O Colecionador escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Bem-vindo ao novo lar


Notas iniciais do capítulo

Depois de eras... eis me aqui.

O Camp ajudou a reunir capítulos. Tenho 14. Nem de longe foi o milagre de "Marcas da Solidão", mas considero um saldo positivo!

Boa leitura!



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A claridade incomodou Kiba. Mas não tanto quanto as cócegas em seu nariz. Queria virar para o lado e continuar a dormir, mas teve um acesso de espirros incontrolável.

Espirrou uma, duas, três, várias vezes.

Ao final, sentou-se meio sem fôlego, limpando o rosto com o antebraço.

— Que caralho... — resmungou.

— Bom dia, novato.

Só então olhou para o rapaz sentado ao seu lado no gramado alto. Era um garoto de cabelos curtos loiros, grandes olhos azuis e marcas que pareciam bigodes de gato em suas bochechas. Vestia extravagantes roupas em tom laranja e tinha um ramo de valeriana na mão, flor que usou para causar as cócegas em Kiba. Aparentava ser alguns anos mais velho.

— Quem é você? — perguntou sonolento. Observou o cenário em que estava: um imenso campo florido a perder de vista. Não reconheceu o lugar e isso o deixou em alerta.

Sua última lembrança era a festa de aniversário. Bebeu tanto assim? Onde estava? Era uma pegadinha dos amigos? Tsume lhe arrancaria as duas orelhas por dormir fora de casa...

— Quem pergunta responde antes! — o sorrisão do desconhecido aumentou.

— Meu nome é Kiba. Inuzuka Kiba. Que lugar é esse? Não lembro como eu vim parar aqui.

— Sou Naruto! Uzumaki Naruto! Seja bem-vindo.

— Bem-vindo onde, caralho? Quer saber, não tenho tempo pra conversa. Preciso voltar pra casa.

Levantou-se num salto e se arrependeu um pouco. O estomago revirou-se, ainda levando um pouco de álcool não digerido. A cabeça doeu. Muito. Era sua primeira ressaca e parecia bem pior do que os meninos mais velhos alardeavam.

— Não tem como voltar pra casa — Naruto assistiu, permanecendo sentado no chão. Começou a puxar as florezinhas da valeriana e jogar no ar — Aqui é seu novo lar. Quer que eu te apresente?

Kiba resmungou algo e não respondeu. Que absurdo era aquele? Ao invés de continuar com o assunto, começou a andar meio sem rumo. Não sabia que direção seguir e o outro garoto, o tal Naruto, não parecia estar ali para ajudar a achar o caminho de volta a sua casa.

Afastou-se alguns passos e parou.

Fechou os olhos e respirou fundo, concentrando os sentidos. Era um shifter, no fim das contas. Tentou ouvir com a audição apuradíssima e farejar o ar com o olfato sobrenatural. Não reconheceu nada, não captou qualquer mínima familiaridade com o que estava acostumado.

Ficou preocupado.

Estava assim tão longe de casa?

Tsume ia arrancar muito mais do que as duas orelhas.

— Oe, Naruto? Pra onde eu sigo? Tenho que voltar pra Konoha.

— Konoha? — ele coçou a nuca — Nunca ouvi falar.

— Que caralho! Como foi que eu cheguei aqui? Só lembro de estar comemorando meu aniversário, daí bebi demais e... espera — balançou a cabeça — Eu voltei pra casa com minha mãe e minha irmã. Lembro de me deitar na cama!

— Quem te trouxe aqui foi o Colecionador. Ele me trouxe também. E todo mundo que mora aqui.

— Tá, entendi. Isso é uma pegadinha. Vou matar meus amigos! Ou é um sonho? — olhou para as próprias mãos, pouco convencido da segunda opção. Sentia tudo realista demais para ser apenas um sonho.

— Tudo bem, leve o tempo que precisar para se convencer. Teve gente que surtou mais.

— Você não faz sentido — Kiba enviou uma careta para o outro, em partes pelo que ouviu, em partes pela cabeça que doía mais.

Naruto deu de ombros e apontou as direções.

— Ali fica a floresta e o lago. Pra lá é o pomar. E seguindo pra lá você chega na nossa vila, é onde ficam nossas casas.

— Obrigado, mas não tenho interesse em fazer turismo. Vou voltar pra minha casa e pra minha família. Prazer em te conhecer.

Não esperou resposta e seguiu na direção do suposto lago. Em Konoha tinha um lago onde costumava brincar e nadar com os amigos. Talvez fosse o ponto de referência que o faria voltar para casa. Além disso, estava com a garganta seca. Precisava beber um pouco de água.

— Vou ficar por aqui mesmo — Naruto caiu para trás, deitando-se na grama fofa — A gente se fala depois.

Kiba franziu as sobrancelhas. Falou muito claro que pretendia ir embora, não falou? Estava sendo zombado?

