She keeps me warm [Sherri Polo] escrita por larissa


Capítulo 6
Minha Teri Polo


Notas iniciais do capítulo

Eu coloquei pra postar na data errada!!!!! Desculpem k, mas aí eu apaguei e reagendei pro dia errado de novo, pq na verdade tava no dia certo e eu achei que não era! socorro hahaha. Espero que gostem. Beijos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761600/chapter/6

Sexto Capítulo - Extra (opcional): A primeira vez que fizemos amor.
Capítulo Seis: Minha Teri Polo

Definitivamente eu não tinha o que reclamar da minha vida, eu era uma mulher de sorte. Estava casada com meu primeiro amor da juventude, tínhamos todos nossos passos e metas, afinal, foram mais de cinco anos de relacionamento e agora fazia três anos que dividimos a mesma casa e eu era sua mulher. Kamar era um homem bom, inteligente, centrado em sua carreira e o mais importante queria constituir uma família. Minha rotina com ele era definida em um planejamento que fazíamos juntos, aos fins de semana. Ele amava essa vida saudável e eu aprendi a gostar do ritmo dele. Fazíamos um belo par, eu estava satisfeita com meu casamento.

Contudo, a vida nem sempre planeja que você tenha o que considera o bom e suficiente, às vezes ela te preparou o melhor de tudo e você não está esperando e nem tem noção da surpresa. Quando eu recebi uma ligação de Peter Paige dizendo que me queria em uma série e que eu era perfeita para o papel, eu vibrei. Minha carreira precisava de algo regular. E o produtor tinha razão em dizer que Lena seria perfeita para mim, pois nossas personalidades são extremamente parecidas. A Foster’s era bondosa, atenciosa, humanitária e tímida. Eu estava entusiasmada e Kamar também, afinal, o meu sucesso era o dele, mas eu também estava nervosa quando soube da minha co-star.

Teri Polo já havia trabalhado e lucrado bastante em sua carreira, tinha sido a principal na franquia de comédia Meet the Parents (Entrando numa Fria), era uma mulher bem-sucedida na vida que havia trabalhado com grandes atores. Já havia se casado duas vezes e com dois filhos e mesmo com toda essa bagagem, foi convidada para posar na PlayBoy. A curiosidade me levou a pesquisar as fotos online e eu fiquei surpreendida pelo corpo atlético e jovial, eu estava totalmente intimidada.

Ainda me lembrava que por receio demorei a sair de casa no dia do teste de química entre nós duas e mesmo inconscientemente demorei a escolher minha roupa, nunca estando satisfeita com nenhuma, dei no mínimo três suspiros enquanto estava no elevador e estralei meus dedos - todos das mãos -  mesmo sabendo que as juntas ficariam grossas e feias com essa mania. Eu virei uma pilha de nervos, estava travada.

A porta do elevador abriu e eu com meu óculos de sol pude buscar pelo estúdio quem ali estava. Porém, não deu tempo nem de dar três passos e lá estava Teri, me encarando de cima para baixo. Arrepiei dos braços, provavelmente de vergonha, não havia outro motivo além disso, supus, a nuca e dei um sorriso tímido que se tornou uma risada alta com o comentário engraçado sobre virar lésbica. Teri estava com os cabelos naturais, era loiros e ondulados e seu olhar era um azul envolvente, sua pele era linda e sem grandes marcas e percebi que sua bochecha ganhava duas linhas de expressão quando ela sorria. Ela era uma mulher bonita e eu estava feliz em contracenar com ela.

— Olá, esposa! — Me envolvi com o jeito engraçado de Teri que era tão espontâneo e me fazia sorrir sempre, já sabia que nos daríamos bem e que seria fácil interpretar um casamento de longos anos ao lado daquela loira.

 

Ao fim do dia primeiro encontro quando cheguei em casa, contei ao meu esposo como minha co-star era incrível e que tivemos uma ótima química. Kamar ficou radiante que tudo tivesse corrido bem e logo daria um jeito de conhecer todos com quem eu trabalhava agora. Não havia motivos para ciúmes e desavenças, afinal, nós dois somos atores e sabemos que um casal em cena não é o mesmo que um casal real e que não tinha motivos para preocupação.

