A Lenda de Cristal escrita por Tsu Keehl


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá leitor (a)!
Antes de começar a ler, gostaria que lesse aqui.

Parece incrível que tanto tempo já tenha passado desde que comecei a fazer esta fanfic e mesmo assim tão pouco da história se desenrolou! Claro, está tudo no seu ritmo mas tenho TANTA ideia e TANTA coisa para colocar nessa fic que as ideias rodopiam na minha mente e eu penso "mano, isso vai ficar muito foda!" mas vai acontecer só mais pra frente na história e já fico na agonia querendo colocar.

Inclusive até estive pensando em algo que deixarei pra comentar nas notas finais desse capítulo e gostaria muito da opinião de vocês (seja por aqui ou pelo face). Então,não esqueçam de ler as notas finais!

Preciso também me desculpar e explicar o motivo da demora em atualizar a fic. Confesso que realmente acreditei que conseguiria escrever dentro do prazo que me auto-estipulei mas essa vida adulta bandida que levo não permitiu. Rolou também um imprevisto chamado "última temporada de Game of Thrones" que tomou minha atenção ao longo de 1 mês.

Enfim, conversas á parte, quero agradecer ao apoio de todos com esta fic e que, embora eu sempre atrase com o prazo de atualização, não desistem de mim XD. E agradeço ao meu primoso Raven por me ajudar a decidir os pokémon na cena de batalha.
Espero que gostem e boa leitura!



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~*~

  Houndoom caminhava pela trilha quase coberta pelo mato que crescia de ambos lados nas imediações do bosque, o focinho quase encostado no chão farejando a pista que encontrara.
  Poucos metros atrás do Pokémon, vinham as garotas. Crystal olhou apreensiva para a amiga, que parecia acometida por um ímpeto de adrenalina.
  Havia acatado a sugestão de Alice de irem atrás dos Rockets mas agora, cada passo que dava, sentia um nó se embrulhar em seu estômago devido a ansiedade.

—  A-acho que...já estamos relativamente longe da estrada.
— Sem problemas.  É de manhã e o caminho da trilha ainda é bom.

   Crystal murmurou um “okay” e não disse mais nada. Aquela trilha estava abandonada, diferente das trilhas usadas comumente por treinadores para caçar Pokémon selvagens. Aliás, já estavam caminhando há uns dez minutos e até agora não avistara nenhum Pokémon por ali, nem mesmo um simples Caterpie.
  Subitamente, Crystal parou.

— Acho que é melhor desistirmos, voltar e ir até a delegacia fazer um B.O!
— Oxe, mas você tinha concordado em resolver isso por conta própria.
—  Mas é muito arriscado...
— Arriscado será deixarmos esses caras escaparem e aí já eram suas coisas! Você é uma treinadora, um desafio desses não é tão...
— Ai que tá! Se eu tivesse meus Pokémon, não teria medo de enfrentá-los. Mas eles levaram meus Pokémon! Eu vou lutar com o quê?!
— Eu tenho meus Pokémon e posso te garantir que eles são bem aptos! Você viu meu Charizard, o Houndoom é bem experiente e tenho mais quatro Pokémon aqui. – Pode deixar comigo! E qualquer coisa, você tem meu spray de Sand-Amber. É só mirar e apertar com tudo na cara dos Rockets!

   Crystal apertou o frasco com spray contra o peito. O spray de Sand-Amber era um componente fabricado com uma mistura de Sand-Attack e Amber extraídos de golpes de Pokémon concentrados e conservados dentro do recipiente. Seu efeito contra os olhos era semelhante à pimenta, sendo muito utilizado para defesa pessoal.
— Vai arriscar abandonar seus Pokémon e deixar eles serem vendidos ou usados pela Equipe Rocket?
   Aquela constatação foi como um soco no estômago de Crystal. Amava seus Pokémon e a possibilidade de perdê-los para sempre era mais desesperador do que perder seus documentos e isso lhe enchia de medo, mas também de coragem.
— ..nunca! Vou resgatá-los!

  O Houndoom se aproximou das duas, agitando a cauda. Crystal deu um passo para trás e ficou parcialmente atrás da amiga. O Pokémon de Alice não parecia tão bravo ao ponto de atacá-la, mas era uma espécie conhecida por sua agressividade. Além do mais, Houndooms sempre lhe causavam arrepios por evocarem a vez em que, ainda criança, fora atacada por um e precisou subir em uma árvore para não ser mordida.
— Hey, achou alguma coisa? - Alice acariciou um dos chifres curvados do Pokémon que confirmou. - Ótimo, nos leve lá!

