A Lenda de Cristal escrita por Tsu Keehl


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá leitor (a).
Antes de ler o capítulo, gostaria que lesse aqui.

Esse último mês foi deveras atribulado para im e isso acabou culminando em um atraso para atualizar a fic.
Ultimamente, a fanfic tem me tomado bastante tempo de meus pensamentos; como toda grande história, há muitos pontos,situações e questões que preciso pensar como desenvolver. Algumas vezes as ideias surgem com facilidade, outras vezes demoram um pouco e surge á medida que vou escrevendo e certas vezes elas parecem não surgir de jeito nenhum e isso me deixa irritada e frustrada. Pra ter ideia, eu perco até o sono pensando nas coisas que preciso trabalhar na fic!

Assim, houve uma demora para concluir esse capítulo. Planejar o que aconteceria nele foi o que tomou mais tempo pois a erscrita dele fluiu até que bem. Eu estou postando ele poucos minutos depois de terminar deescrevê-lo. Dei uma revisada enquanto escrevia porque eu precisava postar hoje e consegui! o/

Quero agradecer muito á todos que estão acompanhando a história. Que conversam comigo sobre, aos demais colegas escritores pelas inúmeras ideias e paranóias trocadas (rs) e aos amigos para quem peço ajuda sobre algo da fic (é pra você mesmo, primoso!). É esse apoio que me motiva maise mais e posso garantir que estou com ideias bem grandiosas para acontecimentos futuros da fic. Se preparem!
Aliás, sobre o lance que comentei nas notas finais do capítulo anterior: obrigada a todos que deram seu parecer no meu inbox. Tudo leva a crer que vou desenvolver a história de forma paralela mesmo então acho que logo vou começar essa parte crucial (e se pá, épica) da história!

Agora, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760077/chapter/16

~*~

 Buson projetou seu punho para frente a fim de atingir o rosto do loiro e fazê-lo engolir cacos de vidro da taça. Mas Basho segurou-lhe o braço.
— Pense direito, acha que fazer isso valerá mesmo por todas as consequências que sem dúvidas virão?
   Azuis sobre negros. Buson então baixou o braço e Basho o soltou. Igni colocou a taça sobre a mesa.

— Quem quer que os tenha  designado para trabalharem juntos fez uma boa escolha. Se tornaram mais que parceiros de trabalho?
— ...o quê...?
— Desconsiderem o que acabei de falar. – ele gesticulou com a mão. –Foi Govanni, certamente. Agentes Rockets precisam manter o auto controle. E quanto mais alto o nível mais devem manter. Buson, você é um agente de campo e um treinador Rocket eficaz caso contrário creio que não tenha chegado ao nível que chegou. Mas você cede rapidamente á própria emoção e isso pode se tornar um risco caso seja capturado por inimigos. Você está em um nível que lhe dá acesso á muitas informações e tem pouco autocontrole.
— Eu sou fiel a Equipe Rocket, jamais entregaria  qualquer informação nem mesmo sob tortura!
  Igni o encarou com seus olhos bicolores.
— Há tipos de torturas que nem mesmo a mais forte vontade permanece inquebrável.

   Ele se sentou em sua poltrona, juntando a ponta dos dedos.
— Você queria tentar me afrontar para exigir algo mas não cumpriu a exigência que a organização exige de sua posição. Dois cadetes Rockets estava agindo como meliantes e isso é inaceitável perante a nova política da organização. Já ordenei que estes agentes sejam tragos aqui para a base para serem punidos. E você fará a punição.
  Buson continuou encarando-o, os punhos ainda fechados.

— Sei que você não gosta de mim assim como tantos outros, mas sou eu quem Giovanni designou para comandar a Equipe Rocket e  ele formalizou isso na presença não apenas do Alto Conselho mas de toda a organização. E hierarquia é algo muito respeitado aqui, você sabe e faz uso disso muito bem que eu sei. Se fosse nosso endeusado Giovanni, sua atitude aqui não sairia impune mas eu vou deixar passar. Agora, resolva o que é de sua responsabilidade repreendendo esses Rockets e depois iremos conversar. Estamos entendidos?
 Um silêncio se seguiu, quebrado apenas pelo suave tic-tac de um relógio de parede da sala.
— ...devo bater continência agora?
— Não ligo para essas formalidades.
    Buson pareceu respirar fundo mas lhe deu as costas e saiu, batendo a porta com mais força do que o necessário.