 

Contudo, à medida que os dias passavam e eu e Teri ficávamos cada vez mais próxima, eu comecei a sentir um leve desconforto vindo de Kamar. Por esse motivo eu repeti muitas vezes que éramos apenas boas amigas e que eu era hétero e se não bastasse, casada. Eu havia descoberto em Teri uma irmã de alma.

 

Quando eu estava com ela não pensava em problema nenhum, tudo que conseguia fazer era sorrir sem parar, as vezes meu maxilar passava o dia doendo, pois Teri era simplesmente impossível. Meu celular ficava repleto de vídeos da loira, alguns era dela se mexendo como uma cobrinha onde eu ficava espantada pela flexibilidade dela. Outros dela fazendo brincadeira com o resto do elenco e produção, tinha até um que ela saia correndo do trailer com as roupas da personagem. Os momentos mais sérios eram os momentos de filmagem e eu também a admirava pelo seu profissionalismo. Ela podia está rindo o tempo inteiro, mas quando a cena começava ela se transformava em outra pessoa. Eu ficava totalmente encantada.

 

Não era nenhum pouco de sacrifício passar mais tempo com Teri, trocávamos experiências. Apesar dela ser minha melhor amiga, nunca fui de falar de Kamar. Eu pensava que como ela já tinha dois casamentos e eu tinha a perfeição do meu, seria chato mostrar o que se passava na minha vida amorosa. E ela também não compartilhava sobre quem ficava ou seus encontros. E eu me pegava pensando que nem sequer sabia se ela era realmente hétero, ou se era algo mais para a TV? E será que ela tinha alguém fixo?

 

Naquela semana iríamos viajar, passar o sábado e o domingo em outra cidade, um evento para a alegria dos fãs. Kamar iria aproveitar para visitar sua família em Porto Rico, então ficamos todo esse tempo distante, mas eu só conseguia pensar se dividiria ou não o quarto com Teri. Arrumei minha mala, estava um tanto pesada e nada discreta, mas tinha tudo que eu poderia precisar. Por sorte, todo o evento ocorreu tranquilo. Conversamos e respondemos perguntas. Peter Paige até havia comentado sobre a primeira vez que havia encontrado Teri.

 

A loira estava ao meu lado, parecia um tanto distraída e quase não havia me dado moral. Sua expressão parecia de preocupação e já não era a primeira vez que notava um suspiro saindo de seus lábios, o que não era o perfil de  Teri, por isso, tentando aliviar a tensão no corpo da mulher, eu me aproximei sorrateiramente, e como sempre fazia quando estávamos no set, deixei minhas mão entrarem por debaixo de sua blusa, tocando suas costas e coluna. Era gostoso sentir como ela se arrepiava toda sempre que eu fazia isso e como sua pele era bem cuidada e macia. Dava para sentir o movimento das vértebras.

 

— Há algo de errado? Está suspirando demais — Mas Teri não respondeu o que eu queria, ao contrário, ficou fazendo manha com uma expressão toda dengosa. Ela era muito fofa.

 

— Minhas mãos frias gostam de sentir suas costas quentes. — Falei sem vergonha disfarçando meu sorriso travesso, mas se ela achava que iria me deixar na curiosidade sobre seus suspiros, estava muito enganada, por esse motivo, quando ela novamente se negou a comentar sobre, eu estreitei meus olhos exigindo uma resposta. Onde já se viu, não me contar o que está a incomodando?

 

Teimosa. Foi o que pensei ao vê-la se esquivar novamente, mas tudo bem, eu também não me daria por vencida. — Soube que tem um bistrô ótimo aqui, podíamos sair e você — Eu me aproximei levando o indicador à frente do seu rosto. — Pode me falar o que realmente está fazendo você suspirar por aí — Minha voz havia saído amorosa, eu me preocupava com aquela loirinha e nem pensei que tivesse importando demais com ela. — Espero que não esteja me traindo…

 

Uma brincadeira boba, mas que fez meu coração dar uma pontada com a possibilidade. Não que eu tivesse com ciúmes, só foi estranho imaginar ela dando risada e conversando com outra pessoa que não eu. Mas eu não tinha motivo nenhum para ficar incomodada, agora eu estava sendo egoísta e querendo Teri só para mim? Que amiga possessiva eu estava me tornando.

