A Lenda de Cristal escrita por Tsu Keehl


Capítulo 5
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Olá, de novo, leitor(a)!
Antes de começar a ler, gostaria que lesse aqui.

Peço desculpas pela sutil demora em atualizar a fanfic, mas tive alguns compromissos e contratempos que acabaram atrasando a criação deste capítulo. Quando dei por mim, ele havia levado mais tmepo para ser escrito do que tinha imaginado.
Foi o primeiro capítulo que precisei fazer uma lista de possíveis cenas que colocaria. Algumas tiveram que ficar de fora, sendo substituídas por outras que me veio ideia no momento em que escrevia.

Quero agradecer imensamente á todos os que estão apoiando e acompanhando a história. A presença de vocês é um fator de suma importância para eu dar continuidade. Agradeço aos comentários aqui, no inbox, pelo face...obrigada á aqueles que deixaram recomendações. Isso é muito importante para mim! ♥

Quero também aqui agradecer ao meu primoso Raven, que me ajudou (até mais do que ele pensa) na parte da batalha pokémon, coisa da qual pouco entendo. Certamente pedirei sua ajuda mais vezes nesse quesito.

Enfim, por hora é isso.
Uma boa leitura!



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~*~

  A cidade de Saffron é uma das cidades mais notórias da região de Kanto, dotada de um dos ginásios mais temidos pelos treinadores: o ginásio de Pokémon Psíquicos, comandando pela líder Sabrina. Tal ginásio, além de contar com árduo treinamento para treinadores que buscam se especializar em Pokémon psíquico, possui também um centro de treinamento que visa explorar e trabalhar habilidades psíquicas diversas em humanos.

  Embora contenha o ginásio com tais atividades, que causam uma divergências de opiniões e acirrados debates nos mais diversos círculos sociais e até mesmo uma opinião conflitante entre os próprios cidadãos, Saffron é uma cidade extremamente importante economicamente, principalmente por nela residir a matriz da Silph Co, a mais importante empresa do mundo.
  Com a construção da Silph Co, Saffron se tornou a cidade onde empresas, indústrias e firmas optam por fixarem suas bases, prédios administrativos e centros de distribuição. Isso tornou Saffron uma verdadeira “metrópole financeira”.

   O comércio em Saffron também é imenso, ultrapassando Celadon (que até então era a maior metrópole comercial de Kanto)  nos últimos anos. Com a união de empresas e comércios, a população de Saffron tem crescido exponencialmente e para comportar todos, a cidade possuí uma infinidade prédios comerciais, residenciais, edifícios e hotéis e instituições de ensino profissionalizantes. O aeroporto e o heliporto da cidade é um dos maiores do mundo e a estação de metrô é frequentada por milhares de pessoas diariamente. Se você procura por emprego ou uma chance de crescer profissionalmente, obter isso em Saffron é praticamente garantido.

   Basho desceu do táxi e se viu diante de um dos hotéis mais caros e majestosos de Saffron. Com uma mala em mãos, ele adentrou no hotel, tirando os óculos escuros e o guardando no bolso do terno preto que usava.

  O hall do hotel era imenso e muito bem arejado. O  piso estava tão bem encerado que era possível ver o próprio reflexo. A iluminação era na medida certa e isso aliado á limpeza extrema do local, com algumas decorações delicadas e harmoniosas, mostravam todo o requinte do hotel.
  No balcão de atendimento era possível  ver o nome do hotel e seu logo finamente esculpidos no mármore. Atrás dele, duas atendentes devidamente impecáveis, recebiam e orientavam os hóspedes.

— Bom dia, seja bem-vindo ao hotel Dorian. Eu sou Michele, em que posso ajudá-lo?
— Tenho uma reunião marcada na suíte setenta e sete.

  A funcionária digitou algo no computador e ao constatar algo na tela, chamou a outra atendente que ao ver, disse que poderia dar continuidade.
—  ...não é necessário a identificação? – ela perguntou a outra.
— Nesse caso, não. É código S. Sempre que for assim, não é necessário nenhum procedimento.
  A funcionária voltou-se para Basho com um sorriso educado.
—  O senhor pode prosseguir. Sétimo andar, terceira porta á direita. O elevador é aqui á esquerda. Tenha um bom dia.

