A Lenda de Cristal escrita por Tsu Keehl


Capítulo 8
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

Ola, leitor(a)
Antes de começar a ler, gostaria que lesse aqui.

Em vista de inúmeros compromissos, focos e assuntos sérios ao redor, acabei por atrasar um pouco a atualização da fanfic. Peço desculpas por isso! Mas acredito que, assim como eu, todos estejam em uma época bem atribulada como um todo.
Mas, consegui cumprir minha meta e eis aqui o novo cappie. Quero agradecer imensamente ao apoio que todos estão dando á esta história. Cada comentário, incentivo, sugestão e elogios são deveras confortantes e inspiradores, que me motivam a continuar sempre nesse projeto.
Algo que também me deixa muito feliz é quando apresento á fanfic para alguém que não conhece á fundo o universo de pokémon e essa pessoa pega interesse pela fanfic, seus personagens e enredo. Para um escritor, nada dá mais calorzinho no peito do que ver um leitor que fala com você acerca da sua obra. Então, obrigada Nath, por estar acompanhando esse projeto e gostando!

Já adianto que, nesse capítulo, haverá a estreia de mais um personagem que se tornará importante ao longo da trama.

Por enquanto é isso.
Boa leitura!



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~*~

   Apesar da recepção de Igni parecer educada, a energia e expressão dos demais presentes naquela sala era de clara hostilidade e desconfiança. E Basho compreendia claramente o motivo: ele os conhecia. Sabia das posições que cada um ocupava dentro da organização e  também fora dela, quando necessário.
  De modo que entre os presentes que compunham o Alto Conselho da Equipe Rocket estavam aqueles três que haviam se tornado presentes no meio político de Johto, Kalos e Sinnoh, um historiador renomado e até o líder religioso famoso em Kanto.
  Pela informação que obtivera e que pretendia investigar mais á fundo, aquelas doze pessoas estavam inteiramente envolvidas naquilo.

  “Exatamente todos que haviam sido mencionados estão aqui. Não era mesmo apenas uma hipótese.”


   Entretanto, por qual motivo estavam reunidos sem a presença de Giovanni, o único e real líder da Equipe Rocket, planejador de tudo aquilo?
     Os membros do Alto Conselho estavam reunidos em uma mesa retangular o que era estranho caso se tratasse de um local para reuniões. Mesas circulares permitiam que todos observassem e todos fossem observados. Uma mesa retangular permitia que se visse apenas a primeira pessoa á sua esquerda e a primeira á sua direita. De modo que, estando á frente de todos ali naquela mesa, Basho se via como se fosse prestes a ser submetido a alguma entrevista.

— Sei que deverá emitir o relatório de sua última missão e se preparar para a próxima, visto que é um agente de elite. Prometo que seremos rápidos em nossa...conversa.
   Basho não respondeu, apenas aguardou até que Igni contornasse a mesa e fosse se sentar  não na penúltima poltrona vazia á esquerda, mas sim na poltrona do centro.
  Eram doze, como apóstolos. E haveria mais um.

   O loiro notou o quase imperceptível olhar que Basho lançara para a cadeira vaga e quando os olhos do agente se encontraram com os bicolores do outro, houve uma compreensão velada.
   Igni sabia da inteligência e capacidade do rapaz á sua frente. Basho não era apenas um agente de elite classe A++, como também era dotado de um nível intelectual muito acima da média. Uma das melhores aquisições da Equipe Rocket.
  Basho, por sua vez, tinha conhecimento da habilidade e capacidades persuasivas do misterioso rapaz á sua frente. E o que ele demonstrara naquela sala, bem como informações que obtivera, indicavam que Igni era alguém que não deveria ser subestimado.

— Acredito que não saiba o motivo de chamá-lo aqui.
— ...estou diante do Alto Conselho da Equipe Rocket. – falou Basho, calmo. – Posso cogitar que tenham uma missão de alto risco e sigilo a me ordenar ou...uma proposta.
  A sombra de um sorriso passou pelos lábios de  Igni.
— O que acharia se lhe dissesse que poderiam ser ambos?
 - ...estou disposto a ouvir e acatar.