 

— Que bom que você confia no nosso casamento, Mama Tigers.

 

No fim das contas, ela levou para o lado cinematográfico e nesse eu tinha certeza que não havia traição, afinal Stef amava muito Lena. Com a saída marcada cada uma foi para o seu quarto. Eu sabia que trazer muitas roupas ajudariam no fim. Tomei um banho demorado, rindo vez ou outra com alguma lembrança de Teri. Acabei por ligar para Kamar quando havia saído do banho, não quis prolongar muito nossa conversa e eu não sei se ele reparou no modo como desliguei rápido ou que eu estava me preparando para sair e não para ir para cama.

 

De algum modo eu fiquei ansiosa, estranhei esse comportamento, já havia saído com Teri e o elenco, era comum após as mesas de leitura dos episódios, mas acabei me tocando que era a primeira vez que íamos realmente sozinhas. Respirei fundo olhando meu reflexo. — O que está acontecendo com você mulher? Está parecendo um adolescente que vai para um encontro. Lembre-se, é apenas a Teri, sua melhor amiga e nada mais. — Me repreendi, passando meus dedos nos cabelos. Eu realmente gosto deles volumosos. Escolhi uma roupa que caiu bem em mim, amava calças de ganga, então, foi a escolha perfeita para fazer eu me sentir bem comigo.

 

Quando sai da porta Teri já estava me esperando, usava uma blusa de alcinha fina e para não ser surpreendida com um vento frio ocasional carregava uma blusinha de manga. Eu amava o jeito simples e casual da loira. Andamos até o restaurante, sempre conversando e como eu era uma tagarela perto da mulher, parecíamos passarinhos ao amanhecer que não fechavam o bico. Deixei meu braço apoiado no dela de forma totalmente comum, era realmente bom ter o descanso o apoio do corpo dela até a mesa. Quando chegamos pedimos uma um tanto reservada. Entenda, amamos nossos fãs, mas às vezes só queremos um momento nosso e não um paparazzi tirando foto, se bem que, uma fotinha cairia bem, já que só fortaleceria a ideia de que éramos um casal e com isso a série teria mais sucesso…

 

Jantamos, e a comida estava ótima, tive uma boa indicação da recepção. Estávamos terminando nossa garrafa de vinho, olhei para Teri que reparava na taça. A alça da blusa estava um pouco caída e a posição da mão segurando a bebida reforçava a definição do braço da mulher. Os lábios estavam entreabertos, ansiosos pela bebida e eu só consegui ficar sem respirar com a Teri daquele jeito. Acho que nunca vi uma mulher tão linda… Pisquei lentamente, tentando recuperar o sentido. Eu realmente tinha ficado mexida? Ou só foi algo de uma mulher achando outra mulher bonita? Era mesmo só beleza que eu vi, ou algo mais apetitoso?

 

— Vai me contar agora? — Fugi dos meus pensamentos traiçoeiros, mas continuei acompanhando o movimento dela com a taça, a priori senti ela receosa sobre a resposta e isso me incomodou de uma forma muito profunda. Primeiro por que eu logo pensei no pior assunto: Ela estava com alguém e esse alguém não estava correspondendo o que deveria, depois minha ficha caiu para o fato dela está relutante em contar algo para mim! Logo para mim! Essa Teri Polo está muito engraçadinha.

 

E por mais que eu tivesse em uma guerra mental tudo foi por água abaixo quando ela começou a se explicar. Meu coração ficou pequeno e apertado, queria levantar da mesa e trazer a mulher para meu colo e ninar como se fosse um bebê que precisava de mim. Porém, limitei minhas emoções a segurar sua mão com força e apertada sobre a mesa e lhe dizer palavras de conforto. Eu achava Teri uma mulher soberba e dizer isso em voz alta só me gratificou mais, pois, ela deve saber como é a visão que eu tenho dela e entender que tinha meu apoio total.

