Tudo e todas as coisas escrita por Bell Fraser, EverMellark, Cupcake de Brigadeiro, Gabriella Oliveira, RêEvansDarcy, Leticiaeverllark, Paty Everllark, DiandrabyDi, Sorvete Ed Sheerano, IsabelaThorntonDarcyMellark, Naty MellarkLi, Kiara, katyyxliss


Capítulo 6
Agridoce


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?

Eu sou a DiandrabyDi e agora é a minha vez de postar. ;)

Queria agradecer imensamente a Cristabel Fraser pelo convite, e a todas as autoras maravilhosas que são minhas parceiras e amigas nesse novo projeto. Também quero dizer que em meio a tantos contratempos e as loucuras da vida adulta, escrevo com amor e carinho. Tenho um enorme prazer em contar histórias.
Espero que vocês gostem da minha One. =)

A classificação de Agridoce fica para +16.

Sinopse:

"Peeta Mellark é um homem sem escrúpulos e capaz de tudo para conseguir aquilo que deseja.A vida o fez assim e ele se orgulha de quem é.
Em uma festa de Réveillon particularmente tediosa, ele vai descobrir um novo desejo avassalador.
Seu passado vem assombrá-lo e dúvidas crescentes não podem ser deixadas de lado.
Mas tudo isso não importa quando ele se vê preso no canto de uma sereia."

Por favor, comentem e façam o meu dia mais feliz =)



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Poucas vezes na vida eu senti que toda a minha existência mudaria drasticamente.

A primeira vez aconteceu quando eu era um menino e minha mãe Estela me apresentou ao Jazz, me lembro de passar horas e horas ao seu lado ouvindo os seus discos de vinil enquanto ela fazia as poucas tarefas diárias de que era permitida. Minha mãe adorava cozinhar e eu sempre podia ajudá-la na cozinha.

Eu ainda era muito jovem, mas sabia que Estela Mellark tinha os olhos mais tristes que já vi em uma pessoa, hoje sei que seu espírito estava quebrado. Ela apenas sorria quando eu estava por perto ou quando o meu pai a obrigava a ser adorável para ele. Mesmo sendo um inocente, eu sabia que os hematomas em seu corpo indicavam que ela tinha irritado o meu pai, ele nunca precisou de muitos motivos para bater nela.

As vezes eu acordava no meio da noite com os seus gritos e os sons de batidas, nas manhãs após esses eventos Estela sempre estava machucada. Mas, nunca foi cruel comigo.

Em minha mente de criança não entendia o que ela tinha feito de tão ruim para merecer um castigo, minha mãe nunca saia de casa, estava o tempo todo cuidando dos afazeres domésticos e de mim, então não tinha tempo de ser travessa. A única coisa que eu conseguia entender era que meu pai queria a atenção dela toda para ele e tudo o que ela fazia parecia insuficiente para fazê-lo feliz.

Conforme crescia, passei a odiá-lo e meu ódio por ele apenas o fazia mais agressivo com ela, parecia que ele sabia exatamente para onde o amor dela estava direcionado. E que esse amor tão precioso, nunca seria dele.

O que me leva a segunda vez onde minha existência mudou drasticamente. Ocorreu em uma noite chuvosa, depois do meu aniversário de sete anos. Naquela noite minha mãe fez um bolo de chocolate muito delicioso, meu pai não estava presente pois ainda estava trabalhando.

Então, mamãe e eu nos reunimos em volta da mesa da cozinha e ela cantou parabéns pelo meu dia. Aquela tinha sido uma noite perfeita, sem a presença do meu pai rondando a nossa volta, exigindo coisas que minha mãe imediatamente corria para atender. Os olhos de Estela estavam brilhando enquanto ela me beijava na testa e dizia o quanto eu significava para ela e que me amava mais que tudo no mundo.

É claro que meu pai Dimitri chegou exatamente neste momento, sua expressão fechada indicava que ele não estava satisfeito com o que tinha ouvido. Imediatamente fui mandado para o meu quarto e depois de algumas horas sozinho, olhando para as paredes azuis do meu dormitório, ouvi minha mãe sendo castigada mais uma vez, sempre que isso ocorria eu apenas levava as minhas mãos para as minhas orelhas e tentava fechar a maioria dos ruídos, mas dessa vez tudo estava mais claro, seus gritos estavam mais fortes e meu pai gritava ainda mais forte.

Quando tudo ficou silencioso, não pude mais me conter e desobedecendo uma ordem direta, apenas sai do meu quarto e fui até a cozinha. Tentei manter os meus passos o mais silenciosos possíveis. Não queria alertar meu pai que eu estava me aproximando, não queria ser castigado também. Eu pensava que podia encontrar a minha mãe sozinha na cozinha, provavelmente machucada do castigo por me amar mais que tudo e que eu poderia cuidar dela, limpar seus machucados, beijar cada um dos seus hematomas, assim, quem sabe nós dois poderíamos partir o bolo e comer um pedaço.

