Katara e Zuko andaram a noite inteira até chegarem em uma pequena cidade, dormiram em um barraco qualquer e acordaram com os fortes raios de sol. O sol estava quente, parecia estar tão irritado quanto o príncipe, ambos estavam pegando fogo e sem piedade das pessoas. Com os raios ardidos sobre a pele caminhavam em um ritmo lento e silencioso, pelo menos até Katara se recordar do dia anterior e que o filho do homem que mais odeia os dominadores, dominou o fogo para defender uma plebeia dobradora de água.  

— Porque nunca me contou que era um dominador de fogo? —Katara perguntou enquanto caminhava e prendia os cachinhos do cabelo. 

— Porque contaria a você?  

— Passamos as últimas 48 horas juntos, pensei que já éramos amigos — ela respondeu ofendida com a resposta do rapaz. 

— Não somos amigos — respondeu ríspido. 

— Porque você tem que ser assim? Mesmo quando eu tento me aproximar você age dessa maneira escrota — a menina parou em frente ao príncipe. 

— Não quero te ouvir, deixe-me em paz. — respondeu a colocando de lado para continuar a andar. 

Katara não satisfeita com o ato do rapaz dominou a água das plantas que morreram logo em seguida, transformando o líquido em solido parou Zuko.  

— Faz dois dias que estou com você e, você nem ao menos me pediu "obrigado" por te ajudar a se livrar dos soldados. — A dominadora voltou a ficar em frente ao garoto. 

— Apenas estamos trilhando o mesmo caminho, não te devo explicações ou agradecimentos.  

— Por sua causa não posso voltar para minha casa! 

— Não posso fazer nada, foi sua escolha dominar água na frente dos guardas. 

— Porque está agindo assim? Você diz que não é seu pai, mas tem muita coisa parecida com o Rei — ela se aproximou — seu orgulho é igual ao de Ozai, aposto que como ele também deve se odiar, no seu caso por ser um dominador de fogo — Zuko virou o rosto ao ver que Katara o fitava fixamente — Boatos que a rainha morreu para seu pai assumir o trono, outros dizem que era para o príncipe ter morrido naquela noite e não a "amada" rainha da nação do fogo. 

Zuko sentiu o sangue ferver ao ouvir sobre a falecida rainha, seus pés que estavam congelados pela dominação de Katara começaram a esquentar, logo o gelo derreteu, em um movimento rápido e impulsivo pôs Katara contra uma árvore, na ponta dos dedos surgiu uma faísca fina de fogo. A menina o empurrou, estava um pouco assustada com o acontecimento, mas não deixou o medo tomar conta, dominou mais água das plantas e se envolveu no meio do fluido formando longos braços de água, Zuko atirou as espadas, essas pegavam fogo, assim com os olhos do príncipe. 

— Não fale de minha mãe! — gritou antes da de lançar uma rajada de fogo em direção da moça. Katara se defendeu com um dos braços d'água, os elementos se chocavam e formavam uma enorme nuvem de fumaça negra, chamando atenção de um monge que passava por perto. 

— Vocês são dobradores! — o garoto careca exclamou animado, seu sorriso era de orelha a orelha, os dois que batalhavam pararam para analisar o jovem — Sou Aang. 

— Olá Aang, eu sou Katara — encarrou a cara emburrada de Zuko — esse é o "príncipe Zuko" — disse ironicamente. O dominador de fogo expirou um pouco de fumaça, demonstrando o estresse. Katara além de ignora-lo jogou uma granada de água nele. 

— Qual o seu problema? — Perguntou mais furioso, observava os pingos grossos escorrer em seu cabelo. 

— Oh, desculpe-me alteza, pensei que fosse pegar fogo novamente — provocou. 

—Você é irritante! 

—Ah, com licença — Aang ergue a mão para poder falar — Você disse que ele é o príncipe Zuko? O filho de Ozai?  

— Sou, algum problema? —Zuko respondeu irritado.  

— Bem, — o monge dobrou o ar e secou o príncipe, algo que deixou os outros dois boquiabertos, monges dominadores eram raros, estavam quase extintos — acabei me separando dos outros monges, mas sei que eles estão indo em direção do reino de Ozai, queremos conversar com o rei, queremos pedir para que seu pai solte aos dominadores, pediremos igualdade — falou com naturalidade, terminou com um sorriso no rosto jovial. 

