A Lenda de Cristal escrita por Tsu Keehl


Capítulo 9
Capítulo 08


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitor (a)
Antes de começar a ler, gostaria que lesse aqui.


Gostaria, em primeiro lugar, pedi desculpas pela demora em atualizar a fanfic. Não era para ter atrasado tanto. Mas em vista de várias atribulações recentes, correria, trabalho, frellas e até mesmo situação política, acabou que boa parte dos meus projetos ficaram atrasados e estou me sobrecarregando para dar conta de tudo.
Me cobrei constante e diariamente com todos os meus projetos, mas finalmente posso trazer á você o novo capítulo da fanfic.

Em segundo lugar, quero agradecer imensamente á todos que estão acompanhando a fanfic. Nesse tempo que demorei para atualizar, recebi 2 comentarios maravilhosos de novos leitores que eu não conheço mas cujas palavras me motivaram ainda mais a continuar nesse projeto!
Agradeço também á Casta Fierce que passou a acompanhar a história e principalmente a meu primoso Raven por me ajudar na hora que preciso desesperadamente de um Help para alguma informação do universo Pokémon.

Atenção: nas notas ao final desse capítulo inseri uma informação importante referente ao nome de um dos personagens, não deixe de conferir!

Por enquanto e isso.
Boa leitura!



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~*~

   Aquele lugar era muito maior do que pensara. A bem da verdade, o nome Goldenrod Dept. Store era o nome verdadeiro da empresa Pokémon CentralMart, que utilizava esse nome fantasia para as filiais ao redor do mundo.
  O Pokémon Central Mart localizado era o maior e mais completo mercado de acessórios relacionados á Pokémon e possuía filiais menores em varias cidades ao redor do mundo e, no maior centro urbano de cada continente, possuía uma filial principal, que era maior e mais completa do que as outras sendo a de Castella e a de Goldenrod as maiores do mundo. Isso as tornava não apenas uma referência indispensável á qualquer treinador, criador ou apreciador de Pokémon, como também um verdadeiro ponto turístico comercial.

   Crystal não soube dizer quanto tempo ficou parada ali, olhando embasbacada a imensa fachada do local. Uma grande quantidade de pessoas entravam e saíam dali, carregando sacolas ou empurrando carrinhos.
  O prédio era pintado nas cores vermelho e branco e á frente, fixado sobre uma imensa parede de vidro escuro,estava o logo do Pokémon Central Mart: uma forma geométrica que lembrava uma casa com uma pokébola em seu interior.

— Vai ficar parada na frente ou prefere entrar?
  A garota deu um pulo quando Alice fez a pergunta.
— Cla-claro que quero entrar! É que eu nunca estive aqui...
— Você é natural e Johto e nunca veio ao CentralMart?
— Eu sou de New Bark, uma pequena cidade do interior. Fiz minha primeira compra de utensílios e apetrechos para  treinador em Cherrygrove e como tinha decidido iniciar jornada em Hoenn, o maior CentralMart  que fui é o de Rustboro. E mesmo que ele seja grande, não é imenso como esse!
— Isso porque você não viu o que tem em Castelia! Naquele eu confesso que não consegui  ver tudo de tão grande que é!  Se bem que quando eu fui estava usando uma bota de salto que deu uns calos enormes nos meus pés...mas não se preocupe! Estamos com calçados confortáveis hoje  e o CentralMart daqui costuma ter promoções ótimas!

   Puxando Crystal pela mão, Alice a levou para dentro do local e assim que atravessou a porta automática, Crystal sentiu uma lufada fresca vinda do ar condicionado, bem diferente do mormaço que estava do lado de fora.
  Ela então observou o que se estendia diante dos seus olhos. Para uma treinadora cuja primeira compra para sua jornada fora realizada em um pequeno PokeMart  presente em Cherrygrove, se ver diante da filial de Goldenrod a deixava atordoada e sem saber o que gostaria de ver primeiro.