Ao adentrar a cozinha eu o vi em cima dela, Estela estava deitada no chão da cozinha, meu pai por cima de seu corpo mole, suas mãos grandes em seu frágil pescoço torcido em um ângulo que até eu sabia ser errado. Seus cabelos loiros espalhados pelo chão e manchados de sangue.

Minha mãe estava morta. Meu pai a tinha matado.

— Se você não me ama, então não vai amar mais ninguém, cadela maldita…– Nunca vou me esquecer das palavras que ele sussurrava depois de tirar a vida dela.

E os belos olhos de minha mãe permaneciam vidrados aonde eu estava em pé, sem nenhum brilho neles, não existia mais nada dela, no fim Dimitri conseguiu destruí-la. Naquele momento fiquei com tanto medo de Dimitri também me matar, que voltei para o meu quarto e não dormi durante toda a noite, fui um covarde em não tê-la protegido e paguei o preço por isso, meus olhos ardiam, todavia não conseguia chorar, para falar a verdade eu nunca chorei por ela. Aquela foi uma madrugada longa de espera e medo.

A terceira vez em que minha vida mudou foi quando, já adolescente, fugi do internato onde estudava e junto com alguns amigos fomos a um prostíbulo. Estar entre as pernas de uma mulher muda as perspectivas de qualquer jovem.

E mesmo que não me lembre nada sobre a prostituta que fodi, ainda posso lembrar das suas curvas femininas nas minhas mãos e do prazer de gozar em um corpo quente de mulher. Desde então, sempre mantenho uma ou duas prostitutas a minha inteira disposição.

A quarta vez aconteceu quando enfim descobri qual era o trabalho do meu pai e o que ele esperava de mim. Eu cresci sabendo que meu pai tinha um trabalho não convencional, mas ser filho de Dimitri Mellark, um dos chefes da máfia russa nos Estados Unidos, não era fácil. Os Nevsky atuavam em todos os estados americanos e meu pai era um dos responsáveis para os Nevsky prosperarem.

Quando entendi o que significava ser filho de Dimitri Mellark, eu soube que queria que os Nevsky atuassem com um novo responsável no estado de Nova York.

Eu.

Então, com a ajuda do meu único tio de sangue Haymitch Abernathy, que estava envolvido com politica e era responsável pelos Nevsky em Washington, lutei e batalhei para aprender o negócio da família, para ser o melhor dos melhores. Aprendi a ser implacável com meus inimigos e a conseguir pela força tudo o que eu queria. Eu abracei a herança de meu pai que corria em minhas veias e em poucos anos eu já era temido. Meu nome uma lenda de horror para todos aqueles que atravessavam o meu caminho.

O que me leva ao quinto momento em que minha existência foi alterada.

Aquele foi um dia doce para mim. O dia em que adentrei no escritório do meu pai e coloquei uma bala na testa dele, acabando com a vida do maldito e roubando o que me pertencia. Aqueles que ousaram se levantar contra o meu domínio, morreram.

Na máfia, ou você é esperto ou passa a comer formiga debaixo de sete palmos de terra. É um trabalho duro e apenas os melhores crescem nele. Não existe perdão e nem segundas oportunidades. Se alguém entra neste ramo, tem que saber exatamente no que está se metendo ou vai pagar um preço amargo depois.

E hoje, nesta festa de virada de ano, acabo de descobrir o sexto momento de mudança em minha vida. Sem pensar muito posso afirmar que em meus vinte e oito anos, nunca pensei que isso aconteceria na forma de uma mulher.

Uma bela morena de olhos cinzentos, usando uma máscara de seda em seu rosto perfeito. É claro que a notei no momento em que ela pisou os pés nesse salão de baile.

As poucas horas que passei nesse salão foram acompanhadas de uma estranha agitação em meu interior, era como se eu soubesse que algo grande aconteceria, que algo grande estava vindo diretamente para mim. Um trem desgovernado que me atingiria em cheio, e essa não é uma boa sensação de se ter no peito. Mantive meus seguranças sempre por perto, mas pedi para não ser importunado durante toda a noite.

A máscara que eu usava estava começando a irritar, me sentia velho de mais para esse tipo de festa de virada de ano, quem se importa se um ano novo vai entrar ou não? Então, eu apenas tinha pegado mais um copo de whiskey e tentava afastar algumas mulheres ambiciosas com seus olhares cobiçosos ao dar uma volta pela pista de dança central e foi quando a vi.

