O Príncipe Perdido escrita por Florrie


Capítulo 2
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765927/chapter/2



Tiberias observou solene enquanto o curandeiro real afastou-se do corpo fraco do Rei. Não havia mais febre, mas ele continuava piorando. O corpo desistira de lutar, a batalha estava perdida. As velas aromáticas disfarçavam o cheiro de morte que impregnava as pareces do recinto. Ele se aproximou com passos lentos e cuidadosos. O rei permanecia consciente, seus olhos azuis continuavam tempestuosos, tinham o poder de perfurar a alma de um homem. Tiberias vira muitos reis nascerem e morrerem em Umbria, mas esta morte seria especialmente sentida.

            — Tibe — O rei o chamou pelo seu antigo apelido. O homem começara a lhe chamar dessa forma quando ainda era uma criancinha e ele ia visita-lo no berçário. Décadas se passaram desde então e o menino se tornou homem e tomou o lugar de seu pai no trono, ainda assim, ele gostava de usar aquele apelido quando estavam longes dos olhos da corte.

            O que não era o caso nesse dia, mas com a morte iminente, ninguém parecia de importar.

            — Majestade. — Tiberias sentou-se na cadeira ao lado do rei e deixou que o homem agarrasse sua mão. Não devia ser assim, pensou sombrio. Ele não tinha alcançado seus cinquenta verões, mas a doença o fazia parecer ter pelo menos oitenta anos. — Eu estou aqui.

            — Meu filho, Tibe. Meu filho. — O mago suspirou. — Eu sonhei com ele, sonhei que vinha me ver em meu leito.

            — Seu filho não está aqui, majestade. — O mago respondeu com um suspiro e então olhou para o canto do quarto, onde uma menina permanecia escondidas nas sombras. — Sua filha, por outro lado, está aqui.

            O olhar do rei procurou pela menina que rapidamente deu um passo a frente e deixou a luz da janela a iluminar.

            — Gisa... Que os céus a abençoem minha menina. — A garota sorriu, mas havia uma terrível tristeza em seus olhos. — Se ao menos você... Se ao menos...

            Se ao menos fosse homem e legítimo, completou a frase mentalmente. Tiberias achava terrivelmente equivocada a ideia de que apenas os homens foram feitos para o comando, ele já tinha visto rainhas reinarem em Umbria, boas rainhas, mais competentes que muitos dos homens que usaram a coroa. Se ao menos Gisa fosse um filho bastardo ou uma princesa legitima..., mas não, ela era mulher e bastarda dois fatos que seriam usados contra elas pelo conselho. Ela poderia ser uma boa rainha, mas ela dificilmente seria rainha por tempo o suficiente para provar isso.

            — Não se alarme, pai.

            O rei voltou a olhá-lo.

            — Meu filho Tibe, você tem que achar o meu filho. — O rei apertou sua mão em desespero. — Estávamos perto...

            — Ainda estamos. — Respondeu. — Designei alguém de minha confiança para formar um grupo de buscas e mais uma dezena de outros grupos estão sendo formados, alguém vai encontrar algo, eu garanto.

            O rei ficou em silêncio e então olhou para a filha e depois para as outras pessoas presentes no quarto. Deixem-me a sós com Tiberias, ordenou ele e todos saíram cabisbaixos, o mago observou quieto enquanto a última pessoa passava pela porta e a fechava.

            — Eu já aceitei que não irei ver o meu filho antes de partir. Essa maldita doença... — O rei começou. — Você deve me prometer, Tibe, não pare de procurá-lo. Meu filho deve sentar no trono, só assim haverá paz.

            — Eu prometo, majestade.

            — Porém... Eu devo me preparar para o caso de você não o encontrar. Uma crise sucessória é algo extremamente perigoso. — Ele continuou. — Os conselheiros já escolheram o regente?

            — Vossa Majestade não está morta.

            O rei riu, ou pelo menos foi algo próximo de um riso.

