A Falsa Princesa e o Dragão Amaldiçoado escrita por Costa


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que todos estejam bem. Faz muito tempo que não apareço por aqui. Não sei como me desculpar, mas gostaria de me justificar. Aconteceram muitas coisas que me mantiveram afastada no Nyah. Coisas das quais prefiro não falar sobre. Ainda assim, estou tentando voltar.

Durante quase dois anos trabalhei nessa história. Está quase toda pronta. Eu diria na reta final. Tentarei postar um capítulo por semana ou a cada duas semanas para que eu possa trabalhar nos últimos que faltam.

Sem mais, espero que gostem



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— Você não cansa? — Madra perguntou irritada enquanto virava mais uma página do livro.

— Sim, eu estou cansado demais de suas reclamações. Não sei nem mesmo porque considerei isso. Deveria ter te devorado e terminado com tudo.

— Esse já é o décimo livro de hoje! Eu já estou cansada de ficar aqui virando páginas e mais páginas. Você realmente precisa ler cada palavra? Não pode simplesmente passar o olho? 

Ele rugiu alto e chicoteou a cauda no chão. Madra se encolheu um pouco e pensou que ela deveria controlar melhor as palavras dela, mas já era fim de tarde e ela estava faminta. Depois de quase quinze dias vivendo naquele castelo, não era como se ela ainda estivesse acostumada a isso. Ela só poderia ir embora dali durante a noite, quando não houvesse mais luz para iluminar a leitura de Larster e teria que chegar assim que tivesse luz suficiente para ele começar a leitura. 

— Não fui eu que espalhou por aí a palavra de que uma princesa estava presa aqui. Agradeça que eu ainda fui muito benevolente. — rugiu com uma baforada de ar quente sobre ela. — Próxima página. 

— Será que não podemos nem fazer uma pausa para comer algo? Eu estou morrendo de fome. — reclamou enquanto virava a página. 

— Venha mais bem alimentada da próxima vez. Não é problema meu que a “princesa” esteja com fome. 

Madra apenas franziu o cenho e mordeu o interior das bochechas para evitar falar algo que pudesse se arrepender. Ela sabia que o que tinha feito era errado, mas esperava pelo menos ter uma convivência melhor com ele depois de alguns dias, mas as coisas pareciam apenas piorar. 

Larster ignorava o desconforto dela. A audição treinada dele podia escutar o estômago dela reclamando pela falta de comida, mas ele apenas ignorou. Não fazia parte do acordo ele a alimentar. Enquanto ele mantivesse isso em mente, poderia olhar mais rapidamente os livros e terminar o mais rápido que conseguisse com aquilo. Ele estava começando a relaxar novamente quando escutou o relincho de um cavalo.

— De novo não... — rugiu e pegou Madra entre a pata dele de uma maneira que as garras dele não a machucassem. Ele voou até o telhado e a colocou lá antes de posar ao lado dela.

— Precisava disso?! — ela reclamou enquanto endireitava as roupas dela.

— Mais um cavaleiro de armadura brilhante para salvar a princesa. Achei que você gostaria de ver seu cavaleiro cair. 

— Como você sabe? 

— Escutei um cavalo relinchar. Eu não tenho cavalos, apenas minhas ovelhas. Observe. 

Eles ficaram em silêncio e logo Madra avistou um cavaleiro sobre um cavalo vindo na direção deles. Ela olhou para Larster e podia jurar que o dragão tinha um sorriso presunçoso no rosto. 

— E agora a diversão começa. Apenas não deixe que ele te veja e não caia daqui. — Laster falou antes de voar e pousar acima do portão. Logo o cavalo do cavaleiro estava desesperado por se ver perto de um animal maior que ele e o homem teve que descer e seguir o resto do caminho a pé quando o cavalo teimosamente se recusou a obedecer e continuar levando o seu mestre. 

— Dragão eu... 

— Te desafio, eu sei. Ouvi isso mais vezes do que posso contar. — cortou ele. — De onde você é? 

O cavaleiro estava petrificado por ouvir o dragão falar, mas logo disfarçou isso e desembainhou sua espada. 

— Eu sou sir Kisler, conde das Terras do Norte, e estou aqui para salvar a princesa que você mantém cativa. 

Larster olhou para ele e percebeu que ele parecia um pouco velho. Pensou se não faria bem eleger esse para a falsa princesa, mas logo descartou a ideia. Ele ainda precisava da mulher para que ela pegasse e segurasse os livros para ele. 

— Quantos anos você tem, ó, poderoso cavalheiro? — perguntou com sarcasmo. 

— O quê? O que isso poderia ser de interesse para você? 

— Apenas curioso. Responda e talvez eu seja um pouco menos cruel com você, ó velho! 

— Seu... Eu tenho 53 e não estou velho. Ainda irei provar que posso derrotar tal fera como você! 

Ele levantou a espada na direção de Larster, mas o dragão apenas soltou um jato de fogo na direção dele que desviou rapidamente das chamas. 

— Apenas vá embora, velho. Eu não quero brigar hoje. 

— Deixe de ser um covarde!  Desça e lute como um dragão. 

— Eu tentei te dar uma chance…

Larster suspirou e saltou para chão. Fazendo tudo estremecer ao redor dele com a força do impacto de seu peso. Ele olhava para o homem e ameaçava avançar sobre ele apenas para vê-lo recuar. O dragão andava em círculos e, quando percebeu que o cavaleiro tinha se distraído, deu uma rabada nele que o fez voar por alguns metros e atingir o solo dolorosamente. Larster então caminhou lentamente e parou sobre o cavaleiro ferido. 

— Ainda quer lutar? — perguntou soltando uma baforada sobre ele. 