Meus olhos grudaram nela imediatamente e por um momento até esqueci de respirar. Meu corpo inteiro foi tomado por um arrepio profundo e uma sensação de pertencimento.

A mulher parecia tão certa e ao mesmo tempo tão deslocada nessa festa, seus cabelos escuros estavam soltos em uma cascata de seda, de um castanho médio ondulado que desciam por suas costas até a cintura, ela usava um vestido branco rendado que acentuava a cor da sua pele cremosa e suas curvas femininas. Seus seios cheios e empinados, sua cintura fina e seu quadril largo quase me fizeram ter uma ereção instantânea.

Ela era tão diferente de todas as mulheres que estavam nessa festa, mulheres ricas de manequim trinta e seis, modelos famintas que usavam sua beleza para conseguir riqueza e poder. Ou prostitutas de luxo exacerbadamente caras, acompanhadas de homens velhos e ricos com idade suficiente para ser avós de algumas aqui. Mulheres cheias de ambição em seus olhos. Todas iguais e previsíveis, já tive uma infinidade desse tipo de mulher na minha cama. Passei a odiar mulheres assim, não que eu não use seus corpos para o meu prazer, mas nos últimos tempos o prazer que tenho na cama é tão insignificante que chega a ser maçante.

Estou farto de prostitutas e modelos gananciosas.

Mas, está aqui não era assim, dava para notar de longe a sua beleza suave e sensual envolta de uma inocência tocante. Ela não é do meu meio de vida e por isso mantinha uma expressão deslocada.

Quem é ela? Com quem ela veio? Meu cérebro começa a borbulhar com perguntas sobre a jovem mulher.

E quando ela me olhou fui atingido pela força de seus olhos cinzentos. Tive que prender a minha respiração, enquanto permiti que meus olhos queimem nela, não fico surpreso ao perceber que ela não está adornada de joias, é claro que sua beleza ofuscaria qualquer adorno que as mulheres gostam de usar, apenas posso notar que ela usa um par de brincos de pérola nas orelhas, seu pescoço está nu de colares e sua pele branca tem uma aparência tão suculenta que posso sentir água na boca ao me imaginar lambendo o seu pescoço delicado, minha língua desceria até os ossos de sua clavícula e depois para o decote entre os seus seios.

Sou tomado por uma vontade quase incontrolável de lambê-la por inteiro. Eu nunca senti um desejo tão forte por uma mulher, muito menos por uma que nem sei o nome.

Quando volto a encará-la nos olhos vejo que ela está corando levemente embaixo da pequena e delicada máscara que cobre o seu rosto. Ela imediatamente desvia o seu olhar e antes que eu possa abordá-la, ela começa a andar e se embrenha em meio aos convidados.

Ao olhar a redor não posso deixar de notar o olhar lascivo de muitos homens sob o seu corpo voluptuoso. E imediatamente sou tomado por uma raiva assassina, me pego fazendo uma lista dos nomes desses bastardos e mandando eliminar um por um.

Ninguém toca no que é meu. Me assusto imediatamente com a força desse pensamento, o que diabos estou fazendo? Ela não é minha.

Sem que a mulher perceba a sigo de forma muito discreta, a vejo abraçando um homem alto de cabelos castanhos. Eles estão de braços dados e ela sorri de forma discreta.

Esse homem é muito mais velho que ela, será que estou errado em meu julgamento e ela é sim uma prostituta?

Em seguida eu vejo o inesperado acontecer, Haymitch Abenarthy, meu tio e sua esposa Effie, para quem guardo um grande respeito, se aproximam dos alvos de minha curiosidade.

A jovem mulher o abraça apertado, dando um longo beijo em sua bochecha, vejo o meu tio gargalhar, enquanto a abraça, em seguida ela vai até Effie e a abraça da mesma forma calorosa.

Estou mais curioso que nunca. E uma coisa fica clara para mim, a mulher não é uma prostituta, Haymitch jamais apresentaria alguém assim para sua esposa. Effie é a mulher mais direita nesse salão, provavelmente a única que vale a pena.

Quer dizer, agora tenho que recolocar a moça de vestido branco nessa lista. Enquanto observo a interação de todos eles, me pego tendo alguns pensamentos curiosos.

Por algum motivo, tenho certeza de que Haymitch não iria me querer perto dela, ele sabe muito bem o sobrinho que tem, afinal depois da morte da minha mãe, fui morar durante alguns anos em sua casa. Isso até que Dimitri Mellark decidiu que me queria de volta, então o bastardo apenas me tirou da casa de Haymitch e me mandou para um internato.

Mas, fiz o meu nome grande e Haymitch sabe disso. Afinal, ele me ajudou.