Não pensou muito, já que não era seu forte. Continuou seguindo em frente.

O sol estava alto no céu, prova de que perdeu a hora e dormiu até tarde. Mas a culpa era da festa, não sua. Comemorou a passagem para a vida adulta como todos os shifters da sua vila. Agora já era um homem e podia fazer coisas de homem. Pretendia entrar para a academia ninja e seguir o caminho dos guerreiros. Também queria ir para uma cidade humana. Nunca tinha visto um ser humano, todavia Tsume não era favorável a isso. Mesmo tendo se envolvido com um homem, o que resultou na existência de Kiba.

Segundo sua mãe, seres humanos não eram confiáveis. E o filho era muito besta para que permitisse suas aventuras além dos limites onde a espécie shifter habitava.

Agora não precisava mais de permissão! Obviamente iria trabalhar bem aquela ideia, amolecer a mãe aos poucos e então se aventuraria! Ainda era jovem e tinha a vida toda pela frente, com planos grandiosos de conhecer o mundo e muitas outras raças.

Andou um tempo significativo que o intrigou. A distância enganava bastante. Era inacreditavelmente longe do que pensou no início. Foi um alivio quando a pequena floresta rompeu os contornos no horizonte. O ar mudou um pouco, ainda era uma atmosfera desconhecida, porém mais úmida e fresca, revelando a proximidade de água. Apressou o passo, ansioso por poder beber água.

Depois de ver a floresta, foi rápido alcançá-la.

O campo gramado acabava de modo abrupto, cedendo espaço às raízes das árvores, tão grossas que rompiam o solo e vinham a superfície. O chão coberto de folhas secas seguia numa espécie de trilha, com árvores em ambos os lados.

Kiba avançou pelo caminho um tanto estreito, até localizar até o abençoado e límpido lago! Às arvores contornando-o num belo desenho de lua crescente, com algumas crescendo e surgindo das águas estagnadas.

Muito menor do que pensou a princípio. Mais profundo do que poderia supor, foi o que descobriu ao cair de joelhos na beira do lago e olhar para as águas límpidas que se turvavam tanto que não se enxergava o fundo.

Não era o lago em que cresceu brincando.

— Que caralho tá acontecendo? — Kiba olhou em volta. O instinto alertando para o fato de se sentir observado.

Cuidadosamente juntou as mãos em concha, inclinou-se e encheu com água fresca. Manteve-se alerta o tempo todo em que bebeu da água, algo que ajudou a se sentir melhor. A dor de cabeça amainou um pouco. Saciar a sede fez o estomago se acalmar um tanto. A garganta parou de arranhar.

Bebeu duas ou três boas goladas.

Respirou fundo olhando ao redor. As árvores grandes da floresta pareciam antigas, centenárias. Não era possível divisar onde a floresta terminava e isso o preocupou um pouco.

Querendo refrescar as ideias inclinou-se até mergulhar a cabeça na água. Prendeu a respiração e contou até trinta, antes de erguer-se com uma exclamação de satisfação.

Balançou a cabeça de um lado para o outro, respingando gotinhas dos cabelos castanhos em várias direções.

Sentiu-se mais desperto depois disso.

— Tenho que achar o caminho de casa — suspirou.

E pensar numa boa explicação para dar para sua mãe. Ela acreditaria na verdade? Dizer que foi dormir normalmente e acordou no local desconhecido parecia mentira descarada até para ele que vivia a experiência na pele.

— Dessa vez não é minha culpa! — falou pra si mesmo.

Aprontava tanto que era difícil acreditar na própria inocência.

— Mas primeiro preciso descobrir como voltar pra Konoha...

Pois não restava dúvidas de que não estava na vila. Todos os cheiros, todas as sensações remetiam ao desconhecido. Além disso, havia aquela... magia no ar que o arrepiava um tiquinho. Algo ancestral e puro, como jamais sentiu antes. Atingia seu lado shifter de um jeito inexplicável.

Seu peito apertou, atingido por súbita tristeza, uma intuição ruim que tirou todo o pouco animo recuperado.

Não conseguia entender a ligação entre acordar no lugar desconhecido, ser recepcionado por aquele garoto chamado Naruto e a sensação de estar em um lugar... uma realidade totalmente diferente da que estava acostumado.

Realidade...

O conceito era confuso, mas era a única palavra capaz de abarcar tudo o que Kiba sentia.

Suspirou, deixando os ombros caírem. As íris selvagens passearam pela superfície do lago rodeado de árvores. Tudo era tão calmo e surpreendente.

Inclusive o par de olhos que o mirava de volta, duas esferas esverdeadas e translucidas, flutuando brilhantes mais ao fundo, impossível de se ver a que criatura pertenciam.

Kiba gritou de susto e caiu sentado no chão, arrastando-se para longe da água.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar att toda segunda-feira enquanto tiver capítulos extra!

Até lá!



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