  O som de um aparelho ecoou pela sala e todos se voltaram para Igni que, sem se preocupar, verificou em seu celular sobre a mesa.
— Oh, pelo visto teremos que adiar a reunião temporariamente. – ele tornou a colocar o celular sobre a mesa. – Em compensação poderá se adiantar e ver, com os próprios olhos , uma parte deveras especial de algo que muitos consideravam apenas uma lenda. Sei que é uma pessoa cética e realista então isso  será algo que não lhe deixará dúvidas.
  Igni se levantou assim como s demais presentes.
— Provavelmente vossa majestade está vindo com o que foi buscar. – ele falou para os demais. – Verifiquem se está tudo pronto como tínhamos pedido. Basho,  acompanhe o doutor Shiranui. Ele poderá lhe adiantar um pouco sobre o assunto. Estou indo recepcionar nossos ilustres aliados.
  Os presentes se moveram quase que mecanicamente, cada qual fazendo o que lhe fora pedido, como se o próprio Giovanni lhes houvesse ordenado. Basho franziu as sobrancelhas mas seguiu o homem grisalho.
  Pelo visto, a lenda era verdadeira ou...estariam todos obcecados por ela?

~*~

Á uma distância segura das câmeras de monitoramento colocadas em pontos estratégicos da base Rocket localizada na cadeia montanhosa nos confins de Johto, ele observava. Parcialmente oculto pelas árvores e arbustos, esperava pacientemente, atento a qualquer tipo de movimento suspeito. Olhou no relógio em seu pulso: já fazia quase três horas que estava ali e até o momento nenhum agente Rocket saíra da base.
  Não se enganara do que tinha visto, disso tinha certeza. Ainda que fora por segundos e a folhagem das árvores houvessem dificultado sua visão, ele pôde discernir que aquilo que se erguera  próximo á base Rocket e elevara-se aos céus  não era um Pokémon qualquer.
   Lugia.

   Como aquilo poderia ser possível? O que Lugia estaria fazendo ali? Muitas perguntas rodeavam sua mente enquanto ele esperava. Talvez a E.R houvesse capturado o lendário Pokémon? Descartou essa hipótese. Se isso tivesse acontecido, em vista de Lugia ter voado livremente pelos céus, os Rockets estariam em polvorosa no local, com agentes de elite coordenando equipe de agentes menores.
  Havia a possibilidade de uma clonagem. Lugia era um Pokémon lendário, talvez um espécime único e não seria a primeira vez que a Equipe Rocket mexia com alterações genéticas e clonagem aprimorada de Pokémon: o lendário Mewtwo era uma prova disso. Era uma hipótese plausível e se fosse realmente verdadeira, seria um problema sério. Mas se fosse, aparentemente o Pokémon escapara e os agentes estariam se movimentando. Vira somente um helicóptero sair dali, levantando voo do heliporto .Teria alguém montado em Lugia? O domesticado? Se ainda fosse um espécime clonado, talvez.

  Ele suspirou baixinho. Muitas perguntas sem respostas. Sua missão consistia em investigar sobre o interesse quase obsessivo que o alto escalão da Equipe Rocket se mostrara interessado nos últimos anos, principalmente da parte de uma pessoa em particular. Ele em si já seria o suficiente para uma investigação própria mas a Ordem decidira que a prioridade seria investigar o interesse excessivo e intrigante da organização acerca dos mistérios que rondavam o misticismo de antigas lendas, principalmente uma em específica.
  Mas Giovanni e o Alto Conselho Rocket, bem como aqueles poderosos e influentes magnatas e políticos que financiavam a organização e dela também ganhavam parte dos lucros, investir e se arriscar em algo que soava como apenas uma história de fantasia era algo intrigante.
    Se faziam isso era por terem algo concreto e que realmente lhes compensaria.
    E por conta disso a Ordem investigava.