    Após algumas árvores e arbustos mais altos, elas chegaram a uma espécie de clareira e se depararam com um local de construção abandonada. Não era grande e do lado oposto ao qual haviam vindo, havia uma estrada mais larga que parecia interditada por faixas desgastadas pelo tempo e tábuas de madeira. Certamente a trilha que haviam pego era uma rota “alternativa” para o local.
   Mas, a julgar pelo abandono visível e acúmulo de entulho por ali, como se houvessem começado uma reforma e não terminado, o lugar parecia abandonado a própria sorte já há algum tempo.

  Enquanto Alice olhava ao redor e o Houndoom se aproximava do buraco que parecia uma espécie de poço, Crystal notou um pouco mais á frente na direção da estrada, uma placa de metal enferrujada em que havia o logo da prefeitura de Azalea e os dizeres  “Reforma do Poço dos Slowpokes”.
  Pelas informações contidas ali, o valor da reforma era relativamente alto para algo que não parecia tão complicado de ser feito. Além do que, pela data de início e término da obra, era para o projeto estar concluído há quase um ano. Típico de prefeituras.

— Psiu, Crystal. Vem aqui!
   Ela acatou ao pedido de Alice e olhou para o que a amiga apontava: encostada em uma árvore, porcamente coberta por um pedaço de lona velha, estava uma bicicleta. A mesma bicicleta que os dois Rockets estavam usando quando a assaltaram.
  A treinadora notou pegadas na terra úmida que iam até a entrada do tal “poço” que possuía uma tábua larga de madeira que servia como uma espécie de rampa de acesso para o fundo. Alice se debruçou sobre ele.

— Não é muito fundo. - ela sussurrou. – Escuto barulho lá embaixo...eles estão lá!
— Eles podem estar armados. – Crystal lembrou, puxando a amiga um pouco para trás. – E se descermos e dermos de cara com eles?
— Parece que eles estão na caverna lá embaixo. Houndoom vai na frente. Qualquer movimento brusco dos Rockets, ele ataca e eu ainda tenho meus outros Pokémon. Se for preciso, libero todos de uma vez.
   Com um suspiro resignado e também para reunir coragem, Crystal concordou.

     Com cuidado, começaram a descer a rampa improvisada. O Houndoom ia a frente e não demorou para que chegasse ao fundo. Alice e Crystal o seguiram, uma de cada vez e tomando extremo cuidado para não escorregar ou cair. Assim que estavam no fundo, Houndoom manteve-se imóvel, os pêlos das costas eriçados, rosnando baixinho em direção ao que parecia ser a entrada de uma caverna. Havia luz dentro dele e elas puderam discernir vozes.

— ...são eles. – Crystal sussurrou, segurando o braço da outra. – Precisamos de um plano. 
— O melhor plano...é o ataque.

~*~


— Carrralho mano! Esse último rapa ate que valeu á pena! A minazinha tem até umas coisas boas! Bem melhor do que aquele Stantler que assaltamos hoje mais cedo!
— ...mas precisava pegar até o tênis dela? Eles não servem nem pra mim e nem pra você e as roupas muito menos!
—  Quem disse que vamos usar alguma coisa? Só vamo pegar os cartão e a grana! Todo o resto a gente leva pra feira do rolo lá no mercadão Underground do subsolo de Goldenrod! Só separa as pokébola que a gente precisa levar pra base!
— Não podemos ficar com nenhum Pokémon? Pode ter coisa boa aqui.
—  Pára de ser Slowpoke! Pokémon que é roubado, não obedece quem roubou ele! Só depois de for retreinado! Lembra o que o mestre Buson disse e mostrou durante o nosso treinamento lá na base Rocket?
   O outro amuou.

— Agora desfaz essa cara feia e me ajuda a terminar de separar as coisas aqui!  Já ficamos tempo demais na região, é melhor ir embora antes que peguem a gente! Rápido, porque eu quero logo levar esses Pokémon pra base e receber o pagamento ! Quem sabe até eu consiga subir de nível!
tá tentando faz cota né? – falou o outro dando um nó no saco de pano que continha as pokébolas.
— Eu mereço deixar de ser recruta! Já fiz muita coisa, tenho potencial mas ninguém lá parece que me reconhece!