   A imensidão até onde poderia ver era repleta de corredores com longas prateleiras lotadas de produtos. Todo o local era bem iluminado e pendurado acima da entrada de cada corredor havia uma placa indicando que tipos de produtos poderiam ser encontrados ali.
  Na grande parede ao fundo, havia uma grande ilustração dos Pokémon iniciais de todos os continentes se divertindo em um jardim. E próximo á entrada havia uma fileira de caixas – a maioria fechado, fazendo com que os poucos em funcionamento acabassem tendo filas de clientes.

  Nas laterais, próximo á entrada, havia rampas rolantes para subir e descer e todas as paredes possuíam cartazes com anúncios de produtos com desconto ou em promoção.
   O cérebro de Crystal procurava assimilar tudo enquanto que, por ironia, a música ambiente que tocava no local vinda das caixas de som era Sweet Dreams.

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
I travel the world
And the seven seas
Everybody's looking for something


     A música foi cortada por um toque seguido por uma voz feminina nos alto-falantes.

CentralMart informa: é  proibido a presença de Pokémon nas dependências do local. Por favor, mantenha seus Pokémon dentro das pokébolas..
  Após o  aviso, a música continuou a tocar.

— Tem treinador que não se toca e cisma de andar com Pokémon no ombro ou na cabeça, tão sem noção...Então, por onde quer começar?
— Eu...eu não sei...quero ver tudo! Mas não pretendo comprar muita coisa porque bem ... antes de sair em casa eu repus meu estoque de itens essenciais para viagem.

  Era verdade que antes de sair em jornada, Crystal repusera um pouco seu estoque de itens essenciais para seus Pokémon mas estava longe de ter uma boa quantidade. Ali seria o local perfeito para comprar mas não estava com muito dinheiro e não queria ter que usar o cartão de crédito. Mas Alice não precisava saber disso.

— Uma coisa é certa: é impossível vir neste CentralMart e sair de mãos vazias! Vamos fazer um tour consumista! E como eu estou indo em Jornada Pokémon junto com você, tenho de comprar o que for necessário! Mas deixo que você escolha o que iremos ver primeiro.
— É... – Crystal olhou ao redor. – Tem...vários andares .
— Sim! – Alice se empertigou, disposta a explicar. – O CentralMart de Goldenrod possui cinco andares, além do subsolo. E esse aumento de andares fez com que a disposição das coisas por andar mudasse um pouco recentemente.
 No primeiro andar, onde estamos, fica os itens básicos para tratamento de Pokémon pós batalha e itens alimentícios. No segundo andar estão os produtos medicinais e itens para embelezamento e higiene para Pokémon. No terceiro é onde fica os TMs e HMs pra venda e sempre tem pessoal autorizado para explicar como funciona e tal. É lá também que ficam á venda as pokébolas, de todos os tipos. No quarto andar é o espaço para treinadores, tem de tudo lá! E por fim no quinto e último andar, é a parte de quinquilharias, livros, coleções de vários tipos, cards, lembrancinhas...tudo com temática Pokémon.  Acho que é a parte que mais gosto...roupas e calçados para viagem, bolsas e mochilas, itens de higiene pessoal,  kits de várias coisas, comidinhas para viagem, etc e coisa e tal.  Há, e no subsolo fica a área para comerciantes mas lá só pode entrar quem tiver CNPJ e tudo é vendido por atacado.

  Crystal ouviu atenta á toda a explicação.  
— Como temos bastante tempo, acho que é legal darmos uma voltinha por tudo!

    Alice caminhou até um dos corredores de prateleiras, entrando em um deles. Andando atrás de Alice, Crystal pôde notar o quanto os longos cabelos pretos da outra eram sedosos e brilhantes, prova de serem bem tratados. E eles chegavam quase ao meio das costas com um corte em V e as pontas tingidas de vermelho.
    Crystal então acabou olhando para uma das prateleiras do corredor em que haviam entrado.

— CARAMBA! Lava Coockies! São uma iguaria para Pokémon natural de Hoenn! Ajudam na curar qualquer problema de Estado e meus pokémon gostam bastante. E tem pacotes de vários tamanhos! Depois que voltei para Johto, não encontrei mais deles e até pensei que teria de comprar pela net mas o frete era meio alto...
— Então aproveita que eles estão na promoção do pacote médio: compra dois, leva três.