    Basho apenas assentiu e se encaminhou para o elevador. Quando chegou ao sétimo andar, notou o tapete vermelho  ao longo de todo o corredor. O corredor era largo e silencioso, sem qualquer decoração exceto as paredes em textura. Seus olhos estudaram o local á procura de câmeras. Notara somente uma no elevador e, percebeu que esta não permitia que se visualizasse o painel para selecionar o andar.

  O hotel era especializado em servir aos hóspedes acesso á reuniões e encontros de forma confidencial e secreta, caso eles assim desejassem. Basho caminhou ate a porta de número 77 e como combinado, deu três toques na porta, abrindo-a .

    O quarto que entrara era uma suíte presidencial. O tamanho, luxo e requinte dela era melhor do que os demais quartos. A decoração remetia ao estilo vitoriano, com um excesso de móveis e objetos de decoração que não havia nas alas comuns do hotel.  Diferente de um quarto de hotel comum, aquele quase parecia um apartamento e na certa era muito maior do que os apartamentos comuns. Uma grande mesa de vidro estava no centro, sobre um tapete marrom e, mais á frente, duas poltronas uma de frente para outra, tendo uma mesa de centro entre elas e um aparador ao lado de cada poltrona. Na mesa de centro, um narguilé de vidro vermelho fora colocado mas o carvão que fazia com que o fumo queimasse já estava apagado, embora o aroma ainda permanecesse no ar. Menta, talvez? No aparador de uma das poltronas, uma garrafa de vinho e uma taça.

— Pontual como sempre.

  Sentado na poltrona estava aquele que era considerado como um dos homens mais ricos e influentes do mundo, cujo poder atingia todos os continentes. Apenas a presença dele era suficiente para fazer empresários, políticos e qualquer pessoa agir com receio.
  Mas Basho não tinha receios. Para ele, aquela pessoa era somente um contratante e que precisava Dele para obter o que trouxera dentro daquela mala.

— Não gostaria de beber alguma coisa? Há diversas opções aqui mas eu particularmente aprecio um bom vinho Chianti.

   Basho colocou a mala sobre a mesa de vidro, em silêncio.
   O homem então se levantou. Ele era notavelmente mais alto e forte que o rapaz  e usava um sobretudo preto de tecido fino por cima dos trajes sociais. Os cabelos louros acinzentados eram curtos e bem aparados, penteados para trás; um discreto brinco de prata na orelha esquerda lhe davam um toque de vaidade no rosto bem proporcionado que o tornavam belo. Seus olhos, que lhe davam um semblante sábio e calmo, eram de uma coloração azul acinzentados: uma prova irrefutável  e tradicional da sua nobre linhagem familiar.

— Teve dificuldades para obter o artefato?
— ...não.
— Fique tranquilo. – a voz do outro era mansa. – Este lugar é perfeito para tratarmos de negócios. Como certamente pôde ver, não há câmeras nesse andar e por conta da minha posição, exigi total confidencialidade do hotel. Aqui é muito mais seguro e livre de suspeitas do que encontros em usinas abandonadas. Ainda que estejamos tratando de negócios ilegais, prefiro tratar em um ambiente compatível com o nível desse nosso negócio. Não precisa se preocupar, sua organização não irá saber.
— Pouco me importo se a Equipe Rocket sabe ou não o que faço. Meu nível permite que eu aja livremente e como bem desejar e não devo satisfações a ninguém ali.
— E quanto ao seu parceiro de trabalho?
— Embora seja um agente de elite, Buson compartilha da mesma opinião de que nosso nível na Equipe Rocket permite que possamos agir sem nos prestar a dar satisfações a superiores.  Ele está de comum acordo sobre isso, obtivemos o artefato juntos.
— E por que ele não está aqui?
— Eu sou o responsável pelas transações e acordos.
— Entendo...além do que seu parceiro de trabalho não sabe de seu outro trabalho dentro da Equipe Rocket.

  Os olhos de Basho se estreitaram sutilmente mas ele não disse nada.
—  Eu não tenho o dia todo para conversar, senhor Lawrence.

