O Conto da Piedade escrita por Glasya


Capítulo 2
Capítulo I — Uma Chamada Inesperada




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Sentada em sua grande poltrona de couro, Toriel enfaixava gentilmente suas mãos com ataduras limpas. Fazia muito tempo desde que usara tanto poder mágico, e as consequências por ter feito tamanho esforço não eram nada agradáveis.

— Eu precisei. Não há outra forma de conquistar o respeito de Undyne a não ser pela força. É a única linguagem que ela entende… Ela não foi a única que saiu ferida, afinal de contas. — Toriel suspira, encarando suas mãos enfaixadas. — Eu espero que ela esteja bem. — A bem da verdade, a cabra tentava justificar o fato de ter ferido alguém para tentar aliviar a culpa que pesava em seu coração. A maneira mais fácil era se convencer de que o combate fora inevitável.

— Eu não consigo deixar de me preocupar com Undyne… Ela é tão jovem, tão intempestiva, tão teimosa. Me pergunto de onde ela tirou a ideia brilhante de desafiar Asgore… Céus, e como ela descobriu sobre as almas? Hum. Aposto como isso tudo veio de Alphys. Undyne jamais pensaria nessas coisas sozinha. — Após certo tempo morando sozinha, falar consigo mesma se tornara um hábito. Dançar também, mas este último fazia com bem menos frequência, além de não ser necessariamente boa nisso.

— Eu não posso baixar minha guarda. — Suspirou. — Certamente elas irão retaliar de alguma forma… Alphys é astuta, e Undyne não aceita perder. Elas podem tentar um ataque, ou até mesmo me expor… Tsc. Eu preciso selar aquela porta de uma vez por todas! — Na prática, era mais fácil falar que fazer. Ainda demoraria um tempo até que Toriel pudesse usar sua magia novamente, por hora deveria se recuperar do esforço que fizera na luta contra Undyne.

A cabra se ajeitou em seu assento, esticando as pernas e flexionando os dedos dos pés doloridos próximo à lareira, aproveitando o calor aconchegante que emanava da lenha. Com cuidado, ela colocou os óculos de leitura no rosto e abriu seu livro favorito, o qual já tinha lido inúmeras vezes, mas nunca se cansava, “72 usos para caracóis e lesmas”. Antes que pudesse continuar sua leitura, sentiu seu celular vibrar no bolso do vestido. Estava recebendo uma ligação, e seu coração deu um salto quando vira a ID da chamada: “FRISK”.

— FRISK! Minha criança! — Durante todo esse tempo Toriel não tivera notícias dele, e a surpresa fez seus olhos se encherem de lágrimas.

O celular escorregava nas bandagens e era difícil apertar os botões com os dedos enfaixados, mas ela o segurou firme com ambas as mãos e mesmo atrapalhada, atendeu à ligação antes que este pudesse cair no chão.

— Alô? Frisk? — Mas ninguém respondeu. — Minha criança, você está aí? Sou eu, Toriel… Frisk?

Não conseguiu conter as lágrimas de desespero conforme o silêncio perdurava do outro lado da linha.

— Tem alguém aí…? Por favor…

Toriel já soluçava, desesperançosa, quando conseguiu um fraco murmúrio do outro lado da linha momentos antes de desligar.

— Frisk! Meu bem! Pode me ouvir?

Q-quem…? — Balbucia uma voz fraca ao telefone, logo após um gemido de dor.

— Frisk, sou eu! É a mamãe! Você está ferido? Onde você está? Frisk?

Argh… Meu braço… Dói muito… — Diz a voz, carregada de sofrimento.

— FRISK! FIQUE CALMO, A MAMÃE ESTÁ INDO! POR FAVOR, ME DIGA ONDE ESTÁ!

E-eu não sei… Tá tão escuro… — A ligação fica muda.

— Frisk? FRISK! POR FAVOR, NÃO DESLIGUE! EU VOU ACHAR VOCÊ! — Apesar de trêmula, Toriel se levanta em um pulo e corre para fora de sua casa.

“Ele deve estar no mesmo local onde o encontrei da primeira vez! Frisk! Espere por mim, minha criança!” — Pensou, enquanto suas passadas largas e rápidas levantavam as folhas vermelhas do chão, espalhando seus montes conforme seguia em alta velocidade para a caverna onde vira Frisk pela primeira vez.


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