A Falsa Princesa e o Dragão Amaldiçoado escrita por Costa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal! Espero que estejam gostando da história. Sem mais, deixo-lhes o capítulo!



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Madra estava congelado no local. Era a primeira vez que via o dragão tão de perto. Ela estaria morta em poucos segundos, ao menos era o que acreditava veementemente. Ela precisava pensar rápido, mas nunca conseguiu fazer tal coisa sobre pressão.

— Vamos lá, pequeno rato, o que está fazendo em minhas terras? — o dragão perguntou distraído enquanto empurrava o cavaleiro com a pata como se o homem não pesasse quase nada.

— Eu me perdi.

— Errado! Mais uma chance. Aproveite que eu estou sendo benevolente hoje. O que está fazendo em minha propriedade?

— Eu estava de passagem.

Ele deixou o homem no chão e começou a andar ao redor dela. Enrolando a cauda nas pernas dela antes de puxar rapidamente e a fazer cair no chão antes de soltar uma baforada quente sobre ela.

— Eu estou perdendo a paciência e acho que você sabe o que acontece quando eu perco isso. Eu sei que você tem me observado. Da primeira vez achei que você era apenas uma infeliz perdida, mas na segunda e terceira vez eu sei que estive errado. Eu não vou perguntar novamente. — falou com um rosnado tão forte que ela sentiu a vibração no chão.

— Eu estava observando os cavaleiros. — falou rapidamente enquanto fechava os olhos para não ver quando seria devorada.

— Oh, esses cavaleiros? — perguntou com uma ironia antes de pegar o pobre homem desmaiado no chão com uma pata e o colocar sobre as pernas dela.

Madra abafou um soluço de choro enquanto olhava para o rosto machucado e com hematomas daquele que admirava mais cedo.

— Você o matou!

— Sem drama. Ele ainda está vivo, apenas desacordado. Agora eu quero respostas. Por que você está me vigiando? O que sabe desses infelizes vindo aqui?

— Eu não sei nada.

Ele rugiu e soltou um jato de fogo no ar.

— Mentira novamente! Eu quero respostas!

— Eu sei que eles estão procurando por alguma princesa que você mantém cativa. É tudo o que sei, eu juro.

— Eu não acho que isso é tudo o que sabe. Talvez eu devesse deixar você passar um tempo em meu calabouço. Lá é frio, com ratos e outros animais nojentos, mas eu juro para você que isso não será nada perto do que posso fazer. — ele falou enquanto cortava a armadura do cavaleiro utilizando apenas a garra do seu dedo da pata dianteira com facilidade.

— Se eu contar você vai me matar.

— Eu acho que eu irei te matar de qualquer forma. Apenas escolha se vai querer ser torturada e ter uma morte lenta ou vai preferir que eu morda o seu pescoço e acabe com isso de uma vez e sem dor.

— Eu espalhei o rumor de que você está mantendo uma princesa presa. — murmurou.

Ele soltou um forte rugido antes de pisar fortemente no chão, fazendo a terra ao redor dele estremecer e o cavaleiro acordar apenas para ser nocauteado novamente com uma rabada em sua cabeça.

— Inferno! Você é a causa de todo o meu tormento. Por quê? Apenas me dê um motivo antes que eu devore você.

— Eu queria ser a princesa! — Ela gritou de volta.

O dragão olhou para ela com desdém enquanto tomava em conta as roupas simples de camponesa e as marcas que o trabalho já estava fazendo na pele dela. Ele soltou um bufo fraco deixando sair um pouco de fumaça de suas narinas.

— Você não serve nem para princesa do chiqueiro.

— Como se um dragão entendesse algo.

— Eu posso não ser da realeza, mas entendo mais que você com certeza e com essas roupas e esses modos nunca se passaria como uma princesa.

— Eu iria tentar fazer eles acreditarem que você me forçou a trabalhar e eu fiquei assim.

— Oh, quão mau eu sou... Princesa, se quiser sobreviver, você vai fazer exatamente o que eu mandar. Eu nem deveria estar considerando isso depois de tudo o que você me fez passar, mas eu estou me sentindo benevolente hoje e, realmente, a carne humana me dá indigestão.