    A forma como dissera “senhor” fora carregada de um desprezo velado. Lawrence pareceu não se importar, circundando a mesa até que ficasse de frente para Basho. Este então girou o segredo da mala ergueu as travas e a virou para o empresário antes de abri-la.
    Ao se deparar com o que havia no interior da mala, a sombra de um sorriso de satisfação passou por seu rosto.

  Lawrence III além de poderoso e influente empresário, era também um colecionador. Devido a sua fortuna abastada em constante crescimento, ele podia se dar ao luxo de adquirir praticamente tudo que quisesse.   Por conta disso, se tornara um dos maiores colecionadores do mundo, E dentre muitas coisas que apreciava colecionar, artefatos históricos relacionados á Pokémon considerados lendários, era os que mais apreciava.

    Após vestir um par de luvas cirúrgicas que mantinha em um dos bolsos do casaco, ele retirou o recipiente de vidro e o colocou sobre a mesa com cuidado. Os gestos de Lawrence eram sempre elegantes e mesmo coberto pela luva, Basho sabia que aquele anel de rubi que o empresário usava valia uma pequena fortuna.
  Ele não pouparia despesas para adquirir qualquer artefato histórico que o interessasse. Desde que fosse legítimo.

— ...esplêndido... – murmurou Lawrence. – Nosso acordo me permite saber onde o conseguiu.
— Estava na biblioteca nacional de Canalave.

  Ao ouvir o nome, Lawrence crispou os lábios, em uma discreta mas clara demonstração de desagrado.

— Interessante. E o curador da biblioteca me garantiu que não possuía qualquer artefato referente ao Período Perdido Ilexiano...e quantas doações fiz para aquele lugar ... Acho que precisarei lembrá-lo sobre honrar acordos.

   Um pensamento sobre o problema que o curador da biblioteca de Canalave teria não apenas acerca do roubo do artefato mas  principalmente por não cumprir com o combinado entre o colecionador, foi algo que passou na mente de Basho.  Se fosse sábio, o curador da biblioteca pediria demissão e sumiria pelo mundo antes que sua imagem pública e posses fossem destroçadas pelos motivos que o empresário quisesse relatar.

— Essa é, realmente, uma das partes que mais aprecio nesse poema.
   O colecionador passou cuidadosamente os dedos na escrita cuneiforme. Sua experiência o permitia saber facilmente quanto um artefato era original e não uma cópia.

— Eu não tenho o dia todo.
— Pensei que ao contrário do seu comparsa brutamontes,  você fosse um apreciador  e entendedor de arte e história.
— Aprecio e entendo mas tenho assuntos a resolver. Além do que, não é prudente perder tempo demais aqui.

  Lawrence se afastou da mesa, retirando as luvas e indo até um outro ponto da sala, retornando com uma maleta quase do mesmo tamanho e tipo da que Basho trouxera. Colocou-a sobre a parte disponível da mesa.
  Basho abriu as travas da maleta, observando os montes de dinheiro devidamente separados na mesma.

— Fique á vontade para conferir, caso ache necessário.
  Basho assim o fez e Lawrence apenas disfarçou uma expressão de descrédito e  voltou atenção ao artefato.

   Passaram-se alguns minutos, cada qual verificando o resultado do trabalho acordado. Em um determinado momento, Lawrence verificou algo no celular no momento em que Basho colocou o último maço de notas na maleta e a fechou.

— Acredito que estamos devidamente acertados.
— ...claramente. – Lawrence tornou a guardar o celular no bolso. – Entretanto, antes que saia, gostaria de uma última informação.
  Basho o encarou, sério.

— Há outro artefato que poderia te interessar?
— Há muitos artefatos que me interessariam,  mas não é este o caso. Eu tenho alguns...contatos, que assim como eu, têm interesse em obter certas... informações da Equipe Rocket. E já tive provas deque sua fidelidade para com a organização se mantém até o ponto que é vantajoso para você.

  Alguns segundos de silêncio antes de Basho falar.
— Informações sobre isso têm um preço.
— ..e que será pago.
   Basho se reaproximou  da mesa.
— De que tipo de informação precisa?

   Lawrence não falou de imediato, ponderando no que dizer.
— Há...suspeitas sobre coisas que aquele que está no poder agora na organização Rocket, esteja fazendo.  Coisas estas que estão, aparentemente, relacionadas de alguma forma com uma parte disso.