 

Ela era um dos modelos a serem seguidos e isso incluía em seu modo como mãe. Sempre presente com um relacionamento de confiança e aberto com os filhos, quando eu tivesse os meus, precisaria de um extensivo materno com Teri. — Seus filhos são lindos…. Não sei se conseguiria ser uma mãe tão dedicada quanto você. — Elogiei e ela pareceu feliz com a declaração. Esperava que tivesse conseguido amenizar a noção de desespero e tristeza que tinha no rostinho da mulher e mais uma vez a  Teri que via sempre, estava na minha frente, não importava qual era o problema, ela dava um sorriso dos mais lindos do mundo e fazia as melhores piadas. Ok, talvez eu esteja exagerando nessa parte. — O pai eu não garanto, mas uma das mães com certeza.

 

 

Mesmo depois deu ter demonstrado todo meu apoio e dizer que estava com ela nessa luta de divórcio eu me surpreendi ao sair para pegar o jornal e revistas do lado de fora da minha casa e encontrar uma reportagem de fofoca com a foto de Teri estampará. Foi a gota d’água. Já havia reparado na distância forçada que ela estava tentando manter, sendo que não havia motivo para isso, e agora, ela não tinha me contado algo de suma importante. Eu estava furiosa e parecia que Deus também, pois escolheu o melhor dia para o meu marido não está em casa, ou seja, do jeito que eu estava irritada em frente ao correio encarando a revista, foi o jeito que eu entrei, peguei algumas peças de roupa e apareci no prédio da minha co-star.

 

— Espero que tenha um bom motivo, Teri Polo. — Sua cara de espanto não foi o suficiente para mudar meu humor e muito menos aquele olhar que ela me lançava sempre que me via quando eu chegava de surpresa, por mais que ele fizesse eu me sentir sexy e bonita. — E eu não vou embora. — Me adiantei antes dela falar, pois a partir daquele dia eu não duvidava mais de nada, mas nenhuma frase fez efeito, pois logo a mulher me jogou para meu marido e meu lar. Que audaciosa, onde pensa que está indo nessa velocidade, sua abusada? Se eu não entraria por bem, entraria por mal. Não esperei ser convidada, mesmo por que pareceu que não seria.

 

Deixei a garrafa do vinho que havia trago, pois eu sou boba, por que se tem uma coisa que Teri não merecia é aquele vinho. Fui deixar minhas coisas no quarto e logo voltei para sala, não falei com ela, estava realmente brava e lhe dando uma lição de ficar sem conversar comigo, o que afinal, era bem queria por está me ignorando por mensagem. O estado de sua casa não estava os melhores e imaginei que a mulher estava um tanto depressiva pelo rumo da vida, ainda me lembrava dos suspiros preocupados que ela deu no dia da viagem. Então, com o coração um pouco bondoso fui colocando o que sabia no lugar. E reparei que guardei quase todos. Teri era tão cabeça dura, se estava precisando de alguém por que não me ligou? Será que eu não servia nem para isso mais?

 

Meus devaneios foram pausados com a voz dela me chamando ergui os olhos depois deu um tempo, seus azuis encaravam o meu castanho. Ela se aproximou tocando meu rosto, mas eu só estava de bico e ainda chateada, mesmo com ela me chamando de mylove. Expliquei o porque de está ali e recebi um abraço apertado que correspondi. Ela parecia tão frágil. Eu senti uma vontade estranha de tê-la comigo, um sentimento diferente ao ter o cheiro dela próximo e os lábios quase tocando meu pescoço e depois um arrepio incontrolável que atiçou meus cabelinhos como nunca antes. Não queria me afastar, queria está nos braços dela para sempre e zelar por ela.

 

Quando ela afastou seu rosto do meu pescoço percebi o olhar dela na minha boca, confesso que gelou toda minha barriga, por que eu não esperava aquilo, mas eu não me afastei por que de certa forma eu também queria aquilo. Eu queria que Teri me beijasse? A raiva deve ter destruído alguma coisa no meu cérebro e por precaução me afastei. Como prometido, iria cuidar dela e o primeiro passo era uma refeição deliciosa. Prendi meus cabelos, lavei as mãos e senti o peso dos olhos azuis me acompanhando. O que era isso que eu estava sentindo? Chamei ela para me ajudar respondendo com humor sua resistência. Acho que não estava tão brava assim.