  Lance Pendragon recostou-se no tronco da árvore, sentindo o cansaço começar a abater-se em seu corpo. Era um rapaz jovem e forte, não com mais de 30 anos mas tendo em suas mãos uma responsabilidade e um destino que poucos no mundo tinham. As roupas pretas que sempre usava o faziam parecer mais alto do que já era e seu rosto era bem proporcionado, com nariz bem delineado, queixo largo e sobrancelhas grossas – uma herança de família – que lhe davam um semblante de nobreza e ameaça.  Seus olhos eram de uma incrível tonalidade cinza  mas o que mais o destacavam até mesmo entre sua própria família, eram seus cabelos: de um vermelho escuro, ele mantinha um corte único, arrepiado para cima  como se fossem chamas. “Kissed by fire” como alguns fãs costumavam dizer.

  Ser o Mestre Pokémon de Kanto e Johto além de ser considerado um dos mais poderosos e influentes treinadores Pokémon da história, era um título de grande peso. O lendário mestre treinador de Dragões, o tipo Pokémon mais difícil de domesticar, Lance era uma presença que causava temor e admiração em qualquer outro treinador. Poucos haviam sido aqueles que conseguiram vencer á ele e seus poderosos Pokémon.
  Tinha a tendência em sempre agregar responsabilidades para si, era algo natural pois quando percebia já estava comprometido. De modo que, desde que  tomara a frente da investigação em campo não descansara. Mesmo quando deitava para dormir, tinha dificuldades, como se o seu cérebro o lembrasse constantemente de todas suas responsabilidades, deveres e obrigações.  Não era pouca coisa e todas tinham seu grau de importância, não poderia simplesmente ignorá-las. Se propusera a cumprir e era isso que faria.

    O som de um helicóptero o despertou de seus pensamentos e ele espreitou por detrás do tronco da árvore em que estava, ocultando-se entre as folhagens de um modo que conseguisse ver a base Rocket.
  Quase que simultaneamente á chegada do helicóptero, alguns agentes saíram da base e com ajuda de um binóculo portátil, Lance tratou de observar a movimentação. Mas no momento em que visualizou a figura loura em um terno preto, largou rapidamente o binóculo e tirou a câmera portátil do bolso da jaqueta.
  Precisou desviar os olhos do que acontecia na entrada da base para ajustar a configuração da câmera. Aquele era um aparelho novo utilizado em espionagem e pelo que pesquisara, custava alto.

  “Mas claro que nada é realmente caro para Ele...”

   Quando enfim ajustou  o zoom e o foco da câmera e a posicionou para que gravasse o ocorrido, procurou prestar atenção. Da distância em que estava e também devido ao barulho das hélices do helicóptero, era impossível que conseguisse ouvir alguma coisa. Mas podia ver e seus olhos iam do que ocorria mais á frente para o pequeno visor da câmera, cujo zoom permitia que pudesse ver com mais clareza. Ótimo, era possível fazer leitura labial posteriormente ao analisar a gravação.
  O rapaz loiro parecia dar ordens para um agente e em seguida para o piloto. A porta do helicóptero foi aberta e Lance pôde ver quando um homem alto vestido de preto desceu, carregando nos braços o que parecia ser uma mulher desacordada envolta em um manto preto. Os longos cabelos vermelhos dela esvoaçaram ao vento causado pelas hélices, mas prontamente o homem que a carregava a aconchegou melhor em seu corpo.

   Uma maca foi trazida e a mulher foi colocada nela, sendo em seguida levada para dentro. Lance elevou o zoom da câmera ao máximo, atento a conversa dos dois homens.
  “Igni.”
    Mas quem seria o outro?

   Lance já estava intrigado mas ficou ainda mais no momento em que o piloto do helicóptero saiu da nave e se aproximou dos dois homens, parecendo visivelmente assustado. Ele começou a falar algo com Igni mas este apenas segurou a cabeça do agente com ambas mãos, induzindo-o  a olhar em seus olhos.  Poucos segundos depois, ele tirou as mãos e o agente parecia  calmo e  após se curvar em respeito ao rapaz, caminhou para dentro da base. O homem de preto conversou mais alguma coisa com Igni mas de repente parou e voltou os olhos para as arvores próximas.
  Não.