  O colecionador  indicou o artefato que Basho trouxera. O agente não demonstrou emoção, embora já soubesse de algumas coisas, investigadas por vontade própria.

— ...esse tipo de informação é extremamente arriscada de se obter.
— Impossível de se conseguir?
— Não para mim. Mas não sairá barato.
—  Evidente. – o empresário gesticulou. – Faça suas exigências e irei avaliar o que poderá ser mantido ou alterado em um acordo, para ser benéfico e justo para ambas partes. Discutiremos isso em outra reunião, tenho coisas particulares a resolver agora.
— Entrarei em contato em breve.

    Sem dizer mais uma palavra, Basho saiu do local enquanto Lawrence voltava-se para o artefato, colocando-o cuidadosamente na maleta, satisfeito. Aquele estava começando a se mostrar um ótimo dia. Ficaria melhor assim que fosse em Goldenrod trazer de volta aquilo deveria ficar sempre ao seu lado.

~*~


— Aron, finalize com Headbutt, força total nele!

  O pequeno Pokémon metálico disparou com velocidade na direção do Sentret enfraquecido, atingindo-o  na barriga com uma cabeçada violenta. O outro Pokémon rolou pela terra e ainda tentou se erguer, mas o golpe  fora forte demais e ele se deixou cair, derrotado.

— Ganhamos, Aron!! - Crystal exclamou, se ajoelhando ao lado do Pokémon e acariciando sua cabeça. – Você batalhou muito bem, estou orgulhosa!

  Com o término da batalha, o outro treinador recolheu seu Sentret nocauteado e se aproximou de Crystal com a pokégear em mãos. Ela pegou a própria pokégear e ligando o Wi-Fi, o outro treinador efetuou a transferência do valor combinado de 35 pokédolars para a conta de Crystal.
    Após se cumprimentarem com um aceno da cabeça, o treinador se afastou e Crystal deu uma boa olhada ao redor, observando vários treinadores Pokémon batalhando entre si ao longo de todo o local, nas arenas demarcadas para isso.

  Os Centros de Treinamento Pokémon eram locais desenvolvidos única e exclusivamente para que treinadores batalhassem entre si junto de seus pokémon, para adquirirem experiência e treinar seus monstrinhos.  Praticamente toda cidade que possuísse um ginásio filiado á Liga Pokémon, mantinha Centros de Treinamento desse tipo, que eram financiados pela Silph Co. , Liga Pokémon e a prefeitura de cada cidade, além do próprio Ginásio Pokémon.
   Para entrar no local, só era necessário pagar uma pequena taxa que permitia o uso do local durante todo o período de funcionamento do Centro. O local ainda possuía um pequeno guichê com algumas pokébox  ao lado de uma cantina.

    Já era quase meio-dia e  o sol ia alto. Crystal enxugou o suor da testa e viu Alice se aproximar, que se protegera dos raios de sol com um guarda-chuva preto.

— Tá mandando bem nas batalhas, hein?  Desde que chegamos você não perdeu nenhuma batalha!
— O nível dos treinadores aqui não está complicado mas... – ela olhou para as próprias pokébolas. – Meus Pokémon já estão meio cansados. E acho que você está entediada só de assistir, né?
— Ah de modo algum. É divertido ver!
—  Por mim, eu ficaria o dia todo aqui...mas preciso ir até o Terminal, comprar passagens para Olivine. Com essas batalhas, já consegui dinheiro pra ir até Sinnoh e ainda sobra um pouco.
— Com licença. – um rapaz negro de dreads se aproximou. – Vi sua última batalha...aceita uma dois contra dois?
— Vou deixar vocês batalharem á vontade. – falou Alice. – Crystal, tô sentada ali na arquibancada, boa sorte!

  Ambos treinadores tomaram suas posições. Uma regra do centro de treinamento era que se fosse desafiado por um treinador, deveria manter na primeira batalha, o Pokémon que usara na última, se ele ainda tivesse condições de lutar.
  Embora tivesse participado de batalhas e sua energia estivesse um pouco baixa, Aron mantinha o vigor, demonstrado pela forma como ele raspava as patas dianteiras na terra. O treinador desafiante, entretanto, iniciou a batalha com um Wartortle.
  Crystal crispou os lábios. Além de ter vantagem contra Pedra, aquele Wartortle estava cheio de energia.