   Ele continuava a reclamar enquanto terminava de amarrar o último saco até que o ruído de pedaços de rocha deslizando fez com que os Rockets se calassem e olhassem ao redor, atentos.
— ...tem alguém aí?
— Cala a boca!

  O Rocket repreendeu o colega e moveu a lanterna pelo local. Nada. Então sentiu uma baforada quente próximo de sua cabeça e, ao olhar pra cima com ajuda da lanterna, o focinho comprido repleto de dentes de um cão preto de chifres surgiu. Rosnando, o Houndoom saltou sobre o Rocket, que gritou.
  Com o peso do Pokémon e o susto causado por seu ataque, o rapaz foi ao chão e se não fosse o movimento rápido dele em segurar uma mochila na frente do rosto, teria ficado ferido. O Houndoom mordia e puxava a mochila furiosamente enquanto ele tentava evitar que o Pokémon o mordesse.

— Me ajuda, porra!
   Recuperando-se do susto, o outro Rocket lançou uma pokébola, dela surgindo um Koffing.
— Koffing, Sludge!
— Houndoom, desvia daí!

  O Pokémon canino se afastou com um salto no momento em que o Koffing cuspiu uma notável quantidade de lama, atingindo as pernas do Rocket caído.
— Não é pra acertar em mim!
— Foi mal! Koffing, é pra acertar no Houndoom!
  Mas o Houndoom já investira contra o Pokémon e, com um salto, o atingiu violentamente com uma cabeçada. O Koffing foi arremessado contra uma parede da caverna, caindo nocauteado.
— Houndoom, continua atacando eles!

  Os dois Rockets viram então, na entrada da caverna, as duas garotas.
— EI! A de cabelo azul é a que a gente assaltou!
— Devolvam meus Pokémon! E minhas coisas também!
— Nem fodendo! É tudo nosso! – o Rocket se levantou e lançou uma pokébola. – Vai Poliwhril! - Water Gun pra cima desse vira-lata!
— Houndoom, Flame-Thrower!
  Água e fogo se chocaram, espirrando gotas e faíscas pela pequena caverna.
— Crystal, aproveita agora e tenta pegar os sacos!

  Crystal não contestou e correu na direção dos sacos de pano enquanto ambos Pokémon mediam a força de seus golpes. Contornou a batalha e quando se aproximou dos sacos, o outro Rocket surgiu na sua frente para detê-la.
    Ela gritou e esticou o braço com o Sand-Amber, espirrando-o nos olhos do rapaz. Ele gritou devido a ardência e se afastou desnorteado, dando tempo para que Crystal se apossasse dos sacos.

— Seu Pokémon tem desvantagem sobre o meu, desista vadia!
— Isso é o que pensa, arrombado! Finaliza com tudo, Houndoom!
  O Pokémon aumentou a potência de suas chamas, conseguindo transpor a quantidade de água que o Poliwhril emanava. O Pokémon girino foi envolto pelo fogo e embora houvesse conseguido suportar até as chamas cessarem, não estava preparado para o avanço de Houndoom, que correu em sua direção e o atingiu com um Headbutt violento. O Poliwhril se chocou contra a parede da caverna e o Houndoom ainda investiu umas duas vezes contra ele, até deixá-lo inconsciente.

— Mas que violência é essa?! Isso não é uma batalha justa!
— Não se tem batalha justa contra Rockets! 
   Ele lançou um olhar de ódio para Alice.
— Esse aqui vai acabar com você! - Loudred, Screetch sem dó pra cima desse demônio!

  O bizarro Pokémon saiu da pokébola e avançou contra Houndoom que desviou do ataque e revidou mordendo o oponente. O Loudred gritou e se debateu, mas o outro não o soltava.
— Loudred,  Double-Slap!
    O primeiro soco atingiu o focinho de Houndoom, fazendo-o soltar o oponente com um ganido. Mas antes que pudesse se recuperar, o Loudred tornou a atacar.
— Agora, Hyper Voice!

