She keeps me warm [Sherri Polo] escrita por larissa


Capítulo 5
Prêmio e Discurso


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo dos obrigatórios, se estou triste? sim, porém, realizada.
Foi muito bom ter vocês até aqui e confesso que não achei que iria ter tantas visualizações, afinal, é um shipper muito flopado, mas obrigada por tudo. Boa leitura!



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Semana 5: A primeira vez que dissemos “Te amo”
Capítulo 5: Prêmio e Discurso


      Por mais que eu quisesse, depois daquele episódio atípico na casa de Peter Paige, não vi mais Sherri. Ficamos novamente distantes e silenciosas e apesar da minha ansiedade no auge e minhas unhas todas roídas, eu não fui evasiva. Havia mandado mensagem ela respondeu, mas não prolongamos o assunto, imaginei que na cabeça dela tudo estivesse mais confusa que na minha, afinal, tínhamos feito algo erradíssimo e por mais que eu havia desejado aquele contato por dias a fio, minha moral não estava satisfeita e se eu estava com um pé no arrependimento imagina Sherri que ao chegar em casa provavelmente deu de cara com Kamar.

 

Os dias foram passando e a culpa começou a me consumir, afinal, eu estava em uma posição que sempre julgava: de amante ou da pessoa que trai, e eu sei que no fundo Kamar confiava no meu profissionalismo. Como Sherri não havia me procurado eu havia desistido da mulher, como não havia condições de sair de casa eu me atolei em vários filmes e séries. Não me dava o trabalho de enviar mensagens ou tentar contato. Aos poucos ia me convencendo de que não existia mais e que eu deveria superar a mulher. Estava tão absorta em meu sofrimento que só não esqueci do jantar de gala, pois a realizadora Rebecca Soprano havia me ligado.

 

Gastar com salão era luxo, logo, eu tinha que dar um jeito todo em mim, porém, ser relativamente conhecida tinha suas vantagens. Com duas ligações eu já havia conseguido meu vestido e o cabelo, não era fã de maquiagem forte, logo, nem coloquei como prioridade. O mais difícil é a motivação, mas depois da conversa com Rebecca eu percebi a importância do jantar e como eu era uma ativista, não podia desanimar. Como era um evento pequeno, imaginei que não tivesse muitas pessoas, mas ao chegar lá me enganei. Havia muitos fãs e outros artistas, obviamente não a nível de oscar ou eventos grandes.

 

Logo que cheguei fui reconhecida pela organização que gentilmente preparou um camarim para aguardar o início da cerimônia. Sem pestanejar fui até o local, havia vinho e algumas frutas, não fiz exigências, passaria pouco tempo ali. Havia acabado de servir minha taça quando uma batida delicada na porta fez eu virar o corpo, após a permissão uma mulher de cabelo e olhos castanhos adentrou, tinha um sorriso bonito.

 

— Teri Polo, é um prazer ter você aqui. — A castanha pegou em minha mão e apertou em comprimento. — Espero que goste do que preparamos, mas nada que fizermos vai representar os pontos positivos que a série trouxe… Uma visibilidade tão boa… — Ela estava emocionada — Muito obrigada, você é incrível.

 

— Rebecca? — Perguntei duvidosa, mas a voz era extremamente parecida com a do telefone, recebi um aceno de resposta, era bom finalmente dar rosto a voz simpática. — Não seja boba, fiz mais do que minha obrigação e só por ter vinho já está ótimo. — Então, balancei a taça, mostrando o conteúdo. — Aliás, conseguiu acertar o meu vinho preferido. — Estava admirada com o fato, não lembrava de ter comentado qual era para nenhuma entrevista ou site.

 

— Estou muito feliz  que esteja tudo do modo que gosta…  Daqui um pouco, vão vir te buscar para o palco.

 

Rebecca estava entusiasmada e o astral dela acabou passando para mim, conversamos um pouco mais, porém, alguém veio chama-la avisando que a oradora que ela esperava havia chegado. Não me importei e me despedimos. Não sabia se levava para um lado além do amigável, mas de algum modo havia gostado de conversar com a mulher, esperava que pudéssemos nos encontrar novamente.

 

Quando a mulher saiu, voltei a beber e comer meu vinho, talvez no espaço-tempo de quinze minutos, antes de alguém me chamar para o palco. Um nervosismo comum antes de apresentações ou falar em público deixou meu estômago frio, mas ocorreu tudo normal até a lateral do palco que foi o momento que a vi.