— Muito bem Aron,  Mud Slap!

 O Pokémon avançou e disparou o golpe, mas Wartortle desviou rapidamente, armando o contra-ataque com Bubbles que afetou significativamente o pokémon. Mas antes que Crystal pudesse trazer o Aron de volta, o Wartortle usou Water Gun, derrotando Aron completamente.

— Muito bem... - ela murmurou. – Vamos botar pra quebrar, Ampharos!
  Ela lançou uma Greatball, de onde surgiu seu Ampharos.
— Ampharos, use  Thundershock!!

   O Pokémon que parecia um pequeno dragão amarelo se concentrou e um feixe de luz atingiu o Wartortle em cheio, nocauteando-o de imediato (pequenas fumacinhas pareciam sair do Pokémon).

— Esse outro aqui não vai ser tão fácil.
  Assim que falou, o outro treinador jogou a pokébola, dela surgindo um Sawk.
— Uau! Nunca vi um desses!
  Crystal pegou a pokédex, registrando Pokémon do tipo Lutador.

— Sawk, parte pra cima usando Karatê Chop!
— Ampharos, desvia e fica atento!

    A batalha se mostrou equilibrada. Ambos Pokémon estavam praticamente no mesmo nível e ambos haviam participado de outras batalhas no centro de treinamento. Ampharos tentou atacar com Thundershock, mas a agilidade de Sawk lhe permitiu desviar, e tornar a atacar com Karate Chop, que infligiu mais danos ao dragão elétrico. Quando o Sawk saltou para desferir um chute na cara de Ampharos, o Pokémon amarelo moveu-se com agilidade, colocando sua cauda contra a pata do Pokémon lutador. A estática afetou o Sawk, que conseguiu saltar para trás, mas sentiu os efeitos da paralisia.

— Mandou bem Ampharos, agora vai com tudo! Thundershock!

   Ampharos urrou e uma grande quantidade de eletricidade emanou dele, disparando na direção do oponente em um jato de luz dourado.
  O Sawk recebeu a carga elétrica, mas a suportou bem, embora fosse evidente que o ataque o afetara. Ampharos não perdeu tempo e obedecendo Crystal, mandou mais um Thundershock, já que o oponente estava paralisado.
— É isso aí!! – comemorou Crystal indo abraçar o pokémon vitorioso.

— Mandou bem...meu Sawk estava em um nível alto, pensei que teria vantagem mesmo contra um elétrico. – falou o rapaz. – Seu Ampharos é bem legal.
— Eu nunca tinha visto um Sawk de perto, seu Pokémon é demais!

   Crystal não sabia como continuar e notou o olhar meio interessado do treinador em si, mas ela se limitou a colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Bom...acho que tenho de te pagar. – ele falou.

  Ambos aproximaram as pokégears, fazendo assim a transferência de dinheiro.
— Feito!  E hã...tem Pokébook?
— ...tenho sim.
— Poderia me passar? Digo...de repente podemos trocar informações sobre Pokémon e quem sabe marcar de batalhar se estivermos na mesma cidade.
— Cla-claro, sem problemas.

  Após trocarem contatos e se despedirem, Crystal se aproximou de Alice, que a olhava com um sorriso maroto.
— Arrasando não apenas os Pokémon, mas corações também, hein?
— Quê?! – o rosto de Crystal se avermelhou. – Na-nada disso!
— Não precisa ter vergonha se rolou um climinha! Ele é bem bonito!
— Não rolou clima nenhum...e vamos logo , preciso passar no Centro Pokémon para tratar meus Pokémon antes de irmos para o Terminal!

~*~

  
    Assim que saiu do hotel, Basho caminhou por algumas quadras, misturando-se ás pessoas que  andavam pela rua. A cidade de Saffron tinha sempre aquela atmosfera densa e opressora, como se sempre houvesse uma força muito maior pairando na cidade, a estudar a mente de cada ser vivo.

