Sofrimento vem a noite sem pudor,

Somente o sono ameniza minha dor,

Mas e depois, e quando o dia clarear,

Quero viver do seu sorriso, seu olhar.

A dor é avassaladora, insuportável, e nada consegue amenizá-la, talvez somente o sono, o artifício do qual eu jamais poderei gozar... As noites são sombrias envolvendo-me na solidão e na dor; mas os dias são ainda piores, pois iluminam o ambiente assim como Bella fazia com minha vida.

Eu corro para o mar, pra não lembrar você,

E o vento me trás, o que eu quero esquecer

Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar,

Nos teus braços é o meu lugar.

A brisa que insiste em vir de encontro ao meu rosto somente me lembra a liberdade e a felicidade que tinha ao lado daquela dona de meu coração.

Na calada da noite, quando todos já estão ocupados demais para apreciar minha desgraça, eu me permito chorar, aquele choro imperfeito, sem lágrimas, composto apenas de soluços agoniados e desesperados, eu me permito pedir, eu me permito implorar para que ela volta, argumentando que não existo sem ela e que somente ao seu lado eu quero viver; argumentos que sei que não terão mais crédito algum para Bella...

Contemplando as estrelas, minha solidão

Aperta forte o peito é mais que uma emoção

Esqueci do meu orgulho pra você voltar

Permaneço sem amor, sem luz... Sem ar.

Minha desgraça é apreciada com gosto pelas estrelas, as quais já presenciaram o desespero daquela mulher inocente a qual arruinei a vida, os céus e as árvores estavam contra mim, eu sabia que sim, eu mesmo estava contra mim.

A dor era insuportável, muito mais profundo que uma mera tristeza ou remorso, era mais intenso mais doloroso, algo enlouquecedor. Mas eu não podia me entregar, não sem antes rastejar perante ela, implorando por perdão, por um pouco de luz, de força... De amor.

Perdi o jogo e tive que te ver partir

É minha alma sem motivo pra existir,

Já não suporto esse vazio quero me entregar,

Ter você pra nunca mais nos separar.

Um jogo... O jogo da vida. Da eternidade. Fui fraco, tolo, me deixei levar pelo veneno de Tanya, fiz uma "jogada" imprudente, inconseqüente, e paguei um preço alto demais, perdi minha Bella. Perdi minha alma. Um vazio se instalou em meu peito, um dor insuportável tomou conta de mim, somente Bella saberia unir os pedaços de minha alma novamente.

Você é o encaixe perfeito do meu coração,

O teu sorriso é sombra da minha paixão,

Mas é fria a madrugada sem você aqui,

Só com você no pensamento.

Bella era minha cara metade, meu grande amor, minha razão de existir; a chama que aquecia meu coração falecido. Sem ela tudo o mundo escureceu, meu sol apagou, o inverno reinou...

Eu corro para o mar, pra não lembrar você,

E o vento me trás, o que eu quero esquecer

Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar,

Nos teus braços é o meu lugar.

Contemplando as estrelas, minha solidão

Aperta forte o peito é mais que uma emoção

Esqueci do meu orgulho pra você voltar

Permaneço sem amor, sem luz...

Meu ar, meu chão é você,

Mesmo quando fecho os olhos... Posso te ver

Eu corro para o mar, pra não lembrar você,

E o vento me trás, o que eu quero esquecer

Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar,

Nos teus braços é o meu lugar.

Contemplando as estrelas, minha solidão

Aperta forte o peito é mais que uma emoção

Esqueci do meu orgulho pra você voltar

Permaneço sem amor, sem luz... Sem ar.

A música foi chegando ao fim e com ela todo o resquício de alivio que me tomou com aquela canção, novamente o desespero foi penetrando em cada célula do meu corpo, o ar parecia ter sido arrancado de meus pulmões, a escuridão e solidão começaram-me a envolver num abraço inseparável.

Os resquícios de sanidade começaram a me deixa, o mundo começou a se apagar e as trevas a reinar. Meu coração gritou pelo amor de Bella, necessidade por algum consolo, num desespero inútil de paz. A solidão se tornou avassaladora, tirando-me o rumo que já não existia.

Eu precisava, de alguma maneira, me manter são, então, com a força que eu não possuía, eu voltei a dedilhar o piano, deixando a segunda música fluir.

Choro toda vez

Que entro em nosso quarto toda vez

Que olho no espelho toda vez

Que vejo o seu retrato

Minha rotina, minha dolorosa rotina. Cada objeto, cada ambiente, cada cheiro... Tudo fazia com que eu me lembrasse dela. Meu reflexo no espelho me trazia a dona de meu coração, fazendo com que minha alma, quebrada como estava, se despedaçasse ainda mais. Doendo. Tortuosamente. O choro sem lágrimas se faz mais presente que o próprio ar.