— O que eu vou ter que fazer? —perguntou com medo enquanto se apegava ao cavaleiro desacordado.

— Isso é simples. Desfaça a sua mentira e evite que os seus salvadores continuem aqui para atormentar a minha paz.

— Eu não posso fazer isso!

— Oh, não? Eu acho que não tem muita escolha. Ou é isso ou é isso aqui. — ele apontou para a boca aberta dele.

— Se eu desmentir isso, eu serei morta de qualquer maneira.

— Isso não é problema meu. Ou você faz isso ou eu vou te matar.

— Se me matar, a mentira nunca será descoberta e você irá continuar a receber a visita de vários cavaleiros para me salvarem. Você nunca mais terá paz. — alertou ele.

Ele soltou um rugido e abriu a boca antes de quase a fechar sobre a cabeça dela, mas Madra se manteve firme e não moveu enquanto o olhava sabendo que ele já a teria matado, se quisesse.

— Eu não posso desmentir isso. Me ajude e eu prometo que ninguém nunca mais irá te perturbar depois disso.

— Não, claro que não. Depois desse rumor espalhado, sabe quando eu terei paz? Levará anos até que as pessoas se convençam que não há mais nenhuma princesa a ser salva aqui. Eu não quero estranhos no meu castelo mexendo nas minhas coisas.  — falou antes dar várias chicotadas no chão com o rabo e levantando alguma terra com isso.

— Me ajude e eu farei com que ninguém mais o perturbe. Ou você poderia sempre ir para outro lugar.

— Eu não vou sair do meu castelo e abandonar minhas coisas.

— Então finja que você foi derrotado e deixe o próximo cavaleiro ou príncipe me salvar?

— E eu daria essa recompensa de graça para alguém que não fez nada além de tornar minha vida um inferno? Eu prefiro te matar e sofrer as consequências depois.

— Não há nada que você queira em troca de fazer isso por mim?

— O que eu quero você nunca poderia me dar. Não uma camponesa inútil e ignorante como você. — falou com um bufo deixando a fumaça ir diretamente no rosto dela.

— Eu sou mais que uma camponesa!

— Você tem tanta utilidade para mim como uma mosca que me perturba e, ainda assim, acho que preferirei a mosca.

— Me fale o que você quer.

— Uma camponesa ignorante sabe ler? Não, não é?

— Eu sei.

— Claro que sabe...

— Eu sei. Quando eu era criança, eu me disfarçava de menino e frequentava a escola no lugar do meu irmão. Eu sei ler e escrever.

Ele olhou incrédulo para ela e rabiscou uma palavra no chão com sua garra antes de apontar para aquilo.

— Lars... Larster! Ei, Larster não era o feiticeiro que morava naquele castelo que você está?

— Inferno, você realmente sabe ler.

— Eu sei. Eu não falei? — perguntou com arrogância.

O dragão rapidamente levantou Madra pela pata dianteira e levantou vôo para o castelo dele onde ele se agarrou a uma das torres altas e empurrou ela pela janela.

— Ei, um aviso teria sido bom. — Ela falou antes de ajeitar suas roupas e olhar em volta com curiosidade.

— Está vendo aquela estante no canto onde há vários livros? Pegue o máximo que puder e desça pela escada que tem na lateral esquerda. Basta seguir reto que você vai chegar ao salão e eu estarei esperando por você lá. Não tente nada e não toque em mais nada que não sejam aqueles livros. — ameaçou com um rosnado antes de soltar a torre e desaparecer da vista dela.

— Dragão maluco. —resmungou baixo, mas não ousando desobedecer a ordem dele. Os livros eram pesados e ela conseguiu pegar apenas cinco nos braços dela. Ela olhou com desânimo ao perceber que deveria haver centenas de livros lá.

***

Larster não estava acreditando que a camponesa sabia ler. Aquilo mudava tudo. Ele ainda sentia vontade de matar ela com altos requintes de crueldade, mas ela poderia ser útil por agora e ele iria enterrar momentaneamente essa vontade.