  Basho não acreditava naquilo. Era tudo uma história para aumentar a aura mística e conspiratória da cidade devido ao ginásio de Pokémon psíquicos e seus estudos sobre o poder do cérebro humano. Os inúmeros edifícios, empresas, indústrias e a quantidade exorbitante de veículos, contribuíam para uma aparência “mecânica” da cidade, reforçando aquela sensação de uma política de era industrial.
  Mas independente das histórias sobre Saffron, Basho não gostava daquela cidade. Nem um pouco.

   Sabendo exatamente para onde ir, Basho se afastou das ruas principais, avançando por ruas mais estreitas e aos fundos de alguns edifícios. E franziu as sobrancelhas quando percebeu que não havia nada nem ninguém  no local que havia combinado mas antes que pensasse em reclamar mentalmente, um automóvel prata se aproximou devagar ao seu lado, piscou as lanternas e parou logo á frente. Com uma rápida olhadela ao redor, Basho abriu a porta traseira do veículo e entrou.

— Dessa vez cheguei em cima do horário. – falou Buson ao volante. - Demorou um pouco para liberarem o carro mas...
— Não fique com o carro parado aqui.

  Buson engatou a marcha e seguiu pelas ruas até chegar á avenida.
— E então, deu tudo certo?
— Evidente.

   Basho abria a maleta, colocando metade do dinheiro já previamente separado, em uma mochila preta e a outra metade em uma mochila marrom.
— Para onde vamos agora? – indagou o loiro. – Enquanto você estava resolvendo isso, recebi ordem da chefia para irmos até a base. Tô achando que vão nos dar missões diferentes, melhor depositarmos essa grana logo!
— Não aqui. Safrron possui uma base Rocket e diversos agentes de patente inferior infiltrados em diversos locais daqui, principalmente nos bancos. E eu já palestrei para alguns agentes. Vamos para Celadon. Será mais fácil depositar e desviar esse dinheiro por lá, em centros de criação.
— E depois?
— Voltaremos para cá e pegaremos o avião até Goldenrod. Será bom fazermos isso em apenas dois dias, pois pensam que ainda estamos em Sinnoh.

   Aquilo seria corrido e cansativo, pensou Buson. Mas o melhor era concordar afinal, Basho sempre sabia o que era mais eficaz a ser feito.
   Após fechar as mochilas, Basho se recostou no banco, pegando o celular.

— ...e como foi com o cliente? Ele vai querer mais alguma coisa?
— Se tivesse ido junto, saberia.
— Eu não! Não gostei daquele rico entojado na primeira vez que bati meus olhos nele!
— Ele cumpre com o combinado e só isso que importa. – Basho falou, sem tirar a atenção do celular. – E ele certamente entrará em contato quando precisar que obtenhamos algo.

   Aquilo pareceu satisfazer Buson e ele não disse mais nada, exceto algum comentário aleatório de como “ iria pegar um pouco de sua parte do dinheiro e usar com algumas dançarinas de boate”, que Basho ignorou completamente.
  O que importava  a Basho agora era o trabalho seguinte proposto por Lawrence, era algo que Basho optava por descobrir sozinho. Obter informações sobre certas coisas que estivessem acontecendo na camada mais obscura da Equipe Rocket era algo que ele também desejava descobrir.

   Havia alguma coisa acontecendo desde que uma certa pessoa obtivera privilégios e autonomia total em circunstâncias deveras intrigantes dentro da Equipe Rocket. E os atos dessa pessoa estavam começando a parecerem intrigantes.

~*~

  O grande Terminal Goldenrod era realmente de tirar o fôlego. O projeto do governo de Johto fora ousado e a prefeitura de Goldenrod investira pesado na estrutura e eficiência do mesmo.
   A quantidade de pessoas que iam e vinham era enorme, com todos apressados e focados nos caminhos que precisavam tomar para seus afazeres e compromissos.

   Crystal olhou ao redor amedrontada com a velocidade com que aquelas pessoas se movimentavam, como se fosse um verdadeiro formigueiro humano. As placas fixadas ou suspensas ao longo do local indicavam onde descer ou subir para pegar o metrô para determinado terminal, as estações iniciais/finais dos trens e ainda a parte rodoviária a qual dava acesso aos ônibus fretados para outras cidades e ônibus circulares para locais dentro de Goldenrod.
  Ao longo do terminal Goldenrod, havia ainda inúmeros comércios; lanchonetes, lojinhas de doces e salgadinhos, revistaria, loja de presente, farmácia e até mesmo um pequeno PokéMart funcionavam ali dentro.