— Bom, agora podemos ir ao assunto no qual o chamei aqui. Sente-se. – Igni indicou a cadeira á frente de sua mesa e Basho sentou-se. – Ao que parece, vossa majestade apreciou sua conduta ao auxiliá-lo em Sootópolis. Acredito que irá requisitar sua presença nas próximas vezes.
— Fiz o que acreditei que deveria ser feito. Como ele está?
— Bem. Descansando em seus aposentos. Mas terminando aqui terei que avisá-lo que outro membro de sua família foi localizado e teremos que organizar uma equipe para ir até lá.  Mas me diga...o que viu e obviamente descobriu não o surpreendeu?
— Estaria mentindo se dissesse que não.
— O que pensa sobre?

  Basho olhou pela sala, parecendo pensar antes de falar.
— Eu posso supor e cogitar sobre como isso aconteceu á ele, o que ele esta buscando e quais poderiam ser os interesses da Equipe Rocket nisso. Ou melhor...de algumas pessoas da Equipe Rocket. Penso até em como ele se tornou assim, por quê surgiu agora e á quanto tempo está desse jeito. Mas acredito que tenha me chamado não para ouvir minhas teorias e se divertir sobre o que acertei e o que errei. Então penso que me chamou aqui para me colocar a par do que deveria me ser explicado naquele dia em me disse que faria parte do Alto Conselho.
— Quando o indiquei para fazer parte do Conselho, os demais membros queriam submetê-lo á um interrogatório de teste. Sabe como eles são. Paranoicos, desconfiados e prepotentes até demais. Confesso que ás vezes é entediante aturá-los mas...a Equipe Rocket precisa de seus poderes e influências para continuar se expandindo com eficiência. Enfim, digamos que embora eu tenha indicado você, eles ficaram desconfiados sobre o quanto você estaria comprometido com o “Ideal Rocket”.  

    Basho conhecia bem aquele tipo de conduta. Não haviam sido pouca as vezes em que teve de provar ao alto escalão sua fidelidade e capacidades. Chegara ao topo, mas eles ainda desconfiavam de suas reais intenções. Basho não os julgava afinal, eles estavam certos.
     Era o agente-gênio, uma grande aquisição da organização mas que poderia se revelar uma faca de dois gumes.
    Sabia que não era confiável. Mas cumpriria as missões com eficiência única para continuar convencendo-os do contrário.

— Você possui uma visão e objetivos amplos e mutáveis. E sei que pensa, planeja e age com objetivos á frente do que os outros podem supor. Isso faz o Alto Conselho ter um certo...temor de você. Mas eu não. Eu vejo um potencial que não encontro neles.
— Igni... – Basho colocou ambas mãos no colo. – Você anseia por algo além da Equipe Rocket.
— Isto é uma pergunta?
— Você escolhe.
   A sombra de um sorriso pareceu surgir nos lábios do loiro.

— Você anseia por um lugar no Alto Conselho da Equipe Rocket ou um lugar na “távola redonda” de vosso recém retornado rei?
   Aquilo era desafiadoramente interessante para Basho. Ele sorriu.
— Acho que agora vou aceitar uma taça de vinho.

~*~

  Já passara da hora do almoço quando Crystal e Alice foram liberadas da delegacia após prestarem seus depoimentos e esclarecimentos até a delegada Jenny ficar satisfeita e concluir que elas eram inocentes – claro que com uma ajuda de Bugsy, que fizera questão de convidá-las a comer algo em um gracioso food-truck em forma de Slowpoke com nome  SlowFoodAlimentação Saudável na fachada,localizado na florida praça central da cidade.

— Caramba, pensei que não iríamos ser liberadas nunca! – exclamou Alice sentando-se em uma das mesas na frente do food-truck. – Pela forma como a delegada Jenny falava, quase comecei a acreditar que o que eu fiz era um crime!
— A Martinha é meio desconfiada, mas é uma policial íntegra. E ela está há pouco tempo como delegada, quer mostrar serviço.
— Martinha?
— Você não achou mesmo que todas as Jennys realmente se chamam Jennys?
— Ah, não! – Crystal corou. - Sei que Jenny é um título por causa da primeira oficial Jenny. É que não pensei que vocês se conheciam.
— Nascemos e crescemos aqui em Azalea. Vivíamos brincando na praça da cidade, ela sempre queria ser policial e eu treinador Pokémon. – ele riu. – E nos tornamos isso.
— Se não fosse por sua ajuda nos defendendo, duvido que ela iria nos liberar sem abrir um inquérito ou coisa parecida!