     O Loudred gritou e uma onda de som atingiu Houndoom que sentiu ainda mais o golpe por sua audição sensível, ficando desnorteado. Isso fez com que Loudred se aproveitasse para atacar novamente com Double-Slap e o golpe, aliado á acústica da caverna, só aumentou seu efeito e Houndoom acabou caindo na última bofetada.
Flame-Thrower, Houndoom!
  Enfraquecido e um pouco confuso, Houndoom lançou as chamas de forma desordenada devido ao golpe.
— Loudred aproveita agora, manda mais uma sequência de Double-Slap!

   Quando o Loudred avançou, Houndoom virou-se para o oponente, disparando uma violenta rajada de fogo. O Pokémon, sendo pego de surpresa recuou, mas das chamas Houndoom irrompeu como um verdadeiro cão infernal, saltando sobre o Loudred e atacando sua jugular.
     O Loudred gritou e se debateu, mas Houndoom o mantinha bem firme entre seus dentes. Assustado com o que via e sabendo que seu Pokémon não tinha chance, o Rocket chamou-o de volta para a pokébola, derrotado.
— Maldição...EI! Devolvam isso!

    O Rocket olhou indignado para Crystal, que devido á batalha, conseguira se esgueirar até o outro lado, pegar os sacos de pano e voltar correndo para o lado de Alice.
— Lógico que não, vocês roubaram isso de mim e de outros treinadores!
— Desistam e se rendam! – Alice colocou ambas mãos na cintura, o Houndoom rosnando á sua frente. – Vocês são fracos e eu tenho ainda cinco Pokémon  que podem fazer um estrago maior que o Houndoom!
— ...Alice, não provoca eles...
— Relaxa! Só pelo fato de assaltarem pessoas em ponto de ônibus usando ainda uniforme Rocket, já dá pra sacar que são de nível baixo!

    O primeiro Rocket as encarava com raiva e os punhos fechados enquanto o outro ainda esfregava os olhos atingidos pelo spray.
— E então, vão deixar que a gente amarre vocês de boas ou vou ter que pedir pro Houndoom atacar?
— Nem uma coisa nem outra! Um Rocket jamais desiste!

  O Rocket então lançou um cilindro no chão, que estourou e fez uma densa fumaça cobrir toda a caverna. Os Rockets então correram, conseguindo desviar de Houndoom e das garotas, indo em direção á rampa e consequentemente a saída.
— Droga! Aquelas malditas! – ralhou o Rocket mandão.  – Ficaram com o que era tudo nosso!
— Meu olho...ainda tá ardendo! – resmungou o segundo depois que haviam subido a rampa.
— Vamos logo, seu Slowpoke! Me ajuda a derrubar isso aqui!  Podem até ficar com as coisas mas vão ter que pedir resgate pra sair!

   Ambos tiraram a tábua usada para descer até a caverna, jogando-a nos entulhos ao lado. Pegaram então a bicicleta que haviam deixado e estavam prestes a subir nela quando ouviram um urro e viraram-se para trás.
   Do buraco foi se erguendo um par de grandes asas e logo o Charizard surgiu, tendo as duas garotas em suas costas.

—Dracarys neles!
— Mas que porra de gol...AAAAAH!!
    O golpe de fogo de Charizard foi em direção aos Rockets,que treparam na bicicleta e começaram a tentar pedalar o mais rápido que conseguiram. Mas as chamas atingiram o veículo e os dois caíram no chão, as roupas chamuscadas. Eles se levantaram aos tropeços, correndo pela estrada enquanto o Charizard continuava perseguindo-os e despejando suas chamas.
— Queima o rabo deles, Charizard! Queima!

  Os Rockets viram que a estrada seria fatal e correram para dentro do bosque, o matagal fazendo ruído e se moendo conforme eles passavam. Quando Crystal percebeu que Alice estava prestes a ordenar um novo ataque, resolveu intervir.
— Acho que já é o bastante! Não precisamos queimar o bosque pra tentar atingir eles! Já estamos com toda a mercadoria que foi roubada!
    Com um resmungo de frustração, Alice guiou o Charizard para longe dali, em direção á cidade, para alívio de Crystal.

~*~


   Alice optou por voar com o Charizard até as proximidades da cidade, fazendo-o pousar não na área de campo aberto destinada á chegada de treinadores , mas onde haviam algumas árvores.