Para disfarçar o meu fascínio me junto a um grupo de homens ricos e me entroso em uma conversa sobre a compra e vende de ações. Me mantenho atento a conversa, mas meus olhos estão na interação da moça de branco, o homem mais velho ao seu lado e meus tios.

Durante a festa, em nenhum momento a perdi das minhas vistas. Também decidi não ir questionar o meu tio a respeito dela, minha intuição me alerta para descobrir a seu respeito nos meus meios. O fato de eu ter sucesso nos meus empreendimentos é porque escuto a minha intuição. E hoje, ela me diz para não questionar meu tio.

Uma hora antes da virada de ano, Haymitch surpreende a todos quando sobe no palco onde uma banda estava tocando e para a música. As pessoas ao redor estão curiosas, mas o que ele fala surpreende a todos.

— Boa noite, peço desculpa por interromper a festa de vocês, mas minha esposa e eu acreditamos que chegou a hora de ouvirmos uma verdadeira música. - Sua declaração descarrega comentários e risadas. - E nada melhor do que chamar ao palco a estupenda Katniss Everdeen.

— Padrinho! - Todos escutam o clamor de surpresa em meio a multidão. Me viro imediatamente procurando a voz na multidão e encontro a minha morena de vestido branco parada, seu rosto vermelho de vergonha e seus olhos brilhando de incredulidade.

Padrinho? Eu escutei corretamente? Minha musa acabou de chamar o meu tio de padrinho?

Katniss Everdeen é seu nome, é bom dar um nome ao rosto divino da mulher que estou cobiçando desde o momento em que a vi.

Não me lembro de Haymitch ser padrinho de nenhuma mulher, nenhuma menina cresceu comigo nos jardins da casa de meu tio. Effie nunca tocou em seu nome. De onde saiu isso? Haymitch e Effie a estavam escondendo? De quem? Por quê?

O que sei com certeza é que Katniss não é minha parente de sangue, meu pai sempre foi meio maluco com a linhagem da nossa família, então ainda criança tive que decorar a árvore genealógica da nossa família. E nas duas abreviações da minha familia Mellark e Abernathy não existe nenhum Everdeen.

Agora estou mais curioso do que nunca.

— Vamos lá docinho, você prometeu. - Escuto Haymitch dizer ao chamar Katniss para o palco.

Ela apenas encara as pessoas ao seu redor e caminha até o palco.

Meus olhos seguem todos os seus movimentos, na verdade, todos no salão seguem os seus passos, existem muitos sussurros, olhares curiosos e incentivos para que ela vá até Haymitch.

Sutilmente a vejo subir no palco e depois de uma conversa aos sussurros com Haymitch, o que o fez gargalhar alto, ela apenas pega o microfone de suas mãos e volta a sua atenção para a banda no fundo do palco.

Nesse meio tempo Haymitch desce do palco e caminha até onde Effie e o homem mais velho que acompanha Katniss está parado. Eu caminho até o bar e peço outro Whiskey, não sei o que Haymich está aprontando ao colocar aquela mulher para cantar. Será que ela é boa?

Sendo tão jovem, aposto que vai cantar alguma balada romântica atual. E o que a maioria das mulheres que conheço fazem, são tão previsíveis.

Por um momento sou levado para as minhas memórias e quase posso escutar minha mãe cantando na cozinha, seus discos de vinil ressoando o Jazz que ela tanto amava. Essa é uma das minhas melhores lembranças dela, algo precioso para se guardar na memória.

— Boa noite, meu padrinho me colocou em uma enrascada hoje a noite, não é mesmo? - Pela primeira vez escuto a voz de Katniss, quando ela assume o seu lugar no palco e coloca o microfone em sua aste de sustentação, sua voz é suave e sedutora, uma caricia para a audição enquanto um sorriso tímido brilha em seu rosto, ela é linda. - Eu conversei com os músicos presentes e combinei uma canção, espero que vocês gostem. E é claro que a dedico para meu padrinho Haymitch Abernathy, também dedico para a mulher mais bonita desse salão, minha madrinha Effie Trinket e para o meu querido pai Jason Everdeen.

Ela sorri para os convidados e depois volta a sua atenção para os músicos a sua volta.

— Vamos lá? - Diz ao sorri para todos.

Katniss tem a atenção de todos os convidados. Sua postura é relaxada e ao mesmo tempo divertida.

Summertime...- Começa a cantar de forma doce e imediatamente sinto o meu coração pular algumas batidas dentro do peito. Essa música, eu conheço essa música, era a preferida da minha mãe. - ...and the livin' is easy.

Estou com o fôlego preso dentro dos meus pulmões, sinto o meu corpo tremer de ansiedade e expectativa. Algo selvagem começa a crescer dentro de mim e quase posso me sentir tremer.

