Antes De Ser Mulher Eu Era Uma Menina escrita por Alice Shalom


Capítulo 10
Os Garotos Que Dei O Fora




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Muitos garotos passaram pela minha vida. Uns eu achava bonito e outros me achava bonita. Felizmente, eu consegui me manter sozinha. Eu não tinha estabelecido nem um relacionamento comigo mesma, como eu poderia ter algum relacionamento com alguém de fora? Amizade foi difícil aceitar, imagina namorar? Mas, sempre tem garotos neste mundo querendo pegar meninas, e eu fui uma das que eles tentaram caçar.

No fundamental, eu batia em todos que se aproximavam, seja para se declarar ou para me fazer mal, todos apanhavam. Teve o caso de um passar dos limites e fazer gestos indecentes, sem tocar em mim, só para me provocar. Minha régua de madeira se foi, partiu-se em dois pedaços quando bati naquele menino. Depois comprei uma nova, peguei uma simpatia com réguas de madeira por causa disso.

No primeiro ano do ensino médio, nos primeiros dias de aula, antes que a sala soubesse que eu estava lá só para estudar, alguns meninos tentaram ficar comigo.

"O Alice, fulano que beijar sua boca!" - Gritavam.

Eu até olhei para avaliar o perfil do menino, mas não, gente, sério. Eu sempre fiquei sozinha mesmo, se fosse pra eu deixar de ser solteira, ou tocar meu corpo em algum outro, teria que ser algo que realmente valesse a pena. E, bem, esse menino aí que não! Meu fora para ele foi simples, olhar de desdém e silêncio. Ele tentou mais alguns dias, mas minha resposta foi sempre a mesma. Os outros meninos que estavam em volta dele esperando ver se eu era do tipo que ficava com qualquer um, levaram meu desdém como resposta para os futuros galanteadores.

Teve um menininho que me cantou, mas antes que ele terminasse de falar eu já falei não, foi mais ou menos assim:

"Alice, quer me dar um...""Não.""Beijo...""Não.""Bem molhado?""Não."

Até o Heitor, tentou flertar comigo, acho que ele só queria me provocar, afinal, ele era gay! Hiper estranho! Dentro da sala de aula, em todo momento que ele passava por mim, ele deslizava sua mão pelos meus cabelos, passava a mão pelo meu braço… Ele era gay!

Mas o mais tenso foi a festa junina. Nessa época eu não tinha brigado com meus primos, e fiz par com meu primo para dançar, já que nós dois éramos novatos na escola e estávamos sem lugar ainda. Se tem uma coisa que eu acabei gostando de fazer é dar foras. Acho que um dos motivos de mim estar sozinha é que eu me divirto falando “não”, e me divirto quando ando por aí fazendo os rapazes me acompanhar com seus olhos. E olha que os piões perto de casa me encheram tanto o saco falando palavras indecentes que eu passei a usar roupas que escondem todas minhas curvas, mas mesmo assim ainda consigo chamar atenção das pessoas, mas de modo menos indecente.

Quando chamei meu primo para dançar comigo, eu sabia que íamos fazer tanto os meninos quanto as meninas babarem, pois ele também era bonito. Porém, eu não sabia que minha provocação iria fazer alguns deles agir daquela forma. Não se enganem, não foi nada de mais, porém imagina, uma menina de 16 anos que nem sequer abraça meninos, que não sabe o gosto de uma boca, nada! No meio da dança começou a troca de casais, passei pelo Flávio, que eu achava bonito (ele não era nenhum divo, mas era o melhorzinho da escola) e depois cheguei no Beto. Nunca pensei nesse Beto como alguém que eu pudesse ter qualquer coisa. Mas assim que ele me tocou, ele puxou minha cintura para a dele e pude sentir suas pernas entre as minhas. “Droga!” pensei. Meu sangue começou a ferver, e eu comecei a empurrá-lo para longe, mas percebi o quão fraca eu fiquei. Sempre consegui bater nos meninos, e minha força se igualava a deles na queda de braço, mas porque naquele momento eu não tinha forças? Eu tinha que afastá-lo de mim o mais rápido possível, antes que eu trocasse minhas prioridades entre estudar e namorar, antes que eu gostasse daquilo que ele estava fazendo. Felizmente, houve outra troca de casais na música e cheguei em meu primo:

"Você viu o que o Beto fez?""Pensei que vocês eram íntimos." - falou meu primo que nos viu de longe."Não!"

Se meu primo percebeu o que o Beto fez comigo… Muitas outras pessoas também viram. Eu só não fiz escândalo, porque eu sabia que meus colegas não me deixariam em paz. Preferi ficar quieta e deixar para lá. Sei que só de falar com meu primo, ele ia resolver sem me contar. Ele era como um irmão mais velho, diferentes de suas irmãs.

No dia seguinte, na troca de casais, dancei com Beto de novo, ele estava tão comportado… Aposto que meu primo deixou ele avisado!

 

Antes de tudo devo dizer-lhes duas coisas sobre dançar na escola, eles davam pontos extras e eu gosto de dançar. Hoje eu até gostaria de fazer aula de dança, mas tenho muita vergonha… mas como eu gostaria!

Na festa junina do ano seguinte, meu primo não estava mais na escola. E não havia nenhum menino para dançar comigo. Eu e lígia estávamos sem par. Eu ainda queria ser a ostentada pelos meninos, mas ninguém poderia me ter. Nós duas tivemos a mesma ideia, eu ser o par masculino da Lígia.

Os meninos só babavam nos nossos ensaios com a escola, mas no dia da apresentação. As meninas morreram junto com os meninos.

Sabe, nunca gostei de me vingar, então o que eu fazia com as pessoas que me perseguiam era só mostrar para elas o quão linda e poderosa eu era. Se meu brilho ofusca os olhos dessas pessoas então ótimo! Era assim que eu pensava. Hoje penso um “pouquinho” diferente, só um pouco.

No dia da dança as meninas usavam aquelas roupas esquisitas e vergonhosas de festa junina e eu arrasei com um jeans colado, uma blusa xadrez amarrando fazendo um top, batom vermelho e o cabelão lindo solto só para chicotear as invejosas.

Tá bom gente, parei. Mas foi divertido.


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