Antes De Ser Mulher Eu Era Uma Menina escrita por Alice Shalom


Capítulo 9
O Estrangeiro na Escola




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Era como um príncipe! Era lindo! E ainda tinha aquele sotaque carregado! Até imaginei, que se fosse para eu ter um romance com esse daí, ai sim minha vida no Ensino Médio se tornaria clichê. Nunca tentei conquistar ninguém. Mas sempre ouvi falar que ser nós mesmos é bom truque na manga para conquistas.

 

Assim que ele entrou na escola, foi AQUELE comentário entre todas as salas. Entre todas as meninas e gays. Vi que se eu me aproximasse dele ia chamar muita atenção e peguei uma rixa dele no início. Ainda mais porque quem estava conseguindo ficar perto dele a maior parte do tempo era justamente os líderes dos bullying. Meus colegas de sala.

 

Ingenuamente, já tentei várias vezes me enturmar com eles. Mas cada hora que eu mudava de lugar na sala, não dava uma semana e aquela região da sala ficava vazia, apenas eu e meus livros ali.

 

Como me aproximar do garoto? Tive que ser muito calculista. Primeiro, aproveitei que nossa sala se unia com a dele em algumas matérias para me destacar em inteligência entre os outros da turma. Comecei a parar de ficar quieta e a participar mais da aula. Sempre buscando a atenção dos olhos dele para mim. E às vezes, enquanto eu falava para a turma e para o professor sobre a matéria passava o olho nele e lá estava o estrangeiro loiro natural, olhando para mim.

“Ótimo, ele sabe que eu existo” - Pensei.

 

Agora era só uma questão de oportunidade. E não demorou muito até que ela chegasse. Esperei o intervalo acabar, meus colegas se afastaram dele para entrar na sala e a escola já não considerava o estrangeiro tanta novidade, foi quando ele teve um momento sozinho. Foi nossa primeira conversa… Bizarra. Quando eu quero conversar com as pessoas que eu tenho muito interesse, eu fico nervosa e encontro os assuntos mais estranhos:

“Você acredita em controle de mente?”

Que vergonha do meu passado! T0T.

“Não quero acreditar”

Analisei a resposta dele cuidadosamente e percebi o quão interessante ele era. Acreditar e não acreditar é uma coisa, agora não “querer” acreditar é um termo genial. Tipo a coisa pode existir, mas o cara tinha essa nobreza dentro dele ao ponto de não querer aceitar uma realidade ao qual alguém pode “controlar” a mente de outra pessoa.

 

Me despedi dele. A primeira conversa foi bizarra, mas eu consegui fazer algo que eu queria, chamar a atenção. A partir daí, todos os dias nos cumprimentávamos.

 

No desfile de pessoa mais estilosa na escola. Era apenas uma brincadeira das olimpíadas que tem na escola todo fim de ano. Ele foi desfilar. Eu neguei desfilar, já chamava atenção de mais na escola. Fiquei no meu canto. O príncipe veio andando até chegar na ponta do caminho tirou sua blusa de frio, olhou para mim, e jogou pra mim. O que eu fiz? Nada, deixei ela cair nas meninas sentadas no chão. Ela voaram na blusa dele. Nunca que eu ia entrar nesse filme de sonho americano, chamando mais ainda atenção das pessoas para mim, e esse rapaz poderia me proteger? Depois do que aconteceu entre eu e as pessoas eu só confiava em mim mesma. E não é que eu estava certa? Pelo menos nessa escola.

 

Houve um dia que eu o segui para saber onde ele estava morando. Só por curiosidade, não fiz nada a respeito.

 

No final das olimpíadas, fomos para um sítio. Ele encontrou uma cigarra morta, não sabíamos que estava morta, e ele queria saber que bicho era. Ninguém estuda nada, então eu sabia. Aproveitei para mostrar meus esforços de tanto estudar para ele. Assim que peguei a bicha na mão, a cabeça dela caiu. O príncipe só arregalou os olhos. As pessoas que o acompanhava amaram isso e zombavam de mim. Eu agi naturalmente:

“ela morreu” - e sai de lá.

Quando todos se reuniram para irem embora ouvi ele conversando com um outro gay da escola (sério, a escola tem a grande habilidade de conseguir encontrar gays chatos, só conheci esses dois que eram chatos em toda minha existência kkk).

Ouvi eles falando sobre o príncipe ficar com uma garota. Lembro que eu deixei a os alunos irem na frente, enquanto eles se reuniram para voltar para escola em um canto do sítio. Dei a oportunidade de estar sozinha ao príncipe. Seria meu primeiro beijo no terceiro ano. Seria um beijo e tanto! Com um estrangeiro, nada chato da escola.

Pra quê? Só ouvi o gay falando enquanto olhavam para mim de longe:

“Se você ficar com ela os professores ficaram muito bravos e isso vai gerar um assunto na escola que você nem imagina.”

Foi assim que meu primeiro beijo com um rapaz lindo estrangeiro se foi. Por um lado entendo o príncipe, ele estava em outro país, é bom evitar encrencas. Por outro lado, pensei que foi ótimo, meu primeiro beijo é para alguém mais corajoso que um rapaz bonito com medo do que as pessoas vão falar dele... De qualquer forma… lá se foi meu primeiro beijo.

 

No último dia de aula, eu fiquei entre a decisão de voltar a pé para casa ao lado do príncipe ou voltar de vã com a Lígia. Escolhi a Lígia, claro.


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