Fish are jumpin' and the cotton is high

Oh your daddy's rich and your ma is good lookin'

So hush little baby, don't you cry

Nas primeiras estrofes apenas o pianista a segue, a balada do seu toque nas notas é suave e enfatiza a bela voz que Katniss tem. Eu estava errado, sua voz não é apenas uma caricia para a audição, essa definição é simplória de mais para ela. A voz de Katniss é ouro liquido, é um orgasmo sonoro.

E é lógico que não fui o único a notar isso. Poucas mulheres atuais conseguem segurar notas de Jazz da forma que ela faz, então existe uma pequena multidão de pessoas encantadas e invejosas a olhar para ela nesse momento.

One of these mornings

You're goin' to rise up singing

Yes, you'll spread your wings

And you'll take the sky

But till that morning

There's a nothin' can harm you

With daddy and mammy standin' by

Katniss leva o segundo trecho da música de forma ainda mais doce que o anterior e não posso deixar de olhar para ela. Estou hipnotizado pela sua voz, seu canto de sereia está me puxando muito forte para o fundo do mar.

Eu me mantenho firme no meu lugar. Apenas aproveitando o mergulho sedutor que ela me proporciona.

Quando todos pensam que a música ficaria apenas nas notas suaves, Katniss surpreende mais uma vez.

O Jazz fica mais forte quando o saquesofone entra na canção, o baterista e outros músicos também se juntam a canção. É inacreditável que ela conseguiu unir todos eles em uma música que não estava programada e de forma tão brilhante.

Eles a seguem, seguem os comandos ocultos de seu timbre. Katniss os comanda com sua música e mesmo quando ela começa a brincar com as notas musicais, com a letra da música, tudo parece que foi perfeitamente organizado e treinado.

Posso notar que ela também está profundamente ligada a música, seu envolvimento é notável e deve ser por isso que os convidados estão tão encantados. Seus olhos cinzentos passam pelas pessoas e seu corpo ondula conforme as notas da canção se derramam por seus lábios cheios.

Quando canta, Katniss se transforma na mulher mais linda que já vi na vida, ela é uma deusa entre os mortais. E seus solos são tão maravilhosos que sinto o meu sangue correr veloz por minhas veias.

Uma necessidade cresce de maneira profunda dentro do meu peito, se já a queria antes, agora o desejo que sinto por ela é tão forte que trinco os meus dentes e aperto minhas mãos em punhos.

Sua canção termina rapidamente, eu poderia escutá-la cantar por uma vida inteira. Enquanto ela recebe os aplausos entusiasmados dos convidados me viro e termino de tomar a minha dose de whiskey. Estou queimando por dentro, tenho que me concentrar muito para não ter uma ereção aqui mesmo.

Não a vejo sair do palco, apenas sei que ela saiu quando a cantora anterior volta para o seu posto e as músicas voltam a ser maçantes e previsíveis.

Jazz. Ela tinha que cantar justamente Jazz com aquela voz perfeita para gritos de orgasmo. E ter uma interpretação tão boa da música preferida da minha mãe.

Billie Holiday era a cantora preferida da minha mãe, me lembro de passar horas e horas ouvindo os seus discos ao lado dela. E Summertime era a sua música preferida, ela costumava cantá-la para mim quando me colocava para dormir.

Nos minutos que antecedem a virada do ano eu a observo, quando faltam poucos minutos para a grande comemoração e sem poder me conter nenhum minuto mais, vou atrás de Katniss. Primeiro espero o momento exato quando ela se afasta dos meus tios e do seu pai.

Dou a volta no salão e faço com que ela esbarre acidentalmente em mim. É claro que tudo estava programado em minha cabeça, mas ela não saberia, sou um ótimo mentiroso.

Para que a coisa pareça autêntica até viro o copo de Wiskey que segurava no meu terno Armani.

— Oh, me desculpe. - Minha morena me diz ao notar a confusão que nosso esbarrão causou. Alguns convidados ao redor notam o que aconteceu, mas ninguém vem em seu auxilio.

Será que é porque me reconhecem? A máscara que uso não cobre inteiramente as minhas feições.

— Você está machucado? Não vi você parado aqui. - Sua voz faz com que meu corpo esquente por ela e tento muito não olhar para ela se forma predatória.

— Uau, tomei um banho de wiskey. - Digo para Katniss, antes que possa pensar seguro o seu braço e aprecio o calor de sua pele macia em minha mão, um prazer oculto continua a crescer e se expandir dentro de mim. - Você está machucada?

— Não, estou ilesa, eu sinto muito mesmo. - Ela volta a repetir, seus olhos cinzentos me olham cheios de arrependimento. - Estava a caminho do banheiro, você não quer me acompanhar? Talvez eu possa limpar um pouco dessa sujeira.