— Ora, eu não podia deixar que vocês ficassem horas sendo interrogadas como suspeitas sendo que era perfeitamente claro que vocês não tinham qualquer ligação com os Rockets além de confrontá-los para recuperar seus pokémon. E conseguiram isso e ainda recuperaram não apenas as coisas de vocês mas dos outros treinadores que haviam sido roubados! – Bugsy agitou o celular na mão. – Eu mal tinha começado a pagar essa belezinha e tenho muita coisa importante gravada aqui, se perdesse eu ia sair no total prejuízo!
— Eu fico muito aliviada que tudo acabou bem e que eu recuperei minhas coisas ...
— Vocês duas foram muito corajosas em ir atrás desses Rockets. – comentou Bugsy. - Mas em um ponto devo concordar com a delegada, de que foi uma atitude arriscada e imprudente.
— Você acha que deveríamos ter deixado pra lá como outros treinadores fizeram? – reclamou Alice. – Crystal poderia ter perdido os Pokémon dela para sempre!
— Mas vocês duas sozinhas se colocaram em risco entrando em uma caverna para enfrentar Rockets. Por sorte eles eram de nível baixo e seus Pokémon deram conta. Mas e se a situação não fosse boa para vocês? Poderiam ser capturadas e conseguem imaginar o que eles poderiam ter feito com vocês naquela caverna?

    Crystal remexeu-se na cadeira, incomodada com a constatação. Mas Alice se empertigou, parecendo um pouco presunçosa.
— Meus Pokémon eram inteiramente aptos. Para derrotá-los seria preciso que os agentes fosse de nível B pra mais. Percebi isso no momento que Crystal me disse como havia sido abordada. Eu os derrotei sem que um dos meus Pokémon cansasse. E além do Charizard, eu ainda tenho um que sem dúvida alguma me garantiria a vitória sobre eles.
— Heh. Veja bem, eu sou um líder de ginásio e tenho um dever de conscientizar os treinadores mas...No lugar de vocês eu teria feito  o mesmo. Só não fiz porque quando fui abordado, estava sem meus Pokémon. Não tinha sentido eu levar pokébolas pra balada, ainda que eu seja um líder de ginásio. Opa, nossos pedidos ficaram prontos!

   Enquanto Bugsy foi até o food-truck, Alice voltou-se para Crystal.
— E ai, ele é o líder do ginásio. Diga que quer desafiá-lo para uma batalha. Acho que ele não deve ser um oponente muito difícil.
— Eu aprendi a não subestimar nenhum líder de ginásio...mas ele não parece muito a fim de batalhar.
— É o trabalho dele, ele não pode recusar se você o desafiar.

   Elas pararam de conversar quando Bugsy voltou com três grandes taças de vitaminas coloridas.
— Ah, Vitacorns! Adoro!
— E garanto que as de Azalea são as melhores de Johto!
— Eu adoro essa de Blue-Blu! – falou Alice pegando a taça de tons azul e tomando um gole.
— Eu costumo tomar Vitacorns três vezes por semana, meu personal trainer na academia diz que vitaminas feitas de apricorns são muito saudáveis e cada tipo delas é específica para o aprimoramento de algo no seu próprio organismo!
— As propriedades das apricorns em vitaminas acaba sendo meio semelhante ao que acontecia quando utilizavam as cascas das apricorns para se confeccionar pokébolas específicas de forma artesanal. As cascas das apricorns são muito resistentes e podem ser submetidas a um demorado processo de lapidação e depois equipadas co dispositivos eletrônicos especiais para pokébolas. E cada espécie de apricorn é ideal para se produzir determinado tipo de pokébola por terem propriedades distintas. – Crystal mexeu a vitamina com o canudinho. – Mas com o avanço da tecnologia e a grande demanda por pokébolas crescendo por conta do aumento de treinadores Pokémon ao longo dos séculos, essas pokébolas artesanais passaram a ser fabricadas em larga escala pela Silph Co, que já criava pokébolas comuns e desenvolveu pokébolas específicas com a mesma eficiência das pokébolas de Apricorns mas utilizando uma matéria-prima artificial e mais prática, mas com uma velocidade, qualidade e durabilidade maior para cobrir a grande demanda. E assim, as pokébolas artesanais foram se tornando cada vez mais raras e caras, caindo em desuso e a profissão de artesão de pokébolas correndo o risco de se tornar uma prática extinta ao fim de algumas décadas.