     Alice lhe estendeu uma cesta, a qual Crystal aceitou, colocando seis pacotes de Lava Coockies. E logo arregalou os olhos para os produtos colocados mais á frente.

—  Ah, são Fresh Waters! E o preço até que está bom! Aqui está custando 9 pokédollars cada, nos PokéMart das outras cidades, eles tão na faixa de uns 16 pokédollars! E tem também Rare Candy ! Ah esse eu preciso levar pelo menos um!

     Alice observou a animação e deslumbramento da treinadora com um certo divertimento. Se Crystal  já estava assim no primeiro andar onde ficavam os produtos mais básicos, ela iria literalmente surtar quando fossem aos outros andares.

~*~

Seus olhos se abriram devagar e precisou piscar algumas vezes para que a visão entrasse em foco. Um teto pintado de cinza claro com um quadrado de vidro no centro.
    Ela notou uma certa claridade e inclinando um pouco a cabeça para a direita, havia uma janela envidraçada. E além dela, pode visualizar algumas montanhas e a densa floresta de pinheiros verde-escuro.

   “Que lugar é esse?”

    Sentiu seu corpo repousado em algo macio e ao abaixar os olhos e ver a situação em que se encontrava, a consciência lhe atingiu como um soco no estômago.
   Ela gritou com voz fraca e trêmula, observou as próprias mãos; pequenas e finas. Jogou o lençol que a cobria, vendo seu corpo (ou parte dele, já que vestia uma espécie de camisola branca). Mexeu as pernas, primeiro uma e depois a outra. Os dedos se moviam quando ela mentalmente pedia que fizessem isso. Voltou-se para os braços, olhando-os e então os movendo.
   Braços humanos.

   Tocou a própria pele, sentindo a textura macia e demorou-se e observar os próprios dedos que então levou ao rosto. Bochechas, nariz, lábios, dentes.
   Seu coração se acelerou e, em um ímpeto, arrancou a camisola. Observou e tocou suas coxas, barriga, seios...parecendo não acreditar que era real. E, por mais nervosa que estivesse, havia também um alívio crescente.  Mas o que havia acontecido, onde estava?

   Essa e mais tantas outras perguntas invadiam sua mente mas ao mesmo tempo, naquele exato momento, não importava. Porque eram seus braços e dedos e não asas flamejantes. Era sua boca e não um bico. Era pele e não penas. E há, seus cabelos...vermelhos como fogo mas eram cabelos.
— Eu...sou eu...

    Sua voz saiu baixa e rouca pela falta de uso mas o suficiente para ela própria ouvir. Eram palavras e não urros. Abraçou a si mesma.
   Não se importaria de não ter respostas ás suas perguntas contanto que aquilo não fosse um sonho.
   O som da porta do quarto se abrindo fez com que ela estremecesse e puxasse o lençol para se cobrir.

   Lugia surgiu, carregando uma caixa e um espelho mediano e, quando seus olhos se encontraram, foi como se qualquer temor em Moltres se dissipasse. Ela tentou dizer algo, mas Lugia se adiantou, encostando o espelho em uma parede, a caixa na mesinha e sentando-se ao lado dela.
   Ele esperou que Moltres tomasse a iniciativa e trêmula, ela pensou em tocar-lhe o rosto mas parou, o braço ainda suspenso no ar. Devagar, Lugia segurou a mão dela entre as suas e Moltres pôde sentir o toque gentil, transmitindo conforto e segurança.

— É real...minha irmã.
   Moltres apertou a mão de Lugia e tocou-lhe o braço e o rosto, para assegurar que ele estava mesmo ali. Lugia então se levantou, ainda segurando a mão dela.
— Venha, quero que veja uma coisa.

   Com cuidado, Lugia ajudou Moltres a ficar em pé, permitindo que ela se apoiasse nele. Após tanto tempo, ficar em pé com suas pernas humanas era praticamente um reaprendizado. Ela ainda não sentia muita firmeza mas ao olhar para baixo e  ver seus pés, soube que poderia andar. Iria andar.
   Lugia só a soltou quando percebeu que Moltres não iria cair e se adiantou para pegar a camisola jogada na cama.
— ...não.