— Claro, vou precisar mesmo limpar isso. - Respondo ao sorrir. - Sei onde tem um banheiro, você me segue?

— Sim. - Ela diz ainda com os seus belos olhos cinzentos arrependidos.

Eu esperava ter um motivo para conversar com ela, mas ir ao banheiro onde ficaremos razoavelmente isolados é melhor do que tinha planejado.

Atravessamos a multidão e caminhamos para um banheiro mais isolado, quero ter alguns minutos a sós com a minha morena. Katniss me segue sem questionar em nenhum momento.

Não é difícil levá-la até um lugar mais tranquilo, para isso vamos para o terraço iluminado e para além da área das grandes piscinas.

Quando chegamos no banheiro que escolhi não há ninguém nele.

Faço com que Katniss entre primeiro e a sigo logo em seguida.

O aposento é amplo e muito bem decorado, para não assustá-la deixo a porta aberta. Os olhos dela estão em todo o ambiente, depois vão para onde me mantenho encostado na pia de mármore.

— Então, de que forma você pretende me ajudar? - Questiono sorrindo, de modo discreto passeio os meus olhos pela sua forma, e aqui longe de todos os convidados e da festa em si, posso sentir o seu perfume doce.

— Para falar a verdade, não faço a minima ideia. - Ela me diz ao sorrir o que balança algo em meu controle. - Nunca tirei bebida de um terno. Me desculpe por isso, talvez se eu passar algumas toalhas de papel dê para disfarçar o pior da umidade.

— Não precisa me pedir desculpas, sei que não foi proposital. - Digo ao encará-la, e sem cerimonia desabotoo o meu terno e o entrego para ela.

Katniss o aceita e imediatamente começa a trabalhar sobre o tecido. As toalhas de papel que ela pegou do suporte sobre a pia não servem de muita coisa, ainda assim admiro a sua tentativa, ela realmente parece chateada com o ocorrido, qualquer mulher que conheço apenas ignorariam o fato, se lembrassem de pedir desculpas.

É claro que o esbarrão foi proposital, pelo menos da minha parte, mas ela não notou nada e não estou chateado pelo terno, é apenas uma roupa que posso facilmente substituir, o que me interessa é ela.

— A sua apresentação foi linda. - Falo ao me aproximar discretamente de seu corpo curvilíneo. - Nunca ouvi Summertime ser interpretada de maneira tão única. Você é cantora?

— Obrigada, e não sou cantora. Sou fisioterapeuta, cantar é apenas uma diversão para mim. - Diz ela ao sorrir, seus olhos ainda estão presos no terno em suas mãos. - E tenho um carinho especial nessa música.

— Por que? - Pergunto curioso. Ela é fisioterapeuta, eu nunca teria adivinhado.

— Summertime é minha música preferida. - Me responde e dessa vez os seus olhos vão de encontro aos meus, enquanto um sorriso discreto brinca em seus lábios.

É claro que é. Penso ao encará-la.

— E Haymitch Abernathy é seu padrinho? - Volto a questionar, seu perfume doce queima no meu nariz e me pego com o desejo de enterrar o meu rosto em seu longo cabelo castanho, meu controle está caindo mais rápido do que imaginei.

— Sim, sou Katniss Everdeen. - Volta a me responder e dessa vez a sua mão é estendida para mim.

Sem pensar duas vezes aceito o seu cumprimento e sorrio.

— É um prazer conhecê-la, Katniss Everdeen. Eu não sabia que Haymitch era padrinho de alguém. - Continuo o assunto após soltar a sua mão. - Isso é recente?

— Na verdade não, ele sempre foi meu padrinho desde que eu era uma menina, meu pai e ele tem negócios juntos e cresci em Seatle. - Me responde agora me encarando mais seriamente. - Você conhece Haymitch?

— Sim, nós também temos negócios juntos. - Falo ainda encarando-a.

— Que interessante. Qual é o seu ramo? - Agora é sua vez de questionar, suas mãos continuam trabalhando no meu terno e tenho que admitir que ela está fazendo um ótimo trabalho com a umidade.

— Importação. - Respondo, essa é a fala padrão que dou para todos que me questionam sobre esse assunto.

— Não sabia que Haymitch também trabalhava com importação. - Katniss me diz ao jogar os últimos pedaços de papel que usava para limpar o meu terno, no lixo. Depois ela me estende o terno e espera que eu o pegue.

— Ele trabalha, mas não é seu ramo principal. - Digo e nesse instante tenho que me desencostar da pia de mármore e fico de frente para ela. - Você pode me ajudar a vestir?

— Claro. - Diz ela, parecendo surpresa com o meu pedido.