 

Íamos realizando as tarefas em duplas, tínhamos uma boa sincronia, pensei que não seria tão organizado assim, porém, mais uma vez nossa química estava sendo posta em prova. A música ditava um ritmo bom e nossos gostos nesse quesito também eram similares. Quando estava tudo pronto Teri me puxou, não questionei, estava muito relaxada, mas rapidamente entendi era a música tema de Lena e Stef, mas pelo modo como Teri cantava quase podia acreditar que era algo entre nós. A voz dela estava tão sedosa e amorosa, fechei os olhos ouvindo-a e senti os dedos passando por meu rosto. Aquela letra era bonita, de um amor genuíno e verdadeiro e não tinha o por que de não cantar, amor também tinha a ver com amizade e eu e Teri tínhamos uma mais que especial.

 

Aquilo era gostoso e bom, como a música dizia, me deixava aquecida. Quando abri novamente os olhos os de Teri estavam molhados de emoção e num impulso quis sentir os lábios dela. Confesso que nem sequer passou pela minha mente meu marido, mas quando fui me aproximando a razão falou mais alto e terminei por apenas encostar minha testa na dela. O que estava acontecendo? O que era isso que eu estava sentindo? Aquilo que estávamos sentindo… Nem nos melhores dias de meu casamento e relacionamento com Kamar fui inundada com um sentimento tão forte. Eu estava confusa.

 

As ações que levaram aquela aproximação me deixaram em dúvida do que eu estava me transformando. Sobre o que eu queria para minha vida e o que esperar do meu futuro. Eu tinha certeza que amava Teri, mas qual era o tipo de sentimento? Estamos confundindo amizade com algo a mais? Eu estava me iludindo? Vários foram os questionamentos levantados e quando eu sai do apartamento de Teri estava atordoada. Precisava de um tempo para entender tudo aquilo.

 

Então, foi minha vez de sumir. E confesso, ficar longe de Teri fez muita falta. Eu estava mal-humorada e a todo momento queria um motivo para brigar com alguém e o alvo mais atingido era Kamar. Ele não entendia e tentava ser o mais compreensivo do mundo, talvez, porque estivessem em uma fase de decisão sobre o próximo passo da família que é ter um filho que nem se quer estava esperando ainda. Ou que fosse apenas uma TPM. O fato era que eu andei muito infeliz e insatisfeita e não queria conversa com ninguém. Era como se eu tivesse na pior versão de mim.

 

Contudo, quando eu ficava só em meus pensamentos me recordava do motivo da distância. Eu estava me sentindo diferente, dividida. Eu via em Kamar o meu amigo, amado e companheiro de muito tempo. Alguém capaz de me dar uma vida estável e me levar um passo à frente. E eu não podia arruinar os nossos mais de dez anos de relacionamento. Meu coração não queria isso, mas só de pensar que dessa forma não ia saciar uma vontade crescente em mim, ficava perturbada e resoluta. Ficar perto de Teri não estava me fazendo bem, eu não estava respondendo por mim, atos totalmente impensáveis.

 

E em meio ao caos que se passava em minha mente tive o apoio de minha irmã. Lisa era a mais velha e apesar de todas as implicâncias que passamos na juventude a idade fez que fossemos confidentes. Contei que estava passando um momento difícil, ela ouviu e opinou, de uma forma sensata. Ela gostava de Kamar e também reconhecia o homem que ele era, porém, já havia presenciado o modo Sherri com Teri e também percebeu que tínhamos uma boa química, mas que julgava ser só nos personagens. Ela e Teri tinham um relacionamento amigável, então considerei a opinião dela sobre nós duas. Em meio aos experimentos e decisões, visitamos a loira e eu não sei, mas talvez por não está a sós, foi algo relaxante. Teri estava bonita como sempre, mas não aconteceu nada desconfortável e eu cheguei a pensar que estava tudo em minha cabeça e que quem havia visto o que não devia era eu.