   Ela não precisou se justificar porque ele entendeu no momento em que notou o olhar de Moltres para o espelho. Lugia então pegou o objeto e o pendurou em um prego na parede, dando espaço para que a irmã se aproximasse.
   E Moltres viu a si mesma refletida no espelho. Como não se vira há tanto tempo que sequer se lembrava quanto. Voltara a ser a mulher jovem de pele escura, corpo pequeno e esguio de curvas modestas. E a longa cabeleira vermelha, um contraste tão único e incomum.
   Foi então que, após tanto tempo como fera, as lágrimas vieram á seus olhos e ela chorou.
   Era humana outra vez.

   Quando ela começou a soluçar, Lugia se aproximou e lhe envolveu com um lençol. Ela aceitou e então o abraçou, gesto que foi prontamente retribuído por ele. Ficaram assim por um tempo até que ela quebrou o silêncio.

— ...como...?
— Ainda não tenho certeza. Nem totalmente do que nos levou aquilo e muito menos o que nos trouxe de volta nessa meia-vida. Mas estamos aqui e vamos trazer os outros também.

  Ela apenas confirmou e voltou os olhos para o espelho, observando a si e Lugia. Ele continuava exatamente igual a como se lembrava.

— ...foi um milagre.
— Não. – ele a afastou um pouco de si. – Foi destino. Tínhamos de voltar para reaver o que perdemos  e fazer com que paguem pelo que nos condenaram.  Destruíram tudo o que tínhamos, nos feriram, nos condenaram e nos tornaram aberrações . Agora, iremos quebrar essa roda amaldiçoada.
— ...e...ela...?

   Os olhos de Lugia ficaram taciturnos.
— ...iremos reavê-la.
  As últimas palavras saíram quase em um sussurro. E Moltres soube que ele não falaria mais nada. Pelo menos por enquanto.

~*~


— Mas isto é muito caro, Alice!
   Crystal tentou repor o produto na prateleira, mas a outra já havia colocado na cesta e ia andando.

— Relaxa, não custa nada!
— Esse item é quase 200 pokédollars! Lógico que custa! E custa caro!
— É por isso que você não quer levar então eu decidi te dar.
— Eu só falei que o Zinc era um tipo de proteína muito bom  e que seria útil para o Aron que está em fase de crescimento, mas não que eu quero ele!
— Crystal, você ficou pegando a embalagem desse negócio por um bom tempo e mesmo quando via outro, logo voltava para ele. Estava parecendo um Grandbull salivando diante de uma assadeira com frango Combusken!
   Crystal corou.

— Vamos lá! – Alice continuou. - Você sabe em como isso é tranquilo para mim. E não aprendeu que é falta de educação recusar um presente?
— Mas...eu não me sinto bem ao saber que você está gastando comigo!
— Eu vou comprar esse bagulho. Você pode usá-lo ou jogar fora. Mas vou dar mesmo assim!  E esse aqui ainda é um Zinc específico para Pokémon do tipo aço, logo não é útil para nenhum Pokémon meu.

   Crystal tentou retrucar, mas Alice já ia em direção ao balcão de atendimento do andar, localizado no final do corredor e Crystal optou por não continuar a discussão na frente de outras pessoas. Mas isso não significava que estivesse resignada com a situação, ainda que aquele Zinc  fosse um que queria muito.

— Olá, bom dia! Posso ajudá-las em algo?
  As duas garotas pularam de susto quando subitamente uma vendedora  apareceu.
— Ah...n-não..está tudo bem.
— Oh, são treinadoras e vejo que estão levando um Zinc especial para Pokémon do tipo Metal! Sabe para  o que serve e como funciona?
  Crystal abriu a boca para responder mas a atendente já se adiantara.

— O Zinc, assim como outros itens da mesma linha para nutrição Pokémon, é uma proteína desenvolvida pela Siplh Co.  em parceria com outras empresas do ramo alimentício para Pokémon.  Ele é um protéico que aumenta a defesa especial do Pokémon contra elementos no qual eles possuem fraqueza e isso é muito importante para batalhas em que seu Pokémon estiver em desvantagem por conta do Tipo. E aumenta o status também!
— Olha, nós sabemos como usar. – Alice tratou de encerrar aquele monólogo. –  Ela (e apontou para Crystal ) é uma treinadora experiente, que já fez jornada em Hoenn então sabemos muito bem como usar essas coisas!
— Em Hoenn? Grande coisa...Eu só estava fazendo meu trabalho, não precisa ser grosseira!
— Eu não fui grosseira! Grosseria é você induzir que a jornada em Hoenn é algo que não vale nada!
— Eu não disse isso.
— Mas deixou bem implícito!
— Alice, calma...
— Quer saber, se não querem minha ajuda e explicações, ótimo! Boas compras a vocês então e que seu Pokémon engasgue com esse Zinc!
  Crystal encarou aturdida, a mudança súbita de simpatia da funcionária.

— Como pode falar assim com clientes?! Vou falar com o gerente! – retrucou Alice.
— Fique á vontade. Hoje é meu último dia de aviso prévio aqui e nem sei por que ainda me dou ao trabalho de atender os clientes. Passar bem!

  Assim que ela se afastou, Alice e Crystal seguiram  para a rampa rolante que dava acesso ao próximo andar.
— Gente, que garota mais doida! Vontade de voltar lá e falar umas verdades pra ela! Quem sabe puxar  aqueles penteado de dois ponytails que mais parece uma peruca!
— Não vai adiantar. Ela mesmo disse que já está terminando de cumprir aviso prévio. – falou Crystal. – E você já afrontou a oficial Jenny ontem...uma afronta por semana está bom, né?
— Aquilo na delegacia só aconteceu porque o meu tutor armou aquilo só porque não entrei em contato com ele enquanto estava viajando por aí!
— Já que tocou no assunto, eu confesso que ainda estou confusa e em choque com tudo isso. E gostaria de ouvir uma explicação melhor sobre...
— Deixa isso pra depois! Ainda temos muito o que ver aqui no CentralMart!

   Assim, ao longo das horas que se seguiram, Crystal e Alice passearam por todos os demais andares do CentralMart. Mas não haviam comprado tudo que queriam, ainda que a cesta de ambas já estivessem relativamente cheias.
   Crystal se encantava com a quantidade e variedade de itens expostos nas várias prateleiras de cada corredor e nestas horas desejava realmente ser uma treinadora rica. Havia produtos de tudo que era possível imaginar e muitos deles possuíam variedades para cada tipo específico de Pokémon, no qual seus efeitos poderiam ser mais benéficos ou efetivos. A indústria e o mercado de itens relacionados á Pokémon era , sem a menor dúvida, o mais lucrativo do mundo e movimentava a economia de todas as regiões. Havia uma variedade tão grande de coisas, que Crystal concluiu que mesmo se tivesse condições, talvez não conseguisse conhecer e utilizar todos.

  Enquanto ela observava um produto ( cujo cartaz mostrava a líder de ginásio Érica como garota propaganda de um X-Defend ideal para Pokémon do tipo Planta), Alice achava bonitinho toda aquela empolgação da treinadora. Ela já passeara tantas vezes por aquele CentralMart que  era quase como se estivesse em um hipermercado mas para Crystal, tudo era novidade e ela  parecia uma criança em uma loja de brinquedos.
  Embora Crystal adorasse observar os itens á venda, lendo rapidamente as informações e anotando em uma caderneta (cuja capa era de Pichus fofos) alguns itens que lhe interessavam junto do preço, ela se surpreendeu mesmo com o quarto andar, que oferecia utensílios e acessórios para os treinadores Pokémon em jornada.