— Caramba, isso foi demais hein?!  – falou Alice desmontando do Charizard e Crystal fez o mesmo.
— Não seria melhor pousarmos na cidade? Os Rockets podem...
— Aqueles dois trombadinhas não são nem loucos de chegarem perto da gente de novo! E só vamos ajeitar os sacos aqui para que ninguém ache estranho o que estamos fazendo e suspeitem de nós!
— É tem razão.

    Após colocar o Charizard na pokébola, as duas começaram a ver o conteúdo dos três sacos.
— Pelo menos aqueles malditos já tinham deixado as coisas separadas, vai facilitar pra gente. Ei, Crystal, aqui tá os eletrônicos. Qual dessas pokégear e pokédex é a sua?
  Crystal se aproximou. Havia ali vários eletrônicos roubados, mas ela logo reconheceu os seus. Em outro saco encontrou sua mochila e até mesmo seus tênis – isso notando que além do dela, havia outros pares de tênis ali, incluindo um que ela sabia, era de uma marca cara.

— Está tudo certo ai na sua mochila?
— Aparentemente sim. – Crystal verificava as coisas nos bolsos. – Acho que eles não tiveram tempo de ver direito o que tinha.
— Acho que eles estavam mais preocupados em levar os Pokémon pra base deles e vender os eletrônicos que é mais fácil e lucrativo. Mas eu nunca tinha ouvido falar de agentes Rockets praticando assaltos desse tipo!
— Nem eu...bom, ultimamente a Equipe Rocket anda tendo uns agentes com condutas duvidosas até para os padrões deles...
— Ás vezes sempre tiveram condutas desse e de outros tipos mas a galera não expunha tanto. Rockets são criminosos, afinal.
— Pode ser. – murmurou Crystal. - Mesmo antes de me tornar treinadora, eu já ouvia notícias e coisas do tipo. Mas em Hoenn a Equipe Rocket não tem a influência e poder que tem por aqui então eu acabei não sabendo de muita coisa. Ah meus Pokémon, estou tão feliz por tê-los de volta! Fiquei desesperada diante da possibilidade de perdê-los! Além disso, todas as minhas coisas foram recuperadas! Alice, muito obrigada!

    Crystal envolveu a outra em um abraço apertado mas ao perceber o que estava fazendo se afastou, constrangida.
— De-desculpa! É que...
— Se desculpar pelo quê?

“ Por ter te abraçado assim...”

— Por ter dado todo esse trabalho e você ter enfrentado os Rockets e...ah, aqui seu spray de Sand-Amber, obrigada!
— Ah, que isso! Eu fiz porque quis e é isso que amigas fazem! E eu também não fiz isso sozinha. O Charizard ajudou e claro, o Houndoom.

   Dizendo isso, liberou o Pokémon da pokébola e quando ele surgiu, Crystal recuou um pouco, ficando atrás da amiga afinal, aquele Pokémon ainda a assustava. Alice não notou, concentrada em acariciar o grande cão que abanou a cauda
— Quem é o garotão que deu uma lição nos Rockets, hein?  Mostrou pra eles quem manda, né?
— Agora precisamos levar esses sacos para a polícia. Os treinadores que tiveram seus pertences e Pokémon roubados devem estar muito desesperados!
—  Podemos deixar os sacos perto do Centro Pokémon. Se formos na delegacia, capaz deles ficarem nos fazendo um monte de perguntas!
— Não podemos largar assim! São documentos, itens e Pokémon! Vamos na delegacia e explicamos a situação. Se fugirmos, eles podem investigar o aparecimento das coisas e de repente até pensar que temos parte nesses roubos.

   Alice ponderou sobre.
— Está bem. Houndoom, bora descansar!
   Assim que o Pokémon foi enviado novamente para a pokébola, as duas seguiram em direção á entrada da cidade de Azalea.
   Com uma aparência graciosa, a pequena cidade era repleta de flores e tanto as residências quanto os comércios, possuíam um design delicado e romântico, com janelas ornamentadas como daquelas histórias da vovó. Tudo ali na cidade parecia emanar uma aura de calmaria, aconchego e delicadeza.

— Agora, onde fica a delegacia?
  Crystal apontou para o outro lado da praça, onde em uma construção antiga mas muito bem conservada possuía uma placa escrito Delegacia.
— Certo. Mas se alguém na delegacia nos acusar de roubo ou coisa do tipo, eu vou ...
— Vai ficar tudo bem. Não vamos nos meter em encrenca como da outra vez.
“ Assim eu espero.”