    O homem de preto, com os olhos de uma coloração dourada estava olhando para um ponto em específico entre o tronco de uma árvore e as folhagens de um grande arbusto. Mais do que isso, através da câmera, Lance quase podia crer que o homem estava olhando diretamente para a câmera. Como se ele soubesse que havia alguém ali. Mas não era possível. Lance tinha experiência em se manter oculto, seus anos de treinamento lhe proporcionavam isso e, além do mais, estava contra o vento de modo que mesmo se tivessem algum Pokémon, seu cheiro não poderia ser rastreado.
  Mas de alguma forma aquele homem sabia que tinha algo entre aquelas árvores. De modo que deixou Igni falando e começou a caminhar na direção em que Lance se escondera.

“Maldição!”

     Lance cuidadosamente colocou a câmera de volta no bolso e se agachou. Se fosse descoberto, toda a investigação estaria comprometida. Por ser uma figura pública, seria facilmente reconhecido e teria de travar uma batalha ali. Mesmo estando equipado com um bom time, uma batalha Pokémon no local traria mais agentes e consequentemente mais Pokémon em combate. Lance confiava em seus Pokémon e em sua experiência de batalha, mas sabia dos riscos e da desvantagem em que se colocaria.
  Exceto se fosse ligeiro e preciso.

  Do lado de fora da base estava somente Igni e o homem desconhecido que se aproximava. Talvez...
  Segurou a pokébola pertencente a seu Dragonite e com a outra mão retirou do coldre em sua cintura, o revólver. Liberou a trava de segurança e aguardou. Não gostaria de ter pensado em tal possibilidade mas se fosse necessário, não poderia hesitar.  

   “ Dragonite poderá distrair o  homem, ele está preparado para atacar assim que se liberta da pokébola. E o disparo dessa arma...dessa distância, soltando a pokébola e segurando o revólver com ambas mãos, eu não vou errar a mira.
  Mas...ainda que seja Igni, eu devo mesmo...? ”

— O que houve, majestade?
   A voz de Igni despertou Lance de seus pensamentos e ele retesou o corpo, atento.
— Há algo aqui... alguém...
  A voz do homem era grossa, cortante. Lance não moveu um músculo sequer. Tinha certeza que não fizera nenhum movimento que pudesse denunciar sua presença e não havia câmeras por ali. Deduziu que, se o tivessem visto, já teriam chamado reforços e se aproximado de forma mais incisiva. Teria esse homem capacidade de sentir presenças? Impossível.
— Não há nada aqui, se tiver algo é um Pokémon qualquer. É melhor voltarmos para a base.

  Lugia não deu ouvidos e tornou a se aproximar do bosque. Havia algo ali, podia sentir uma presença intensa e ofensiva talvez até...
— Hooooot! Hooooot!
    Uma HootHoot projetou-se para fora de uma das moitas, batendo as asas assustada. Ela voou cambaleante na direção de Lugia que desviou e observou o pequeno Pokémon  voar para longe.
— De fato, havia algo. – comentou Igni entediado.  – Acho melhor voltarmos á base. Creio que gostaria de estar ao lado de sua irmã enquanto ela é medicada e acomodada, certo?
  Aquilo pareceu motivo suficiente para Lugia ignorar a sensação de uma presença e se afastar. Talvez seus sentidos ainda estivessem sensíveis e até mesmo a energia de um mero Pokémon o faziam ficar em alerta. Após olhar uma última vez para as árvores e arbustos, ele seguiu com Igni para a base Rocket.

     Lance esperou alguns minutos  até voltar a se mexer. Olhou em direção á base Rocket; não havia ninguém do lado de fora. Suspirou, prendendo a pokébola em seu cinto e olhou para o revólver em suas mãos.
    Cogitara mesmo aquela possibilidade? Não via a hora de poder se livrar daquele objeto; não sentia-se bem ao tê-lo em mãos.
   Guardou o revólver e verificou a gravação na câmera. Ótimo, aparentemente o registro estava ok. Lançando um último olhar para a silenciosa base Rocket, Lance afastou-se em silêncio, desaparecendo no interior da floresta.