   Havia tanta coisa ali que se pudesse, compraria tudo. Enquanto ela e Alice passeavam pelos corredores, viram um jovem treinador acompanhado pela mãe, indeciso em qual mochila levar,  enquanto outro já pegara rapidamente uma e descia apressado para efetuar o pagamento no Caixa.  Havia também um casal que ouvia atentamente a explicação de um vendedor que lhes mostrava como montar rapidamente uma barraca inflável.
   Aliás, o CentralMart possuía uma enorme quantidade de funcionários, devidamente uniformizados (todos usando sempre um boné com as cores da pokébola). Havia funcionários repondo mercadorias nas prateleiras (recolhendo também itens deixados por clientes fora da área em que pertenciam, como uma PokéBall no meio de Super Potions), atendente para ajudar quem estivesse com alguma dúvida sobre onde encontrar tal item ou como determinada coisa funcionava, vendedores para apresentar algum produto e conseguir uma comissão, atendentes no balcão a final do corredor de cada andar para entregar ou mostrar itens mais específicos (principalmente  tens medicinais que só poderiam ser comprados com prescrição de algum veterinário credenciado), seguranças monitorando os andares a fim de garantir que não houvesse problemas ou furtos, faxineiros e operadores de caixa. Em cada andar havia ainda dois gerentes – identificados pelo uniforme de cor diferente. Isso sem falar dos adolescentes do programa Aprendiz Jovem do governo e muitos outros funcionários que trabalhavam nos setores de estoque, manutenção, marketing, distribuição e escritório.

— Se eu não fosse uma treinadora, - Crystal comentou. – Iria querer trabalhar aqui.
— Ainda bem que virou treinadora. – brincou Alice. – Já imaginou ter como colega de trabalho aquela atendente tão gentil quanto um coice de Zebstrika?!

  As duas riram e seguiram para o próximo andar.

~*~

   Embora aquilo já fosse de se esperar, Lugia ainda estava surpreso na forma como Moltres devorava a comida da bandeja que colocara em seu colo. Quantos séculos que não haviam se alimentado como pessoas, se fartando por uma comida quente, variada e saborosa? Durante séculos haviam se alimentado apenas de carne crua.

— Isso é muito bom! – Moltres engoliu o último pedaço que tinha em mãos e se adiantava em pegar outro. – Como é o nome dessa coisa?
— Pizza.
— Hum...fvou gfuardfar efe fnome!
— Foi a primeira coisa que comi após voltar á ser humano e imaginei que iria gostar.
— Eu  vivia aquela vida amaldiçoada há base de carne crua! – Moltres mastigou e engoliu o pedaço para falar melhor. – Mesmo tentando usar meu fogo para assar a carne, demorei para deixar mais ou menos tragável e mesmo assim ou eu queimava demais ou queimava de menos. E nunca era temperado. Agora nunca mais terei que me preocupar com isso!
— Já que tocou neste assunto. Nossa maldição não foi quebrada, pelo menos não totalmente.
— Como assim?!
—  Eu sou capaz de voltar a forma de fera e então retornar a ser humano. E acredito que você também será capaz disso.
  Moltres parou de comer.

— Mas por quê?! Depois de toda aquela dor da transformação era para estarmos livres disso!
— Acalme-se. Não é de todo ruim. Eu já passei pelo processo varias vezes e estou começando a compreendê-lo. Cada re-transformação, o processo é mais rápido e menos doloroso.
— Mas por quê disso?! Ainda estamos amaldiçoados? Ou aconteceu alguma coisa e a maldição foi "meio-quebrada"?!
— ...é isso que nós estamos tentando descobrir.
— Mas somos só nós dois. Precisamos encontrar os outros!

  Lugia assentiu.
— É o que nós estamos fazendo.
— Nós?
— Olhe para este lugar. Quando eu despertei pela primeira vez, alguém estava diante de mim. E este alguém me trouxe para cá e me explicou o que estava acontecendo.  E a partir de então, estou junto dele e da...como ele disse que se chama mesmo...ah, organização, para conseguirmos encontrar os cristais e destruí-los.

  Lugia pensou um pouco antes de continuar.
— Lembra-se dos cristais que Ela deu á cada um de nós para que carregássemos sempre conosco?
— ...sim.
— Eles são a maldição. E foram escondidos em lugares desconhecidos e protegidos por feras piores do que nós, para que não fossem encontrados. –  um pequeno sorriso surgiu no rosto dele. – Você estava em uma ilha bem distante, no meio do grande oceano. Se eu não pudesse ser a fera e o humano não teria conseguido derrotar Kyogre.