Eu não tô legal

Não vai ser fácil de recuperar

A vontade de viver

Tô sem astral

por falta de você

Eu não estava bem, parecia que eu nunca estivera bem. Eu duvidava que um dia eu viesse a me recuperar, eu nem mesmo queria isso. Não queria superar, não queria seguir em frente. Eu não queria nada! Apenas minha Bella...

Pior que nada que eu faça

Vai mudar sua decisão, de separação

Eu reconheço os seus motivos

Ta coberta de razão

Pra você, caso de traição não tem perdão

Eu não era ingênuo, eu sabia que se Bella voltasse, seria para me pedir o divorcio, e eu não a culpava por isso. Como posso pedir que ela conviva com alguém que a traiu no dia do casamento. Como pedir que ela ignore algo tão vil, tão monstruoso.

Sei que é tarde pra me arrepender

Inconseqüente, fraco

Eu traí você

Sabemos bem quem vai sofrer

Eu sabia que era tarde. Eu sabia que não teria mais chance. Que eu merecia seu desprezo, seu ódio, seu silêncio. Eu havia sido fraco, inconseqüente, burro, me deixei levar, mas agora não havia volta, eu não podia mudar o passado. Eu teria que conviver com o remorso.

Hoje só Deus sabe a minha dor

Eu tive que perder pra dar valor

Não serei o mesmo sem o teu amor!

Ninguém conseguiria entender, ninguém conseguiria sequer imaginar o que se passava dentro de mim, nem mesmo Jasper, ninguém jamais entenderia.

A dor se fazia física, tão intensa quando a turbulência de um tornado, tão cruel quanto a solidão. O desespero se tornou meu guia, a devastação dominou-me. A saudade aperta meu coração, a estrada parece já não ter mais fim.

A música foi chegando no final e com ela meu resquício de força, de sanidade. Eu já não mais agüentava, eu já não mais queria agüentar. Queria render-me, permitir que o sono eterno envolvesse-me, queria... Eu já nem mesmo sabia mais...

Apoiei meus cotovelos no piano e meu rosto em minhas mãos, o inferno se mostrava muito mais sombrio e cruel do que se podia imaginar.

Era hora de aceitar a realidade, Bella se fora... Partira da minha vida para sempre. Eu havia perdido-a. Depois de tudo que vivemos, depois de tudo que fiz para tê-la comigo... Eu a deixei escapar por entre meus dedos. Eu consegui estragar tudo.

As imagens de cada momento com aquela mulher dolorosamente tentadora preenchiam minha mente, tornando-se um chibatada em minha alma a cada uma delas. Era tortura relembrar de momentos que nunca mais terei.

O sorriso envergonhado. A lágrima secada. As mãos macias. O abraço carinho. O beijo desmedido. As juras eternas. A prova de amor ao abdicar dos movimentos de uma das mãos apenas por mim. E por que não lembrar também dos gritos de desespero e medo? Os mesmos que me deram mais força para lutar contra o que lhe fazia mal. O vestido de noiva. A troca de alianças...

Eu não sabia mais como suportar nada daquilo, aquelas feridas monstruosamente abertas pareciam nunca cicatrizar, a dor parecia nunca pretender cessar, a solidão parecia nunca querer me abandonar. Eu já não agüentava mais...

E por mais uma vez me vi chorando, cansado de tudo aquilo, cansado de mim mesmo. O tempo passou sem que eu me movesse dali, não tinha forças para tal. Não tinha forças para seguir em frente. Não tinha mais forças nem mesmo para lamentar.

Foi quando alguém tocou meu ombro, assustando-me, ninguém da minha família falava direito comigo, não depois do que fiz, rapidamente virei para ver quem era, Alice estava de pé atrás de mim, com uma expressão estranha no rosto. Sem coragem para falar esperei que estivesse pronta para me dizer o que queria.

-Bella voltará daqui a dois dias. – suas palavras fizeram-me entrar em estado de choque, como assim Bella voltaria? – Ela vem falar com você. – uma nova corrente elétrica percorreu meu corpo com a nova informação, como assim ela queria me ver? Será que ela... – Sugiro que esteja alimentado para este encontro. – a entonação de Alice era vazia e sem ênfase, o que me estranhou, mas ela não me deu brecha para perguntar nada pois saiu em seguida, me deixando ali, com as emoções explodindo dentro de mim, mas com um pequeno sopro de esperança.

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim!