Sangue e Poder escrita por Berserker


Capítulo 2
Johan




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Um mês se passou desde que Louis aceitou a ideia de sacrifício por poder. Tivera vários pesadelos sobre demônios devorando-o.

Ele estava de férias e seus pais tinham ido para o Canadá visitar irmãos, novamente Louis estava sozinho em casa. Sentou-se no sofá e começou a lembrar de tudo que aconteceu. Colocou a mão sobre os olhos e algum tempo depois se levantou e foi lavar o rosto. Ao olhar para o espelho, viu novamente os olhos escuros de Klaus observando-o no fundo. Ele via aquilo com frequência, já não se assustava.

Foi para seu quarto e ligou uma música para ouvir no volume baixo. Alguns minutos depois, Klaus começou a falar na mente de Louis novamente, que estava distraído e tomou um leve susto.

—Tenho que falar com você, vá até a livraria pegar o Sanguis para podermos conversar. – Sua voz estava rígida e com um leve ar de preocupação.

Eram quase meio-dia, Louis pensou em almoçar antes de ir, mas achou que era urgente, até porque raramente Klaus falava algo.

Foi até uma gaveta de sua escrivaninha e pegou uma caneta velha, porém funcionando. Ia saindo de casa, mas lembrou que deixara a música tocando e voltou para desligar. Entrando em seu quarto percebeu um ar pesado, lá dentro. “Preciso fazer uma faxina aqui, a moça da limpeza não fez, pelo visto”, pensou Louis. Desligou o rádio e saiu de casa.

No caminho, encontrou Steve e Lia se agarrando perto do portão da escola. Nunca havia se interessado por meninas, mas sentia algo como ciúmes de Steve, sendo um canalha, conseguir alguém e ele não. Resolveu passar do outro lado da rua para evitar confusão com o garoto mais velho.

Chegando na rua dos comércios percebeu que agora havia muito mais gente do que da outra vez, todas as mercearias e lojas estavam lotadas, inclusive a livraria, que agora tinha vendedores, também, uma senhora bem velha e um garoto que parecia ter sua idade.

Percebendo o número de pessoas lá dentro, sentiu medo de alguém ter comprado Sanguis e deixar Louis sem contato com seu suposto ajudante. Foi até a prateleira onde ficava o livro de Klaus e para seu alívio, ninguém havia pego.

“Vou comprar esse livro e leva-lo para casa antes que alguém o faça”, pensou Louis.

Quando estava se aproximando do balcão com o livro na mão, Klaus gritou dentro de sua cabeça:

—Não faça isso! Se está pensando em comprar o livro, não o faça. O motivo vou dizer depois.

Louis voltou para perto da prateleira do Sanguis e quando não havia ninguém olhando, escreveu: “Mas com essa quantidade de pessoas aqui, não vai dar para eu escrever no livro, vão achar estranho”.

—Então espere até saírem. – Klaus ordenou com a voz firme.

Passou-se algum tempo e Louis já estava com fome, sempre que passava alguém, ele pegava um livro qualquer e fingia estar lendo.

Finalmente, saíram todos os clientes, ficara na livraria apenas ele e o garoto vendedor. “A senhora provavelmente saiu para almoço, afinal já são mais de 13h00”, pensou Louis.

Foi até um canto e sentou-se no chão, de forma que o garoto não o visse. Tirou a caneta do bolso e escreveu: “O que você quer falar comigo, Klaus? ”

—Você já sentiu alguma mudança no seu corpo? Alguma energia passando pelos seus músculos?

“Não, mas já tem um tempo que não apanho de Steve e sua turma, se é isso que seu livro faz, obrigado”. Louis pensou de forma irônica, mas sua resposta escrita parecera sincera.

—Bom, perguntei isso, porque aparentemente você foi escolhido por Ele.

Louis não entendeu, mas quando foi escrever, sua mão tremeu um pouco. “Ele quem? O que aconteceu? O que vai acontecer? “

—A espada que você usou, Semper, foi forjada a mais de três mil anos atrás, mas só ganhou destaque, quando veio para minhas mãos, mil e setecentos anos depois. Não sei se você sabe, mas demônios que não sentem fome, como eu, não ficam no submundo, ficam no Inferno. De acordo com as leis dos demônios, eu sou um desertor, porque senti afeição por um humano. – Parecia que ia continuar a frase, mas viu que Louis estava escrevendo e decidiu esperar.