Vejo suas bochechas queimarem ao me ajudar com o terno. Suas mãos delicadas passeiam de forma discreta pelos meus braços e costa, ela tira qualquer dobra no tecido, e sentir suas mãos no meu corpo é delicioso.

Faço de tudo para manter nosso contato visual, e mesmo a máscara delicada que ela usa não é capaz de cobrir as sua bela feição. E é quando a tenho tão próxima que posso notar a sua respiração levemente descompassada.

Meu coração está disparado no peito quando permito que minhas mãos agarrem os seus braços, ela não parece se incomodar com isso. Mas, logo somos acordados de nosso devaneio quando escutamos o mundo explodir em nossa volta.

— Chegou a virada. - Sua voz me diz, Katniss tenta afastar os seus olhos dos meus, mas não permito que aconteça. - Eu tenho que encontrar o meu pai.

Lentamente levo a minha mão até a o seu rosto e acaricio o pouco de pele que está amostra. Katniss estremece com o meu toque e suas próprias mãos correm pelos meus braços.

— Ainda não. - Falo ao me aproximar mais dela, suavemente a levo até uma parede qualquer, faço com que ela encoste as suas costas nos azulejos caros e logo pressiono o meu corpo no dela.

Katniss é poucos centímetros mais baixa que eu, mesmo usando salto alto, entretanto a altura não chega a ser um problema, não quando nossos corpos se encaixam tão perfeitamente.

— Feliz ano novo, Katniss Everdeen. - Sussurro ao descer os meus lábios de encontro aos dela, preciso de uma amostra do que seus lábios cheios são capazes.

Estou confiante em nosso beijo, não apenas por ser uma tradição boba de virada de ano, mas porque pude reconhecer nela a chama que queima dentro do meu corpo.

Katniss não é uma menina, é uma mulher formada, mas minha intuição diz que não é de beijar qualquer um por ai, ela deve ser do tipo que guarda os seus beijos apenas para pessoas especiais.

Também não me envergonho de roubar esse beijo, seus lábios nos meus são doces, seu gosto é viciante e algo que começa de forma casta não demora a se tornar o paraíso.

Nunca senti nada assim em um beijo, meu corpo inteiro vibra de satisfação pela nossa ligação simples. Katniss aceita a minha língua na dela e retribui o meu beijo, fazendo com que os fogos de artificio e todo o barulho da festa próxima a nós dois desapareça.

Muito lentamente desço as minhas mãos pela curva de suas costas e sua cintura, suas curvas femininas estão ascendendo algo dentro de mim, sinto que preciso dela agora. Há muito tempo que não sentia uma grande emoção sexual e Katniss está despertando algo selvagem em minha vontades.

Nos separamos apenas quando é essencial, nossas respirações estão aceleradas, e ela está lindamente ofegante em meus braços, seus lábios molhados implorando por mais beijos meus. Seus olhos cinzentos também estão brilhando ao encarar os meus.

— Feliz ano novo. - Sua voz suave diz quase que em um sussurro.

Mal espero que ela termine e volto a atacar os seus lábios, dessa vez exijo ainda mais do beijo e é com surpresa que me pego sedento por ela. Algo nessa mulher está me enfeitiçando.

Então, fico ainda mais surpreso quando a sinto me empurrar para longe de seu corpo.

— Não, por favor. - Me diz ofegante. Sei que ela está excitada, então porque está me empurrando? - Não sou esse tipo de mulher.

— Eu sei que não é. - Respondo ao me afastar um pouco, ainda mantenho os nossos corpos juntos, mas já não estou prendendo ela contra uma parede. - Você é diferente.

— Eu não devia ter deixado isso acontecer, estou saindo com alguém e não sou do tipo que trai, eu não sei o que me deu. - Seu desconcerto está estampado em seu rosto. - Eu não sei nada de você...

Saber que ela está saindo com alguém que não sou eu, queima um sentimento de posse em mim. Algo violento. Não vou nem permitir que meus pensamentos vão para isso, não quero pensar em ninguém tocando nela.

— Você é uma tentação, Katniss. Não pude evitar. - E antes que ela digo alguma coisa, volto a atacar os seus lábios, nesse momento o meu corpo tem vontade própria e tudo o que quero é provar um pouco mais dela.

Katniss volta a se entregar e sua entrega é suculenta, quente e muito deliciosa para ignorar. Sei que por um lado a estou forçando, e esse não é um comportamento que me orgulho, mas não posso resistir a ela.

Quando escuto o seu primeiro gemido entregue, me afasto abruptamente.

Katniss parece confusa e assustada.

— Vá. - Aponto a porta do banheiro que continuava aberta.- Vá antes que eu transe com você nesse banheiro.

Ainda leva alguns segundos para Katniss se mover, ela parece muito desconfortável com o que aconteceu entre nós dois. Seu rosto que já estava corado de prazer, fica ainda mais vermelho pela vergonha.