   Crystal parou de falar ao perceber que os dois a encaravam em silêncio. Sentiu um rubor cobrir o rosto e bebericou sua vitamina repreendendo-se mentalmente.

“Nerd estúpida! Vão achar que sou uma tagarela metida á sabe-tudo!”


— Bom... – Bugsy pigarreou. – Aqui em Azalea há um museu de pokébolas no local que um dia foi a casa do Kurt, um dos melhores artesãos de pokébolas da história.
— Eu...conheço o museu, vim  uma vez em excursão da escola.
    Um leve sorriso surgiu em Alice ao perceber o acanhamento da amiga.
— Crystal é uma treinadora que sabe muitas coisas. – Alice saboreou mais um pouco da vitamina. – E aliás, estávamos vindo aqui pra cidade porque ela queria te desafiar para uma batalha pokémon valendo uma insígnia!
— ...Alice! Eu ia perguntar pra ele depois...
— Eu posso lhes dar a insígnia sem problemas. Só pelo que vocês fizeram vencendo aqueles Rockets e entregando toda a mercadoria que eles tinham roubado...meu bem, por mim vocês lacraram ao ponto de merecer a insígnia!
— De modo algum! – Crystal se levantou, batendo a mão na mesa. - Eu prefiro enfrentá-lo em uma batalha pokémon oficial e merecer a insígnia pela minha capacidade como treinadora! Fora que, quem derrotou os Rockets foi a Alice e os Pokémon dela. Eu só ajudei a recuperar as coisas roubadas. Então eu peço que aceite meu pedido para uma batalha!

  Bugsy riu diante daquilo. Mas ao perceber o olhar interrogativo das treinadoras, tratou de explicar.
— Não me leve á mal, é que ultimamente não vejo treinadores tão focados assim. Se eu ofereço a insígnia após ver que eles cumpriram algum grande feito, eles prontamente aceitam porque não ter que batalhar com um líder de ginásio é praticamente um alívio.
— Não gosto de treinadores que pensam e agem assim. – murmurou Crystal. – Eles dão mais importância á status do que no que realmente significa ser um treinador...
— Novos tempos... eu mesmo não pretendo ser líder de ginásio para sempre, sinto até que esse trabalho já deu pra mim mas...enfim, já que você deseja, teremos uma batalha. – Bugsy se espreguiçou. – Mas não hoje. Preciso voltar a delegacia e ajudar a delegada a entrar em contato com todos os treinadores cujas coisas e Pokémon estavam com os Rockets. E as coisas e Pokémon cujos treinadores não forem localizados ficarão no meu ginásio. Esteja amanhã lá após ás dez e iremos batalhar.

  Ele terminou de beber sua vitamina e se levantou.
— A bebida ficou por minha conta e agora aproveitem para conhecer a cidade, não que tenha alguma coisa realmente interessante para ver aqui...enfim, até  amanhã e venha preparada!
     Assim que Bugsy seguiu em direção á delegacia, Alice encarou a amiga.
— Perdeu a chance de obter uma insígnia de lambuja... alguma ideia do que vamos fazer agora?
— Bom, tem o museu...
— Eu não preciso ir em um museu de pokébolas sendo que o senhor Lawrence tem uma coleção de pokébolas na Silph Co. e uma em casa e tenho certeza de que é muito mais pokébolas do que esse museu sequer poderia suportar.
    Crystal não tinha dúvidas quanto a isso.

— Vamos treinar nas rotas? – indagou Alice. - Você disse antes que havia encontro de treinadores aqui nas imediações.
— Há essas horas já acabou. – ela suspirou. – Eu estava precisando retocar a tinta do meu cabelo. Podemos ir no Centro Pokémon já reservar um quarto pra essa noite e eu pinto meu cabelo no banheiro de lá.
— Vamos a um cabeleireiro! É melhor do que passarmos a tarde trancadas num quarto do Centro Pokémon. E vou aproveitar para dar uma hidratada no meu cabelo e cortar as pontas.... – ela olhou para as próprias mãos. – E fazer minhas unhas. O esmalte está descascando.