Ele pousou ao lado do cavaleiro e olhou com desdém para ele. Uma leve peteleco mostrou que ele ainda estava vivo quando ele se encolheu e gemeu de dor. Larster o pegou em sua mandíbula, tomando cuidado para não deixar os dentes dele penetrarem muito fundo na armadura para não matar o infeliz e levantou vôo. Ele se afastou até uma clareira no meio da floresta  onde sabia que servia de abrigo para comerciantes que passavam diariamente por ali e o deixou lá. Rapidamente, vôo de volta para o castelo dele e entrou por um buraco na lateral. Ele se elogiou mentalmente por ter construído um salão grande o suficiente para que ele pudesse caber dentro confortavelmente.

Madra olhou para o dragão quando ele pousou no chão. Todo o castelo estremecendo conforme ele andava e se aproximava dela. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, ele a empurrou com a pata e começou a olhar para os livros que ela tinha colocado no chão.

— Você podia ser mais delicado... — Ela resmungou baixo.

Ele apenas olhou para ela e soltou uma baforada de ar quente em seu rosto.

— Abra esse aqui. — apontou para um dos livros.

— Você não pode fazer isso por si mesmo?

— Caso você não tenha percebido, eu tenho garras e não consigo virar as páginas sem danificar elas. Acredite, eu já tentei antes. — falou com impaciência levando a garra até ela e rasgando a borda do seu vestido propositalmente com uma garra.

— Ei, precisava disso?

— Apenas abra o livro. Da próxima vez posso errar e rasgas sua pele. — ameaçou.

Ela bufou alto e pegou o livro do chão antes de segurar na frente do dragão e abrir na primeira página.

— Não é esse, pegue o próximo. — Ele falou apontando para outro livro.

Ela colocou aquele no chão e repetiu o processo com outro livro. Ele olhou com atenção e sinalizou para ela virar a página.

— O que você procura?

— Algo que não te diz respeito. Próxima página.

— Eu poderia ajudar melhor se souber o que você procura. Você sabe que eu sei ler.

— Você não poderia nem se quisesse. Aqui há línguas que não são usadas por seu povo.

— Mas há livros que são da minha língua. O próximo é.

Ele tirou os olhos do livro e deu um forte rugido antes de a olhar nos olhos.

— Você ousou olhar para os meus escritos?! — perguntou rudemente.

— Você nunca me disse que eu não poderia olhar.

— Inferno! Você sabe quando alguém vai te tratar como princesa? Nunca! Princesas seguem ordens, obedecem sem questionar e são educadas. O oposto de você.

— Você também não é lá muito cavalheiro.

— Eu nunca disse ser um, mas sei me comportar bem com quem merece. Vire a página, plebéia.

— Eu tenho nome, sabe. E é Madra, por sinal.

— Não me interessa, plebéia. Próxima página.

— Como quiser, dragão. — falou a ultima palavra carregada de ironia.

Ele rugiu baixo e a olhou com ódio.

— Não me chame mais de dragão. — voltou a atenção para o livro. — Próxima página.

— Eu preciso te chamar de algo.

— Larster. Apenas Lasrter e nada mais.

Madra deixou o livro cair no chão enquanto olhava abismada para a enorme criatura na frente dela que rosnava baixo com raiva.

— Mais cuidado com minhas coisas ou eu te mato.  — ameaçou.

— Larster era o feiticeiro que vivia aqui. É você! — ela afirmou apontando para ele.

Larster levantou a cabeça e rugiu alto novamente, dessa vez, uma chama saindo da boca dele e cortando o ar.

— Inferno! Sim, sou eu e agora pegue novamente o livro e abra na página que estava se não quiser ser morta. — ameaçou.

Madra rapidamente recolheu o livro do chão e voltou para a página em que estava. Ela olhava para o dragão, Larster, o feiticeiro, como agora sabia, com alta curiosidade. A lenda de Larster era antiga. Acreditavam que ele foi um feiticeiro que tinha vivido naquelas terras há muitos anos, ela ouvia essas histórias da avó dela. Ela não entendia como o feiticeiro era agora o dragão e como ele podia ainda estar vivo. Mas não ousava perguntar, pelo menos, não ainda.

Continua. 


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Notas finais do capítulo

E quem diria que o nosso querido dragão é mais que um dragão, hein?
Agradeço por lerem, caso queiram, deixem um comentário.

Um abraço e até mais!



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