~*~

   Crystal custava a acreditar na situação em que se encontrava naquela manhã.
   Não conseguira pregar os olhos durante a noite,  mesmo estando em uma cama excessivamente confortável de um dos melhores hotéis de Goldenrod. Conseguiu cochilar somente de madrugada e por um tempo que considerou curto demais a ouvir o som do despertador. Também, como poderia dormir em vista dos últimos acontecimentos?

^*^

   Ao ouvir a declaração de Alice, Crystal encarou a nova amiga com estupefação. Percebeu a expressão de Lawrence e voltou a encarar a garota, que mantinha  um olhar simpático e decidido para o empresário.

— Já me decidi. Vou em jornada junto da Crystal!
— ...posso saber quando decidiu isso?
— Há mais ou menos cinco minutos.
   Lawrence não demonstrou reação, exceto por um sutil crispar de lábios.
— MAS QUE MERDA FIZERAM NA MINHA DELEGACIA?!

   Todos se voltaram para o delegado que acabara de chegar junto de mais dois policiais. Alice o  reconheceu: era o mesmo oficial que liberar sua entrada em Goldenrod, quando a oficial Jenny não queria deixá-la passar. Mas naquela vez se ouvira bem, a oficial Jenny o chamara de tenente e toda aquela verificação na entrada da cidade era acerca do ocorrido na Radio Tower. Á menos que...

   “Sério mesmo que ele chegou ao ponto de usar sua influência para deslocar o delegado de sua própria delegacia e pedir que ele ficasse na fronteira da cidade a fim de me encontrar e então avisá-lo?!”

Alice voltou-se para Lawrence, com uma raiva faiscante em seus olhos e o colecionador deduziu a pergunta oculta ali.
— Não.
— ...sei...
— E então... vão me explicar o que está acontecendo ou vão ficar todos parados como se fossem um bosque de Sudowoddos?!
   A oficial Jenny se recompôs, se aproximando e batendo continência.
— Desculpe, senhor! Houve uma tentativa de invasão á delegacia mas tudo já se encontra perfeitamente sobre o controle e o responsável detido!
— E quem é o meliante?!
   Os policiais afastaram alguns passos e a oficial Jenny apontou para Crystal, que estremeceu.

“Agora sim minha vida como treinadora já era! Vou ter minha licença cassada, serei mandada para um reformatório, meus Pokémon serão confiscados e vendidos no mercado negro, nunca poderei conhecer Ele pessoalmente, vou aparecer em um programa de notícias taxada como uma meliante terrorista, piorando a imagem que os conservadores tem de treinadores Pokémon jovens e que decepção para meus tios! Não vou ter como encará-los e eles nunca perdoarão minha atitude depois de toda a educação quem e deram! Mas se eu fugir agora só será pior porque eu serei capturada logo! Estou sem saída! Só me resta perguntar á Alice se ela conhece um bom advogado mas mesmo assim eu não tenho condições de pagar! E minha tia vai vender a casa para pagar os processos eu conheço ela....e depois teremos de viver de aluguel com meu tio tendo que trabalhar em dois empregos enquanto enfrentam o preconceito das pessoas por terem a sobrinha presidiária!”

— Eu arcarei com os custos do incidente, delegado.
  Crystal não acreditou no que acabara de ouvir. Encarou, estática, o empresário enquanto Alice sorria ao fitá-lo. O delegado grunhiu, olhando para o estrago.
— Bom, teremos que fazer uma avaliação mas não podemos deixar isso do jeito que está. Vocês! – ele apontou para dois policiais. – Começarão seu turno agora, certo? Coloquem uma faixa de isolamento e fiquem de vigia para que ninguém comece a criar tumulto!
  Era evidente que o delegado estava satisfeito em saber que a situação da destruição seria resolvida, mas não poderia abrandar facilmente diante da corporação.
— E quanto á responsável por isso?

    Crystal trincou. Inicialmente pensara que Alice exagerara sobre a conduta insistente da oficial Jenny sobre elas, mas pelo visto ela estava certa. Apertou as mãos uma na outra quando o delegado pousou os olhos em si, de modo que não viu quando Alice trocou um olhar com Lawrence, ainda segurando o braço do empresário.
— Não será preciso indiciar a garota sendo que eu estarei arcando com os custos afinal, indiretamente o ocorrido tem relação com o que havíamos combinado, delegado.. – a voz de Lawrence saiu calma. – Agora se nos dão licença, não posso ficar aqui o  resto da noite e elas irão comigo. Amanhã jfarei com que esse problema seja corrigido. Tenham uma boa noite.