     Crystal ponderou. Não era má ideia e seria bom ter um profissional cuidando do seu cabelo, quem sabe ele daria um jeito nas pontas esturricadas.
— Tudo bem. Mas antes preciso passar em uma perfumaria para comprar a minha tintura.
— Também vou fazer umas comprinhas. Vamos ter um dia de treinadoras madames!

~*~

Buson caminhou pelo corredor com os punhos cerrados e o rosto carrancudo.
      Sabia que o melhor era ter saído daquela sala em silêncio, como um agente Rocket deveria fazer. Mas a vontade de bater a cabeça de Igni na mesa continuava. E para complicar, teria que ele próprio punir os agentes imbecis que haviam feito assaltos em Azalea. Não que punir cadetes fossem ruim, costumava fazer isso mas...tinha a incômoda sensação de que Igni faria questão de estar presente na punição.

   Parou diante da máquina de doces com o cenho franzido, se perguntando desde quando haviam colocado aquilo ali. Quando se deu conta, estava colocando uma nota de dinheiro na mesma a fim de pegar algo para mastigar em vez de acabar dando meia volta e arrombando a porta daquela sala.
   Selecionou o que queria e esperou. A máquina se moveu com o doce e então, há pouco de lançar o pacote, travou.

— Ah pra puta que pariu!
    Meteu um soco contra o vidro da máquina, que mesmo sendo reforçado, trincou. Chacoalhou a máquina com ambas mãos, causando um grande barulho e fazendo algumas embalagens de doces saírem pela parte de baixo.
— Se-senhor Buson! Por favor, pare com isso!

   Mondo se aproximou, apreensivo.
— Se quebrar a máquina, terá que pagar.
  Buson se afastou irritado, andando pelo corredor parecendo um Pyroar enjaulado. Mondo engoliu em seco. Estava em sua mesa repassando alguns itens nas planilhas quando Buson saiu da sala de seu chefe. Tinha certeza que Igni havia dito algo que o ofendera, era típico dele. Sabia que Buson não era como ele e vários outros agentes, que ouviam tudo calados e aceitavam.

— Hãn... – o garoto parecia não saber bem o que falar, mas sentia que precisava fazê-lo. – Senhor Buson...o senhor está bem?
— Claro que não estou bem! Pareço bem?!
— N-não...
— Então por quê perguntou?!
— É que...imaginei que o senhor Igni...
— Não menciona o nome desse desgraçado!
—De-desculpe! É que...se o senhor ficar assim vai ser pior...e independente do que o senhor Igni tenha dito, eu sei que você é um excelente agente!  Ele tende a ofender e menosprezar os outros, não podemos confrontá-lo então não deve deixar que os comentários dele te tirem do sério.
— Eu não pedi seus conselhos!

    Mondo abaixou a cabeça, envergonhado. Buson suspirou, pegando três pacotes de doce que haviam caído da máquina e jogou um na direção de Mondo, batendo na testa do rapaz que em seguida pegou o pacote, confuso.
— Fica com esse pra você...ou Igni também não te deixa comer em horário de serviço?
— Eu tento evitar mas...ás vezes eu fico com fome e sempre deixo um pacotinho de amendoim na gaveta...
— Come aí então. – Buson colocou um punhado de amendoim na boca.

    Mondo obedeceu, corando. Mastigaram em silêncio por algum tempo mas, devido ao nervoso que sentia e não sabia explicar, Mondo acabou engasgando, sendo acometido por um ataque de tosse. Buson então meteu um forte tapa em suas costas que não apenas fez o pedaço de amendoim pular ara fora da boca do garoto como quase jogá-lo no chão.
— Cê tá legal?
    Buson tentou controlar o riso ao ver o garoto com olhos arregalados. Talvez devesse ter batido com um pouco menos de força afinal, ele era bem mirradinho.
— Hãn...s-sim ... “se eu não morresse engasgado com amendoim, iria morrer com seu tapa no meu pulmão...”
— Tô indo nessa, moleque. Boa sorte em aguentar aquele traste.