Zuko franziu as sobrancelhas enquanto a outra segurava o riso, o menor olhou confuso com os dobradores. Depois de alguns minutos a menina explicou a situação atual e disse que seria impossível chegar até o rei, o outro completou que o melhor a se fazer é se afastar.  

— Mas você é o príncipe, você pode fazer algo, não pode? — o careca com seta na cabeça perguntou esperançoso. 

— Na verdade ele está mais para um fugitivo — ela respondeu no lugar do questionado. 

Aang pôs as mãos sobre a cabeça e começou a andar de um lado para outro, desesperado se perguntava o que iria fazer e como poderia impedir os outros monges fossem para lá.  

— Estamos indo para o Norte, se quiser pode nos acompanhar — disse Katara, seu rosto ficou avermelhado, Zuko revirou os olhos ao ver a menina que, poucos instantes atrás, o atacava ficar tímida por um simples convite.  

  — Sério?! Poderei falar com os monges do Norte — o dobrador de ar assoprou um apito, porém não emitiu som algum, porém logo o sol foi tampado por um enorme animal voador — Appa!  

— Um bisão voador? Pensei que estivem todos extintos —Zuko se assustou, os olhos da dobradora brilharam ao ver o enorme bisão que assim como o dono tinha uma seta na pelagem. 

— Quem te disse isso? Appa tem uma grande família, não é amigão — Aang acariciou o animal que em resposta deu uma lambida nele — querem uma carona? — ofereceu animado. 

O dono do bisão subiu na cabeça do animal e estendeu a mão para ajudar a Katara subir, Zuko cruzou os braços. 

— O que é isso Zuko, ir voando é bem melhor do que andar de baixo desse sol — Katara diz sentando perto de Aang. 

— Prefiro ir andando!  

— Vai dizer que o príncipe tem medo de altura — a garota caçoou. 

— Vamos Zuko — Aang disse sorrindo, porém, o mais alto virou o rosto — tudo bem, vamos Appa, ip ip — o monge disse e o bisão que descansava deitado se pôs a voar, a única menina riu contente com a sensação de voar, tudo era muito mágico — tem certeza que vai querer ir andado Zuko? — perguntou mais uma vez antes de finalmente ir ao ver o dobrador de fogo o ignorar. 

— Podemos parar e descansar um pouco — Suki disse ofegante. 

— Verdade, meus pés já estão doendo —Toph concordou e se sentou no chão, massageou os pés encardidos de terra.  

Sokka suspirou e analisou o mapa que tinha. Era um mapa que mostrava onde ficava o reino Norte, haviam comprado de alguns piratas.  

— Tudo bem, temos mais dois saquinhos de comida — o rapaz disse colocando os pequenos sacos de grãos no chão — podemos... — parou de falar ao ver um os saquinhos sumir — O QUE?! Um rato roubou a comida! Toph faz uma prisão com a terra — disse desesperado. 

— Não é um rato Sokka, parece um lêmure voador — Suki respondeu pegando o animalzinho na mão.  

— Um lêmure voador? Vamos ficar com ele?! — Toph diz animada.  

— Ele é um ladrão isso sim.  

— Pare de reclamar, vem cá lemurizinho — a dobradora estende os braços para uma direção qualquer, Suki entrega a ela o "ladrão". 

— Tudo bem, mas que ele fique longe dos meus saquinhos — Sokka fala fazendo um bico — até que ele é fofo — o menino puxou as bochechas do lêmure — vamos chamar ele de Momo! 

— Falquito... Momo... É sua escolha de nomes não é muito boa — Toph pensa alto enquanto se levanta.  

Os quatro partiram em viajem um pouco depois, estavam chegando perto da metade do caminho para o reino do Norte, Sokka reclamava toda hora por causa do calor, o garoto até cogitou a ideia de tomar água de cacto, disse que ouviu alguém falar que era muito bom, porém Suki agarrou o braço do menino e não o deixou desviar do caminho. Toph brincava com Momo, o animal, vez ou outra parava para comer algum inseto, vez ou outra oferecia para Sokka, o garoto recusava fazendo careta de nojo, em pouco tempo já haviam se apegado um ao outro.