No momento que ela chega a porta seu rosto de volta para mim.

— Eu não sei o seu nome. - Me diz encabulada.

— Não, você não sabe e é melhor que continue assim. - Digo ao fechar os meus punhos com firmeza, estou me segurando para não puxá-la de volta e continuar os meus avanços em seu corpo feminino.

Ela ainda me olha confusa por alguns segundos depois me dá as costas e vai embora.

Assim que Katniss se vai, me inclino na pia de mármore e encaro o meu reflexo no espelho grande desse banheiro. Vejo os meus olhos azuis queimando por ela, meu corpo inteiro está quente e desconfortável pelo tamanho da minha excitação. A máscara prateada no estilo romano que uso cobre boa parte do meu rosto.

Agora tenho que pensar no que fazer desse momento em diante. A única coisa que tenho certeza é que quero Katniss Everdeen na minha cama.

Também sei que Haymitch jamais vai permitir que eu me aproxime dela. Ele sabe muito bem o sobrinho que tem.

Agora, por que a escondeu de mim por todos esses anos e justo hoje em uma festa que ele sabe que estou participando revela a sua existência? Sei que me lembraria se ele tivesse tocado no assunto de ter uma afilhada. Effie também nunca a citou.

Preciso saber mais, ter mais informações. Preciso de um plano.

De forma decidida saio do banheiro e de toda a festa, atravesso o salão de baile sem falar com ninguém, mantenho meus olhos atentos, porém não encontro a minha morena em lugar nenhum, com o meu celular chamo os meus seguranças e capangas.

Não demoro a encontrar Gale e ele logo vem ao meu encontro.

— Deseja ir embora agora? - Sua voz grossa pergunta.

— Sim. Vamos agora. - Comando e já nos encaminhamos para o meu carro.

Assim que entro no banco do passageiro volto a pegar o meu celular e depois de uma pequena busca nos meus contatos encontro quem estava procurando.

A ligação não demora a ser completada.

— Senhor Mellark, a que devo o prazer justo na virada de ano? - A voz grossa de Beetee Latier atende a ligação.

Beetee é o melhor rastreador que tenho, o homem é um gênio da computação e sempre que necessário resolve alguns problemas meus.

— Feliz ano novo para você. Agora, eu preciso que você rastreie alguém para mim. - Comando mais uma vez, meu sangue ainda queima pela excitação de ter tido uma morena fogosa nos meus braços. - Eu quero saber tudo sobre Katniss Everdeen e sua família, principalmente o pai e que tipo de negócios ele tem com meu tio. Qualquer podre, qualquer segredo, eu quero saber tudo sobre essa família.

— Ok, chefe. Consigo as informações para sexta feira. - Beetee me diz seriamente.

— Consiga tudo para quarta. Não quero esperar muito tempo para obter essas informações. - Resmungo para ele. Enquanto isso Gale já estava saindo com o carro da festa.

— Senhor Mellark, você sabe que uma pesquisa dessas requer tempo e...

— Eu pago o triplo. Apenas me consiga as informações. - Insisto fortemente.

— Te mando as informações nessa quarta. - Ele me responde, e não fico surpreso pela sua mudança de posição. O dinheiro dobra qualquer pessoa e se o dinheiro não dobrar, o medo o faz.

Ao mesmo tempo que desligo o celular acabo por tirar a máscara que cobre o meu rosto, essa coisa me irritou durante toda a noite e é uma satisfação poder tirá-la . Aproveito e passo as mãos pelo meu cabelo e tiro o terno Armani. Estou cansado e excitado.

Gale me olha pelo retovisor, sua expressão é séria.

— Para onde, Senhor Mellark?

—Para o aeroporto, preciso voltar imediatamente para Nova York.

Depois que o destino é decidido faço outra ligação, essa não demora nada para ser atendida.

— Glimmer, prepare o meu voo para Nova York, quero partir assim que chegar no aeroporto. - Digo para a minha secretária.

— Como desejar, Senhor Mellark. - Sua voz sedutora responde sem exitação.

Desligo sem me despedir.

Agora tenho um longo caminho de volta para o meu apartamento em Manhattan, sei que vou ficar ansioso pelas descobertas de Beetee, mas terei tempo suficiente para sonhar com uma morena de olhos cinzentos e beijos quentes.

Uma coisa sei, depois de provar de seus lábios não vou descansar até tê-la em minha vida.

Eu quero Katniss Everdeen. E o que quero, eu consigo.

 

(Música tema)


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Notas finais do capítulo

Summertime é o tipo de música difícil de ignorar. E tenho que dizer que existe muita coisa para acontecer entre esses dois.



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