 

Seus cabelos estavam altos, e eu amava quando ela ficava com cabelo alto, preenchendo todos os cantinhos, seus olhos brilhavam, como se tivessem cheios de água e um sorriso muito tímido estava moldado em seus lábios carnudos. Havia tanto tempo que não encarava seu rosto que como da primeira vez eu não resisti a descer meu olhar. Verifiquei o conjunto blusa cropped e saia midi que mais parecia um vestido, tudo se ajustava bem ao seu corpo. E como sempre se eu estava de tom escuro, obviamente que ela estava com uma cor clara, pois era sempre o oposto uma da outra, isso acontecia inconscientemente.

 

O fato é que quando a vi fiquei perdida. Não sabia se ia para frente ou se voltava para trás, eu estava tão sem chão e desconcertada, mas ela parecia tranquila e serena e com minha confusão, um sorriso se abriu ainda maior nos lábios dela antes de se virar para o microfone. E eu em minha inocência achei que logo em uma comemoração baseada na série não veria a Sherri. Rebecca se aproximou, fazendo eu olha-la como se perguntasse e agora o que eu faço?

 

— Espero que tenha gostado da surpresa… — Nos lábios dela um sorriso travesso. — Eu só soube do vinho, pois recebi uma dica muito valiosa… — Ela se aproximou mais, ficando lado a lado de mim. — Ela fez questão de ser a oradora, me ligou na última semana pedindo para que fizesse a surpresa…

 

Meu peito palpitava, então, mesmo quando não estávamos nos falando ela pensou e lembrou de mim. Ludibriada eu concordei com a cabeça sem tirar os olhos da Saum que havia terminado de se apresentar.

 

— [...] como eu não estou aqui para falar de mim, então vou falar da minha co-star. A minha Teri Polo. E eu espero que vocês não tenham dúvidas do fato dessa mulher ser minha, ou vamos ter um problema sério aqui. — Ela deu uma risada, assim como a plateia. — Teri é a pessoa mais humanitária que eu conheço. Ela se preocupa com todo mundo, cada pessoa e também cada animal. Ela é espontânea e tudo com ela acontece de uma forma tão natural. — Sherri pausou para respirar e eu sorria apaixonada ouvindo-a, me esquecendo que havia concordado em deixar a mulher como algo já resolvido. — E bem, a melhor coisa do meu dia é quando eu encontro ela, porque aquela mulher pode está enfrentando o pior problema do mundo, mas nunca para de sorrir e que sorriso maravilhoso. — A afro colocou a mão no peito, como se precisasse de ar após a sentença. — A Teri é incrível, é inteligente, gentil, uma mãe maravilhosa, uma atriz excepcional e convenhamos, extremamente sexy. Vocês não têm ideia de como eu sofro. — Ela fez um bico manhoso e novamente a plateia interagiu com mais risadas, claramente estava sendo exagerado aquele discurso. — Teri Polo ser Stef Foster na série da ABC Family foi uma das melhores coisas da vida e vocês sabem disso porque o trabalho que ela faz ali é maravilhoso e se não fosse, não estaríamos aqui hoje… E eu sei, por que eu sinto o mesmo, é gratificante saber que mudamos tantas vidas e inspiramos tantas pessoas, porque a série mostra a vida que muitas pessoas aqui querem ter. — Uma leve pausa novamente e eu já sentia a emoção aflorar. — Ser gay é normal, você não deixa de ser um bom pai pela sua opção sexual ou que você não consegue criar ótimos filhos por isso. Famílias homoafetivas são como qualquer outra, basta ter duas pessoas que se amam e tudo é possível. E se tem alguém aqui que acredita piamente nisso é a minha Teri, mas hoje, essa mulher que eu amo de paixão. Sou louca por ela, vocês devem ter noção disso. Não vai ser só minha, essa noite, vocês também vão ter um pouquinho do meu amor. — Sherri se virou, ficando de frente a direção que eu estava e me chamou pela mão. — Recebam essa mulher maravilhosa: Teri Polo.