  O barulho do local era contínuo e diante de tanta informação, Crystal permanecia imóvel próximo ás catracas tentando desviar de um ou outro civil apressado ou carregando bagagens. Nos poucos minutos que estava ali parada esperando, se deixou observar as pessoas que iam para lá e pra cá.
  Foi então que, de súbito, um corpo grande vestido de preto chocou-se contra Crystal, fazendo-a se desequilibrar e quase ir ao chão se a pessoa não a houvesse segurado.

— Me desculpe!
— Hãn...tu-tudo bem...

   Crystal não terminou a frase, concentrando sua atenção no pingente prateado em forma de dragão tribal com uma minúscula pedra de rubi no lugar de cada olho, que pendia de uma corrente que o homem usava no pescoço. Ela ainda pôde sentir o perfume que ele emanava, que de imediato a remeteram a florestas de pinheiros que margeavam montanhas geladas.
   Quando ela ergueu os olhos para ver o rosto do homem,  pensou ter notado alguns fios de cabelo em um tom ruivo quase vinho, mas ele já lhe dera as costas, caminhando apressado enquanto ajeitava o capuz do casaco sobre a cabeça e se misturava ás pessoas apressadas que iam e vinham.

   Seria possível que fosse....Ele?

   O coração de Crystal acelerou e no segundo em que se impulsionou para segui-lo, Alice surgiu á sua frente, com um sorriso e dois cones de papelão nas mãos.

— Desculpa a demora! O atendente foi mais lerdo do que pensei para colocar as coxinhas no cone! Eu tive de repetir três vezes que um era com metade coxinha de calabresa, metade de queijo e metade de frango e o outro cone era metade frango, metade queijo com carne e metade frango com catupiry. Ele ainda atendeu com má vontade por conta disso mas se ficar misturando as coxinhas no cone dá trabalho então porque ele mantém essa opção para os clientes e...você está bem?
— Hãn...hah sim, sim! – Crystal murmurou, voltando a atenção para a outra – Eu só pensei ter visto uma certa pessoa, mas certamente foi só engano.
— Com o tanto de gente que passa por aqui, é normal se deparar com conhecidos.
— Mas a pessoa que pensei não andaria por aí assim, foi só impressão mesmo! – ela pegou o cone. – Valeu por buscar p Ra mim.
— Que isso! Valeu por pagar o lanchinho. Aqui seu troco.
— Esse petisco é o mínimo que posso fazer para agradecer pela noite no hotel.
— Isso soou com duplo sentido!
  As duas riram.

— Então... – falou Alice após comer duas coxinhas. – Para onde pretende ir agora?
— Minha intenção inicial é começar uma jornada Pokémon em Sinnoh. Só que embora de avião seja mais rápido, é mais caro. Pensei em ir até Olivine e pegar um navio para Sinnoh. Mas... – ela sorriu constrangida, ajeitando a mochila nas costas. – Esse terminal é tão grande que estou meio perdida.
— Não se preocupe! – Alice comeu mais uma coxinha.- Por sorte você está comigo e vou te dar uma aulinha básica sobre as linhas de metrô de Johto!

   Elas foram até um grande painel colocado em uma das paredes onde havia um mapa com todas as linhas e estações.

— Como você sabe, Johto possui um dos maiores sistemas de metrô do mundo! Pois bem, Goldenrod tem o maior terminal e dele você pode pegar o metrô ou trem para qualquer região de Johto que quiser!
   Crystal sorriu diante da animação de Alice ao explicar e foi devorando as coxinhas enquanto ouvia.

— Cada linha de metrô  tem uma cor e elas servem para identificar qual percurso e linha cada estação faz e pertence!  - Alice explicou, apontando no mapa. – Para andar aqui pela cidade, é a linha Yellow. A linha Red é a mais extensa, o ponto final dela é Blackthorn. A linha Green é a que  vai pelo interior, até Ecruteak. Tem também a linha Purple, que  passa por Azalea. Mas é a linha Blue que abrange as linhas litorâneas e vai até Olivine.