“Quem era esse humano e o que ele fez para você gostar dele? ”

—Seu nome era Johan, um jovem que nasceu em família rica e viu seus pais serem assassinados brutalmente aos cinco anos por ladrões. Desde aquele dia, sentira um tremendo ódio não apenas dos assassinos, mas sim da humanidade inteira. Depois do ocorrido ele foi morar com seu tio, um homem alto, nem tão magro, nem tão gordo que também fora assassinado, mas dessa vez, não por um ladrão, por Johan. Ele planejou tudo, matara e colocara o corpo perto de um riacho de forma que a correnteza não o levasse e ao mesmo tempo, de forma como se tivesse parecido que tivesse sido jogado de cima da colina. Os investigadores determinaram assassinato, mas nunca foi declarado um culpado. Depois disso foi morar com uma senhora vizinha que conhecia seu tio e adotara o menino. Mas, depois de alguns meses o garoto fugiu. Com apenas treze anos, já vivia sozinho, matando animais e homens para conseguir comida e sobreviver.

“E por que você está me contando isso? E o que isso tem a ver com Semper? “, Louis escrevera enquanto Klaus falava.

—Anos depois disso, ele foi servir as tropas de guerra. Ele ficou até feliz, pois poderia matar sem ter que se preocupar em esconder os corpos. Mas o que ele fez foi além disso. Ele esperou seus companheiros irem dormir, e assassinou um por um. – Deu uma pausa, respirou e continuou – Horas depois disso, um demônio pediu para o que vocês chamam de anjos, para retirar a vida de Johan. Os anjos raramente se envolvem em assuntos como esses, mas depois que viram o humano fazer aquilo aceitaram a proposta do demônio, sem saber o que ele planejava, e tiraram-lhe a vida, jogando a alma no inferno, onde deveria sofrer para sempre. Mas o demônio, depois de algum tempo, tirou a alma de Johan do inferno e após várias tentativas, conseguiu aprisionar a alma do humano em Semper, uma espada que deveria ser usada apenas por demônios.

“Esse demônio, é você? “ – Novamente Louis escrevera enquanto Klaus falava.

—Sim, sou eu. Depois que fiz isso, fui condenado a sair do Inferno, mas consegui levar Semper e Johan comigo. Semper já não era uma espada qualquer, é uma das quatorze únicas espadas capazes de ferir humanos, demônios, anjos e até mesmo deuses, mas agora para mim é mais especial que antes. O motivo de eu ter escrito Sanguis, tem a ver com a espada. Todos os humanos que aceitaram a proposta de matar um humano por poder, foram mortos um mês depois. Seus nomes estão na capa do livro, como você já viu. Todos morreram porque Johan quis assim, eu não sou mais o dono de Semper, é ele. Mas com você foi diferente, afinal, ainda está vivo. – Klaus deu uma leve risada. – Essa é a primeira vez que isso acontece, a primeira vez que Johan aceita alguém. Aliás, sua aparência lembra bastante a dele, ele também era loiro de olho azul com a pele pálida.

“Minha pele ficou assim depois que usei Semper, eu era mais corado...”

—Entendo. – O demônio ficou em silêncio depois disso como se estivesse pensando longe.

“Já disse o que queria, posso ir? “ Louis escreveu, agora com uma cara de preocupado.

—Sim, pode. – Klaus respondeu depois de alguns segundos, pelo modo que falou, parecia estar distraído.

Louis se levantou e escreveu uma última mensagem:

“Por que não posso levar o livro para casa? “

—Você vai descobrir depois. – Respondeu do mesmo jeito distraído.

Louis guardou o livro no lugar que achou e já ia saindo da livraria, quando o garoto vendedor o chamou:

—Gostou do que leu?

—Hm, sim. – Louis respondeu de forma rápida sem olhar para o vendedor.

—Volte sempre. – O vendedor fez uma casa um pouco de desconfiado, mas Louis nem percebeu, pois já estava de costas.

Quando chegou em sua casa, comeu e foi para seu quarto, onde dormiu. Acordou e foi tomar banho, pensando “E se Johan não tivesse gostado de mim? Eu estaria morto... até quando posso confiar em Klaus? “


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Notas finais do capítulo

Jason depois daquele dia, foi declarado pela polícia como desaparecido.

Obrigado por ler :)
~Berserker