    Carregando os sacos de pano, as duas subiram o pequeno lance de escadas e assim que entraram na pequena delegacia, se depararam com o que parecia uma briga.
— Eu falo muito porque falo a verdade! Eu tô aqui pra representar a realidade!

   Diante do balcão de atendimento da delegacia, um rapaz jovem, de cabelo estilo channel pintado de roxo vestindo um shorts, um cropped curto, tênis e uma porchete dourada. Ele estava visivelmente irritado e tirava o óculos espelhado da cabeça e tornava a colocá-lo conforme falava de forma alterada. Á frente dele, uma oficial Jenny (que usava um broche de estrela no peito, denotando sua função de delegada) ouvia tudo com um certo cansaço.

— Já é a terceira vez que eu venho prestar queixa de assalto feito por Rockets aqui na região! – vociferou ele com voz fanha. – Nas outras vezes acompanhei amigos e alunos meus mas dessa vez eu fui a vítima! Isso é um absurdo! O grupo no Pokébook dos treinadores em Azalea relata um monte de ocorrências e a polícia daqui com uma negligência total!
— O senhor pode fazer um B.O e...
— Eu não vou fazer B.O coisa nenhuma! Imagine se descobrem que eu, líder de ginásio, fui assaltado por dois Rockets em uma bicicleta e não consegui me defender porque eu estava voltando da baladinha em Goldenrod pelo fato de que nessa birosca de cidade não tem uma casa noturna!  
—   ...se quer tanto uma balada aqui na cidade, deveria transformar o seu ginásio em uma em vez de ficar fazendo barraco...
  O comentário do policial sentado atrás do balcão de atendimento fez o rapaz voltar-se para ele, indignado.
— Barraco?! Tá me chamando de barraqueiro?! Tu ainda não me viu fazendo barraco, Vanderlei!
— Ah, a cidade toda sabe que é tradição você dar, no mínimo, um barraco por semana! E pessoas da lei, como eu precisam sempre arrumar esse tipo de...
—  Tá se achando desde que passou naquele concursinho público mas eu lembro bem da época que você ficava treinando lá no ginásio com aquele Ledyba morfético!
— Isso faz cinco anos! Ele agora já é um Ledian!
— Grandes bostas! Eu só quero que resolvam esse absurdo de assaltos! Dois Rockets me empurraram no chão e levaram meu celular que eu nem tinha terminado de pagar! E agora como fica?! Vão me ressarcir do celular? Até seria bom né, Vanderlei. Você ainda tá me devendo o dinheiro daquela vez que...
— Tá achando que é quem para falar assim comigo?! – o outro se levantou indignado e vermelho. – Está desacatando autoridade!
—Você é só escrivão! Pelo visto, vou ter que fechar meu ginásio, pegar meus alunos e iniciar uma investigação por conta própria para recuperar as coisas e deter esses Rockets!
— Faz isso mesmo já que tá se achando tanto! É mais útil do que ficar na balada tomando picada de Beedril bombado!
— Olha aqui Vanderlei, acho melhor você bater na sua cara antes que eu bata!

   A oficial Jenny suspirou, controlando o ímpeto de pegar o cassetete da cintura e bater na cabeça daqueles dois. Desde que fora nomeada delegada tinha de aguentar as constantes discussões de ambos em todo lugar que estivessem.  Jenny desconfiava que algum dia isso ainda iria terminar em...
— Quem são vocês?!
  A delegada Jenny falara mais alto do que seria o usual enquanto apontava para as duas jovens que assistiam a cena, perplexas.

— Nós... – começou Crystal sem saber se falava algo ou já entregava os sacos de pano que carregava afinal, estavam pesados.
— Minha amiga foi assaltada por dois Rockets e levaram tudo dela.
— Viram só?! Viram só?! Mais uma pessoa! – Bugsy se aproximou. – Vão pedir pra fazer um B.O e aguardar também? Até lá os Rockets já vão ter vendido tudo que roubaram!
— Isso não vai acontecer. – cortou Alice com um sorriso. – Porque recuperamos todas as coisas que eles tinham roubado e ainda botamos os Rockets pra correr!

  Bugsy e a oficial Jenny encararam surpresos as duas garotas, finalmente notando os sacos que elas carregavam.