O cavaleiro levantou a espada, mas Larster apenas deu um peteleco fazendo a arma voar longe. O homem olhou para a sua arma, agora longe demais para ser alcançada e levantou as mãos em rendição. 

— Agora, essa é uma boa decisão. Pegue o seu pangaré e volte para as suas terras com a sua vergonha. 

Larster levantou e deu as costas para o cavaleiro apenas para provar que a desconfiança dele estava correta. O homem levantou e retirou uma pequena adaga do cinto dele antes de avançar na direção do dragão que apenas chicoteou a cauda dele, acertando o homem e o lançando longe novamente.

— Vocês nunca aprendem? — perguntou cansado enquanto caminhava para o cavaleiro. O homem, dessa vez, estava desacordado e com a armadura amassada. Ele supôs que teria algumas costelas quebradas. Ele agarrou o cavaleiro com sua pata frontal e levantou vôo. Ele pretendia deixar o homem desacordado em alguma estrada onde alguém poderia achá-lo mais tarde. 

— Eu não acredito que você vai me deixar aqui! Larster, seu grande idiota! — Madra reclamou ainda sobre o telhado. Ela olhou para baixo, mas logo desistiu da ideia de tentar descer. Uma queda daquela altura poderia significar a morte. Ela suspirou e tentou ficar mais confortável sentando-se lá e abraçando as pernas para afastar um pouco a sensação de frio que o vento gelado estava provocando. 

***

Após deixar o cavaleiro desacordado próximo a uma estrada, Larster estava um pouco irritado. Ele odiava ser interrompido por cavaleiros que queriam salvar uma princesa que não existia. Estava ainda mais irritado por estar com fome. Ele pensou em Madra, mas logo balançou a cabeça. Ela poderia esperar que ele fizesse uma refeição. Tomando impulso, ele saltou no ar e começou a bater as asas ganhando altitude rapidamente. Com apenas alguns minutos de vôo, estava sobrevoando a floresta enquanto prestava atenção por alguma presa em potencial. Ele tinha avistado uma fêmea de cervo, mas desistiu ao perceber que ela estava prenha. Então continuou a voar por mais algum tempo até que avistou um cervo macho. Muito rapidamente mergulhou e agarrou o animal entre as garras dele. Aquele seria o jantar dele. 

***

Madra estava pensando que o dragão tinha esquecido-se dela. Ela já estava no telhado há quase duas horas e a tarde já estava dando lugar para a noite. Estava quase perdendo as esperanças de sair dali quando viu a silhueta do dragão no céu.. Ela ficou de pé e começou a gritar e a balançar os braços freneticamente para chamar a atenção de Larster. 

— Para quê todo esse desespero? — Ele perguntou assim que pousou no telhado. 

— Para quê?! Você é um idiota! Como ousa me esquecer aqui em cima? — Ela reclamou dando alguns socos no lado da pata dianteira dele, mas eram quase como cócegas para o poderoso dragão.

— Eu não esqueci, eu estava caçando o meu jantar. 

— O quê?! Você me deixa aqui para caçar? 

— Eu não consigo trabalhar com fome. 

— Mas eu posso? 

— Olha, você que é a falsária aqui. Não tem nem o direito de reclamar. 

— Eu poderia ter caído daqui e morrido! 

— Eu não tenho toda essa sorte. — reclamou antes de pegar ela na pata e voar para dentro do salão do castelo pela parede lateral que havia há muito sido derrubada,, colocando-a no chão assim que pousou..

— Você perdeu muito tempo no seu jantar. Já está ficando escuro para que eu leia. — reclamou fracamente.

— Nunca é escuro para um dragão. — falou antes de abrir a boca para mostrar que a saliva dele era como lava que podia iluminar todo o espaço.

— Mas eu também estou com fome... — reclamou sabendo que aquilo não iria comover Larster.

Ele rugiu, mas jogou uma lebre morta na frente dela. 

— Você irá ficar para a noite. 

Ela olhou para a lebre com um pouco de nojo. Lentamente, ela segurou as orelhas do animal e levantou aquele corpo inerte que ainda parecia morno ao toque. 

— Você não espere que eu coma isso cru, não é? 

Larster soltou um suspiro cansado antes de segurar o pequeno animal entre as garras dele, virando longe da direção de Madra e cuspindo fogo sobre aquilo. Em questão de segundo a carne estava cozida, quase queimada. 

— Pronto. Algo mais que a princesa deseje? — ele ironizou enquanto segurava a lebre para ela.

— Eu... — ela bufou, mas forçou um falso sorriso. — Obrigada.

Ela tentou segurar a lebre, mas ainda estava muito quente, então o animal caiu no chão. Larster rosnou baixo e espetou o animal com uma garra antes de apontar para uma das lanças que ele tinha penduradas na parede. Madra entendeu e correu para pegar a lança para espetar a lebre com a ponta perfurante. 

— Coma rápido. Eu voltarei daqui a pouco. 

Com outro rugido, Larster voou para fora do castelo e deixou Madra sozinha para que ela terminasse a refeição. Ela olhou meio desconfiada para o coelho. Nunca tinha visto algo ser preparado assim tão rápido, mas resolveu dar uma chance já que estava faminta. Ela deu uma pequena mordida no animal e se surpreendeu. Esperava que aquilo estivesse mal passado, mas estava até tostado demais, com gosto de carne queimada e duro. Por um momento pensou em reclamar, mas desistiu. Aquilo era comida, apesar de tudo e o dragão podia simplesmente obrigá-la a segurar os livros e virar as páginas para ele sem sequer se importar que ela morresse de fome. Talvez o mais inteligente fosse manter a boca fechada e não reclamar mais.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Forte abraço a todos.



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