 

E mesmo que eu tivesse tentando fazer tudo voltar ao normal quando Peter me ligou avisando que faria uma festa em comemoração ao sucesso da série e de Teri ganhado um prêmio importante de representação eu fiquei uma pilha de nervos. Mais do que qualquer outro dia. Seria estranho dizer que não iria, afinal, até aquele momento éramos as mesmas Sherri e Teri que todos estavam acostumados. E como eu não estava preparada para ficar no mesmo ambiente que Kamar e ela, sem minha irmã de apoio, tive que descartar meu marido. Obviamente que Kamar estranhou essa distância que ao invés de melhorar só aumentava. Já fazia algum tempo que ele não participava dos encontros ou qualquer coisa que tivesse ligado a The Fosters. Em alguns casos, fora por compromisso dele, mas isso não importava agora.

 

Deixei meu marido em casa, dizendo que não demoraria a voltar e seguir rumo a festa, fui uma das primeiras a chegar e fiquei desapontada de não ver logo Teri, enquanto ela não vinha, fui conversando com um ou outro que estava perto, mas assim que ela apareceu acompanhada dos filhos, ou as cópias delas, eu me senti mais completa. Eu percebi a relutância em falar comigo e isso me deixou desconfortável e o ‘oi’ que ela me direcionou me deixou mais desapontada. Como parecia que seríamos negadas uma a outra me aproximei de Bailey, a filha mais nova de Teri.

 

A menina gostava dos meus cabelos e eu amava crianças, então juntou o útil ao agradável e eu lhe dei atenção. Conversamos sobre o trivial, perguntei se ela estava indo bem na escola e como tinha sido o campeonato de xadrez. Ela me respondia com entusiasmos mostrando seus ainda dentes de leite, era uma garota agradável. Ofereci meu colo para ela se sentar, porém, a pequena alegou que já era grande para isso e podia ficar ao meu lado no banco. Quando viu a oportunidade, pediu o celular emprestado e eu não vi problemas nesse fato. Entreguei para que ela jogasse algo, mas crianças são agitadas e ela logo descartou, perguntando onde era o banheiro para mim. Foi quando gentilmente me levantei e levei-a na direção certa.

Na volta Teri estava sentada a mesa e eu já havia acompanhado suficiente suas andanças para saber o alvo, então, simplesmente facilitei o contato indo para o seu lado. Ela conversou comigo e eu sorri sem controle. Na maior parte das vezes eu me considero feita de dúvidas e inconstâncias. Fazia o contrário do que deveria, mas foi algo sem controle. E nós nem tínhamos começado a conversar a sós e eu já reparei nos lábios enquanto ela falava, era uma boca bem gostosa. Foco Sherri. Foco.

 

— E parabéns! Estou muito orgulhosa de você. — Tentei remendar para ela não notar minha obsessão por seus lábios. E a forma como ela respondeu fez várias borboletas darem cambalhotas no meu intestino e estômago. Será que isso era uma dica? Uma deixa? O modo sutil dela falar que também estava mexida e louca? A dúvida ficou na ponta da língua e quando eu ia indagar algo mais, me arriscar, Teri se levantou dizendo que iria pegar mais vinho. Meus olhos caíram na mesa e percebi a garrafa na metade ali e entendi que ela estava fugindo, assim como eu também estava fugindo do que sentia.

 

Precisávamos resolver isso, eu precisava saber o que eu queria. Fui atrás de Teri, sabia que não havia ido fazer o que disse e a encontrei, vi pela porta que ela acariciava meu rosto no retrato e minhas pernas ficaram bambas.

 

— Espero que não esteja fugindo de mim — Minha voz não foi alta, na verdade estava até baixa demais, mas mesmo assim ela se assustou. — Não trocamos nem meias palavras.

 

Era a oportunidade perfeita e perigosa, podíamos conversar sobre o que estava acontecendo, mas também podíamos fazer outra coisa que pesava sobre nós a bons dias. Nas primeiras frases achei que levaria a uma conversa sobre sentimentos, mas depois, uma atmosfera de desejo aqueceu meu íntimo, puxei os braços dela, querendo aproximação, sem conversas por enquanto. Eu fui envolvida pelos braços e senti seu cheiro tão forte concentrado no pescoço que não resisti.