 ~*~

Igni desligou o telefone e recostou-se na poltrona com um suspiro. A sala da presidência Rocket era longa, confortável e silenciosa mas cobrava o seu preço.
     No computador, rolou a página de notícias acerca da batalha de Lugia e Groudon em Sootopolis. Não demorou alguns minutos para que o telefone tocasse de novo.
— Igni falando.
  Ele deixou que o homem falasse por um tempo que lhe pareceram horas.

— Fique tranquilo quanto a isso, Governador. – ele disse quando o outro parou de falar. – O aparecimento de Lugia e a batalha dele não passou de um “inusitado” acontecimento. Nada mais do que isso.
  O monólogo do outro lado da linha reiniciou e ele revirou os olhos. Voltou atenção para a tela do computador, observando nas redes sociais, a repercussão do ocorrido.
— Entendo sua preocupação. E entendo o quanto devemos ser prudentes e discretos, mas reitero que não há com o que se preocupar. O que vejo falando sobre o ocorrido são apenas comentários aleatórios e especulações rasas. As pessoas gostam de palpitar. Nenhuma suposição levantada chegará sequer perto do que realmente aconteceu ou quem realmente é Lugia. Aos olhos de civis, militares, estudiosos e pokéfanáticos, foi apenas uma rara batalha de Pokémon lendários...Ora, teoristas de conspiração nunca são levados a sério e podem facilmente ser desacreditados.
     O homem disse mais alguma coisa e Igni conteve um suspiro.

— As pessoas tendem a mencionar a Equipe Rocket em qualquer coisa, é praxe. Mesmo assim não há nenhuma prova que nos relacione com o acontecido. E Governador, não é porque Lugia é um Pokémon originalmente da região de Johto que isso pode causar algum tipo de atrito político com Hoenn, convenhamos! – ele passou a mão na testa. – Olha...se o senhor quiser... podemos agendar uma reunião e poderá explicar suas preocupações e opiniões diretamente para vossa majestade.
    O curto silêncio que se seguiu fez Igni perceber que escolhera  bem as últimas palavras.
— Sim... – ele respondeu depois que o governador se calou. – Entendo que todos podem ficar exaltados com essa avalanche de notícias especulativas e ...sim, pode entrar em contato com os veículos de mídia se preferir. Claro, gostaria que me informasse de qualquer decisão... para que não tenhamos qualquer tipo de equívoco, apenas isso. Sim. Nos vemos na próxima reunião.

    Desligou o telefone. Desde que chegara em sua sala, já tivera que conversar com três membros do Alto Conselho acerca do acontecido. Era incrível como pessoas tão poderosas e influentes conseguiam ser tão intragáveis .O celular vibrou e ele fez uma careta antes de atender.
— Igni falando...o quê?Assaltos?  Espere um pouco... – ele começou a digitar algo no computador. -...sim, estou na linha...– ele continuou lendo. – Claro que vou resolver isso! Eu sei...honra Rocket em primeiro lugar. Envie uma chamada de reunião daqui um dia. Isso, menos para os envolvidos. Ordene que um agente nível B os encontre imediatamente e os traga para a base.  Eu cuidarei disso.

     Desligou e continuou olhando para as informações na tela do computador, levemente irritado. O telefone de sua mesa tocou e ele viu a luzinha verde relativa ao ramal interno, mais especificamente a sala particular do chefe do setor de pesquisas.
— Shiranui me diga, por favor, que tem uma notícia boa e não mais um problema!
  Ele ouviu a explicação do outro enquanto brincava com uma caneta entre os dedos.
— Ah, maravilha! Prepare uma equipe para ir até Seafoam Islands, irei avisar vossa Majestade.  Tenho certeza de que ao saber ele já irá querer dar prosseguimento...não, fique tranquilo. Comece a organizar os procedimentos. Assim que puder desço aí.

    Finalizou a ligação. Mais um cristal destruído.Mas antes de avisar Lugia e a irmã, seria melhor verificar quando poderia realizar a reunião geral com os agentes Rockets para tratarem do outro assunto. Era...prudente que ambos não estivessem ali caso precisasse mostrar sua autoridade aos agentes.
   Saiu de seus pensamentos ao notar uma chamada no telefone. Atendeu.