     Mondo assentiu, e observou o agente se afastar. Buson era realmente um homem grande e largo, com braços extremamente fortes e percebera, pelo tapa, que havia uma grande força muscular.
     Sentiu um arrepio em sua nuca, balançou a cabeça e decidiu voltar ao trabalho.

~*~

Era a primeira vez que Crystal sentia-se como uma madame rica frequentando o salão de beleza. Não que estivesse em um salão cinco estrelas: era um salão mediano e naquela tarde estava até tranquilo, de modo que a cabeleireira e a manicure atendiam as duas sem enrolação.
     Mas era o tipo de coisa que não estava acostumada. Desde que decidira tingir seu cabelo, era ela própria que o fazia: tanto para economizar quanto pela facilidade, por estar em jornada Pokémon. E achava até estranho que estivesse ali, com uma manicure lhe fazendo as unhas das mãos enquanto esperava o tempo de lavar o cabelo após passar a tintura.  

— Ei, você está bem? - indagou Alice.
— É que eu estava pensando...se eu estivesse seguindo Jornada sozinha como na outra vez...e eu tivesse que esperar na cidade para poder batalhar contra o líder de ginásio, eu estaria usando o tempo para treinar meus Pokémon em algum campo ou rota.
— Mas agora você está em jornada comigo e pode se dar ao luxo de uma tarde para cuidar da aparência. Até porque após termos enfrentado aqueles rockets e recuperado todas as coisas que eles roubaram, merecemos relaxar ficando lindas!
— Então foram vocês que recuperaram os pokémons dos treinadores?
  A pergunta viera da cabeleireira que terminava de escovar o cabelo de Alice.
— S-sim.
— Nossa, preciso agradecer a vocês! Meu filho tinha sido assaltado por esses bandidos e levaram o celular e o Pichu dele, ele estava inconsolável, tadinho. Ai quando nos ligaram da delegacia dizendo que haviam recuperado as coisas, ele foi correndo pra lá e voltou todo feliz com o Pokémon!

   A conversa foi interrompida pelo anúncio do plantão de notícias na TV.
— Estamos aqui direto do Planalto Índigo para acompanhar a reunião entre os representantes do governo Hoenn , a Elite4 de Johto  e representantes do Senado de Johto, acerca da batalha de Lugia e Grondon ocorrido recentemente em Sootópolis. – a repórter dizia diante da câmera e atrás dela era possível ver a fachada do Planalto Índigo. – Estou aqui ao lado do mestre da Elite4 de Kanto e Johto, Lance Pendragon, que aceitou conversar conosco.

    A câmera se afastou um pouco e filmou Lance, que vestia seus típicos trajes negros com a longa capa da mesma cor. Mesmo que estivesse o vendo apenas através da tela da TV, Crystal não conseguia explicar a forma como seu corpo reagia só de ver o mestre da elite.

— Mestre Lance, muito obrigada por nos ceder um pouco do seu tempo para falar conosco. Após o ocorrido em Sootópolis, o governo de Hoenn está alegando que Kanto e Johto teriam a obrigação de auxiliar financeiramente a reconstrução da cidade. O que a Elite4 de Kanto e Johto teria para debater sobre esse assunto com Hoenn?
     Lance assentiu e começou a falar. Crystal admirou o quanto a voz dele era grave e bem pontuada. Até sexy, ousaria pensar.

— O governo de Hoenn defende que Kanto e Johto teriam responsabilidade no ocorrido em Sootópolis simplesmente por alegarem que Lugia é considerado um Pokémon originalmente de nossa região. E isso é algo que não faz o menor sentido. Os Pokémon são seres selvagens e no caso dos lendários, criaturas antigas que estavam neste mundo muito antes do surgimento ode qualquer nação. O fato de Lugia ter sido inserido primeiramente nos registros do Comitê Pokémon de Johto e historicamente reinos e famílias terem usado-o como símbolo em brasões ao longo dos séculos, não significa que este Pokémon seja parte de alguma “responsabilidade” nossa. Assim, como representante da Elite4 estou aqui para esta reunião a fim de deixar claro que, sim, Kanto e Johto poderão auxiliar de forma voluntária em algumas despesas para Sootópolis mas o nosso governo não possui a responsabilidade de arcar com tudo como o governo de Hoenn alega.
— O senhor acha que essa situação poderá acabar causando um conflito político de proporções entre Johto e Hoenn?
— Irei me reunir com os representantes, mostraremos nossos posicionamentos a fim de decidirmos quais serão as melhores medidas a serem tomadas para que não haja objeções e conflitos entre todos os envolvidos. Agora com licença, mas preciso ir.
— Muito obrigada, mestre Lance. – a repórter voltou-se para a câmera. – Voltaremos a qualquer momento com mais informações.