  Alice foi até a lateral do mapa, pegando um folhetim.
— Fique com um desses, Ele contém mapas de todas as linhas e estações.
— Se não me engano, a Pokégear tem um aplicativo desse tipo.
— Tem, mas você já tentou  ativá-lo? Nem tente!  Essa porcaria só dá pau, consome os dados móveis e a bateria...eu fiz a besteira de  usar algumas vezes e toda vez quase ferrava com minha Pokégear. Use o folhetim que acaba sendo mais prático.
— Valeu... – Crystal guardou o folhetim na bolsinha á tiracolo. - Então, borá para Olivine!
— Tem certeza de que não quer ficar mais um pouco em Goldenrod? Tem tanta coisa aqui que eu queria te mostrar e sei que você iria amar! E você precisa participar do Pokéatlhon!
— Eu também quero mas é que...preciso retomar minha jornada...
— Faça-a entre Kanto e Johto!
— Eu não sei se estaria preparada já para enfrentar a Elite 4 daqui...
— Pode não estar agora, mas até reunir as 8 insígnias de cada região, mais a experiência que vai ter ao longo da jornada por aqui, certeza que pode competir! 
— Bom...
— Faz o seguinte...vai pensando á caminho de Olivine. Como estarei indo com você, ao longo do caminho posso te dizer as vantagens para retomar sua Jornada Pokémon por aqui!

  Ao ouvir, Crystal encarou a outra, que engolia a última coxinha.
— E não precisa comprar a passagem dessa vez! – ela mostrou um cartão. – Eu tenho aqui o Único Bilhete  e ele tá bem carregado porque eu raramente uso.  Então está tranquilo, vamos!

  Mas antes que as duas pudessem atravessar as catracas, dois policiais se aproximaram.
— Com licença, senhoritas.
— Hum, sim?
— A senhorita é Alice Liddel, correto?
— Sou... – murmurou a garota. – Como sabem....
— A senhorita está detida e terá de nos acompanhar até a delegacia.
— O quê? – Crystal se interpôs.- Mas por quê?
—  Temos ordens expressas para detê-la e levá-la.
— Mas do que ela está sendo acusada? Temos o direito de saber! – rebateu Crystal, enquanto os policiais já cercavam a outra.
— Se tentar resistir será pior, mocinha. – um dos policiais colocou a mão á frente de Alice.
— Mas...eu não fiz nada!
— Não é isso que nos foi passado. E pelo que nos informaram, você sabe muito bem porque está nessa situação.  
— Eu não sei de nada, não! Isso é calúnia e não toquem em mim!
— Se resistir terei que algemá-la, é isso que você quer?

  Uma policial Jenny se aproximou das duas e enquanto Alice reconhecia aquela Jenny como sendo a mesma oficial  que tentara impedi-la de entrar em Goldenrod, Crystal notara que algumas pessoas na estação já começavam a se atentar pelo que estava acontecendo.

— ...não pode me tratar com grosseria!
— Por quê? – a oficial colocou ambas mãos na cintura. – Vai usar sua tática do “você sabe com quem está falando?”

  Alice lançou um olhar repleto de ódio para a policial.
— Se eu usar, você vai estar ferrada...
— Além de ter sido dada como desaparecida, fomos notificados sobre você por denúncia de furto, agressão, documentação adulterada, invasão de propriedade privada, dano ao patrimônio público, provocar um incêndio usando seu Pokémon...e está detida agora também por desacato á autoridade.

  Um silêncio pairou entre eles. Crystal voltou-se para Alice com uma expressão de surpresa e indignação. A outra empalidecera e conseguiu murmurar apenas:
— Foi mal, Crystal.

~*~


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Notas finais do capítulo

O capítulo termina aqui, mas meus agradecimentos á você e á todos que acompanham, continuam. Muito obrigada por apoiarem essa história na qual eu coloco tanto carinho e dedicação, buscando semrpe fazer o meu melhor.
Muita coisa está para acontecer, o início é uma fase de posicionar as peças para então se iniciar as jogadas. Portanto, se preparem que muita coisa virá por aí!

Reitero aqui novamente o pedido para deixar sua opinião, comentário, crítica construtiva, elogio ou sugestão. Não se acanhe. ^^

Até breve!