^*^

E agora Crystal se via diante de uma ostentosa mesa de café da manhã de um hotel chique na presença de um dos homens mais poderosos do mundo.
  Era inacreditável.

  Ela observou em silêncio, as mãos sobre  colo para não perceberem que estava trêmula. Após terem chegado ao hotel, ela e Alice dividiram um quarto no Hotel Altaria, uma das redes de hotéis mais caras. Gostaria de conversar com Alice a fim de acalmar sua ansiedade mas a amiga acabou dizendo que queria dormir. Certamente isso tinha a ver com o fato de  seu tutor não querer  “dar continuidade ao que tinham de conversar”  no momento em que haviam chegado ao hotel.
De modo que, enquanto Alice dormia, Crystal  apenas ficou pensando em tudo que acontecera e do que poderia acontecer. Acabou cochilando já de madrugada e acordou sem chegar a qualquer conclusão. Agora ali,com fome mas receosa de pegar qualquer coisa na mesa e parecesse esfomeada, Crystal se perguntava o que o empresário exigiria dela como forma de retaliação por tê-la livrado de uma condenação.

— Caramba, esse queijo está mesmo bom! – Alice quebrou o silêncio, cortando a sexta fatia do queijo branco sobre a mesa. -  Não acha, senhor Lawrence?
   
   Crystal  não acreditaria se não estivesse vendo pessoalmente. O tutor de Alice, o qual ela elogiara e que garantira que resolveria o problema no momento em que foram detidas, pudesse ser ele. Bom, chegara a pensar que o tal tutor fosse uma pessoa poderosa e influente mas nunca que poderia ser, simplesmente, o legítimo  dono da Silph Co. e um dos maiores colecionadores de antiguidades do mundo.
  E isso não era pouca coisa. Na verdade era muita coisa.
  Muita mesmo.
   E Alice o tinha como seu tutor.
     Ver-se diante daquele homem, cujo empresa era responsável praticamente por toda existência e permanência de treinadores Pokémon  bem como tudo relacionado as criaturas, inclusive o desenvolvimento e produção de pokébolas, era algo impossível de acontecer para uma simples treinadora vinda do interior.

— Ei, Crystal! To falando com você!
— Hã...há, quem, o quê? – ela piscou, saindo dos próprios pensamentos.
— Eu perguntei  se você está sem fome, não comeu nada até agora. – falou Alice.
— É que...desculpa, eu...
  Crystal, constrangida,deu um gole na xícara de achocolatado e pegou um pãozinho recheado do cesto.
— Não faça cerimônia porque o café da manhã daqui está incluído na diária!

    Alice riu e voltou-se para Lawrence, que parecia absorto em verificar alguma coisa no celular.
— Sério que o senhor vai começar a resolver coisas de trabalho logo cedo?
  O empresário tirou os olhos da tela e olhou para a garota.
— Acaso tenha esquecido eu estou responsável por resolver o estrago ocorrido na delegacia.
— Não teria que resolver  e gastar com isso se não tivesse tramado para que a polícia me prendesse!
—  Eu não teria que pagar nada ao delegado por isso em vista do necessário aumento de investigações por conta do ocorrido na Radio Tower. Mas depois de sua amiga ter destruído uma parte da delegacia, eu precisarei arcar com os custos. – ele bebeu um gole de chá da xícara. – Antes que boatos comecem a surgir e se espalhem, o que poderia ser uma certa chateação.
— Hãn... eu...

  Crystal sentiu todo seu estômago se revolver quando Alice e Lawrence a encararam. Ela abaixou a cabeça e procurou falar logo, antes que ficasse tão envergonhada e nervosa que não conseguiria.
— Eu queria...pedir desculpas pela minha atitude. Jamais poderia imaginar e agi porque estava preocupada com a Alice. Eu nem sabia quem ela era de verdade! Eu...eu sinto muito por acabar tendo criado esse problema para o senhor, nunca foi minha intenção! Eu...eu posso pagar os gastos e o que for necessário!  Não tenho como pagar agora, mas posso ir pagando aos poucos! Posso até mesmo deixar minha jornada de lado e arranjar um emprego para isso! Prometo!