— Essa insinuação de Hoenn é absurda. – Alice murmurou ao fim da matéria. – Certeza que isso ainda vai dar problema. Historicamente, Johto e Hoenn sempre tiveram conflitos de interesses. Acho que até tem interesse a mais e isso é uma desculpa.
  Crystal apenas afirmou com a cabeça e intuitivamente levou a mão ao pingente em seu pescoço.

~*~

Goldenrod City

 A figura pequena esguia correu pelo telhado da luxuosa mansão . A noite já ia alta mas isso não dificultava a visão, pois a lua cheia e o céu estrelado irradiavam luz branca por todo o local. E, bem mais á frente, após um pequeno bosque pertencente ao condomínio onde a mansão se situava, havia as luzes da cidade.
      Segurando uma grande maleta metálica nas mãos,  ela prendeu a estranha tulipa mecânica no cinto e aumentou a velocidade da corrida, a mão na corda presa ao foguete portátil que levava ás costas. Só precisava saltar e puxar o dispositivo para que voasse por metros suficiente até onde havia deixado sua moto, escondida em uma viela.

      Mas no momento em que iria saltar, um Electrode emergiu á sua frente, vindo do fim do telhado e avançando em sua direção, faíscas indicando estar prestes a atacar. Ela brecou e desviou por pouco. O Pokémon deu meia volta girando sobre si mesmo e avançou, mas ela sacou a estranha tulipa e o rebateu com força como se ele fosse uma grande bola. Faíscas se espalharam enquanto o Pokémon era lançado na direção em que um homem se aproximava.
     Ele era magro e não muito alto. Vestia um berrante terno de cor roxa, parcialmente oculto pela longa capa branca que usava, presa com um laço vermelho.  Seus cabelos castanhos estavam despenteados e parecia profundamente irritado.

— Parada ai! Você não tem mais como escapar! Pode ir devolvendo o que roubou sua falsa, mentirosa, traíra, salafrária, vadia, trapaceira de uma figa!
— Nossa, quantas ofensas! Difícil de acreditar nelas depois de tantos elogios que você me fez desde que nos conhecemos...
     A voz da garota era fofa, porém carregada de escárnio. Ela usava botas e luvas brancas, uma boina da mesma cor mas com detalhes rosa que deixavam visível seus cabelos enrolados de um louro dourado que ela prendia como dois ponytails. Mas o que realmente chamava a atenção era seu justíssimo vestido preto com um grande R bordado no peito.

— Você me enganou! Eu pensei que...
— Ah, jura mesmo que você acreditou que eu estava sendo sincera? Que tudo aquilo de tímida e fofa funcionária do Goldenrod Dept. Store ansiando por estagiar ao seu lado nas pesquisas sobre Pokémon lendários era verdade?
— Eu te acolhi na minha mansão, me propus a te ajudar nas suas pesquisas, realmente acreditei que você dizia a verdade...e você só queria me seduzir, conquistar minha confiança para me roubar!!!
— Sim. – ela respondeu com naturalidade, movendo o corpo de forma provocante. – E devo dizer que foi mais fácil do que pensei e me livrei de ter que me sujeitar a algo íntimo para fazer você cair como um Psyduck! Bastou hoje lhe dar um beijo e propor um drinque.
—...sua maldita, você me dopou!
— Deveria ter continuado dopado! Evitaria que me pegasse roubando estes artefatos. – ela mostrou a maleta. – E eu não precisaria ter dado um tapa na sua cara e te humilhar em batalha!
— Pode ter batido na minha cara mas não vai me derrotar em batalha! Liepard, Slash!