— Diga, Mondo... Mande-o entrar.
  Desligou antes que o garoto continuasse a falar e se levantou, indo até o aparador no canto da sala onde havia um frigobar. A porta foi aberta e Basho e Buson entraram.
— ...eu havia chamado apenas Basho.
— Chamou, mas eu aproveitei para ter uma palavrinha contigo!

   Igni ignorou o olhar ameaçador de Buson e terminou de encher as taças de vinho, estendendo-as para os convidados.
— Eu não bebo. – respondeu Basho.
  Buson também não aceitou e Igni então manteve apenas uma para si. Encarou Basho, que apenas deu de ombros e o loiro voltou-se para Buson.

— Se queria conversar comigo, poderia agendar um...
— Tentei isso mais de uma vez ! Parece que nunca tinha tempo ou não estava á fim de conversar comigo cara á cara?
— ...bom, estou na sua frente agora. O que gostaria de me falar?

    Igni piscou os olhos bicolores e o encarou parecendo realmente interessado no que Buson tinha a dizer. Mas ao mesmo tempo havia ali uma ironia provocativa e isso pareceu confundir Buson, que não sabia se tentava ser mais ríspido ou mais ponderado.

— Eu tô aqui porque tenho um monte de coisa pra falar sobre o tipo inferior de agente Rocket que andam recrutando! Eu sei que uma parte do meu trabalho é treinar e disciplinar agentes novatos mas acontece que alguns passam dos limites e já chegam aqui achando que podem dar ordens! E tendo ideais e pontos de vista não condizentes com um Rocket!
— Ah, ótimo você ter comentando sobre isso. Se bem me lembro, você é responsável pelo treinamento de novos agentes. Ficou sabendo o que anda acontecendo em Azalea?

     Igni colocou a taça de vinho na mesa e virou a tela do computador para os dois agentes selecionando uma matéria no portal de noticias. Os dois agentes leram.
— Fiquei sabendo disso há poucos minutos. Parece que faz uns dias que dois agentes estão praticando assaltos e levando tudo de treinadores. Você é o responsável por doutrinar esses novatos. O que tem a me dizer sobre isso?
— Eu nem estava sabendo disso!
— Pois deveria saber, é parte do seu trabalho. Ou será que terei de rever sua patente?
    Aquilo foi demais para Buson.

— Não é porque Giovanni te colocou nessa cadeira que você é o dono de tudo aqui! Já faz um tempo que você tem dado passe livre pra gente que chega já achando que pode mandar e desmandar tendo ainda sua permissão pra isso! Não é todo mundo que aceita isso, não!
— Se não aceita minha autoridade, pode se retirar da organização. Afinal, contestar a autoridade de um superior não é a conduta correta de um Rocket.  E ultimamente suas condutas andam deixando a desejar. Mas claro que, se sair, não sairá ileso.
— Ora seu filho da...
— Pense antes de dizer, Buson. Eu estou no comando e ao contrário de mim você não é insubstituível.

   Enquanto o rosto de Buson se tornava uma máscara de fúria e ressentimento, Igni bebeu um gole de vinho e saboreou o gosto.

~*~
 


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Notas finais do capítulo

Terminando o capítulo aqui...

Como menciono nas notas iniciais, gostaria de pedir sua opinião.
Há uma parte de grande importância na fic que estou elaborando e que diz respeito a história do passado, mais especificamente a história de Lugia e os demais humanos amaldiçoados na forma de pokémon, quando eles ainda eram apenas humanos e o mundo pokémon era muito diferente. Inclusive, o fato de Lugia ter sido um rei, já induz muita coisa. O ocorrido no passado dele são construções que irão repecurtir nos acontecimentos cruciais da fic nos momentos certos. E então, pretendo contar esses "contos do passado", porque, garanto, que será interessante e importante. Mas tais coisas não poderão ser contadas em poucos capítulos então me pergunto o que seria melhor:

— Intercalar essa narrativa entre os capítulos da fic (passado x presente) ou
— Criar uma fanfic a parte sobre esse passado, como um "prequel"?

O que acha melhor e o que prefere?
Confesso que não consigo me decidir mas reitero que essa parte é essencial para a fic e ela irá existir. (e essa parte do passado será uma espécie de fantasia medieval do mundo pokémon ;) )

Vou ficando por aqui, deixe seu comentário e até o próximo cappie!



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