  Ela encarou o empresário, trêmula e envergonhada. A expressão de Lawrence continuou a mesma enquanto ele dizia, com naturalidade.
— Nem que a senhorita trabalhasse a sua vida inteira, conseguiria arcar com esse tipo de coisa. – ao ver a expressão pálida da jovem e a indignação de Alice, ele emendou. – Não quero e nem preciso que a senhorita pague o gasto que eu terei. Eu e o delegado de Goldenrod entramos em um acordo prévio e tanto a situação da parte da delegacia que foi destruída quanto a possibilidade de qualquer tipo de condenação contra você, será algo que já está resolvido.
— Em outras palavras. – emendou Alice. – Relaxa, que está tudo bem.
— Mas...eu..eu não posso aceitar que o senhor se prejudique por minha causa.
— Acha mesmo que eu me prejudico por algo mínimo assim?

  Lawrence retrucara com um certo descaso, de modo que Crystal apenas baixou os olhos, envergonhada. Claro que um homem poderoso, influente (e para não falar, extremamente rico) não teria qualquer prejuízo pelo que havia acontecido. A venda de algum artefato antigo em leilão já seria suficiente para cobrir os gastos.
   Mas para Crystal, sua educação e caráter não permitiam que ela apenas aceitasse aquilo. Cometeu um erro e achava justo arcar com ele mas também admitia que não queria ser presa ou impedida de continuar sendo uma treinadora.

— Acho que hoje poderemos aproveitar para arrumar tudo o que precisamos pra seguir jornada não é, Crystal?
— Á quanto tempo se conhecem?
    Diante da pergunta do empresário, Alice e Crystal trocaram um olhar e a primeira respondeu com naturalidade.
— Há dois dias.
— ...o quê?!

  Crystal teve quase certeza que uma discussão acalorada começaria ali e apenas bebeu mais um gole do achocolatado.
— Não precisa ficar espantado. A Crystal é uma pessoa de confiança e caráter.
— ...como pode ter tanta certeza disso se a conheceu apenas há dois dias?
— Eu a salvei antes de uma situação complicada...e enquanto eu fiquei presa e nas mãos daquela oficial Jenny pistola, ela foi liberada mas se arriscou para me salvar porque temeu que eu poderia estar em risco! Isso para mim já é uma demonstração de caráter e amizade! Tenho amigos de anos que não fariam por mim o que ela fez!
— Você realmente não vai mudar com relação á essa ideia de sair em jornada Pokémon pelo mundo.

  Embora ele mantivesse a calma, era perceptível uma certa irritação no tom de sua voz.
— Como já é maior de idade, possui liberdade para decidir por si mesma. – ele continuou. – Cabe á  mim, como seu tutor, apenas tentar lhe aconselhar e repensar. Mas acho que isso seria uma perda de tempo e uma repetição do que havíamos conversado na primeira vez.
— Eu sabia que você iria apoiar no fim das contas!
  Alice colocou sua mão sobre a dele na mesa e, ao perceberem, recuaram.

—  Eu não disse que estou apoiando mas evidentemente que você não mudará de ideia, de modo que posso aceitar contanto que eu seja informado sobre algumas coisas. Qual é o seu nome, mesmo?
— Hah...eu...eu sou Crystal Marine! Sou natural de New Bark, treinadora Pokémon e já viajei por Hoenn competindo na Liga Pokémon de lá, onde fiquei na 13ª posição no ano em que competi! Decidi começar em uma região diferente da minha por escolha pessoal e é um prazer conhecê-lo! Eu admiro muito todo o trabalho da Silph Co! Os produtos são incríveis, sempre estou acompanhando os lançamentos mesmo não tendo como adquirir todos os tipos de coisas que a empresa produz eu acho que posso falar em nome de todos os treinadores que se não fosse pela Silph Co, não teríamos como permanecer como treinadores Pokémon!