     O Pokémon felino avançou com agilidade e saltou contra a garota, garras à mostra. Mas ela rapidamente moveu a tulipa metálica e oatingiu na ponta do focinho. Apertou um botão no cabo e uma descarga elétrica o atingiu, fazendo-o miar de dor e cair no chão, esfregando o focinho. O Liepard tornou a atacar, mas movendo a tulipa como se fosse uma varinha, ela atingiu-o no lombo fazendo-o correr assustado de volta a seu treinador.
— Daisy, quem é você, afinal?
— Eu não sou “Daisy”, embora seja tapado demais para perceber que usei um nome falso. Mas se desejar saber eu sou agente de elite da Equipe Rocket, conhecida como Tulipa Negra! E agora que eu já tenho o que vim buscar, estou muito satisfeita por me livrar dessa farsa de ser boazinha!
    Eusine a encarou em silêncio.

— O que foi? Achou que eu ia dizer meu nome?
— Agora Drownze! Hypnosis!
     Ao ouvir, ela virou-se furiosa para trás onde o Pokémon surgira através de teletransporte. Ele abriu os braços e começou a cantarolar.
— Drownzeee...Dronzee Dronzee! Dronzee-see DrownAerrr!
    Girando em si mesma, ela desferiu um violento golpe com a maleta de metal na cara do Pokémon, que guinchou e caiu no chão aturdido. E antes que ele pudesse se levantar, a garota investiu a tulipa metálica contra o Drowzee, liberando uma carga elétrica que acabou por deixar o Pokémon desmaiado.
    Eusine assistiu estático. Nunca antes vira alguém lutar contra Pokémon sem um Pokémon. Encarou a garota e então viu nela um olhar diferente do que ela sempre apresentara na presença dele: do olhar gentil, divertido e inocente nada restava: era de irritação, descaso e maldade.
    Era tudo uma farsa

— Electrode, Liepard... – ele sussurrou. – VÃO! Acabem com ela!

    Como se tivesse sido disparado por canhões, ambos Pokémon avançaram contra a garota, que crispou os lábios. Diferente do outro, ele não temia machucá-la.
    Ela se preparou, a tulipa bem firme em sua mão esquerda e a direita na maleta. O Liepard chegou primeiro e foi recebido com um violento chute; o Electrode surgiu em seguida e ela o rebateu com a maleta.
Self-destruction!
“ Merda!”

     O pokémon  em forma de pokébola explodiu em faíscas e fumaça e Eusine pôde ouvir o tinir de garras afiadas raspando em metal, como se estivessem lutando. Sabia que depois de um Self-destruction, o Eletrcode ficava nocauteado, mas Liepard ainda podia lutar. E com seus sentidos aguçados, conseguia se mover na fumaça melhor do que qualquer humano.
  Uma mancha roxa voou na sua direção, acertando o colecionador no peito, fazendo-o cair para trás com o Liepard no colo.
     Ainda aturdido pelo que aconteceu e sentindo a dor do golpe, Eusine viu a garota sair da fumaça, incólume, e lhe lançar um olhar de desprezo, prendendo a tulipa no cinto.

— Até mais, babaca! E obrigada pelos artefatos!
  Ela saltou pra fora do terraço enquanto puxava a corda ligada ao foguete portátil em suas costas.
      O barulho era alto, mas logo ela estava no céu,  uma das mãos firme na maleta enquanto a outra segurava uma das alças no qual o foguete se prendia, controlando a velocidade e altura do mesmo através dos botões que havia ali. E Eusine só conseguia ficar ali parado sem acreditar no que lhe acontecera enquanto via a agente Rocket fugir para longe, levando relíquias de valor inestimável.

~*~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Terminando o capítulo aqui...
Quero aproveitar para já explicar detalhe importante relacionado á última cena.
Como todos já devem ter percebido, a agente Rocket que aparece na última cena é a Dômino. Ela é uma personagem mega crucial na fic e eu queria muito fazer a estréia dela no capítulo 15.. E esse capítulo foi feito pensando em encaixar a cena dela. E bom, eu fiz cosplay dela (como podem ver na minha foto de perfil aqui) então estava super ansiosa de para inserí-la na história.
E antes que achem a cena do foguete portátil "absurda" vale lembrar que no movie de pokémon em que a Dômino aparece ( O Retorno de Mewtwo ) ela usa um desses para escapar do balão. Então mesmo sendo um negócio meio absurdo, tá crível dentro do universo de pokémon. XD

Acho que por hor é isso. Não esqueçam de deixar um comentário aqui, é facinho e ajuda muito!
E nos vemos no próximo capitulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda de Cristal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.