 

Aquilo era minha deixa, mas eu estava emocionada demais, precisei de um leve empurrão de Rebecca para dar o primeiro passo. Minha mão estava fria e tremia levemente, sorri para Sherri e ela sorriu pra mim. Nos abraçamos e ficamos assim por algum tempo. Estava com saudade do cheiro dela, dos cabelos espetando meu rosto enquanto eu me escondia naquela nuvem de cabelo.

 

— Obrigada pelas palavras você foi tão gentil.  — Tentei ser formal

 

— Você merece ouvir isso todos os dias, mylove. — E como antes, no nosso primeiro beijo, ela deu um próximo a minha orelha, abaixo do lóbulo. Eu me arrepiei e não pensei muito, nem mesmo em perguntar, só virei o rosto e lhe dei um beijo rápido nos lábios que foi muito bem correspondido. Ainda trêmula fui para o microfone.

 

— Se vocês queriam me ver chorando: parabéns.  — Exclamei dando uma risada enquanto limpava meu rosto molhado por lágrimas. — Eu tinha preparado um discurso, mas depois de tudo isso, estou totalmente sem direção. Vocês pegaram pesado comigo.

 

Eu estava nervosa, demorei um pouco para tomar o rumo das minhas emoções, segurei a lateral da mesa de vidro onde ficava o microfone e respirei fundo uma última vez.

 

— Em primeiro momento queria agradecer pela oportunidade, Rebecca, a realizadora, é uma pessoa incrível e vocês também são por estarem aqui e nada disso seria possível sem vocês, pois foram vocês que fizeram The Fosters ser o que é. E acreditem ou não, mas essa série me mudou tanto quanto mudou as várias pessoas que me contam suas histórias e experiências pelo Twitter. — Dei uma pausa para respirar. — The Foster’s mostrou que não existe problema em ser diferente, você não é obrigada a ter uma vida que não é a sua para agradar os outros. Você tem que escolher ser feliz e quem você ama não deveria ser problema de ninguém se não seu, então eu queria saber por que todo mundo fica se metendo na sua vida e nos seus sentimentos? — Uma pergunta retórica, mas percebi alguns balançar de cabeça na plateia. — O amor é o sentimento mais puro do mundo e pessoas que usam a religião para discriminar quem é homo ou bi ou o quer que seja, na verdade não segue religião nenhuma ou não existe um tal de ‘amar os próximos como a ti mesmo’? — Outra pergunta retórica e mais uma pausa para respirar. — Então se alguém pergunta você só diz que sim, se tudo isso for questão de escolha, então eu escolhi ser feliz e você não vai me julgar por isso. Eu sou dona de mim e digo que posso amar quem eu quiser, homem ou mulher. — Virei para Sherri e mostrei ela com as mãos. — Sherri está aqui para provar que eu posso sim amar uma mulher e que não tem nada de errado com isso, que está ok.  — Minha emoção e empolgação fizeram meu tom subir alguns níveis — Se alguém tem algo que eu acredito é no amor. Não estava nada planejado, mas eu disse o que eu estava sentindo e isso para mim já é o suficiente. Obrigada por tudo. — Finalizei saindo o palco e me encontrando com Sherri atrás do mesmo.

 

Nem preciso dizer que eu estava tremendo pela emoção, tinha sido um discurso revelador e quando olhei a afro tudo que eu quis era ficar nos braços dela. Lhe abracei com força.

 

— Eu te amo e quero ter minha família com você.

 

A fala me fez olha-la espantada, mas alegre. O misto de emoções se materializando com as lágrimas e o sorriso no meu rosto.

 

— Já está tudo decidido, vim aqui hoje apenas para te falar. Eu sou sua Teri Polo. —  O sorriso que ela exibia era como se tivesse um sol bem ali, só pra iluminar nós duas. Eu sorri de volta, meu coração palpitando. Aquele era um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu estava realizada. Agora tinha Sherri, Griffin e Bailey comigo, minha família.

 

— Eu te amo, Sherri Polo.

 

Ela gargalhou com a frase, afinal, éramos antenadas o suficiente para saber bem qual era o nosso shipper entre nossos fãs. Nos beijamos ali, nem importamos para o resto que viam, não tinha mais coisas escondidas.


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Notas finais do capítulo

Confesso que eu não iria deixar com final feliz, masss, seria muito triste ser igual na vida real, então, elas vão ficar juntas sim! Espero que gostem, vou fazer o bônus e espero que vocês gostem também. Beijos até a próxima.