     Moltres pensou em perguntar sobre uma dúvida que surgira em sua mente, mas como se percebesse, Lugia tratou de contornar o assunto.

—  Há muitas coisas que teremos de aprender e nos acostumar. O mundo está muito diferente de como o conhecíamos.
— E onde estão os outros?
— Ainda não sei. Mas essa organização possui uma  coisa que eles chamam de tecnologia... e com isso são capazes de  encontrar os cristais, onde quer que estiverem e principalmente, de destruí-los. Quando destruíram o cristal que tinham, você voltou a sua forma. E o mesmo aconteceu antes comigo. Pelo menos foi o que ele disse.
— Ele?

    A pergunta de Moltres foi respondida quando ouviu-se o clique da porta sendo aberta e dela surgiu o rapaz loiro vestido com um terno preto. Havia algo de familiar nele, mas  ela não conseguia definir.

— Desculpe atrapalhar e...oh, vejo que a princesa já aparenta estar melhor. Gostou da pizza?
  Moltres encarou o rapaz de olhos bicolores, como se tentasse se lembrar. Mas quando ele arqueou sutilmente a sobrancelha, ela baixou o olhar.

— Hum...
— Entendo que ainda tudo esteja confuso para você, com Lugia foi um pouco assim também. Mas garanto-lhe que aos poucos tudo se tornará mais lúcido e compreensível. E até de mim você irá lembrar...talvez.
— ...quem é você...?
— Eu sou Igni. – ele se curvou em cumprimento. - Não se preocupe, pois estou inteiramente ao lado de vocês. Sou o responsável por comandar as buscas para encontrá-los e ajudar no que mais for necessário. É a minha... missão de vida, digamos assim.

     Lugia trocou um rápido olhar com Moltres e mesmo se passando séculos, ela sabia o que significava.
  Cautela.

 - Lhe trouxe algumas roupas. – Igni continuou colocando uma sacola sobre  a cama. – Foi tudo meio ás pressas mas creio que devem servir. Assim que estiver disposta, poderei designar um funcionário para começar a lhe inteirar sobre o mundo atual e coisas do tipo.

   Igni virou-se para Lugia e pareceu pensar em como deveria se dirigir á ele. Optou por pensar nisso depois.
— Estamos com sorte. Ao que parece há indícios de que talvez tenhamos encontrado outro cristal. Assim que puder, pode ir me encontrar no subsolo.

  Igni encarou Moltres com um sutil sorriso apático.
— Princesa, seja bem-vinda á Equipe Rocket.  Lhe garanto que não precisará se preocupar, eu e a organização temos as melhores intenções.

~*~

 Era final de tarde quando Alice e Crystal saíram do CentralMart, cansadas mas satisfeitas. Sentaram-se em um banco de uma agradável praça após pegarem cada qual uma lata de refrigerante na máquina ali perto.

 - Hoje o dia rendeu mas não vejo a hora de chegar ao hotel e tomar um banho bem gostoso!
— E eu ainda tenho de reorganizar minha mochila. – comentou Crystal. – Fui com a intenção só de passear e acabei comprando coisas demais!

  Ela olhou de soslaio para as duas sacolas que a amiga segurava e apertou sua própria sacola entre os dedos. Na verdade, gostaria de ter comprado mais coisas só que não tinha dinheiro para tal e ao final, acabou levando menos do que queria. Mas não queria dizer isso para a amiga.  Alice já lhe comprara o Zinc. Ao passar no Caixa, temeu que seu cartão não tivesse saldo suficiente para pagar as compras, mas por sorte isso não aconteceu. Quando chegasse ao hotel, trataria de verificar o saldo disponível e se preparar para conseguir vencer muitas batalhas a fim de não ficar devendo quando a fatura do cartão chegasse.