            — Eu já estou batendo nas portas da morte e já não sou um príncipe ingênuo. Sei bem que devem ter discutido o nome do regente. — Disse o rei. — Não tenho nenhum irmão vivo e nenhum sobrinho, meu pai foi filho único, assim como eu... Lorde Hastin poderia ser uma opção, ele é filho do primo do meu pai, mas até onde eu sei, não pode ter filhos e não está bem de saúde... Não, Hastin não será o escolhido... Então, diga-me Tibe, quem é o favorito.

            Seu rosto ganhou um semblante sombrio quando o nome surgiu em sua mente.

            — Hazik, Majestade.

            — Hazik... — O rei fez uma careta. — Claro que sim, a avó dele foi a irmã mais nova do meu avô, estou certo?

            — Sim.

            — Como eu previ, estão escolhendo alguém com sangue real... Alguém que possa assumir o trono por definitivo. — O rei suspirou novamente e precisou de outra pausa, era como se estivesse juntando forças para continuar a falar. — Hazik é inteligente e forte o bastante para o trabalho, mas também é uma cobra gananciosa, ele não vai estar disposto a desistir do poder.

            — Não importa o quão ganancioso ele seja, Majestade, o direito dele jamais será maior do que o do seu sangue. — Replicou Tiberias. — A família da falecida rainha é forte o bastante para apoiar o herdeiro deles. Hazik não terá chance.

            — Não, ele não vai ter, mas eu lhe garanto que o homem não vai desistir tão fácil.  — Não, ele não vai. — Alguém deve proteger o meu filho, Tibe.

            — Eu o protegerei com a minha vida.

            — Certo..., mas e se os céus não forem bondosos e não permitirem que o príncipe volte... Então devo nomear um novo herdeiro.

            Tiberias o olhou confuso.

            — E quem seria, Majestade?

            O homem olhou para a porta do quarto e então o mago soube a resposta.

            — Gisa... Gisa é do meu sangue e já houveram reis bastardos antes.

            — Mas nunca uma rainha bastarda.

            — Sempre tem uma primeira vez. — O Rei suspirou profunda e dolorosamente. — Sinto que estou colocando-a em extremo perigo, mas a verdade é que sem mim ou meu filho aqui, ela vai estar em perigo de qualquer maneira. Mande-a para a cada da mãe, o seu avô é poderoso o suficiente para mantê-la longe das mãos sujas de Hazik.

            — Majestade... A menina não vai durar muito tempo, não com um alvo em suas costas.

            — Eu não fui lá um pai muito bom para ela e creio que não estou sendo um agora, mas não tenho muitas opções. Ela terá uma chance se você a ajudar, mas eu espero que não chegue a tanto. Encontre meu filho antes do período da regência temporária acabar e então não terá que pensar sobre isso.

            O rei voltou a apertar sua mão.

            — Prometa-me que vai proteger Gisa e que vai encontrar o meu menino.

            Tantas promessas, pensou Tiberias. Já tinha prometidos muitas coisas a reis e rainhas que vieram antes deste, a maior parte das promessas foi capaz de cumprir e aquelas em que falhou ainda o assombravam. O rei ainda esperava por uma resposta e ele a deu:

            — Eu prometo.

            O semblante do homem se tornou mais suave, como se sua promessa tivesse tirado um peso de suas costas. O peso veio para as minhas.

            — Chame o escrivão, uma testemunha e a minha filha. Esse será meu último decreto real. — Anunciou. — Minha filha deve partir logo depois, garanta que isso aconteça. Ela deve estar em segurança antes que todos fiquem sabendo.

            — Sim, majestade.

            — E então cuide de todo o resto quando eu me for.

            — Eu irei.

            — Prometa-me Tibe.

            Outra promessa, outro peso para carregar.

            — Eu prometo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O mago de confiança do Tiberias é uma vaga aberta, então você pode fazer ficha para ele/ela.

Obrigado por lerem.
Beijos ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Príncipe Perdido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.