 

Comecei com um beijo leve, simples selo, depois progredi para um roçar de nariz na pele fina e cheirosa, ainda algo carinhoso e até aceitável, mas eu não estava satisfeita. Abri meus lábios e beijei com todo o desejo que eu sentia por aquela mulher e podia jurar que senti Teri se arrepiar com isso, me incentivando silenciosamente a continuar. Ousei mais, subindo para a orelha, puxando o lóbulo com a língua e mordiscando o mesmo. E a loira não resistiu, deu passagem para mim e foi como se tivesse aberto uma válvula dentro de mim quando as mãos se enfiaram mais firmes em meus cabelos altos. Aquilo estava muito gostoso e muito errado. Eu me afastei e encarei os azuis nebulosos de Teri.

 

Eu havia ido longe demais, mas a loira ainda estava próxima e segurava meus cabelos, vi seu olhar cair para os meus lábios e ela me puxar novamente para beijar minha boca. E que beijo. Se eu já achava os técnicos memoráveis, aquele dava de mil. Eu realmente queria Teri Polo e ela me queria. Queria que ela beijasse todo meu corpo, tocasse em cada centímetro da minha pele. Desfrutar de tudo que eu podia dar. E a mulher se mostrou totalmente apta para realizar minhas fantasias quando me pressionou na mesa. Respondi com suspiros que se intensificaram em gemidos quando a vingança dela em meu pescoço ocorreu. Estávamos perdendo a noção, e eu já havia perdido muito mais do que isso.

 

A voz dela por mais maravilhosa que fosse me trouxe para a realidade. Eu havia beijado a mulher e ainda estava em um relacionamento. Isso era errado de tantas maneiras. Afastei, arrumando minhas roupas desalinhadas e voltei para a festa. Não fiquei mais do que o necessário e assim que possível fui embora. Quando cheguei em casa Kamar já estava dormindo, agradeci a Deus por isso, tomei um banho, mesmo que a água não lavaria da minha memória o fato bom e ruim.

 

Os dias que se passaram serviram para eu definir minha vida. Não podia negar que sentia algo por Teri, porém, não podia ser displicente com o meu marido. Estava em uma encruzilhada e havia uma decisão importante a ser tomada. Em um dia de manhã acordei primeiro que Kamar, sai para caminhar sem a cia dele e refleti sobre tudo na minha rotina e principalmente o que aconteceu nela depois de Teri Polo. Não havia dúvidas. Quando voltei ele estava tomando o café, provavelmente se perguntando onde eu estaria. Foi com pesar que me aproximei, não tentei reconforta-lo com carinho. Fui verdadeira e franca. Ele não esperava e foi difícil, afinal, ele continuava me amando e eu escolhi outra pessoa, uma mulher.

 

No dia seguinte ele foi para um hotel e eu entrei em contato com a produção do evento que Teri ganharia o prêmio. Faria uma surpresa memorável. O destino havia preparado algo melhor pra mim e para isso me separei de algo bom. Contudo, sabia que estava ao lado da pessoa certa dessa vez. Teri era tudo que eu precisava, tudo que aflorava o melhor de mim. Eu era melhor com ela ao meu lado e não foi nenhum pouco difícil fazer o discurso. Por mais que minhas pernas tremeram quando os olhos azuis caíram em mim antes de receber o prêmio. Meus ombros se afrouxaram de um peso invisível quando lhe disse eu te amo, tudo estava em paz.

 

Nos beijamos na frente de todos, andamos de mãos dadas, estávamos felizes. E não foi nenhum pouco surpreendente quando finalmente estando sozinha no apartamento dela, nossas mãos trabalharam em sincronia para se livrar mais rápido das roupas, tivemos o sexo mais maravilhoso e completo. Eu estava satisfeita e feliz. Estava com minha Teri Polo. Meu amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TO CHORANDO DE EMOÇÃO AQUI! FOI TÃO LINDO TUDO, MEU DEUS, OBRIGADAAAAAAAA! Por mais fanfic's sherri polo pq são as melhores do mundo gente. Eu dei uma acelerada no fim, por que os últimos capítulos ainda estavam recentes na memória e não achei que precisava resumir tanto o que a Sherri achou. FOI QUASE 2 FANFIC EM UMA SÓ. obg por tudo, beijos, eu ameeei e to feliz demais serio. Casalzão elas.