  - ...obrigada.
— Hum? Pelo quê?
— Por ter me aceitado. Digo, como sua companheira de jornada. – falou Alice. - Sei que eu já fui taxativa e tal mas olha, se  você não quiser, tudo bem.  Eu te fiz passar um tremendo perrengue, é natural que tenha  algum receio.
— N-não...bom, eu fiquei assustada quando fomos presas mas...
 - Se não quiser companhia eu vou entender, Crystal. Sério.
— N-não é isso! Eu segui viagem sozinha porque não tinha alguém pra iniciar junto comigo, assim de querer viajar junto.
— Nenhum de seus amigos quis encarar uma jornada?
— É...algo assim.

   Crystal não queria dizer que não tinha amigos no sentido de que alguém realmente quisesse a companhia dela.

— Mas e você? Seu tutor parece que não ficou muito feliz de você ir em jornada comigo.
— Não é pessoal. O Lawrence é só um pouco super protetor comigo.
— ...é, eu percebi.
— Bom, eu já viajei durante uns três meses a esmo mas acho que ir em jornada com alguém, ainda que eu não vá treinar para conseguir insígnias e competir na Liga, será uma experiência interessante.
— Uma jornada Pokémon é uma aventura incrível. A gente conhece muitos lugares, pessoas e Pokémon...mas também não é um simples passeio. Tem horas que é cansativo,  arriscado e exige muita disciplina pra não desistir no meio do caminho.
— Eu aguento! Serei sua fiel escudeira!
— Ah, falando nisso... – Crystal remexeu na sacola, tirando um pacotinho de dentro dela. – Eu...bem..como vamos viajar juntas, eu pensei em comprar uma lembrancinha...é algo bem simples e tudo bem se não quiser usar eu só queria bem...tó!

  Alice pegou o  pacotinho que a outra estendera e o abriu. Nele, havia uma correntinha com o que parecia metade de uma pokébola.

— E-eu...tenho a outra parte. – ela mostrou a que já prendera na correntinha do seu pingente de cristal. – Dizia que é  pra representar amizade entre treinadores. É algo bobo eu sei, é que eu achei até que bonitinho e pensei que talvez...mas de boas, você pode guardar e...
— Eu adorei! Já vou colocar! – Alice prontamente colocou a correntinha no pescoço, onde já usava outras duas. – Valeu!
  Crystal sorriu, constrangida.

— Esse seu pingente... – Alice comentou. – Eu vi ele quando estávamos presas. É um cristal, não é?
— ...oh, sim! – Crystal pegou o pingente nas mãos. – Eu tenho ele desde sempre. Minha tia disse que provavelmente foi minha mãe quem me deu. Eu acabei sempre levando ele comigo, como um amuleto de sorte especial.
— Ele é muito bonito. – Alice se aproximou. – E dependendo como se olha, parece que ele oscila entre várias cores.
— Sim! Quando eu era criança adorava ficar colocando ele no sol pra observar as cores, como se fosse o meu próprio arco-íris.
— Olha, eu confesso que já vi muitos cristais, mas nunca um tão diferente quanto esse.

  Crystal confirmou,  erguendo o pingente na direção dos últimos raios de sol da tarde.
   É...realmente aquele cristal era diferente e para ela, muito especial.

~*~

 


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Notas finais do capítulo

Terminando o capítulo aqui...

O sobrenome para o mestre Lance que escolhi é Pendragon. Quem conhece As Brumas de Avalon já deve entender.
Pendragon é o sobrenome de Uther Pendragon, pai do rei Artur.
Historicamente, Pendragon foi um título utilizado entre os reis bretões e era dado aos cavaleiros que matavam um chefe inimigo em batalha. Dizia-se pois, que haviam matado um "dragão".
Literalmente, Pendragon significa Cabeça do Dragão.

Escolhi este sobrenome por ele se referir tanto a realeza na ficção (o título de Uther que depois foi passado á seu filho, Artur) como o significado literal e poético relacionado á figura do dragão.
Como Lance é um personagem com nobreza de caráter e visto como um tipo de "rei" entre os treinadores pokémon além de ser um treinador especializado no tipo Dragão, eu simplesmente construi essa relação.
O que acharam?

Por favor, peço que deixem aqui seus comentários. críticas construtivas, sugestões e opiniões acerca da fanfics! Não lhe tomará quase nada de tempo e ajuda muito o autor! ;)
Nos vemos em breve!



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