  Crystal voltou a respirar quando terminou e diante do olhar levemente surpreso dos dois, ela se retraiu, envergonhada.
— Eu não falei que a Crystal era uma pessoa gentil e de caráter? Não tem com o que o senhor se preocupar!
— ...já que irão partir em jornada juntas, devo  propor duas condições. – ele colocou o garfo sobre o prato em que terminara de comer a fatia de bolo. – A primeira é que me informe onde está, para onde pretende ir. Não lhe é problema algum me ligar ou mandar mensagem. Você sabe muito bem quem é e os riscos que podem ocorrer. Seja prudente e cautelosa.

  Alice apenas abaixou os olhos e controlou a vontade de pegar mais um pedaço de queijo .
— A segunda é que eu realmente espero que essa jornada, seja realizada entre Kanto e Johto.
   Ambas perceberam que aquilo não era apenas uma opinião, mas uma ordem.
— No mais, façam como quiserem. Mas acredito que o que peço é o mínimo e não lhe será uma sacrifício tampouco uma perda de liberdade de ir e vir. Até porque,como sua amiga já viajou para Hoenn, Kalos está passando por um momento político atribulado, Sinnoh está caótica após o tsunami e Unova é longe demais, não vejo opção melhor para o crescimento de uma jovem treinadora Pokémon do que aqui em Johto e Kanto.
— Unova é um local bem interessante....
— Um dia, quem sabe, você possa se aventurar por lá, mas no momento, é melhor ficar pela região. Deve ir com calma em seus impulsos, Alice. – ele guardou o celular no bolso. – A conversa, por hora, termina aqui. Preciso me reunir com o delegado e depois ir á filial da Selph Co. em Goldenrod. Deixei o hotel reservado por mais esta noite então trate de começar sua jornada, apenas amanhã.

    Ele se levantou e Crystal pôde notar que a altura e robustez de Lawrence aliado ao terno cinza que usava o tornavam imponente. Ele fechou um dos botões do terno e após se despedir de Alice, saiu do local.
     Alice observou o empresário até que ele sumisse de vista e então se voltou para Crystal.

— Certo, estou preparada para seu interrogatório. – ela começou, com um sorriso constrangido.
— Bom... – Crystal parou de cortar o pãozinho  no prato. – Realmente tem muita coisa que eu gostaria de perguntar e saber, tanto é que nem sei por onde começar. E confesso que ainda estou meio em choque com tudo que aconteceu ontem.
— Imagino...Mas olha, antes de começar a responder e explicar tudo, eu gostaria de lhe compensar toda essa tremenda confusão!  Você já conheceu o Goldenrod Dept. Store?
— Hãn...não. Mas já ouvi falar muito dele, é um verdadeiro paraíso de consumo para treinadores Pokémon.  
— Então, o que achar de irmos até lá  para você conhecer e aproveitar para fazermos algumas comprinhas?

  As preocupações e dúvidas de Crystal se dissiparam naquele momento e seu rosto se iluminou.
— ...sim!
  Fosse a dúvida que tivesse, poderia esperar pela resposta em prol de conhecer a maior loja de artigos e utensílios para Pokémon e treinadores.

~*~


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Notas finais do capítulo

Terminando o capítulo aqui...
Recentemente, por conta da situação de extremismo que estamos vendo no país, fui praticamente descartada por uma pessoa pela qual eu tinha imensa consideração simplesmente por não ter o mesmo ponto de vista e posicionamento que ela. É assombroso ver até onde a intolerância inflamada por um radicalismo do momento pode e está causando nas pessoas. No momento e na época que as pessoas deveriam ser mais unidas e empáticas, elas estão tendendo a se tornarem intolerantes.Por isso, pensem bem antes de serem tão taxativos em cima dos outros. Porque depois, é possível que não dê para remendar o que foi partido.

Por favor, peço que deixem aqui seus comentários, críticas construtivas, sugestões e opiniões acerca da fanfic! Não lhe tomará quase nada de tempo e ajuda muito o autor! ;)
Nos vemos em breve!



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